quinta-feira, 26 de julho de 2012

Elegia à mediocridade



POR JORDI CASTAN
Nāo é justo que nos queixemos da falta de bons candidatos. Os candidatos que aí estāo postos sāo o reflexo da nossa sociedade, de nós mesmos. Ninguém mais que nós pode ser responsabilizado pelo quadro atual. A situaçāo deveria nos levar a aceitar a nossa responsabilidade e a assumir as consequências.

Nāo há que esperar alguma mudança significativa no rumo da cidade. Os problemas que Joinville vive vāo além deste ou daquele político, deste ou daquele partido, da cobiça dos especuladores imobiliários, da construçāo de um ou outro binário, da revitalizaçāo deste ou daquele espaço, da preservaçāo da história, da promoçāo da cultura ou de uma educaçāo de qualidade e uma sociedade sadia.

Há que reconhecer: o principal problema de Joinville nāo é a falta de recursos, nem o governo estadual, nem o federal. Seria o momento de admitir, para tentar mudar as coisas, que temos nos convertido numa sociedade medíocre. Ninguém chega a este estágio de uma hora para outra. Tampouco se alcança um nível de mediania como o nosso em três ou quatro anos. A nossa mediocridade é o resultado de um processo longo e constante que começa na escola e chega até à nossa classe dirigente.

Criamos uma cultura da mediocridade. Os mediocres sāo os alunos mais populares da escola, os primeiros a serem promovidos nas organizaçōes. Sāo eles os referenciais de opiniāo, os ícones das nossas instituiçōes, os que vencem as eleiçōes. E votamos neles mesmo sabendo que nāo sāo honestos ou nem sequer têm a competência para ocupar os cargos que postulam. E os elegemos porque eles sāo dos nossos. Estamos tāo acostumados a conviver com a mediocridade que a aceitamos como natural. Ela passou a formar parte da nossa vida.

Vivemos numa sociedade que persegue a criatividade, castiga a diversidade e nāo permite a discordância. Que tem feito da mediocridade a grande aspiraçāo nacional. Uma sociedade constituída por milhares de candidatos a próxima ediçāo do BBB ou cuja máxima aspiração é serem aprovados num concurso público, não para servir mas pela segurança que a estabilidade oferece. Uma sociedade em que os chefes se rodeiam de medíocres para encobrir a sua propria mediocridade. Uma sociedade em que o estudante que estuda e se esforça é ridicularizado e estigmatizado.

Medíocre é uma cidade que tem permitido, apoiado e até celebrado a vitória dos medíocres. Uma cidade que persegue a excelência, a competência e o sucesso que resulta do trabalho e do esforço. Uma Joinville em que viceja a mediania escancarada, agora na pobreza das nossas opçōes de escolha nas próximas eleiçōes. Aonde a melhor opçāo será a de escolher o menos ruim, porque nāo é possível identificar um candidato que seja melhor. E se este candidato existisse, nāo teria a menor oportunidade porque nāo seria o candidato que a maioria identificaria como o seu.  

31 comentários:

  1. Não posso concordar. Há que se ter esperança, sempre!!

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    1. Pode tambem assumir e reconhecer a mediocridade. É outra alternativa.

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    1. De onde você hauriu a palavra apócrifa? Se o texto é apócrifo, seu comentário soa belicoso e adstrito de algum partido. Uma verdadeira ignomínia verbal.

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  3. Gostei. Somos responsáveis sim e a partir do momento que aceitamos e procuramos mudar,com certeza conseguiremos. Leva tempo talvez muito tempo, mas conseguiremos.

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  4. Concordo com o Jordi, vivemos numa JoinVILA atrasada e medíocre , gostaria de citar outros itens além do político :

    * nosso comércio ainda continua medíocre , voltamos a comprar em Curitiba , Balneário ou Floripa (ou Miami!) ; a novidade do "novo shopping" é a loja Havan...
    * muitos dizem que a noite Joinvillense é ótima , lembrando que nos anos 80 não tínhamos NADA , pelo que lembro a "famosa" Via gastrônomica já tem bastante tempo (anos) e continua na mesma , fecham uma casa , reformam e continua na mesma !!!! sem falar que o atendimento é sofrível !! e que algumas estão falindo !! várias fecharam !!!
    * churrascaria em JOI , ah! vá comer churrasco em Curitiba , em suas famosas churrascarias... (preferimos fazer churras em casa , ou nas varandas de nossos aptos - que tem q ter churrasqueira a carvão, heheehe)
    * Hospitais , mesmo pra quem tem um bom plano de saúde , aqueles que pagam apartamento na internação , está péssimo ; voltamos a procurar tratamento fora de Joinville - Curitiba ou Florianópolis ; mesmo os "particulares" estão com filas de SUS.
    * Teatro - esquece!!! piorou neste ano de 2012 !!
    * Shows - mais ou menos !
    * mobilidade de interior com frota de cidade grande.

    São exemplos da nossa sociedade , voltamos a ter a idéia que o de fora é melhor , e resumindo É MELHOR SIM !!! somos medíocres , paramos no tempo !! tivemos uma evolução no início dos anos 2000 , depois paramos!!! paramos na mentalidade de nossos líderes e empresários também!

    Concordo somos interioranos e medíocres desde a tenra idade!!!
    já pensei várias vezes em deixar a cidade!

    du gregu (Joinvillense du matu , interiorano e medíocre também!!)

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    1. O que você quer dizer sobre teatro? O espaço de teatro ? Ou o teatro que é feito em Joinville/SC ? É bem possível e necessário discutir o teatro local, porém é importante esclarecer do espaço físico ou do teatro feito em Joinvas ?

      Maikon K

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    2. Você esqueceu de citar o aeroporto. Eu já nem faço orçamento tendo Joinville como ponto de partida ou chegada. Já coloco direto Curitiba. É mais barato mesmo pagando estacionamento e tendo que ir de carro até lá. É mais seguro que o voo vai partir/chegar. Tem mais opções de horários. Cansei já de comprar passagem de Joinville e ter que ir de ônibus até Curitiba.

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    3. Tanta convicção nas palavras e escreve joinvilense com 2 (dois) "L". Talvez seja a influência de ir muito a Miami fazer compras.

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    4. Caro anônimo,

      Fico feliz que o seu unico comentário sobre este texto tenha sido este.

      Mas confesso que fiquei tentando entender que relação poderia ter fazer compras em Miami, se este fosse o meu caso e escrever joinvilense com 2 (dois) "L"

      Acho que nem você mesmo deve saber.

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    5. Jordi e Anônimo 2258 , obrigado por vocês pensarem em minhas viagens a Miami e meu discuido no JoinviLLense!

      Parabéns ao amigo que lembrou do Aeroporto , realmente é verdade , também só saio de CWB ou FLN.

      Maikon , o teatro local é ótimo ! pena que não tem local adequado! e precisamos trazer peças de fora sim , peças de qualidade... quando vou a SP sempre aproveito para ver alguma sessão.

      um abraço fui pra Miami !!! rsrsrsrsr

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      em tempo: me divirto quando reclamam dos meus pontos de interrogação , ou de algum erro de português em vez de discutir a idéia , demonstra a qualidade do interlocutor.

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    6. Domingo , dia 29 , no Jornal A NOTÍCIA página 18 , nosso Alcaide escreveu também "Joinvillense" de próprio punho !

      rsrsrsrsrs

      du grego

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    7. Puxa Grego,

      Muito obrigado salvou meu domingo. Ver que o nosso Carlito também comete erros e que os erros são tão graves como os meus, me faz sentir ao seu nível, não ao teu nível, e sim ao nível dele. Mesmo que não tenha claro se isso é bom ou ruim.

      Sei e reconheço que escrever joinvilense com 2 (dois) L é um erro grave, imperdoável e compromete toda a logica do post. Te agradeço sinceramente que tenha me informado que o prefeito Carlito cometeu o mesmo erro e o fez de punho e letra e ainda o publicou no jornal A Noticia, que tem bem mais leitores que este blog.

      Obrigado uma vez mais e bom domingo

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    8. Jordi,
      foi uma brincadeira , pelo meu erro !
      um abraço
      grego

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    9. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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    10. Conforme o pedido, Grego, o comentário foi lido e removido. Agradecemos pela leitura e esperamos que continue a nos prestigiar.

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    11. Jordi , fui EU que coloquei errado "Joinvillense" , portanto eu estava rindo do meu erro , que o Carlito também fez !!
      é isso , vc escreve correto , eu já admiti que sou "medíocre" conforme seu texto hehehehehe !!!

      um grande abraço ao Jordi e ao Baço
      sou chato , mas sou fã !!!

      du grego

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    12. Grego

      Me pegou direitinho.

      Obrigado pela sua leitura e pelos comentários.

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  5. Se os políticos são corruptos, são por que vem de um povo igualmente corrupo e medíocre. Nosso povo, habiatuado a dar o "jeitinho brasileiro" para burlar as regras, cria representantes que zombam de nossas leis. Nosso povo "medíocre" é de fato, responsável pela tolerância de situações como as que acontecem em nossa política Joinvilense.

    Como um amigo comentou estes dias em um bar: "esta eleição de Joinville é como o confronto Alien VS Predador: não importa quem ganhe, a humanidade sai perdendo."

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  6. Assistir a Carminha sendo humilhada também é mediocridade?
    Se for...putz,me perdoem...mas tava bão demais!!!
    ahahahahahaahhaahah...Sorry!

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  7. Concordo com seu texto Jordi desde de 2008, quanto eu Leonel e várias outras pessoas cansamos dessa palhaçada e resolvemos fazer nós mesmos as mudanças junto com o único partido hoje que merece alguma credibilidade, o PSOL, e todos estão convidados a se juntarem a nós e fazer algo diferente e melhor.

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    1. Sem maioria se governa?

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    2. Na sua pergunta se encerra a clave do enigma.
      É a maioria quem elege, é ela que governa.

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    3. Ivan, acho que o Leonel pode ser o diferencial desta eleição, independente de ser maioria ou não. Afinal, se não começarmos mesmo com uma minoria nunca chegaremos lá.
      Só devemos pensar numa questão que o Jordi colocou muito bem: não se cercar de medíocres achando que para ser honesto temos que virar as costas para a competência e profissionalismo. E este foi o maior erro do governo Carlito.

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  8. Concordo com vc Jordi, a mudança pra Joinville precisa partir do nosso pensamento. Do nosso compromisso com a cidade, em valorizarmos o que é daqui! Na melhoria da educação dos jovens e crianças, não só a educação na escola, mas também nos lares. A cidade está largada por que o cidadão a abandonou e não somente os políticos e gestores. Parabéns pelo material... abraço!

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  9. mediocridade também é acreditar que as mudanças só acontecerão via palarmento e poder executivo.

    Maikon K

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    1. As mudanças que o Jordi quer provavelmente pode ser feito por esses meios

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    2. Tentei imaginar uma massa informe de mediocres, dirigidos por lideres mediocres ao frente de uma revolução de mediocres e confesso que o resultado me pareceu pouco interessante e improvavel.

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  10. Gostei do seu texto Jordi,

    Já existem muitas pessoas andando na contramão dessa alienação que você diz. Esta, que possui um efeito quase hipnótico nas pessoas. Contudo, pela imaturidade, a mediocridade faz mais barulho, aparece mais.

    Acredito no poder silencioso das transformações, nessas que não aparecem nos jornais e não precisam de holofotes, porque é legítimo. E o que é legítimo, não precisa de reconhecimento externo, apenas é.

    A mediocridade, por outro lado, faz um outro movimento, como você menciona. Precisa dar consistência a seu próprio vazio e utiliza o outro como espelho, num sentido negativo desse processo de identificação. Precisa que o outro diga e ateste o seu valor, porque está desvinculado de si mesmo. Submerso naquilo que o outro diz ser o caminho, submerso em ideologias, sem um senso crítico. Falta apoderamento de si mesmo e enquanto sujeito social.

    Está difícil a escolha no campo político, porque também é mediocre a nossa democracia, esse modo de 'fazer' política. O crescente descrédito e descontentamento são sintomas da sua inconsistência, de que está falindo. Um sociólogo da atualidade(Zygmunt Bauman) diz que precisamos reinventar esse processo de representação política. A que temos, também a inventamos e não funciona mais, se é que um dia conseguiu representar a essência do que foi idealizado. Hoje, de fato, está a serviço da mediocridade, da alienação, da preguiça do pensar, da desvalorização do progredir do sujeito e da sociedade.

    A EDUCAÇÃO é um dos caminhos mais importantes de superação disso tudo,um caminho para a emancipação dos sujeitos/sociedade e para a justiça social.

    Acredito que a mudança já está acontecendo, mesmo que seja difícil precisar e observar com clareza, porque estamos vivendo essa mudança. Feita de diversidade e estando em constante movimento, aquilo que não aparece, que não se vê, nas mudanças sociais, está também alí, pressionando e regulando as forças dessa superficialidade, aparente.

    Deixo o link da entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman, que faz alguns apontamentos sobre a sociedade contemporânea (vale muito a pena assistir):
    http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A

    Adriana Lima

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