quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Branco, não queira sofrer com o racismo


POR FELIPE CARDOSO

De tão debatido, atualmente, alguns pontos das lutas contra as opressões têm sido deturpadas. Na questão racial, um dos assuntos que continua predominando, como forma de autodefesa da população branca, que se nega a falar seriamente sobre racismo, é o tal do “racismo reverso”.

Já falei aqui a minha opinião sobre o tema, mas parece que quanto mais se debate, menos nos fazemos entender. Por ser analisado superficialmente por algumas pessoas, o racismo até parece soar como algo positivo, simples e normal. E não é.

O racismo tortura, encarcera e mata física e psicologicamente. A invisibilidade, o escárnio, a omissão e o esquecimento criam sentimentos horríveis que podem levar uma vida inteira para ser tratado e curado. Sentimentos como a incapacidade e inferioridade geram traumas, depressão, falta de perspectiva e mais um monte de malefícios que já foram estudados e divulgados.

O Brasil, sendo a última nação da América a abolir oficialmente a escravidão, demonstra um cenário onde a população negra, mesmo representando a maioria da população, vive situações históricas de miséria e violência. Deixando evidente que as questões sociais estão interligadas a questões raciais, em que a sua cor também acaba por definir a sua classe.

O racismo institucional e estrutural mostra toda a sua perversidade nos gráficos e nas pesquisas sobre a população brasileira. Os negros e negras estão entre as maiores taxas de desnutrição, analfabetismo, sistema prisional, internações psiquiátricas manicomiais, unidades socioeducativas e nos homicídios. Ao mesmo tempo, negros e negras são minorias nos grandes cargos de empresas, nas universidades, na política, nas novelas, na publicidade.

Assunto debatido sempre aqui. Inclusive com dados e referências. Mas quem se importa?

Quem se importa que a saúde da população negra é negligenciada? Quem se importa com o fato de uma mulher negra grávida ter que esperar mais tempo para ter o filho (em muitos casos sem anestesia) do que uma mulher branca, por conta do estereótipo da força física negra?

Quem se importa que negros e negras recebam menores salários? Que a violência atinja, com maior intensidade os jovens, as mulheres e LGBTs negros?

Quem gostaria de ter a sua voz silenciada, ser sempre acusado de vitimista, preguiçoso, cotista? Quem gostaria de ter sua crença demonizada? Quem gostaria de ter seus traços, corpo e cabelo ridicularizados?

Por que alguém em sã consciência gostaria de passar por tudo isso? Você realmente acha que isso aqui relatado é legal?

O Brasil não vai conseguir resolver os seus problemas sem antes resolver os problemas raciais. Negar isso, sendo de esquerda ou de direita, é apenas tentar esconder a sujeira debaixo do tapete.

A questão aqui não é uma disputa de quem sofre mais. A questão principal é acabar com o sofrimento.

A nossa luta não se enquadra contra pessoas, mas sim contra uma ideologia. A nossa luta não é contra brancos, a nossa luta é antirracista e anticolonialista, contra todo o processo de dominação, abuso, silenciamento e violência.

Se você quer fazer algo de útil para o mundo, contribua com a luta para acabar com o racismo e não tentando sofrer com algo tão perverso e prejudicial.

Na moral, branco, não queira sofrer de racismo. Isso não é nem um pouco legal.

8 comentários:

  1. Nossa, depois de tudo isso, acabei com a minha consciência pesando... Já sei, como branco, vou sair de minha casa e meu automóvel e ceder ambos a alguém negro. Afinal, tenho uma dívida com essa população, embora os meus ascendentes fossem todos europeus que chegaram em meados do século XX (a abolição foi em 1888).

    Mesmo vindo de família pobre e ter batalhado a minha vida inteira para conquistar os meus bens, eu, como branco, não posso deixar um irmão negro, nascido nas mesmas condições, porém estagnado durante toda sua vida, ficar seu um teto e uma condução decente.

    Só tem um detalhe: atrás de casa tem um jardim que eu cuido com muito, muito esmero. Acordo cedo, trabalho até as 18:00, quando vou para curso a noite onde permaneço até as 22:00. Só tenho tempo para cuidar do jardim cedo, entre as 6:00 e 7:00. Peço a quem ocupar a minha casa e os meus bens o mesmo capricho com o jardim.

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    1. Nojo. O que faz uma pessoa ser assim tão perversa? Isso não pode ser apenas racismo... deve haver alguma doença por diagnosticar.

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    2. Caro anônimo, eu ia escrever algo assim, mas já facilitou pra mim. Só te pergunto,, vc acha que o Pelé tá cagando pra racismo? Ta nem, ai... Por que? Porque com a competência dele ele passou por cima de tudo e não ficou chorando nos cantos. Então Felipe, pára de chorar e corre atrás que o mundo pode sorrir pra vc. nem que seja pra rir da tua cara

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    3. Parabéns, Baço, tens uma alma muito evoluída. És superior a esses racistas raivosos. Estou quase convencido a votar no PT por teu exemplo de honestidade intelectual.

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    4. Não discuto com racistas. Não preciso que sigas o meu exemplo. E, ademais, quero mais é que vás para o caralho. Racista de merda...

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    5. "Não discuto com racistas.","Racista de merda...". Se existe um pingo de justiça por merecimento, o Sr. morrerá afogado com a própria língua. E o pior é que quem lê esse sujeito sujo xingando é capaz de ir na onda dele. Mais falso impossível. Doente.

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