quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Transporte público em Joinville é uma vergonha


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Vamos falar de transportes públicos em Joinville. Ou melhor, de ônibus. Mas sob a ótica do turista. Ou melhor, de alguém que todos os anos passa apenas um mês na cidade, como é o meu caso. Veredito: é uma vergonha. Uma calamidade mesmo. Aliás, se o sistema não serve o cidadão, quanto mais o visitante (e aqui soma-se outro problema, que é a falta de vocação da cidade para o turismo). 

Quando estou em Joinville moro no Bairro Floresta. Não há pontos próximos da minha casa, quando quero ir até o centro da cidade. Há um ponto de táxis, mas nem sempre há carros disponíveis e os preços não são exatamente convidativos. Solução? Todos os anos opto por alugar um carro, o que detona os meus parcos euros. Enfim, os transportes públicos em Joinville são uma daquelas situações em que nada funciona.

1. MODELO UNIMODAL – O modelo da cidade assenta apenas nos ônibus, o que limita a mobilidade de maneira absoluta. O mais preocupante é que o poder público sequer fala em alternativas. Ora, o atual prefeito prometeu um plano focado em 2030. E que tem para oferecer? Uma mão cheia de nada. Planejar até 2030? Não acontece. Os caras são incapazes de planejar até o que vai ser o almoço daqui a pouco.
2. CONFORTO – Das vezes que andei de ônibus tive que, em bom português, suar as estopinhas. É inacreditável que numa cidade com as temperaturas de Joinville os ônibus não tenham ar condicionado. E os bancos, quando dá para ir sentado, são uma infâmia, de tão desconfortáveis. É coisa de terceiro mundão. E lembro a minha velha teoria: terceiro mundo não é um lugar, mas um estado de mente. É o resultado de não ter alternativa.
3. PASSES MENSAIS – Outra coisa que custa a acreditar é a inexistência de passes mensais, como existe nos lugares desenvolvidos. E, vejam, não é coisa do outro mundo. Você compra o passe no começo do mês (portanto, paga adiantado) e vai usando até ao mês seguinte. Porra, é possível ser mais simples? E como o pagamento é antecipado é possível trabalhar melhor na racionalidade dos custos.
4. PREÇOS ÚNICOS – Já explicaram que o preço único é para não sobrecarregar as pessoas que vivem mais longe. Mas tenho dúvidas. Sou usuário dos transportes coletivos em Portugal (metrô, barco e trem para chegar ao trabalho) e pago a tarifa mais cara. É que aqui as tarifas são divididas em três zonas, cada uma com um preço de acordo com as distâncias. Mas não reclamo. É justo. O que não parece justo é um passageiro que vai do Fort Atacadista até o centro pagar o mesmo que alguém que vem do Itinga. Sim, por um lado penaliza os que vivem mais longe, mas por outro pode estimular os que vivem mais perto a andarem de transportes.
5. TRANSPORTE PARA TURISTAS – Sabem a piada do... 

É a dança da chuva.

14 comentários:

  1. Sim Baço, concordo com muitas coisas que vc falou. Do preço único, passe mensais, e etc...
    Mas o que me chamou atenção foi sua fala que o terceiro mundo é um estado mental. Fiquei realmente abalado, o terceiro mundo esta na minha mente, sou um terceiro mundista, um vira lata que gosta de churrasco na laje.
    Este mundo civilizado me choca, por ser obtuso e hipócrita. Para mim a felicidade esta na barbárie. Uma coisa meio rodriguiana de a vida como ela é, de que a sinceridade é um crime passional de folhetim de pagina policial.
    Mas deixa estar Baço o primeiro mundismo da Europa esta com os dias contados.
    Interessante que Udo teoricamente deveria representar o jeito mais uber de ser, ou seja mais liberal economicamente. Mas assim como um Padre ateu , ele é um capitalista que colocou o Livro " A riqueza das das nações" no index librorum prohibitorum.

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    1. Não é por nada não... mas acho que tens um pequeno problema de literacia. Quando digo que terceiro mundo é um estado mental estou justamente a dissociar o terceiro-mundismo da geografia. Ou seja, pode haver terceiro mundo em mentes europeias, norte-americanas, japonesas etc.

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    2. Quanta coisa errada na MINHA Joinville, cidade onde eu a tantos outros VIVEM. CONHECEMOS bem tudo isso,pois aqui VIVEMOS e TRABALHAMOS,CONSTRUIMOS e MOVIMENTAMOS essa cidade.MINHA CASA.

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    3. Além desse teu forte provincianismo, tem mas algo a mostrar? E qual foi a parte que não entendeste da frase "sob a ótica do turista"?

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    4. Baço, se tu estivesse elogiando Joinville, ele iria te criticar da mesma forma, haha. Esse anônimo aí só consegue ser feliz criticando os outros.

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  2. Ai... são tantas bobagens... cansa só de ler ... depois eu respondo...

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    1. Obrigado por avisar. Mal posso esperar pela tua resposta...

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  3. Sobre os preços únicos, de fato, penaliza quem anda numa distância pequena, mas subsidia quem mora longe e anda numa distância maior, isso é chamado de subsídio cruzado, assim todos pagam a mesma tarifa e mantém a integração de ônibus para toda a cidade. Nos tempos da tarifa seccionada em Joinville, havia muitas fraudes cometidas pelos usuários dizendo que iriam até lugar X, mas que acabavam indo à lugar Y. O mais correto de tudo seria o governo subsidiar uma boa parte da tarifa, assim todos poderiam andar mais e consequentemente haveria mais investimentos no transporte.

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    1. Não vou entrar em detalhes, Diego, mas...
      1. Um dos problemas no Brasil é partir sempre da expectativa das más práticas (as pessoas vão fraudar) e nunca das boas práticas (as pessoas vão respeitar). 2. Há formas de fiscalização. 3. O mundo vive o tempo da internet dos objetos e os caras não conseguem instalar um sistema eletrônico que organize a bagaça? Não acredito. É mesmo falta de proatividade.

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    2. Existe sim, tanto que deves lembrar que se entrava pela porta de trás e saía pela porta da frente nos ônibus. Há muitas empresas na região que faziam isso, agora com os novos sistemas de bilhetagem inverteram o embarque para frente sem a necessidade do motorista ter que conferir o bilhete antes do passageiro descer.

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  4. Impressionante a população de Joinville calada muda pianinho

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  5. só para disponibilizar dados
    Em Campos dos Goytacases (norte do Rio)
    Gaoslina a 4,25
    eliminaçao de diversas vagas no centro da cidade
    trocentos ciclovias (não são ciclofaixas)
    passagem a 2,80 .... com passe social a R$ 1,00 (sujeito a cadastramento)
    lombo-faixas e pardais a limitar a velocidade a meros 40Km/h

    Nosso plano de mobilidade é bom (premiado inclusive) ... mas sofre de uma hemorragia que o sangra de morte: a facilidade de ainda se usar o carro particular. Mesmo que fosse gratis é dessem caputinos eu não teria interesse em usar onibus.
    Falta-nos criatividade e ousadia. Fazer como o velho Jobs e criar (despertar) o interesse em usar o que esta sendo disponibilizado. Acabar com as vagas de rua no centro. Criar ruas de pedestres. Estimular o estacionamento periférico para que se caminhe e prestigie a cidade e seu comercio. Tornar a cidade viva em convívio. Aí ... na hora que a pseudo-classe média começar a usar o transporte coletivo, haverá uma cobrança sobre a qualidade do serviço.
    Ainda pensamos como a pobreza da mentalidade de"manchester catarinense" ... quando poderíamos almejar ser a Gramado Catarinense.
    mas isso, é outra conversa

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    1. Só daria para Joinville almejar ser a "Gramado" se tivesse menos da metade da população atual e vários bairros nos extremos das zonas Norte, Sul Leste e Oeste nem existissem.

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    2. Exatamente, acham que Joinville é paraíso e no fim estão acabando com a cidade onde há várias áreas invadidas e não pagam IPTU.

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