POR JORDI CASTAN
Neste país tomado por radicalismos doentios, qualquer oportunidade é boa para beatificar uns e condenar outros. A bola da vez é o episódio lamentável que tem tem posto frente a frente dois deputados federais: Maria do Rosario e Jair Bolsonaro.
Se ainda se escrevesse com tinta e papel, diríamos que correram rios de tinta para beatificar a uma e condenar ao outro. Ou para defender um e condenar a outra. Mas hoje quase deixamos de usar caneta e papel e não há mais rios de tinta.
Na história em questão, como em todas as historias, há três versões. A da deputada e seus vociferantes acólitos. A do deputado e seus radicais defensores,. E, finalmente, a verdade. Está cada vez mais difícil saber qual é a verdade. Ninguém tampouco parece ter muito interesse em que se saiba. O radicalismo tomou conta do debate e as pessoas deixam de informar-se e passam a ter posição a favor ou contra das coisas, sem considerar outro ponto que o perfil - ou melhor o partido - dos envolvidos.
Assim, qualquer tema – seja que for – que envolva o deputado Jair Bolsonaro será motivo de execração. É possível que se o deputado ousar afirmar uma obviedade, como que o sol sai pelo leste e que o faz pontualmente cada manhã, dúzias de raivosos espumantes se manifestem contra e apresentem provas, argumentos e citações provando que isso não é certo e que o autor de tal afirmação deva ser queimado em praça pública.
No caso da ex-ministra, a agressão sofrida a converteu da noite a manhã numa versão local de Joana d'Arc. Mulher modelo de ilibada honradez e de fortes princípios éticos e morais. Deus nos livre de questionar a sua idoneidade. Questioná-la é defender o estupro, Bolsonaro e a barbárie. É defender a violência contra a mulher, e provavelmente seja também defender a homofobia e qualquer outra ideia parecida. Assim ela representa hoje a reencarnação da pureza.
Assim fica proibido, sob risco de ataque furibundo, mencionar que o nome da deputada Maria do Rosário esta incluído entre outros nomes, numa lista que vincula doações da empreiteira Engevix a políticos. Num esquema que envolve suspeitas de corrupção.
E assim vamos. Corrupção, só a dos outros. Enquanto por um lado se avolumam as provas, as denúncias, os nomes e os valores divulgados, pelo outro bandos de soldados do partido se lançam a patrulhar as redes sociais e qualquer outro meio de expressão, para atacar a quem questione a honradez ou denuncie a corrupção envolvendo qualquer politico do partido de governo e seus aliados. A estratégia sempre é a mesma, não negam, porque não tem como negar, mas afirmam que corruptos são os outros e no pior dos casos o emporcalham tudo dizendo: "este é um país de corruptos" acreditando na sua estultice que isso resolve o problema.
Primeiro, os corruptos eram os outros. Ante as denúncias e as condenações por corrupção desta corja que está no poder, o discurso mudou e passou a ser "os nossos corruptos são menos corruptos que os outros". Divulgados os valores pagos e as novas denúncias do chamado "Petrolão", também este argumento cai por terra e surge a nova estratégia, "somos todos corruptos". Somos todos companheiros sujos de lama na mesma pocilga. É a nova versão de: "quem estiver livre de pecado que atire a primeira pedra".
O filme e o evento.
O filme e o evento.
Parabéns pelo texto, Jordi.
ResponderExcluirEduardo, Jlle.
Não concordo com algumas opiniões do deputado, principalmente as que tratam da homofobia, mas tenho que reconhece-lo como um político ativo e coerente com suas convicções. Para a democracia brasileira, políticos como o Bolsonaro são bem-vindos para contrapor o outro extremo. Não há uma só denúncia contra ele por ter recebido migalhas dessa sujeira na Petrobras, por exemplo. Foi o deputado mais votado no RJ por ser o que é: um político ilibado. Tanto que a extrema esquerda brasileira inveja a atuação do Bolsonaro, ela queria mil políticos iguais ao Bolsonaro do seu lado.
ResponderExcluirEntendo o ódio da esquerda pelo Bolsonaro. Na “comissão da verdade”, da qual ele participou ativamente defendendo o outro lado não representado na comissão, contrapôs cada fato inverídico denunciado. As verdades contadas por Bolsonaro faziam doer os ouvidos dos esquerdistas ali presentes, silenciando-os.
Sobre a Maria do Rosário, já disse em outra postagem não publicada: esta mulher de santa não tem nada.
Eduardo, Jlle.
Tanto o Bolsonaro quanto a Maria do Rosário são da base aliada do governo, portanto o governo que arrume a bagunça dentro de sua casa.
ResponderExcluirInclusive o PP do Bolsonaro é o partido que está envolvido no esquema da Petrobrás. É o partido do Maluf que, por sua vez, é aliado de Lula e do governo Dilma.
Portanto, eles se merecem
A cada novo texto cai mais um pedaço da mascara obscurantista de Jordi. Me admira ainda não ter saído em defesa da "necessidade histórica" de ter havido o regime militar.
ResponderExcluirOs anônimos e as suas sandices.
ExcluirDitadura nunca. Nem esta, nem a outra. Nenhuma delas
Eu prefiro "esta", foi a única que conheci na qual é possível ser contrário, reclamar a vontade e inclusive perder a eleição e não se conformar publicamente. kkkkk
ExcluirEu realmente não entendo porque, para desqulificar a Maria do Rosário nesse caso com o Bolsonaro, as pessoas vêm com o papo da corrupção do PT, uma coisa não tem nada a ver com a outra, ao se fazer essa associação parece que se está validando um crime como punição a outro crime.
ResponderExcluirNem Maria do Rosário nem Bolsonaro são santos evidentemente, mas o problema é um representante do povo utilizar a tribuna do câmara dos deputados para ameaçar de estrupro uma mulher, eu acho surreal que alguém defenda uma atitude como essa.
Se Maria do Rosário ou o PT cometeram erros/crimes que sejam criticados e paguem por isso conforme a lei, isto não dá a ninguém o direito ao estupro. Só para lembrar Bolsonaro é do PP partido envolvido até o pescoço na corrupção da Petrobrás.
Ele não ameaçou ela de estupro, ele disse que ela não merecia ser estuprada.
ResponderExcluir“Ah, mas se ela não merece, outras merecem?”
Quem está fazendo apologia ao crime é quem faz essa pergunta estúpida.
Realmente, depois de toda a celeuma sobre o monstronaro ver aqui neste espaço articulista e comentários dando razão a esta besta só reforça o que inclusive já foi matéria de post aqui mesmo: o Brasil não é um país sério. Jornais de todo mundo ficaram estupefatos com esta estupidez. Mas aqui na vila feudal até a plebe aplaude.
ResponderExcluir