terça-feira, 26 de março de 2013

Pílulas de sabedoria

POR JORDI CASTAN


Neste momento, quando as práticas da Comissão Preparatória da Conferência da Cidade vêm sendo legitimamente questionadas por muitos e destemperadamente defendidas por poucos, abstenho-me de responder às diatribes e invectivas dos que defendem seus métodos pouco ortodoxos, falsamente democráticos e muito pouco transparentes. Como resposta, valho-me apenas da sabedoria acumulada ao longo dos séculos.

Entre outros sábios conselhos, Nelson Rodrigues brindou-nos com este: "Deve-se sempre desconfiar dos veementes, pois eles estão sempre a um passo do erro e da obtusidade”.

Um dos fundadores da psicologia, William James, ensinou-nos: "Muitas pessoas pensam que estão pensando quando estão apenas a rearrumar os seus preconceitos".

O escritor inglês William Hazlitt revelava a alma de muitos dos lacaios modernos: "O homem é um animal que finge - e nunca é tão autêntico como quando interpreta um papel".

O iluminista Voltaire denunciava: “É muito perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estabelecidas estão completamente equivocadas”. Sobre os pusilânimes de sempre, revelava: “Só se servem do pensamento para autorizar as suas injustiças e só empregam as palavras para disfarçar os pensamentos”.
Sobre a inutilidade de debater com fanáticos, Voltaire indagava: "Para quê discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras".

O enciclopedista Diderot, preso por expor suas opiniões, ensinava: "Há homens cujo ódio nos glorifica".

O filósofo anglo-irlandês Edmund Burke considerava: “Aquele que luta contra nós fortalece nossos nervos e aprimora nossas qualidades. Nosso antagonista trabalha por nós”. E sugeria aos independentes das benesses estatais "... ousar ter dúvidas quando tudo é tão cheio de presunções e audácias”.

Outro sábio avant la lettre, Roberto Campos profetizava o que hoje vemos campear por nossas plagas: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor"

Proust ironizava os convictos e fundamentalistas de sempre: "Cada um chama de claras as idéias que estão no mesmo grau de confusão que as suas próprias".

Alexis de Tocqueville, o mais sábio de tantos quantos me socorro, denunciava: “Nações existem na Europa onde o habitante se considera como uma espécie de colono, indiferente ao destino do lugar que habita (...) A fortuna da sua aldeia, a política da sua rua, a sorte da sua igreja e do seu presbitério, em nada o afetam; pensa que nenhuma dessas coisas lhe diz respeito de maneira alguma, e que pertencem a um estrangeiro poderoso a que chama de governo. Goza de tais bens como que em usufruto, sem espírito de propriedade e sem idéias de qualquer melhoria”.

Pois é exatamente por não sermos colonos, indiferentes ao destino do lugar em que habitamos, que insistimos em exercer nosso direito de cidadãos. Ainda que isso possa parecer exótico para alguns ou ousadia indevida e pretensiosa para outros.

5 comentários:

  1. O MPL-Joinville está participando dessa etapa de formação do Conselho da Cidade e lançou um documento sobre a experiência, vale a leitura no http://mpljoinville.blogspot.com.br/2013/03/carta-aberta-sobre-formacao-da.html


    Maikon K

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  2. já vi que nada agrada esse pessoal da LOT, tenha a santa paciência! meu Deus ...

    LINDOLFO WERNER

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  3. Hoje você se superou....parabéns pela aula de referências teoricas sobre fundamentalismos, intolerâncias, obstinações e......colonos. Seu pensamento inquieto aterroriza àqueles que tem idéia fixa. Parabéns por instigar idéias e afugentar a pobreza intelectual da imaginação humana.
    Eduardo Dalbosco

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  4. É impossível convencer um ignorante com argumentos..By Ácido

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  5. moro desde pequena numa região que está sendo intensamente objeto de discussão a respeito da Lei de Ordenamento, lá tive meus filhos e me casei. uma região que apenas em minhas lembranças esta relacionada a região rural. infelizmente, hoje em nada naquela região lembra as saudosas tardes de domingo em frente a varanda da casa de meus avos. a região a que me refiro é a estrada da ilha região que se tornou um verdadeiro canteiro de obras, com instalações de pequenas e medias empresas e no lugar de estrada esta um verdadeiro e perigoso eixo viário que a cada dia aumenta de proporção. acredito que ali esta uma comunidade que clama por melhorias e urbanidade. acredito no conselho da cidade ....possa ajudar a todos que ali escolheram e chamam de lar....

    Luiza S. Tavares

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