sexta-feira, 20 de julho de 2012

E no palco do mundo, Joinville!

POR GUILHERME GASSENFERTH

Começou antes de ontem o maior festival de dança do mundo! São milhares de bailarinos, dançarinos, coreógrafos, estudantes, familiares e apreciadores da arte da dança que se encontram nestes 11 dias de evento no Centreventos Cau Hansen. Sejam bem-vindos!

Neste ano, o Festival completa 30 anos de uma cidade orgulhosa de sua realização. Foram diversos visitantes e bailarinos ilustres, como a primeira vinda da bailarina Ana Botafogo, em 1987, da bailarina Cecília Kerche, em 1989, e Mikhail Baryshnikov, em 2007, entre tantos outros. Em 1991, houve a internacionalização efetiva do Festival; em 1998 o Festival ganhou novo palco, agora no Centreventos Cau Hansen; a criação do Instituto Festival de Dança de Joinville ocorreu em 1999; e a citação no Guinness Book, o Livro dos Recordes, em 2005, coroou todo o trabalho, esforço e dedicação com o título de maior festival de dança do mundo.

Com a profissionalização do Festival, hoje o joinvilense respira menos o Festival. Mas há cerca de quinze anos, diante da carência de leitos nos hotéis da cidade, as famílias joinvilenses abriam suas portas para que os bailarinos e dançarinos pudessem pernoitar. Os jovens da cidade disputavam a honra de atuar como voluntários no Festival de Dança! As baladas abriam suas portas gratuitamente para quem tinha um crachá de dançarino ou bailarino. Mesmo para quem não tinha nenhuma ligação com o Festival ou nem gostasse de dança, era impossível passar incólume ao maior evento da cidade: sempre havia um grupo de bailarinos e bailarinas andando pela cidade – quem não os reconhece pelo jeito de andar?

Toda essa aura e a magia do Festival criaram tamanho orgulho no joinvilense que a cidade ganhou mais um título: Joinville, a cidade da dança. Mas será que fazemos jus ao apelido?

SOMOS A CIDADE DA DANÇA?

A instalação em Joinville da Escola do Teatro Bolshoi do Brasil, uma grande honraria concedida pelos russos à cidade, é uma iniciativa artística, cultural, educativa e social única! Boa parte dos estudantes é proveniente de famílias de baixa renda espalhadas por todo o Brasil, o que confere um status de projeto inigualável no país! Temos algumas escolas com aulas de ballet, temos a Escola Municipal de Ballet, os grupos e escolas de dança ligados à Anacã, grupos de danças folclóricas e iniciativas individuais desta bela arte. Ótimo, sem dúvida nossa situação é privilegiada. Mas será que isto é tudo?

Por que não há em Joinville uma escola superior de dança? Somos o único Estado do Sul a não ter um curso superior na área, embora tenhamos aqui uma vocação reconhecida nacionalmente. Consta que uma reunião foi feita na Udesc em junho, mas nada de concreto até agora foi anunciado. E se Joinville não se mexer, o curso vai pra capital também. É plenamente possível que tenhamos uma universidade da dança! Por que não? Cursos superiores de dança, coreografia, figurino, cenário, música, com cursos de graduação, pós-graduação, especializações, cursos rápidos, cursos de verão, eventos, workshops! Afinal, temos professores qualificados, temos alunos, temos reconhecimento e temos vocação. É possível, sim!

O Instituto Festival de Dança de Joinville já lançou um programa excelente, chamado Unidança – Universidade Livre da Dança. A Unidança (http://www.unidanca.com.br)  possui alguns cursos à distância na área. Ainda é muito pouco, mas é muito bom saber que a base está lançada para uma futura universidade voltada somente a esta manifestação artística. Parabéns ao Instituto!

Joinville poderia ter também um museu dedicado à dança; monumentos dedicados à dança; palcos ao ar livre e em empresas e shoppings ocupados nos outros 355 dias do ano; comércio especializado, numa espécie de Feira da Sapatilha permanente e ampliada; produtora de material de referência; entre diversas outras atividades que podem ser desenvolvidas na cidade.

UMA REFERÊNCIA MUNDIAL

E se tudo isso estivesse reunido num só lugar? Poderia ser construída a Cidade da Dança, o espaço que reuniria a Universidade Livre de Dança (com cursos técnicos, superiores, de pós-graduação na área), o Museu da Dança, o Instituto do Festival de Dança, as lojas especializadas, um grande teatro e outros auditórios menores para recitais e apresentações. Sonho? Sim, e os sonhos são possíveis! Alie-se o esforço à vontade e o sonho está realizado!

Tal qual é Florença uma referência na escultura; Nova Orleans e Liverpool na música; Antuérpia em logística; Haia no Direito; Orlando na diversão; por que não pode ser Joinville, a cidade com mais população dentre as que citei, uma referência mundial na dança?

Na Cidade dos Príncipes em que Suas Altezas nunca pisaram; na Cidade das Flores cheia de concreto, asfalto, grama e mato; na Cidade das Bicicletas dominada pelos carros, ônibus e motos; quem sabe a dança não pode despontar e fazer Joinville ser internacionalmente reconhecida como a legítima e verdadeira Cidade da Dança!

15 comentários:

  1. Guilherme, talvez esteja faltando a sensibilidade de uma mulher, atrás da mesa do gabinete da prefeitura. Ou a visão de uma raposa. É difícil, mas ainda existem pessoas com o poder ver além dos quatro anos.
    Stefana

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  2. Esse curso de ensino superior que a UDESC quer criar sem dúvida acabará na capital.

    A construção de um Teatro Municipal é urgente. Não só para dar contituidade ao Festival de Dança num local adequado, mas para que a cidade possa viver a dança com um calendário de espetáculos regular, e não sazonalmente. Sem falar que um teatro adequado seria palco para outras artes, música, peças teatrais...

    A questão é: conseguir dinheiro onde? O gov. estadual, como a gente sabe, não devolve o dinheiro que suga de JOinville. O gov. federal, em que pese termos uma adm. do PT, não parece muito preocupado em garantir o maior colégio eleitoral de SC e a prefeitura mais importante do Estado. Bem pra construir o teatro tem que ser contra tudo e contra todos, pra variar. Mas os sonhos estão aí pra serem realizados mesmo.

    Quero acrescentar uma idéia aqui. Joinville não tem uma festa de outubro faz alguns anos (tá, ano passado teve a Bierfest, mas parece que não empolgou. Tomara que mude). Pois bem, entendo que a nossa festa germânica e da cerveja deveria mudar de mÊs. Em que pese tenhamos vários municípios que promovem suas festas em outubro, atraindo muitos turistas, acho que o mês ideal para Joinville é o de Julho, mais precisamente nos dias que sucedem o FEstival de Dança. Os motivos são os seguintes:

    1) O clima. O inverno é o período de estiagem na região sul. Já setembro, outubro e novembro são os meses chuvosos (se não me engano a oktoberfest de blumenau foi criada para arrecadar fundos após a grande enchente de 1984). Então, não vejo melhor período pra comer um chucrute, marreco recheado e tomar um bom chopp num amplo biergarten, arborizado, sob o sol do inverno e um belo céu azul. Quem sabe com stammtisch na alameda brustlein. Ou na JK, palco das comemorações de títulos do JEC e da seleção brasileira nas copas.

    2) Aproveita-se o fluxo de turistas já existente na cidade, que acabaria esticando alguns dias para curtir a festa.

    3) Aproveita-se a exposição da cidade na mídia para que a nossa festa da cerveja ganhe notoriedade.

    É isso. Farou.

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    1. Legal, Jonas!

      Seu comentário prova que pelo menos uma coisa precisamos em Joinville: ideias!

      Abraços e obrigado pelo comentário,

      Guilherme

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  3. Muito bom seu texto, estais de parabéns!

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  4. Perguntar não ofende: qual critério e referencia se utiliza para dizer que o nosso festival é o maior do mundo? Isto é aceito internacionalmente? Sempre soube que era um dos maiores do Brasil.

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    1. Oi Manoel. Dia desses eu soube que era a quantidade de participantes. Mas a inscrição no Guinness Book é a referência mundial para ser aceito como recorde internacional. Abraço!

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  5. Realmente precisamos avançar no Festival de Dança , suas idéias são boas !
    O Festival perdeu identidade pro Joinvillense , precisa resgatar isto e avançar...

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  6. em 1994 nas férias escolares os dançarinos se alojavam nas salas de aula , escrevíamos recados em bilhetes enfeitando as salas , e no retorno as aulas liamos o que os dançarinos escreviam !

    Muito bom o texto !

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  7. Perfeito Guilherme, excelente, só discordo de uma coisa, quando escreves " dominada pelos carros, ônibus e motos", no que cabe aos ônibus, só se dominada pelos felizes proprietários.
    Abraços

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