quarta-feira, 11 de março de 2015

15 de março está chegando...


POR VANDERSON SOARES

Trabalho com consultoria e faz parte de meu cotidiano visitar com frequência as empresas clientes. Algumas destas foram afetadas com as medidas econômicas de nossa presidenta. É engraçado que quase todos falam a mesma coisa: “A coisa está feia, vamos ver se 15 de março alguma coisa muda”. Ou ainda “Se Deus quiser, 15 de março ela é tirada de lá e as coisas melhoram”. Sem mencionar os expressivos incentivos que as entidades de classes empresariais fazem para promover este 15 de março.

Por não ter muita ligação com minha atuação eu não estimulo a conversa, mas eu fico pensando se esta solução instantânea que está na cabeça destas pessoas existe ou é apenas a última golfada de esperança que fala em seus aflitos corações.

Eu, sincera e particularmente, não tenho simpatia por Dilma. Ela e seu antecessor fizeram algumas poucas coisas boas no âmbito social, mas me causa ojeriza a forma como ela mentiu em campanha. E sim, mentiu descaradamente. É impossível que ela acreditasse no que falou e em menos de dois meses após eleita fazer tudo ao contrário. Não acredito em otimismo desta proporção.

Chegando ao cerne do que quero expressar com estas linhas. Não adianta esperar por um impeachment no dia 15 de março. Não adianta achar que um impeachment resolverá algo. Se ela cai (hipoteticamente aceitando que exista motivo para impeachment), assume o Temer, que é do PMDB, que além de mandar no Senado e na Câmara, mandaria também no Executivo.

Se impeachment fosse a solução de nossos problemas, o Collor não estaria como senador hoje. E não estaria no Lava Jato, inclusive, junto com quem liderou os caras pintadas, que esbravejou por um Brasil melhor. É irônico como o mundo gira e as posições se invertem, não acham?

Percebo que muitos destes que esbravejam estão apenas seguindo o fluxo, querendo polemizar, mostrar que são cultos e que acompanham a política. Então, parceiro, se você está preparando pompons e bandeiras para o dia 15 de março, admiro seu entusiasmo e empenho e defendo seu direito de fazê-lo. Mas não pense que apenas ir lá fazer um agito e voltar para casa resolverá algo.

Não adiantou nada na época de Collor. Adiantará agora? O problema da nossa política hoje é tão fundo e tão inerente que apenas passeatas não conseguem resolvê-lo. São apenas eventos isolados com apoio de gente incentivada pelo “efeito manada”. Tão apenas isso.

Muitos devem pensar: mas então o que ele espera que façamos? Que fiquemos calados? Não, eu acho que você poderia se filiar a um partido, estudar políticas públicas, debater, escolher bem o seu candidato, defender uma reforma política de qualidade (esse é o principal), não reeleger ninguém e não votar em mais ninguém que já esteja lá no poder. Acredite, isso pode mudar muita coisa.

11 comentários:

  1. O Impeachment, contrariando alguns esquerdistas mais revoltados, é uma ferramenta contemplada na constituição, portanto legal. Se essa ferramenta é usada como “golpe”, vai da insignificante opinião de cada um. Para mim o Impeachment serviria a um propósito bem legítimo: combater o estelionato eleitoral. Dilma impedida serviria muito bem como contraexemplo para muitos políticos espertalhões. Ora, se temos o PROCON que é um órgão que funciona de forma satisfatória, porque a sociedade não poder fazer uso de uma ferramenta similar em defesa do eleitor? O Impeachment cairia muito bem para combater “promessas falsas ou não cumpridas”, seria o melhor dos mundos no combate a um câncer chamado populismo, que vem corroendo democracias e economias, especialmente nos países latino-americanos.

    Eu seria contrário ao impeachment de Dilma se estivéssemos na metade do mandato. Mas o ano mal começou e a popularidade da presidente já ronda a casa de um dígito. O PT jamais deveria governar um quarto mandato. Duvido-o-dó que Lula queria Dilma governando em 2015, nem ele queria estar no lugar dela.

    “Deixem que os problemas econômicos causados por sua administração desastrosa sejam resolvidos pelo PSDB, deixem eles com o ônus das políticas impopulares, pois voltarei como o salvador da pátria em 2018”.

    Mas os problemas do PT com a Petrobras (quiçá com o BNDES) estão tão escancarados que o partido necessitava presidir o poder executivo para o intento de comprar apoio de legisladores e juízes de modo a minimizar os efeitos dos crimes de corrupção. Porém, num quarto mandato não há mais o que lotear, os votos tornam-se mais caros e a governança, quase impossível. O que era para ser um governo de cooperação entre partidos da base governista com objetivos em comum, virou um governo de cooptação. Os esquerdistas informados que escrevem para este blog (jornalistas, estudantes, empresários, professores), simpatizantes à manutenção do PT presidindo o governo federal, não se deram conta disso (prefiro acreditar nesta versão).

    Já disse uma vez e repito: se for para enterrar de vez o PT (e toda a sua militância) da política nacional e dar uma chance ao país nas próximas eleições, posso conviver muito bem com um mandato do governo de Michel Temer. Dia 15 estarei protestando.

    Eduardo, Jlle

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    1. Cara, acho que você é do tipo eleitor-torcedor, fala que o impeachment seria uma forma de Procon, será mesmo que você concorda com este argumento ou é só válido pro governo federal? O Udo prometeu dezenas de obras em seu mandatos e poucas serão terminadas e muitas outras serão prometidas até o fim do mandato, o impeachment não vale pro Udo também, ou você quer dar mais 2 anos pro Udo dizer que é administrador?

      Sobre mim, eu não concordo nenhum pouco com a política econômica que a Dilma aprovou, agora pedir impeachment sem um motivo válido no começo do governo é golpe.

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    2. para de chamar eles de esquerdistas, eduardo. eles são reacionários.

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    3. Eduardo fique a vontade. Você quer que o impedimento funcione que nem o Procon. Tranquilo, é só ir lá naquele livrinho, Constituição Federal/88, e trocar a parte que exige crime para abertura de processo por mimimi do grupo que perdeu as eleições..

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    4. Não sou eleitor-torcedor, Rudimar. Meus argumentos são bem racionais – não tem como governar um quarto mandato. E eles querem um quinto! Sobrará algum cargo em alguma estatal, ou chegaremos aos cinquenta ministérios? Temos um Estado cada vez maior e ineficiente. O bolsa-família consome pouco mais de 1% da receita do governo, e o resto? Teremos corte na Saúde, Educação nas obras inacabadas do governo que não tem mais o que cortar. O que eles vão fazer com um quinto mandato? Daí, pela política petista, de esquerda, que desrespeita instituições, os consulados do Itamaraty estão com falta de papel higiênico, mas as conversas com governos ditadores (como Venezuela, Rússia e Irã) se mantém e são vistos como exemplo a ser seguido. Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula e Dilma “para assuntos estratégicos” (o mesmo que fez aquele gesto de f... após o acidente com o avião da TAM, em São Paulo, em 2007) disse recentemente em entrevista que, embora a Venezuela passe por momentos difíceis, é um país democrático e que serve de exemplo. Se a cúpula petista pensa desta forma sobre um país populista destroçado, cujo presidente governa por decreto e recebe conselhos de seu antecessor através de um passarinho, o que esperar do Brasil regido pelo governo de Dilma ou Lula? O Brasil só não virou uma Venezuela ainda porque, ao contrário do que ocorre naquele país, os militares não estão do lado do partido.

      Quanto ao Impeachment, acho válido num segundo mandato. Nem seria necessário, mas como já percebemos, existem mecanismos de marketing eficientes que fazem a população esquecer e colocar novamente o político safado no poder.

      Entendo como o Impeachment funciona. Ainda não há provas contundentes contra Dilma (embora ela fosse responsável direta na administração da empresa durante os episódios de corrupção e de sangria de dólares – vai entender – milagres acontecem!). Youssef já disse que o Palácio do Planalto sabia, você duvida dele? É uma questão de tempo, pois já encontraram irregularidades na campanha de Dilma em 2010. Vai depender do aparelhamento do governo nas ações da PF, por sorte o MP escapou ileso graças a rejeição da PEC 37.

      Sou de direita, a coisa que eu mais abomino na esquerda é um suposto “benefício do erro” sustentado por uma retórica “evolução política que nunca acontece”. A direita não pode errar nunca, mas para esquerda os erros e crimes nos seus mandatos representam uma “evolução”.

      O PT não pode chegar a um quinto mandato, senão a democracia estará comprometida pelo próprio partido ou por um Estado de Exceção.

      Eduardo, Jlle

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    5. Pois é, L. S. Alves, constituição que o PT sequer assinou. Irônico, não?

      Eduardo, Jlle.

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    6. nossa, até que enfim um lampejo. parabéns pelo discernimento, eduardo

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    7. Ter relações diplomáticas com a Venezuela, Cuba, Rússia, China, Coréia do Norte, Irã, Líbano, Síria, Líbia, Palestina, Guiné Equatorial, Turquia, Iraque, Afeganistão, Paquistão, ou qualquer país que tenha uma administração não aprovada pelas maiores potências do mundo não transforma ninguém em bandido. O Brasil com sua importância estratégica e umas das maiores economias do mundo, tem sim direito de dar a sua opinião e ter relações econômicas e diplomáticas com todos. O que os atuais presidentes da América do Sul perceberam hoje é que não precisamos ser eternos dependentes dos EUA, não devemos ser eternas "repúblicas de bananas" (favor fazer uma pesquisa histórica sobre este termo, ver Nicarágua, Panáma e Honduras), por isso temos diversos países com governos contrários a influência americana.
      Sobre o erro, não venha me dizer que o erro é tolerado pela esquerda e a direita não pode errar, isto é uma questão de ponto de vista, aliás falar em governo de esquerda para se referir ao governo petista é um absurdo. Maior exemplo que não é um governo de esquerda, foram as reformas econômicas que foram feitas no começo do ano, a mesma reforma proposta pelo Aécio e a Marina.
      Dividir o mundo em esquerda e direita hoje, é uma idiotice. A China e a Rússia são comunistas? Ou você acha que o Obama é comunista por querer o fim do embargo em Cuba. Vale lembrar, que o Nixon visitou a China na década de 70 e foi xingado de comunista.
      Se o governo petista fosse golpista você acha que o mensalão seria investigado e resultaria na condenação de diversos lideres petista.
      Golpe é quando alguém que é corrupto e quer incriminar vários outros sem apresentar nenhuma prova, dizer "a fulana sabia" é no mínimo duvidoso. Como acreditar em alguém que é bandido e quer virar herói? (posso citar centenas de nomes de gente de "direita" para responder esta pergunta).

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    8. Eduardo distorcendo os fatos não dá pra conversar.

      Dois linques pra explicar a confusão que tu estas fazendo.

      http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-pt-e-a-constituicao-assinou-mas-nao-tragou/

      http://www.cartacapital.com.br/politica/projeto-de-constituicao-do-pt-tornaria-o-pais-ingovernavel-diz-lula-8454.html

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  2. Na última eleição eu escolhi bem o meu candidato, eu fiz minha parte, e olha só o resultado.

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  3. Eduardo, anônimo de Joinville. Será que é o M----a?

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