POR FELIPE SILVEIRA
Algumas pessoas trataram o fim do jornal Notícias do Dia (de Joinville) como aquela velha discussão sobre o fim do jornal impresso. No entanto, este debate não serve aqui. Afinal, não foi o impresso que fechou, mas o jornal inteiro. Cabe a nós, portanto, conversar sobre algo mais grave que o fim da circulação do maço de papel. A discussão que vale é sobre nossos novos hábitos para adquirir informações e tomar decisões a partir delas.
O colunista José António Baço abordou alguns aspectos que explicam o fim do ND aqui no Chuva Ácida. A falta de um bom produto jornalístico certamente contribuiu para o apequenamento e a extinção do jornal. Havia, sim, ótimas matérias e ótimos jornalistas (que passaram e ainda estavam por lá), mas um jornal precisa de mais do que isso. Precisa mostrar, todos os dias, que é um defensor do público, que é uma pedra no sapato dos poderosos e que é uma fonte de informação de primeira para o leitor. E infelizmente os jornais não são assim. O diagnóstico do Baço sobre as elites e os jornais é certeiro.
Mas eu quero abordar outro aspecto sobre a falta de leitores com uma pergunta: qual é a responsabilidade de uma cidade (sociedade) quanto a formação de leitores?
São novos tempos e o problema da “pós-verdade”, a palavra do ano passado de acordo com o dicionário Oxford, não é só nosso. Mas uma sociedade precisa resolver seus problemas à medida que eles aparecem. As pessoas cada vez mais se desinformam por páginas mal intencionadas ou simplesmente mal feitas. Cada vez mais se desinformam pela imensa atenção que se dá a questões menores da vida. Cria-se uma falsa impressão de que a sociedade está bem informada pela quantidade, mas há um sério problema qualitativo. Sou um defensor das redes sociais e me informo por elas também, mas é inegável que elas agravaram a situação informativa no país e no mundo, trazendo sérias consequências políticas. O mercado de mentiras é imenso e funciona. É comum, por exemplo, que campanhas endinheiradas contratem gente para criar e espalhar boatos e piadas sobre outros candidatos nas eleições.
Mas como a sociedade assiste a tudo isso? Passivalmente, esperando que a democracia vá para o ralo? É necessário que façamos algo no sentido contrário.
Não tenho as respostas, mas três medidas me parecem urgentes. A primeira é que as casas legislativas do país proponham o debate com a sociedade, de modo que boas soluções possam surgir. A segunda é que os meios de comunicação enfrentem a questão, inclusive com campanhas que estimulem a formação crítica da sociedade. Por fim, é preciso trabalhar a questão da mídia na escola. A formação de leitores críticos é a chave para uma cidadania plena, que valorize a democracia e os Direitos Humanos, que busque a igualdade e não seja vítima de mentiras que estão tomando o lugar das boas informações.
É lamentável qualquer perda e diminuição que qualquer meio de disseminação de informação. O que devemos avaliar é a capacidade dos que foram e principalmente dos que ficam de propiciar espaço social de discussões dos temas relevantes da nossa sociedade.Um espaço informativo que não seja apenas a transmissão parcial de algumas informações sem a possibilidade do devido tratamento para gerar reflexão ou discussão.Em nosso projeto Protagonismo Juvenil, que será oferecido às escolas que tenham interesse, o objetivo é que o jovem tenha participação ativa na construção de atividades culturais, esportivas, de corresponsabilidade no cotidiano de seu meio escolar, inclusive estimulando criação de jornal, grêmio e atividades de seu interesse para além do conteúdo didático (diferente da proposta da Escola Sem Partido que traz em seu ventre o germe abortivo ao crescimento de senso crítico e formação de idéias). Como já disse, sem levar em conta as falhas que pudessem ter, é uma perda. Tudo que restringe a possibilidade de informar, de pensar, de opinar é prejudicial ao exercício da cidadania e à nossa minguada democracia.
ResponderExcluirDe novo essa história, de bom leitores. Aquela lenga lenga de Kant da menoridade intelectual, ta na hora de trocar o disco. Só espero que pessoas criticas não sejam como uma frase celebre de Larouchefoucault " Dificilmente encontramos pessoas de bom senso a não ser aqueles que concordam conosco".
ResponderExcluirA sabedoria esta para além de uma polimatia, ela se abre para dentro , nunca para fora.
O mundo nunca mudou tanto, e como diria Nietzsche: O mar nunca esteve tão aberto, para onde os ventos nos levaram difícil saber? Onde este barco vai parar.
Onde foi que Nietzsche escreveu isso?
Excluirenfim o horizonte nos aparece novamente livre, embora não esteja limpo, enfim os nossos barcos podem novamente zarpar ao encontro de todo perigo, novamente é permitida toda a ousadia de quem busca o conhecimento, o mar, o nosso mar, está novamente aberto, e provavelmente nunca houve tanto ‘mar aberto’“ – Nietzsche, Gaia Ciência, §343
ExcluirObrigado.
ExcluirCara, o que posso dizer sobre você e o Baço?
ResponderExcluirSabe aquele sujeito que rouba a carteira e grita "pega ladrão"?
Pois é!
Eleitor crítico? É "critico" quando concorda com as bobagens dos autores...
Pós-verdade? Tem gente que escreve neste blog que nunca empregou alguém, nunca cedeu um minuto do seu tempo ao estranho, que nunca leu Marx, e ainda a defender o politicamente correto e o socialismo...
Véio, sobre mim podes dizer o que queres. É igual ao litro.
Excluir"Formação de leitores críticos é a peça-chave contra o fim dos jornais."
ResponderExcluirConcordo, e muito!
Porém:
Será que isso também serve aos "anônimos" que aqui escrevem?
Por essa "ótica", estamos ajudando este blog a não encerrar as atividades?
Ou,... isso não se aplica aqui e este texto acima é só mais uma contradição, só mais uma "cusparada contra o vento", como de costume?
ND falir demonstra que o povo é crítico e não quer esse jornalismo rasteiro de obituários, releases, cópias de sites públicos.... não se perdeu nada...
ResponderExcluirJornalismo rasteiro pode ser. No entanto se iguala muito com pastagens de alguns "Anônimos " cujos comentários devem vir de algum oráculo mágico ou de alguma tábua guija. E a discussão fica unilateral porque anônimo é um "não ser", onde não há interlocutor mas sim algo vago com ares de inspiração metafísica. Isso é muito curioso para não dizer bizarro. O anonimato inspira a política da delação, do jogo escondido, da sutil conspiração dos que se acham donos da verdade mas que impedem a discussão e o debate de idéias Onde, concordando ou não, pediria haver transformação.
ResponderExcluirDesculpas pelo erro. Onde escrevi "pastagem"leia -se pastagem. No contexto nem muda muito. Hehehe
ResponderExcluirPostagem
ResponderExcluirMas não choro pelos jornalistas que faziam aquela porcaria. Foram no mínimo condescendentes...
ResponderExcluirPor falar nisso os anonimos também podiam ser... Mesma medida
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