quinta-feira, 16 de junho de 2016

As bandeiras certas, as falas erradas


POR THIAGO LUIZ CORRÊA


A reunião da Comissão de Educação da CVJ  no plenarinho da Câmara sobre o projeto "Escola Sem Partido" pode ser resumida em quase duas horas de uma batalha ideológica que estava mais para uma queda de braço do que para partida de xadrez.

De um lado uma vereadora jogando para a sua torcida e conseguindo o maior número de holofotes possível  para posar como a "defensora da moral e dos bons costumes da família tradicional brasileira", ou então a minha preferida: "bastião da moralidade que ousou enfrentar a ditadura comunista por trás do MEC", entre outras frases soltas dignas de quem está a dois passos de andar por aí com um chapéu de papel alumínio para não ter a mente lida.

Do outro lado, representantes dos Sindicatos dos Trabalhadores em Educação, do Centro de Direitos Humanos e representantes de grêmios estudantis fazendo todo o barulho possível para chamar a atenção para o projeto com o objetivo de sensibilizar e conscientizar outros setores da sociedade sobre o tema. Em comum entre eles apenas uma coisa: o baixo nível da discussão.

Léia gastou seu parco carisma tentando convencer os presentes de que o seu projeto era uma reivindicação popular e não o cumprimento de uma orientação ideológico-partidária com direito a manual e projeto de lei prontinho pra copiar e colar. A população presente apresentou seus argumentos, indo de "proibição da manifestação dos grêmios estudantis", passando por "ler um trecho d'O Capital no lugar da Bíblia"até "o projeto veio de um ator pornô". Jura que de todas as falhas, de toda a desonestidade intelectual, de toda a lógica terrível posta sobre aquelas folhas de papel, era isso que os representantes antiprojeto tinham a dizer?

Em seu artigo 1º, o projeto já fala em "reconhecimento da vulnerabilidade do educando como pate mais fraca na relação do aprendizado". Além de falsa, esta afirmação subestima a capacidade dos alunos e o empoderamento dado a eles com o advento da internet. Esta frase é um dos preceitos básicos para tudo que foi escrito posteriormente, destruindo este argumento todo o resto fica frágil mesmo assim esse questionamento não foi feito.

O mesmo artigo cita o "direito dos pais para que seus filhos menores recebam a educação moral que esteja de acordo com as suas próprias convicções". Eu realmente gostaria de saber como a vereadora Léia faria isso em uma sala de 40 alunos em que 3 são negros, 1 é ateu, 1 é filho adotivo de um casal homossexual, 1 é imigrante haitiano, 8 são evangélicos, 1 é umbandista, outros 2 estão descobrindo que não possuem uma sexualidade convencional mas não sabem dizer quais são os seus rótulos.

Infelizmente não vou ter a resposta para esses questionamentos, pois eles não foram feitos por quem teve a oportunidade. E também o questionamento de se a ilustre vereadora realmente acredita que a escola é o lugar certo para reafirmar as coisas que a criança ouve em casa, em detrimento de ventilar novas formas de pensar um mesmo problema estimulando o pensamento crítico de autoria própria sobre assuntos os quais ela nunca teve acesso durante toda a vida.

A esquerda de Joinville tem dezenas de bandeiras para levantar, e é inegável que vem levantando as corretas. Mas está na hora de dar um passo avante na formação de quadros que conseguirão debater em um outro nível com os legisladores, burocratas e liberais de toda a sorte que por ventura tentarão bombardear direitos e conquistas duramente adquiridos.

Em tempo: se Alexandre Frota fez filmes pornô o problema é dele. Agora, se ele quer propor um projeto inconstitucional que bombardeia a educação, aí o problema é nosso. Da forma que foi dito em 80% das falas dos esquerdistas, parece que ator de filmes pornográficos é um emprego menor e menos digno, o que só mostra como é difícil mesmo para os mais progressistas se livrar das amarras do recalque.

6 comentários:

  1. Todo apoio contra a doutrinação ideológica nas escolas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eis um cara que não se garante como pai-educador. Que não confia na educação que dá ao filho...

      Excluir
    2. Eu confio na educação que dou ao meu filho em casa, não na educação ofertada por professores frustrados com diretores irresponsáveis.

      Excluir
    3. Sinceramente eu esperava uma retórica melhor do que esta. =/
      Se você nobre leitor está de acordo com o projeto da Léia, poderia me ajudar a entender como seriam resolvidos os pontos apresentados no texto?

      Conto com a sua sabedoria

      Excluir
    4. Pai de um aluno? Então deves estar a dar ao teu filho a mesma educação que o teu pai deu a ti. E dá nisso... uma pessoa incapaz de pensar e incompetente para debater...

      Excluir
    5. É tão difícil assim mesmo de entender que é com a pluralidade de ideias que teremos uma sociedade avançada.

      Uma unidade de pensamento é sinônimo de retrocesso. Retrocesso científico, educacional, tecnológico, industrial, social, etc.

      A ditadura não é boa. Nem mesmo a ditadura de pensamento.

      Excluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem