sábado, 9 de agosto de 2014

Industry Minded em Joinville


POR GUSTAVO PEREIRA

Em 1995 o autor contemporâneo Stone, defensor do desenvolvimento sustentável, cunhou um neologismo ao afirmar que os elementos naturais necessitam ter voz,  pois somente através de uma moral coletiva é que a sociedade encontraria respostas para casos tormentosos, em que se contrapõe o utilitarismo e a defesa dos valores coletivos. Segundo Stone, Industry Minded traduz-se numa espécie de afinidade transmitida em que os agentes políticos e poder público adquirem e incorporam o modo de pensamento de agentes econômicos.

A consequência, em um país culturalmente patrimonialista como o Brasil, é que os serviços oficiais encarregados da administração pública convertem-se em feudos e panelinhas suscetíveis de pressões pelos mais variados interesses que não aqueles da sociedade, mediante concertação e relações políticas nebulosas, conflitos entre o público e o privado.

Os exemplos são inúmeros em Joinville, a começar pelo Conselho da Cidade, o nosso querido “covil”, dotado de baixíssima eficácia social. Refratários às mudanças, os Industry Minded asseguraram o controle no setor público municipal, em órgãos colegiados e buscam lançar os tentáculos em outras searas. A cota 40 tornou-se o símbolo da defesa da cidadania e a contradição dos Industry Minded.


Nos bastidores, nosso guia sonha com o aumento da arrecadação, admirando o modelo atávico de construção civil de outras cidades. Mas em público é o bom samaritano acossado a assinar a petição da Cota 40. O estilo rolo compressor dá sinais de desgastes e o pleito de outubro vai decepcionar muitos candidatos Industry Minded, esperançosos que o discurso falacioso da empulhação faça a população continuar a ter memória curta. Atenção Industry Minded, a paciência da sociedade tem limites.

Gustavo Pereira é advogado.

4 comentários:

  1. Assim como no Legislativo, em que boa parte dos vereadores são eleitos com apoio das empresas que terão seus retornos através de alterações de leis e outras benesses, no Executivo os chamados comissionados são os braços deste poder paralelo que conflita o público com o privado. Na maioria das secretarias e fundações transbordam pessoas indicadas por vereadores, amigos destes, empreiteiros, empresários, partidos políticos e associações de classes. Tudo menos critério técnico e de competência. E tem também muitos concursados que em grande parte venderam suas almas há tempos para também ingressar neste seleto grupo. O poder público está corrompido em grande parte por causa de uma reforma política que nunca vem.

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  2. Penso que o "industry minded" poderia ser mudado para "public service minded" numa alusão aos únicos "poderosos" interessados a alterar a lei que limita o avanço da apropriação urbana sobre os morros de Jlle.

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  3. Esse processo poderia ser minorado com a implantação do financiamento público de campanha, com a proibição das doações de PJ e com o limite de doações de PF. Assim, o candidato não ficaria refém do poder econômico que o financiou.
    De qualquer modo, é um projeto fadado ao fracasso pois quem teria que aprová-lo são as mesmas pessoas que se beneficiaram do dinheiro privado para chegar ao poder.
    Uma sinuca de bico, que nem mesmo o PT (ou principalmente ele) gostaria de desatar.

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  4. Acho um porre este pessoal que poderia escrever mais fácil, mais fluído, e escreve supostamente de forma mais rebuscada visando demonstrar cultura ou sapiência. Segundos preciosos perdidos apenas porque o ego (ou vontade de ser aceito) do autor não cabe em suas calças.

    Independentemente das palavras empregadas, um pensamento simples continua sendo um pensamento simples. Contudo, tem muito mais valor se, simplificadamente, for escrito.

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