POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Foi há algum tempo. Li, reli e treli, mas foi difícil acreditar na notícia publicada num jornal aqui do velho continente. Documentos secretos divulgados recentemente revelavam que o Pentágono teria considerado a hipótese de fabricar uma bomba sexual. Mas não tirem conclusões apressadas. Enganam-se as senhoras mais espevitadas que já estão a pensar numa espécie de “sex bomb”, um homem que seja uma autêntica máquina sexual.
O objetivo era mesmo criar uma arma de guerra. A tal bomba seria uma arma química não-letal, mas de forte efeito moral. Ou imoral. A proposta consistia em desenvolver uma espécie de bomba-afrodisíaco que faria os soldados homens atingidos nas linhas inimigas ficarem sexualmente atraídos uns pelos outros. Acredite se quiser.
Não dá para imaginar a fórmula dessa poção do amor, mas ia ser uma loucura com a viadagem* instalada nas trincheiras. Imaginem, por exemplo, uma cidade invadida por terroristas barbados, todos apaixonados uns pelos outros. É de tirar o turbante para essa ideia genial. O eixo do mal iria se tornar o eixo das malucas**.
Aliás, a tal arma teria efeitos culturais e merece uma reflexão: o que ia acontecer com aqueles fundamentalistas doidões que acreditam encontrar 75 virgens no paraíso? Sairiam de cena os homens-bomba, para dar lugar a “gays-bomba” dispostos a morrer e encontrar 75 marmanjos de barba rija no outro mundo.
BICHOS E HÁLITO - Guerra é guerra. Quando se lê a reportagem percebe-se que a engenhosidade dos militares norte-americanos não tem limites. Não contentes em espalhar a paneleirice*** nas hostes inimigas, os sujeitos estavam sempre dispostos a abrir a caixa das maldades. Outra das formas para estropiar os inimigos era a criação de armas – também químicas – que atraíssem vespas, ratos e outros bicharocos para as posições inimigas. A ideia era tornar impossível a permanência nesses lugares e conquistar terreno no campo de batalha sem nenhum esforço. Sinal dos tempos: guerras feitas com bichos e bichas****.
Os caras do Pentágono são muito imaginativos. Segundo a reportagem, um dos projetos apresentados pretendia criar um produto capaz de causar um tremendo - e duradouro - mau hálito no inimigo. A ideia era detectar os soldados que tentassem passar disfarçados entre os civis. Já fico a imaginar um ponto de checkagem. Em vez de passaporte e carteira de identidade, o teste do bafômetro: os tipos teriam que bafejar na cara dos fiscais, que receberiam treino especial para reconhecer o bafo-de-onça.
O problema é que poderia haver algumas contra-indicações. Porque se essa bomba fosse usada ao mesmo tempo que a primeira – a que transformava todos em paneleiros – o caldo ia entornar. É que ia criar muitos problemas de relacionamento. Os caras iam ficar muito chateados, porque não há nada mais broxante do que a tal da halitose. Já imaginou um terrorista barbudo a perguntar para o outro:
- Queridinha. O que foi que você comeu? As meias do Benjamin Netanyahu?
Parece piada, mas segundo o jornal essas propostas foram feitas em 1994 por um laboratório da Força Aérea do Ohio. É por coisas como estas que os Estados Unidos são a maior potência bélica do planeta. Os milicos são pura imaginação.
É como diz o velho deitado: “Em época de guerra qualquer buraco é trincheira”.
* Hoje em dia não pode falar “viadagem”, mas o texto é meu e eu escrevo o
que quiser.
** Não pode falar malucas, mas não resisti ao trocadilho "mal-malucas".
*** Paneleirice é viadagem em português de Portugal. Mas como ninguém sabe, tudo bem.
*** Também não pode falar "bicha", mas o texto é meu e eu escrevo o que quiser.