quinta-feira, 19 de junho de 2014

Enfim, o bolsa-mortadela


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A palavra bolsa entrou de forma definitiva para o léxico comum dos brasileiros. Aliás, foram os opositores do Bolsa Família a dar um enorme impulso para a coisa, ao chamarem o programa do governo de bolsa-esmola (programa que, vale dizer, na hora das eleições a oposição começa a amar de paixão). A coisa foi tão séria que até o velho ditado ficou desatualizado: “jacaré que dorme de touca vira bolsa”. Não serve mais. No patropi hoje tudo vira bolsa.

O pessoal foi com tanta sede ao pote que escorregou na maionese. E saiu aí pelas redes sociais inventar coisas como bolsa-prostituta, bolsa-bandido ou bolsa-crack. É estranho ver pessoas adultas e aparentemente "instruídas" a levarem esse tipo de patacoada a sério. Parafraseando La Boétie, é o discurso da boçalidade voluntária. E não adianta tentar repor a verdade com fatos. A lógica é simploriazinha: não venha com a verdade, porque eu não acredito.

Bolsa para cá, bolsa para lá: este é o Brasil da política nos últimos tempos. Mas de tanto insistir no tema, agora esse pessoal abriu a guarda e permite uma ironia. Eis que me sinto autorizado a introduzir o termo “bolsa-mortadela” na semântica das eleições. Atenção, não vamos matar o mensageiro, porque não estou a inventar (não adianta a escrever comentários mal-educados). A coisa saiu no insuspeito "Estadão".

Leio, no jornalão, um interessante título sobre a convenção que confirmou a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República: “Ato reúne 5 mil pessoas, entre filiados e militância paga”. Informa ainda o texto que participantes – alguns sem título de eleitor – admitiram receber 25 reais pela presença. Uma coordenadora desmentiu e disse que eles teriam direito apenas ao “lanche”. É pura ousadia política. Ainda nem ganharam as eleições e já estão a inovar: o primeiro ato foi criar essa bolsa-mortadela. Isso promete.

Sei que é difícil agradar a todos. Mas mesmo sendo fã confesso e incondicional da mortadela (a que chamo carinhosamente “mortandela”), eu esperava algo mais arrojado. Parece que o budget não anda muito alto (25 real é mal – pus no singular para rimar), mas mortadela é coisa de pobre. Parece coisa do PT. O pessoal devia seguir aquele antigo conselho político: “chega de realidade, façam promessas”. Ou seja, chega de mortadela, eu quero é caviar. 

P.S.: Por falar em sanduíche, não adianta escrever a xingar. Hoje não tem pão para maluco. Nem mortadela.

13 comentários:

  1. Bem, já que o autor antecipa que não aceitará respostas às suas mentiras, fico por aqui.

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    1. Fica chateado não. O prêmio de consolação é um sanduíche de presunto Parma com uma latinha de Antárctica. Manda o nome e endereço que eu faço chegar aí...

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  2. Comprei uma bolsa de grife
    Mas ouçam que cara de pau.
    Ela disse que ia me dar amor
    Acreditei, que horror
    Ela disse que ia me curar a gripe
    Desconfiei, mas comprei
    Comprei a bolsa cara pra me curar do mal
    Ela disse que me curava o fogo
    Achei que era normal
    Ela disse que gritava e pedia socorro
    Achei natural

    Ainda tenho a angústia e a sede
    A solidão, a gripe e a dor
    E a sensação de muita tolice
    Nas prestações que eu pago
    Pela tal bolsa de grife
    Pela tal bolsa de grife

    Nem pensei
    Impulso
    Pra sanar um momento
    Silenciar barulhos.
    Me esqueci de respirar
    Um, dois, três
    Eu paro
    Hoje sei que tenho tudo
    Será?
    Escrevi em meu colar
    Dentro há o que procuro

    Ainda tenho a angústia e a sede
    A solidão, a gripe e a dor
    E a sensação de muita tolice
    Nas prestações que eu pago
    Pela tal bolsa de grife
    Pela tal bolsa de grife

    Meu amigo comprou um carro pra se curar do mal

    Bolsa de Grife ( Vanessa da Mata )

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  3. Quem vai votar no candidato Aécio papelão ?

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    1. Eu e uma pá de gente.

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    2. Uma pá de gente seriam mais de meia dúzia?

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    3. Essa "pá de gente" vai enterrar o candidato de papelão e o partido dele junto, fato.

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  4. Isso é recorrente nos eventos públicos. Há algumas semanas um pedreiro disse ter recebido R$40,00 para apoiar a presidente numa dessas inaugurações de obras inacabadas... Enfim, o pagamento de carpideiras não é exclusivo do partido x ou y.

    Entretanto, temos de reconhecer que o sanduíche de mortadela é muito mais barato (e honesto) do que os milhões pagos aos sindicalistas, ongueiros, blogueiros e outros puxa-saco$ para apoiar o PT.

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    1. Realmente é muito mais honesto um sanduba de mortadela do que os milhões pagos pelos petralhas?? Pois eu ainda prefiro os milhões, seu trouxa!

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    2. É isso mesmo, Antônio Carlos: pra militância é pão com mortadela e 25 dinheiros. Porque a grana alta o PSDB guardou pra Alstom e a Siemens, não é mesmo?

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    3. Pois é, Manoel, pena que você parte dessa trupe milionária do petê. Ou faz?

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    4. Olha, Clóvis, você me passa a fonte dessa notícia sobre as fabricantes (nome e sobrenome de quem fez a denúncia) e daí a gente conversa, porque até agora não apareceu o denunciante, apenas "indícios" de "alguém" de dentro da Siemens. Os dossiês mal feitos encomendados pelo PT são motivos de piadas e até já viraram romance.

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    5. Faço, por isto estou cada vez mais rico e vivendo exclusivamente de rendas, vcs também só metem o pau nos petralhas, tem mais é que se f....

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