quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Votar em quem nunca trabalhou?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Vou direto ao ponto. Você acha que uma cara que nunca precisou matar um leão por dia – como a maioria das pessoas normais – está preparado para governar uma cidade como Joinville? Ou seja, você votaria num candidato que nunca trabalhou? Não sei o que vocês pensam, leitor e leitora, mas tenho as minhas dúvidas.

Um parêntese. Quando digo “nunca trabalhou” é óbvio que estou a falar de políticos profissionais. Gente que sempre – ou quase sempre – viveu da política. E tomo a liberdade de incluir aí os tipos que usaram os meios de comunicação, com passagens curtas ou não, para atingir a necessária popularidade.

Sou capaz de dizer, sem medo de errar, que há dois tipos de visão de sociedade. Há a visão do mundo real – onde habitamos eu, leitor e a leitora – que obriga a mostrar competência todos os dias para manter um lugar no mercado de trabalho. E há a visão do “mundo mamata”, que é onde os profissionais da política vivem.

SOLUÇÕES FÁCEIS – O olhar dos políticos profissionais sobre a sociedade é obviamente desfocado. Afinal, uma pessoa que nunca sentiu na pele as durezas do mundo real será incapaz de encontrar soluções reais para os problemas. Ou seja, quem está habituado a uma vida fácil só é capaz de encontrar soluções fáceis.

É sempre bom lembrar a frase atribuída a Anaïs Nin: “não vemos as coisas como elas são: vemos as coisas como nós somos”. Portanto, uma pessoa que sempre viveu na esfera do poder, com empregos que caem no colo por manigâncias políticas, só pode achar que é tudo muito simples.

Mas fica um alerta. Isto não quer dizer que eu esteja aqui a defender a ideia do empresário salvador. Nem pensar. É claro que esses tipos tem uma vida de trabalho. Mas por vezes estão habituados a ver o mundo tão lá do alto que os cidadãos comuns parecem formiguinhas. E quem sempre viveu no Olimpo por vezes só consegue descer ao mundo real com operações de cosmética do marketing.

NÃO É MOLEZA – Para terminar, fica a reflexão. O e-leitor e a e-leitora tem um ano para escolher. É tempo mais que suficiente para dar uma boa olhada nas biografias. Mas com muito cuidado, porque muitas dessas biografias – que aparecem cheias de virtudes – são escritas por marqueteiros.

Como escolher? Há muitas formas. Mas saber se o cara já teve que dar duro na vida é um bom critério. Afinal, a missão de governar uma cidade como Joinville não é moleza.

11 comentários:

  1. Do seu texto, meu caro Baço, pinço uma pequena frase do início: "...tipos que usaram os meios de comunicação, com passagens curtas ou não, para atingir a necessária popularidade."
    Acho que aí está um assunto que poderia render muito pano e muita manga.
    Não pretendo discutir se esses indivíduos trabalharam alguma vez na vida ou não. Até acho que sim. Alguns mais, outros menos.
    Mas tenho visto no decorrer dos anos, muitos e muitos profissionais dos meios de comunicação se lançarem candidatos e construirem longas carreiras políticas, algumas até profícuas.
    Também nao quero discutir a capacidade e o sucesso de cada um deles, mas sim, a forma como desenvolveram sua campanha e alcançaram seus mandatos, ou seja, usando microfones e câmeras em programas de rádio e TV onde sempre "defendem o povo".
    Alguns, no noticiario do meio dia, viviam apontando problemas da cidade e cobrando ações do prefeito "em defesa do morador do bairro"
    Outro, se dedica à obras filantrópicas convenientemente divulgadas no seu programa diario de TV.
    Outro ainda, apresenta programa na TV paga, "em busca de soluções" para a cidade.

    Não seria nada demais, e até elogiavel, se depois não se lançassem candidatos usando essa publicidade fora do horario eleitoral.

    No mínimo, é injusto com os outros candidatos que dispõe de horario de publicidade e divulgação de currículo rígidamente controlado pelo TRE. Enquanto esses são obrigados a compactar seu discurso, muitas vezes obrigados a omitir trabalhos importantes por falta de tempo, os outros passam os quatro anos de mandato fazendo sua publicidade e arrecadando simpatias e votos. E a legislação eleitoral não dá a mínima pra isso...Até porque não é proibido, afinal é a profissão deles.
    Mas que em função disso levam enorme vantagem, não há como negar.

    Portanto, vou dar meu palpite. E o dou de graça se algum legislador que porventura esteja lendo esse comentário quiser levar a idéia adiante.
    A lei, para ser mais justa, deveria prever algo como uma "quarentena" para candidatos oriundos dos meios de comunicação. Por uma legislatura, ficariam fora da mídia, e só voltariam no inicio da campanha oficial.
    Para garantir uma disputa nivelada e justa.
    E isso deveria valer até para apresentadores de sorteios de "casas felizes" na TV.

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  2. Eu concordo com você, mas temos que afirmar que existem dois tipos de agentes políticos. Tem os que vivem para a política e os que vivem dá política. Mas sem dúvida é muito bom critério saber no que o candidato trabalhou.

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  3. Eu jamais elegeria um pedreiro, metalúrgico ou um marceneiro para prefeito.
    Na minha opinião, no mínimo para ser um candidato político no Brasil, obrigatoriamente deveria ser formado em Direito e dependendo do cargo alguma especialização. Publicadade, campanha... enfim, como em qualquer "mercado" - que neste o que vale é o voto - quem fizer a melhor campanha leva a fatia.

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  4. Claro que não, preferencialmente votaria em alguém que sabe o que está dizendo, e isso necessita do mínimo de conhecimento da parte do eleitor. Saber que certas obras são impossíveis de realizar ajuda um bocado, porém o eleitor é preguiçoso, não se interessa em pesquisar a melhor opção e acaba votando no político da onda.
    Políticos profissionais nem pensar, discurso pronto, nem pensar. Vamos pensar antes de votar.

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  5. Pois eu voto e votarei no Metalurgico graças a ele eu subi meu padrão de vida,Sr.Thiago Vieira e o Brasil aprenda com ele

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  6. Diante da cerzida muito mal feita há poucas horas, temos que recorrer a quem realmente entende de costuras. Não que isso influenciou meu voto, porque não sou voto de cabresto. Meu voto já estava decidido, seria nulo. Mas com o quadro atual, o voto agora é 15. É UDO!
    Tatu

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  7. Acredito que este não é um bom critério. Professores de educação física nem sempre são os melhores treinadores. Nem todo engenheiro já foi pedreiro. Nem todo pedreiro já foi servente etc. Para gerir uma cidade é necessário muito mais conhecimento politico do que prático. Ter uma boa equipe, ter recursos e ter coragem de assumir posições não populistas é fundamental.
    Silvio

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  8. Vamos a lista: Dilma, Lula, Luiz Henrique da Silveira, Fernando Henrique, Saney, Collor, Marco Tebaldi, Paulo Bauer, Raimundo Colombo, Jorge Bornhausen, Carlito Mers, etc. etc.. Todos tem algo em comum, viveram e vivem a maior parte da sua vida fazendo política e se sustentando de proventos dos confres públicos. Alguns até roubaram o país, mas são iconizados como grandes heróis. Aposto que todos aqui votaram em algum deles algum dia, ou não? Portanto, é necessário uma avaliação menos imparcial. Mas vem atrás deste post a pergunta que não se faz calar. E quem é umgido a candidato, sem qualquer ligação com o partido que o acolheu no último minuto do segundo tempo, sob a tutela e batuta de um dos que mais mamou nas tetas da política, teria méritos? Pergunte aos que militaram anos a fio num partido cujo chefe não tem a menor intenção de valorizá-los. Traz sempre uma nova surpresinha e coloca no foco estranhos a militancia partidária, às lutas políticas e a defesa de interesses realmente comuns. Busca alguém que esteve do lado da ditadura, que acha que as nossas florestas são um grande negócio, que explora insáciavelmente o subsolo e um rio retirando a águá para seus processos industrias para não pagar tarifa pública, que usa de padrinhos para aliviar seus débitos, etc, etc. Este viés usado como argumento é muito pouco convincente, senão uma demonstração de pouca inteligência. O que os comunicadores ou jornalistas tem de pior do que os professores, advogados, economistas, sociólogos, engenheiros sanitaristas, lideres metalurgicos, banqueiros, etc, etc. etc.

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    1. Não sei, Sérgio. Quando precisa de um médico, você espera que ele tenha experiência suficiente para combater a sua doença. Quando anda de avião, espera que o piloto tenha muitas horas de voo. Quando contrata um advogado, espera que ele saiba como são os procedimentos jurídicos. E qual é a palavrinha mágica? Experiência. Ou, como diria Muricy Ramalho, "aqui é trabalho".

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    2. O presidente de uma empresa, não entende de todos os assuntos ele delega, isso é ser um gestor. A mesma coisa é um prefeito,gov. ou presidente da república. Primeiro ele tem que ser um líder, que não é igual a gestor, pesquisem,depois tem que saber montar uma boa equipe com pessoas preparadas. Se é engenheiro, adm.,contador ou advogado ou jornalista não importa. A receita é essa, não esquecendo que necessita sim entender dos meandros políticos.

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