sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O melhor cinegrafista do mundo

POR ET BARTHES

Ser cinegrafista numa partida de tênis é bem fácil. Basta acompanhar a bolinha, ou, para aqueles que ficam no fundo de quadra, basta fixar o ângulo e pronto. Mas nesta partida algo de diferente aconteceu... ai, ai... seres humanos e seus vícios!!


Delícia, delícia, assim você me engorda!

POR GUILHERME GASSENFERTH

[Preâmbulo: dia desses um amigo disse que 95% de minhas postagens no Facebook eram sobre comida. Evidente exagero, mas não muito desconexo da realidade. E agora trago isto para o Chuva Ácida. É assim, foi só entrar um gordo para o blog começar a ter "gordice" e ganhar seu primeiro post sobre comida! Mas não será comum. Realmente gosto de escrever sobre comida, mas minha preferência disparada é comer.]

Nos últimos 10 anos, Joinville assistiu uma evolução gastronômica delicios... digo, vertiginosa!

Sinto falta de cafés como aqueles que vemos nos filmes, em Paris ou Viena, mas temos ótimas confeitarias, como a São José (a receita daquela torta salgada de frango, requeijão e palmito foi repassada por Deus!) e a Delikatessen Viktoria. Algumas panificadoras, como BrotHaus, Amor & Canela, da Vila e Bavária são pontos de parada às 4 da tarde pra tomar um gostoso café e saborear uma torta, ou às 18h30, voltando pra casa do trabalho. E temos também um café-bistrô, que quase ninguém conhece. Recomendo muito o Bistrô Antoine – na rua Fernando Machado, 190, no América, junto ao Espaço Cultural Avá Ramin. Ambiente agradável, comida boa e barata, decoração impecável - com uma atmosfera cultural impagável. Só que só abrirá de volta a partir do fim de janeiro.

Da memória coletiva, das histórias dos pais e avós, dá saudade de uma Joinville que nunca conheci, como diria o Charles Henrique. O sorvete com salada de frutas da Polar, o pão do Brunkow, os biscoitos e confeitos do velho Trinks – ainda no século XIX, a comida típica do Recanto do Marreco e do Bierkeller, os bons momentos no bar do Museu de Arte, no Ernest ou no Pinguim, a Antarctica de Joinville, o antigo bar do Sopp e as carnes da Churrascaria Familiar (desta ainda lembro, com água na boca). Das antigas ou nem tanto, felizmente alguns empreendimentos se mantém abertos: o Jerke e suas famosas empadas, competindo com as do também antigo Hasselmann, o Zeppelin e suas várias cervejas e aquela lingüiça que se frita na mesa do cliente, o Botequim da Frau – uma reinvenção do antigo bar da Frau Ritzmann, o Pinus, o restaurante do Glória, e alguns outros.

Dando uma esticadinha lá pelas bandas de Pirabeiraba e a zona rural, quem não gosta de comer os pasteis e tomar um caldo de cana no Max Moppi ou Rio da Prata? Dá pra almoçar no Serra Verde, Grün Wald ou Gute Küche, tomar um café colonial no Rudnick ou parar e comprar biscoitos, pães, bolos, melados e geléias coloniais direto do produtor, na Estrada da Ilha, Estrada Bonita ou na Dona Francisca! Isto tudo sem contar as iguarias que se comem nas festas típicas, como a do Pato, ou nas grandes festas de bodas, regadas a schwarzsauer, cerveja, eisbein, cerveja, marreco com repolho roxo e – por que não dizer – cerveja.

Nos últimos anos, as opções aumentaram muito, pra felicidade dos glutões como eu e da economia da cidade. Houve o florescimento da Via Gastronômica, antes só com a Slice – que pizza!,  o Pinus e o Fornão. Fora estes, só na rua Visconde de Taunay, temos ainda: Confeitaria XV, D.O.C., Paddock’s, Paiol, Bovary, Disk Gourmet, Myioshi, Le Jardin no Bourbon, Fatirella, o Panorâmico no Tannenhof, a pizzaria Hullen, Chimarrão, Musashi, Didge, Água Doce, Madrileño, Mango Tex Mex, Zum Schlauch, Subway, Fiji, Kib's, Fattori, Ásia, Biergarten, Pizza na Pedra, Otto, Gergelim. Ufa! Sim, são 30 opções em uma rua de 1.400 metros. Há também deliciosos restaurantes nas imediações da rua Ministro Calógeras (que ambiente e comida boa no Radio Burger!), da Max Colin (o tradicionalíssimo Sopp e as várias opções do Parque Opa), da Otto Boehm (no Mamma Lu ainda não fui), da Dona Francisca e da XV (um vinho e uma massa caseira no Trento ou Trentini vão muito bem no inverno). Vai também uma menção especial ao restaurante Socha, no Tênis Clube – comida boa sem pesar no bolso.

Foi pra balada e tá com fome? Pare num dos vários carrinhos de cachorro-quente - meus favoritos são o da Madol (hoje é Magazine Luiza, mas o nome antigo ficou pra mim), na frente do Hotel Blue Tree Towers; o do estacionamento da Dpaschoal, na João Colin; ou na frente da Casa China, também na João Colin, pertinho do Terminal Norte. Quer algo mais elaborado? O famoso Magrão (há controvérsias), Adriano, Xande ou o McDonald’s da Beira Rio.

No verão ou no inverno, frutos do mar sempre caem bem. Escolha pelo Martins, Evaristo, Pedrinni, Babitonga’s, Iate Clube, Beira Rio ou Polinésia. Quer caranguejo? Barbante, Caxias, Janga ou Alemão – sempre acompanhado de uma boa Original! A ideia é comer frutos do mar com visão deslumbrante? Dou duas opções: as petisqueiras da praia da Vigorelli ou ainda no longínquo Morro da Amaral. Sem infraestrutura pra chegar, mas vale a pena. No Morro do Amaral provei uns filezinhos de peixe-espada que são ótimos, ainda mais com uma vista emoldurada pela baía da Babitonga e mata atlântica, regado a cerveja e acompanhado de uma brisa leve. Ah, recomendo o bolinho de arraia da Mercearia Sofia, no Mercado Municipal! Nham!

Sirvo um parágrafo especial para o restaurante Poco Tapas, na rua Piauí, pertinho do Shopping Americanas. Que sensação! Gasta-se um pouco mais, mas é algo inesquecível. É uma experiência para os sentidos – olfato, paladar e visão. Recomendo demais! Segue o link da reportagem que saiu no Bom Dia Brasil, pro Brasil inteiro ver nosso restaurante: http://glo.bo/eEiRpL

Ficou com fome? Quer conhecer melhor os restaurantes de Joinville? Recomendo então o Festival Gastronômico de Joinville, que já está acontecendo em 24 restaurantes nesta edição verão, de 11 a 29 de janeiro. Um prato de entrada, o prato principal e uma sobremesa por R$ 29,90, em todas as casas. O link é www.gastronomiajoinville.com.br – no site constam as casas participantes e o cardápio que oferecem para o Festival. Estarei lá. Vale a pena conferir!

Em 2012, uma de minhas metas é perder 20kg. Mas com toda essa diversidade, tá difícil: Joinville está cada vez mais gostosa!

POST SCRIPTUM - SUGESTÕES DOS LEITORES


Eu sabia que o texto geraria algumas sugestões - algumas eu não conhecia, outras não couberam no texto que não tinha a pretensão de relacionar todos os bons restaurantes de Joinville. De qualquer modo, seguem abaixo as sugestões:

RESTAURANTES
Tante Frida (não seria Berta?) - Rebeca
Armazém Velho Condeixa - Nico Douat
Sabor do Mar - Zé Lazzaris
Poial Tropeiro - Zé Lazzaris
Rosti Haus - Zé Lazzaris e Diego Soares (e eu também adoro o local, esqueci!)
Veneza - Zé Lazzaris
Boteco que vende costela na Anita - Zé Lazzaris
Casas Orientais - Anônimo (Casa Oriental, China, China in Box... fora os citados Ásia, Myoshi, Musashi e o Niu Sushi que fica no Parque Opa. Esqueci algum?)
Hübener - Diego Soares
Croasonho - Diego Soares
Recanto do Osmar - Diego Soares
Peia - Diego Soares
Bezerro's Grill - Diego Soares


COMIDAS
Krakóvia do Duvoisin - Raquel Fausto
Roll Mops - Alexandre Setter com endosso do Luiz Eduardo Carvalho Silva

LEMBRANÇAS
Dietrich - Stefana e Arno Kumlehn
Bar do Museu de Arte - Stefana
Galetos - Clovis Gruner

Obrigado!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um hotel de 30 andares... em 15 dias

ET BARTHES
Em alguns lugares, quando se fala numa obra - especialmente pública - ela demora, demora, demora… Pois não é assim para os chineses da Broad Sustainable Building Corporation. Os caras são mesmo rápidos. Há algum tempo tinham construído um hotel de 15 andares em seis dias. Mas não ficaram por aí. Tanto que acabam de concluir um novo hotel na província de Hunan, desta vez com 30 andares. O tempo de construção? Apenas 15 dias. E o mais interessante: o edifício passou por rigorosos testes, inclusive de resistência a terremotos.



Verde em Joinville: agora tem... agora não tem mais



POR JORDI CASTAN
Etienne P. Douat, leitor fiel deste espaço, me intimou a escrever sobre o verde urbano. Não vou aqui discorrer sobre dados e estatísticas para dizer que temos pouco verde. Mas vou me socorrer de dados apresentados pelo engenheiro agrônomo Gilberto P. Gayer, outro leitor deste blog, para quem os indicativos de referência de área verdes existentes são questionáveis.
Para o IBAMA/FATMA seria de 8 m² por habitante (indicativo usado para calcular as áreas verdes previstas nos licenciamentos ambientais de loteamentos e condomínios).
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica um mínimo de 12m² por habitante, mesmo sem ser clara a metodologia aplicada para chegar a este número.
“De qualquer forma, adotando o que a OMS define, em Joinville deveríamos ter um mínimo de 6 milhões de m² de área verde. 
Há quem diga que temos algo próximo de 80 m² por habitante, o que seria espantoso.
Porém, se considerarmos os mangues, rios, margens de baías e lagoas, cumes de morros e encostas mais íngremes, todos estes já são garantidos por lei federal (por enquanto).
Acrescenta-se os vazios urbanos que são privados e podem sumir a qualquer instante.
E sobra muito pouco. As cotas 40 são espalhadas e privadas.
Por isto há a necessidade de políticas de criação de Unidades de Conservação (como a ARIE do Boa Vista e Iririú), e principalmente de arborização urbana”, diz Gayer.
A EMOÇÃO DO VERDE - Não tem como não se emocionar ao chegar a Joinville pela primeira vez. Eu continuo me emocionando quando a chegada é por avião. Sobrevoar a Baia da Babitonga, a Lagoa de Saguaçu e as áreas de mangue é um espetáculo. As áreas remanescentes de verde nos morros do Boa Vista e do Iririú e a vista do verde intenso da Serra do Mar não podem deixar a ninguém indiferente.
Se a chegada é por carro, seja pela BR- 376 ou pela SC- 301, descendo de Curitiba ou de Campo Alegre, a impressão não é menos intensa. Esta impressão nos deixa com a percepção que Joinville é – ou deve ser – a capital internacional do verde e que contamos com percentuais de verde invejáveis para cada cidadão.
Mas estes dados, como tantos outros que nos são apresentados a cada dia, para nos convencer disto ou de aquilo, podem ser incluídos numa teoria científica bem consolidada, a “Teoria do Frango”. O estudo prova que se eu comi dois frangos e você nenhum, na média cada um de nos comeu um frango.
A maioria das áreas verdes que um turista poderia observar ao sobrevoar Joinville, na metade da década de 90, já não existe mais. As áreas foram desmatadas, ocupadas, urbanizadas e continuam a ser com intensidade e velocidade cada vez maior. O avanço da urbanificação sobre as áreas rurais tem o estímulo descarado do poder público em nome do desenvolvimento.
Gosto de citar, um caso emblemático do Rio de Janeiro, o Morro da Viúva as margens da enseada de Botafogo.

 Além da imagem que ilustra este post, e que mostra o Morro da Viúva rodeado por uma muralha de prédios. Duas imagens uma anterior a construção do aterro do Flamengo e a outra bem atual, servem para evidenciar a ameaça real que os nossos morros sofrem, com bandos de aloprados gananciosos estimulando o adensamento e a verticalização em volta dos morros do Boa Vista e Iririu.

ECOCHATOS E DESOCUPADOS - O verde preservado pela legislação federal, como os topos de morro, os manguezais e as margens de rios e lagoas, são espaços de preservação permanente e não podem ser considerados espaços para o lazer urbano, não atendem a estas necessidades. No caso de Joinville o avanço criminoso feito sobre os rios, as suas margens e os fundos de vale exigirá pesados investimentos públicos. Segundo os números apresentados pelo poder público, pouco mais de R$ 1 bilhão. Desnecessário dizer que estes recursos não existem e não devem aparecer facilmente.
O verde por habitante deve ser considerado pelo conjunto de praças e parques, por um lado, e pela soma do patrimônio que representa a arborização urbana do outro. Joinville tem perdido, de acordo com os dados do próprio poder público, mais de 40% das árvores que existiam nas vias públicas na década de 90. E além de não terem sido repostas as perdas, tampouco tem continuado o plantio.

O problema principal pode ser a percepção muito forte de que há um enorme estoque de verde urbano. De que esta é uma das cidades que mais perto está do paraíso. E também de os defensores da preservação da qualidade de vida representada pelo verde são uma minoria absoluta de ecochatos e desocupados.



O discurso desenvolvimentista dos talibãs do tijolo aproveita bem esta percepção da maioria. E é por isto que o verde que você já viu, hoje não vê mais. Como por arte mágica, ele está desaparecendo. Mas, ao contrário, das apresentações de mágicos e ilusionistas, ele não reaparece em outra parte do cenário.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Até parece que foi gol contra...


Foi no mês passado, mas é uma das imagens mais vistas na internet, nas últimas semanas. O time italiano do Napoli cumpriu a obrigação e venceu o fraco Lecce por 4 a 2. Até aí tudo bem. O que chamou a atenção foi a reação do goleiro do De Sanctis, do Napoli, que pareceu não gostar do gol marcado pelo seu companheiro de equipe, o atacante Cavani, estabelecendo o placar de 4 a 1. Ora, num país onde os escândalos com apostas nos jogos de futebol não são novidade, as imagens puseram muita gente a tecer teorias…




Direito de dar porrada

POR FELIPE SILVEIRA

Quem acha que a polícia tem o direito de dar porrada em quem quiser levante a mão, por favor.

o/ (esse é o voto do policial presente)

Ok. E quem acha que a polícia tem o direito de dar porrada em pobres, negros, homossexuais e viciados ou usuários de drogas?

...

Ok, vou facilitar pra vocês, já que alguns não entenderam e repetir de maneira que a maioria entenda: quem acha que a polícia pode descer o sarrafo em pobre, preto, bicha e maconheiro?

\o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/ \o/

Bom, eu já esperava essa reação. Vamos a última pergunta: quem acha que a polícia é somente mais um serviço público e policial deve ser tratado com respeito assim como os demais cidadãos desse país, e tratar os demais cidadãos do país com o mesmo respeito?

o/ o/

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A brincadeira acima é para ilustrar a maneira como eu, infelizmente, vejo o comportamento da sociedade. Cada vez mais, me parece, uma parte das pessoas aprova e clama por mais violência, principalmente a violência do Estado para cima daquilo tudo que incomoda uma certa classe social. E não me perguntem qual é! Afinal, trata-se de gente trabalhadora, que lutou pra chegar aonde chegou e aproveitar o seu precioso dinheirinho.

O Estado, por sua vez, dá esse dever à polícia. “Pegue este cacetete e se vire. Pode tirar lasca!” Acho que isso não é muito diferente do que os policiais ouvem na formatura – e, quem sabe, em todo o curso de formação. A polícia (mal preparada, que ganha mal e corre o risco de morrer diariamente), por sua vez, desce o cacete mesmo. E aí quem apanha cresce com medo da polícia, e o medo vira raiva, e aí gera mais violência. E assim vamos juntos para o buraco.

Em minha opinião (é sempre bom reforçar), precisamos incluir, urgentemente, a polícia nesta coisa que chamamos de democracia. Porque pelo que me parece, essa parte do Estado, justamente essa que detém o direito (e o dever) de usar o cacetete, vive em outra época, lá pelos anos 70.

Numa democracia, com igualdade entre os seus cidadãos, deve haver respeito entre as partes. E eu desafio qualquer um a dizer que não tem medo da polícia. Se não tem, pense bem se você teria coragem de falar com um policial da mesma maneira que fala com aquela velha que lhe fechou no trânsito. Pense bem em como reagiria caso presenciasse algum crime ou contravenção de um policial. Claro, sem câmeras ou uma multidão por perto. Aliás, pense bem se já não presenciou nada parecido. Enfim, se nunca presenciou ou ficou sabendo de nada parecido, só tenho uma coisa a dizer: você não é normal.

De qualquer forma, eis aqui a maneira como eu não quero ser tratado pela polícia, mas que infelizmente é a maneira como a polícia trata as pessoas, principalmente se ela for negra e/ou pobre ou viciada em drogas. Mas, se você acha isso normal, eu realmente estava certo na brincadeira que abriu esse texto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O Plano de Estruturação Urbana de 1987: um planejamento de gaveta?


POR CHARLES HENRIQUE

Planejamento é uma palavra cada vez mais presente no vocabulário das empresas e órgãos públicos (existe até um setor para isso), mas, muitas vezes, fica só no papel. Pior ainda quando ele é esquecido e sofre a intervenção de vários agentes, munidos das mais diversas estratégias. É assim no caso do planejamento urbano.

A cidade teve alguns documentos oficiais elaborados a fim de organizar o território, ou simplesmente mostrar algumas diretrizes para o crescimento não só do espaço urbano, mas como as questões sociais estariam ali distribuídas, monitorando as suas formas de desenvolvimento: o Plano Básico de Urbanismo de 1965, o Plano Diretor de 1973, o Plano de Estruturação Urbana de 1987 (PEU 87) e o Plano Diretor de 2008 (que ainda não tem todos os seus instrumentos regulamentados).

Ao atentar-me mais especificamente no PEU 87, um documento que dá sugestões de organização do território, percebi que várias sugestões para a área central foram sumariamente ignoradas, como as proposições do esquema a seguir.


Olhem só como era pra ser o centro de Joinville! Estava previsto uma estação de integração onde hoje é o camelódromo, ciclovias, a Av. Beira-Rio, o monumento "a barca",e a então nova Prefeitura. Deste planejamento, o que foi feito? Pouca coisa...

Só valorizaram ainda mais o transporte individual ao construir mais uma avenida (a atual Hermann Lepper, com três pistas para automóveis e nenhuma para bicicletas); e fizeram a Prefeitura. Para valorizar o ser humano e tirar o automóvel do centro não foi feito nada! Nem a passarela (já pensaram que legal que seria? Um belo cartão postal, no mínimo) nem a estação de ônibus longe do núcleo central, muito menos as ciclovias. Tudo a ver com a foto acima, não é? Desde 1987 tivemos sete mandatos e nossos Prefeitos não seguiram as recomendações deste documento oficial.

Ao valorizar todo o processo de confecção de planos e de instrumentos que regulem a dinâmica urbana da cidade, o poder público tem como dever seguir estas recomendações. Mas aqui em Joinville caímos na armadilha da cidade feita para o automóvel, concomitantemente à desvalorização do transporte coletivo e de outros meios sustentáveis de transporte. E o pior: a paisagem urbana trocou de dono: das pernas das pessoas para o motor dos veículos. Claro que é apenas um pequeno aspecto, mas demonstra como foi tratado o planejamento aqui na cidade: muita coisa ficou na gaveta. É ou não é de se indignar? Parece que Joinville poderia ser muito melhor do que já é hoje...

Para quem quiser acessar todo o documento e ver o que de fato foi realizado, aqui está o link do documento.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Por aqui o nível de ineficiência é de 50 %


POR JORDI CASTAN

Um texto recente, publicado aqui no Chuva Ácida e também no jornal A Notícia, mostrava a quantas andava a eficiência da nossa arborização urbana. Utilizava como referência uma infeliz intervenção na avenida Marquês de Olinda. Para dar sequência ao relato é importante destacar que, das arvoretas plantadas, aproximadamente a metade morreu. Isto é, precisam ser trocadas ou repostas. Convenhamos que um índice de perda de 50% em qualquer atividade econômica suporia a falência da empresa.

 Aqui não tem nenhum problema porque são os gentis contribuintes quem custeia as estrepolias da turma. Para quem possa imaginar que uma perda de 50% é insustentável, informações adicionais: das árvores plantadas na calçada do 62 BI, o percentual de perda foi superior ao 80%. Na verdade, estava mais próximo dos 100%, pois precisaram ser repostas quase todas. No caso da nossa flamante Companhia Águas de Joinville, o índice de perda de água tratada desperdiçada, aquela que se perde por vazamentos na tubulação que já foi de 35%, aumentou e em novembro de 2011 já estava em 42%. Portanto, próximo da média municipal de ineficiência de 50%.

Turista australiana toma o maior cagaço


POR ET BARTHES

Já praticou bungee jump? E sobre um rio cheio de crocodilos? Mas ja pensou que a coisa pode correr mal? Foi a experiência vivida pela australiana Erin Laung Worth, de 22 anos, num rio na fronteira entre Zâmbia e Zimbabue. A moça saltou e a corda arrebentou, obrigando-a a nadar com os pés amarrados, em meio à correnteza e a tentar evitar os crocodilos. Nada mal para quem gosta de adrenalina…


domingo, 8 de janeiro de 2012

Eu sou vocês... amanhã

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Interessante o tema levantado pelo Guilherme Gassenferth na semana passada, aqui no ChuvaÁcida. E também a troca de opiniões que rolou nos comentários. Mas faltou o foco num aspecto que, do meu ponto de vista, é o mais importante: a falta de adaptação dos cursos de humanas às exigências dos tempos.

Ficou abstrato? O problema é que os cursos de humanas -  Ciências Sociais, Ciência Política, Sociologia, Geografia, Letras, História ou Antropologia, entre outros - não respondem às exigências de uma sociedade que, gostemos ou não, segue um modelo de desenvolvimento.  Quer dizer, os cursos de humanísticas ficam no seu gueto de conhecimento e não tentam encontrar uma aplicação prática nessa nova realidade. 

Vamos traduzir em casos práticos? Um dia fui entrevistado por uma jornalista portuguesa (sim, o maior jornal do país me confundiu com um linguista a sério) que era formada em filosofia. Na agência onde trabalho, tive um estagiário formado em antropologia e que enveredou pelo caminho das pesquisas de opinião. Também conheço um sociólogo que se tornou planejador estratégico numa empresa. E há muitos outros casos.

INTERDISCIPLINAR - O problema é que o Brasil ainda vive essa obsessão pelo diploma (é só olhar para o tanto que sacaneiam o Lula) sem se preocupar com a adaptação à nova realidade social.  Na Europa, por exemplo, acabou o conceito de “uma profissão para a vida”. A lógica é de que, ao longo da carreira, as pessoas vão mudar  de profissão para encontrar lugar no mercado de trabalho.

O fato é que eu posso ser formado em humanas - Geografia, História, Antropologia ou o escambau - e exercer outra função qualquer (como de fato exerço). Nas sociedades hodiernas, as empresas não contratam títulos, mas a capacidade de resolver problemas. Talvez seja a hora de os cursos de humanísticas deixarem de tratar a interdisciplinaridade como objeto de estudo e  pensarem nela como forma de adaptação ao mercado de trabalho.

Atenção. Ao contrário do que muitos possam pensar, sou a favor da formação humanista. Porque ela é essencial para compreender o mundo. A primeira vez que entrei para a universidade foi num curso de  engenharia. E posso dizer que a grade curricular era completamente desprovida de qualquer conhecimento que permitisse ver o mundo sem ser de forma ideológica (no sentido marxiano de distorção). Saltei fora.

Outra coisa. O pessoal mais antigo sabe que estou no jornalismo desde meados dos anos 80, apesar de ser licenciado em História (naquela época não havia cursos de Jornalismo em Joinville). Mas se alguém perguntar, eu digo. Se tivesse que refazer o meu percurso acadêmico - sabendo o que sei hoje - escolhia fazer História novamente.  Não tenho qualquer dúvida de que obtive melhores ferramentas para ler o mundo.

TO BE OR NOT TO BE - Ok... aí vou bater numa casca de ferida que nunca seca. Se eu voltar para o Brasil, é provável que os meninos dos sindicatos não me aceitem como jornalista. E não adianta dizer que eu fiz pós-graduação, especialização, mestrado ou doutorado na área de comunicação. Ou mesmo que já tenha dado aulas na universidade. Ou ainda que sou capaz de fazer o trabalho. De fato, eu posso ser jornalista em Portugal, na Espanha ou na Noruega. Mas não no Brasil.

Tudo isso para dizer que há muita coisa a mudar. É preciso sair das caixinhas fechadas. O mercado de trabalho, goste-se dele ou não, olha para os diplomas, mas está interessado em contratar profissionais que ofereçam soluções. Talento, criatividade, proatividade. É claro que a lógica não vale para algumas áreas essencialmente técnicas. Mas vale para quem quer sobreviver num mundo onde os empregos tendem a escassear.

Um dia o Brasil vai ter que mudar. Deixar de ser um país agro-exportador, voltado para empresas de mão-de-obra intensiva ou uma economia que vive da extração de recursos naturais. E aí o futuro dependerá de cérebros. E os diplomas - úteis, claro - ficarão no lugar a que pertencem: a parede.

É assim aqui deste lado do Atlântico. E posso dizer, sem medo de errar: “eu sou vocês amanhã”.