sábado, 20 de dezembro de 2014

Tacada de mestre

POR JORDI CASTAN


Quem acha que o prefeito Udo Dohler não domina a articulação política, a arte da dissimulação e da enganação errou feio. A eleição do presidente da Câmara de Vereadores de Joinville foi uma tacada de mestre. Um jogo de xadrez político em que houve vencedores e vencidos, mas que merece ser analisada como o que foi: uma jogada de pôquer político em que o prefeito Udo Dohler mostrou a sua capacidade de articulação política e o seu protagonismo como liderança.

O primeiro ponto importante foi aglutinar a maioria de vereadores em torno de um mesmo nome. Para o executivo manter a maioria no legislativo é determinante para poder aprovar todos os projetos de interesse do governo sem muito debate, sem questionamentos e sem excessivas negociações. O objetivo pretendido foi alcançado com louvor. Praticamente todos os vereadores apoiaram o mesmo candidato.

Segundo objetivo. Neutralizar a candidatura independente do vereador Adilson Mariano, pois um risco evidente era o crescimento da candidatura do vereador do PT. Para isso, era importante que a candidatura não recebesse sequer os votos dos vereadores do seu partido. Sem os votos do PT, esta candidatura só recebeu um único voto, o do próprio candidato. O perigo que representava foi neutralizado, graças à forte intervenção dos negociadores envolvidos no processo.

Terceiro objetivo. Criar uma manobra de diversão, uma cortina de fumaça. Enquanto o prefeito pretendia apoiar a candidatura do vereador Maurício Peixer, na realidade estava apoiando a candidatura do seu partido, o PMDB, deste modo deixando confusos gregos e troianos. Quanto maior e mais entusiástico o apoio do prefeito à candidatura do PSDB, mais votos ganhava o candidato vencedor.

Uma verdadeira tacada de mestre. Sinalizar um objetivo, quando o objetivo é outro. Brilhante ação de dissimulo e estratégia. Deixando acreditar que o seu candidato era um, conseguiu canalizar a maioria dos votos para o candidato Rodrigo Fachini. Todos aqueles vereadores que acreditavam estar votando “contra” o candidato do prefeito, foram iludidos e acabaram votando no objetivo oculto e no objeto do desejo do prefeito.

O melhor de tudo é que não foi necessário oferecer cargos nem benesses adicionais, para além das que já recebem os vereadores e seus apaniguados para que votem no candidato vencedor. Foi uma eleição que não teve muita emoção. Talvez só foi emocionante para o candidato que acreditou que o apoio do executivo seria determinante para a sua vitória. Estranho que um mestre do dissimulo, com cinco mandatos nas costas, tenha caído tão facilmente numa jogada de manual.

Um pequeno detalhe ficou no ar. Se o atual presidente da Câmara recebeu a maioria dos votos dos vereadores que acreditavam estar votando “contra” o candidato do prefeito, qual será o comportamento e a disciplina na hora de votar? Quem viver verá.

2 comentários:

  1. Pensei que só eu havia observado tamanha dissimulação. Mas Jórdi conhece bem o Udo e a "turma" do PMDB pois já fez parte do governo do mestre das dissimulações, não é Jórdi?!

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  2. Até parece...

    Perdeu e agora quer dizer que estava tudo planejado? kkkkkkkkkkk

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