Estamos
na metade de julho e já faz um mês que as lojas começaram as liquidações de
inverno. Para o consumidor, nunca foi tão bom comprar vestuário. É o auge do
inverno e compramos casacos, botas e roupas quentes, tudo pela metade do preço.
A promoção agora é regra. Só paga preço cheio quem quer.
A
lógica é a seguinte: O lojista que não comprar a coleção primavera/verão até o
início do inverno, perde a vez. Após determinado período, o lojista somente
consegue comprar peças para reposição. Assim funciona em todas as estações,
principalmente para as lojas que trabalham com marcas conhecidas. Compra-se a
coleção nova com muita antecedência e consequentemente, vende-se com
antecedência também. Afinal, não dá pra ficar com o estoque estacionado.
Existem contas para pagar e folhas de pagamento vencendo ao final do mês.
E
nessa lógica, o tempo vai correndo. Daqui a pouco é Natal. O Natal sempre foi no
mês de dezembro. Costumávamos entrar no clima de Natal quando montávamos o
pinheirinho, bem no início de dezembro. O tempo do Natal era em Dezembro. Hoje,
em meados de outubro começamos a ver enfeites natalinos nas vitrines e, no
susto, percebemos: Já é Natal! E, com esta percepção, temos uma sensação de encurtamento
de tempo. O ano está acabando... e todas as coisas que queríamos fazer até
dezembro? Não cumprimos grande parte de nossas promessas. Mal demos início a
muitos de nossos projetos, planejados com tanto entusiasmo no Ano Novo. E isso nos
causa um stress danado. Fracassamos.
Será esta uma percepção local?
Perdemos
o referencial de tempo. O inverno é primavera. O verão virou outono. E o Natal,
já está chegando.
Mas,
enfim, o que aconteceu? O comércio anda antecipando as datas? Quem é
responsável por nos fazer sentir impotentes perante o tempo?
Einstein
demonstrou, que a percepção do tempo depende do ponto de vista do observador.
Outros
dizem que é a tal Ressonância de Schumann. E que a percepção de que tudo está
passando mais rápido não é ilusória, mas, que devido a aceleração geral, o dia
não teria mais 24 horas e sim 16. Loucura, loucura...
Mais
fácil porém, é crer que somos responsáveis pela correria toda. Vivemos tão
acelerados que não vemos o tempo passar. O comércio? Só nos acompanha, pois é
um sistema vivo, interativo, e reflete a aceleração geral. Afinal, consumir, é quase um imperativo. Nem
prestamos mais a atenção no que estamos adquirindo, estamos em constante
déficit de atenção, por excesso de informação.
A
saída? O consumo consciente. O entendimento de que o poder de escolha do consumidor
influencia toda a cadeia de produção industrial, a preocupação com os recursos
naturais, se na confecção do produto adquirido teve trabalho infantil, ou uso
de agrotóxicos, faz com que consigamos compreender as consequências que o comportamento de compra nos traz. E a
falta de tempo que o consumo predatório nos gera. Afinal, já dizia
Saramago: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.
Amanda,
ResponderExcluirNão estranhe se em setembro as lojas já começam a colocar a decoração natalina.
Sim, não duvido. O pior é que ficamos meio perdidos mesmo. Percebo também que algumas casas não retiram mais as luzes de Natal das fachadas. Talvez seja só acomodação, mas pode ser mais uma confusão gerada pela ideia de que "o Natal já está aí".
ExcluirAssunto de domínio total!!!
ResponderExcluirAdorei o texto Amanda!
Obrigada, Gabi. E, como te conheço, sei que concordas com tudo o que escrevi. Hehe!
ExcluirThe new religion is consumerism and massive malls are its cathedrals. Max
ResponderExcluirO consumismo é o mal do século. E, infelizmente, não somente coisas podem ser compradas, mas as pessoas também. É o ser humano como meio, e não como um fim em si mesmo. Obrigada pelo comentário!
ExcluirA saída para isto, além do consumo consciente, é não ser consumista.
ResponderExcluirSim Manoel, também. A reflexão é necessária, para cada novo item adquirido. Obrigada pelo comentário!
ExcluirJá percebeste que nos grandes centros comerciais não há relógios, Amanda? Porque lá o tempo para... é sempre tempo de comprar, sem relógios para dar conta das horas dispendidas.
ResponderExcluirZé, queres ver outro lugar que nunca tem relógio? Consultório médico. A percepção do tempo também é diferente por lá. É sempre tempo de esperar...
ExcluirEu não encontro relógios em bancos, eu levo 15 minutos da minha casa até o centro e parece 1 hora. Eu acordo e em seguida almoço, a tarde chega e quando olho o horizonte tem uma faixa rosa ao fundo (ou laranja dependendo do dia) me dizendo que a noite vai chegar. Esse é o tempo da contemporaneidade. Fazem alguns dias que resolvi adotar o meu tempo para viver, com qualidade. A gente tá precisando se respeitar mais...
ResponderExcluirBianca Dornelles
Bianca, quanta honra receber o comentário de uma grande artista como tu(desde muito nova, né?). Viver com qualidade é o que busco todos os dias. Obrigada pela leitura!
ResponderExcluirAmanda,
ResponderExcluireu acho que é uma observação um pouco local sim.
Morei 28 anos em Joinville e quase 2 aqui na Suécia, a diferença é gritante.
As pessoas aqui são mais desaceleradas.
Apesar de o comércio tentar empurrar um pouco as estações, as promoções, antecipando-as, as pessoas não tem pressa.
Às vezes sábados e domingos os shoppings estão vazios e os parques cheios. Depende do clima.
Aos sábados os salões de beleza fecham - não tem público. Isso é inimaginável em Joinville, sábado é o dia mais movimentado. Aqui a prioridade é outra, não é ficar bonita, mas sim passar o dia com a família. Coisa chata se faz dia de semana. O comércio fecha às 18h, inclusive shoppings... diferente, né. De qquer forma, é como vc disse: o consumidor define o mercado. Depende da gente. Beijos.