quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ouvintes Anônimos do Gebaili (OAG)

POR JORDI CASTAN

Felipe Silveira escreveu, neste espaço, um post sobre a qualidade do jornalismo local. O seu texto questionava o tipo de jornalismo que se faz por aqui e alertava para o risco que representa este tipo de jornalismo. O texto era abrangente, envolvendo desde o jornal impresso aos programas de televisão locais e, inclusive, o rádio.

Confesso que mesmo não sendo uma área sobre a que tenha muito conhecimento, o texto do Felipe me instigou a me aprofundar no tema e fiz alguns descobrimentos que gostaria de compartilhar com vocês.

O primeiro é que bom jornalismo, ou simplesmente jornalismo, só pode ser feito com bons jornalistas. Há sim jornalistas bons, sérios e que não se prostituem. É injusto colocar a todos no mesmo saco. Se nos referimos à mídia impressa, facilmente consigo identificar mais de uma dezena dos que escrevem bem, são imparciais, têm alguma coisa para dizer e escutam os dois lados antes de publicar um texto. Estão nos jornais diários e os seus leitores sabem a quem estou a me referir.

Na TV local a coisa ficou bem pior, porque há claramente uma radialização da televisão. A maioria dos que não fazem mais do que ler notícias de jornal e releases no rádio, agora também o fazem na televisão. Importamos na televisão local os vícios e mazelas da rádio local, sem incorporar nenhuma das suas virtudes desse meio, que não são poucas. Ficamos, portanto, com o pior dos dois mundos.

Mas a grande descoberta nesta minha investigação, feita de forma completamente amadora, é que se há programas e principalmente profissionais ruins, chamá-los de jornalistas seria uma ofensa aos verdadeiros profissionais. Mas há publico e principalmente anunciantes para estes gigolôs das ondas. Por um lado, as emissoras de rádio e televisão têm assumido o papel de motéis, alugando espaço por hora. Entregam os seus horários mais nobres a estes bucaneiros da notícia, achacadores de anunciantes e, principalmente, deturpadores da verdade.

Quem forma opúblico que sustenta este modelo de jornalismo perverso? Sem público esta praga se extinguiria rapidamente e, ao contrário, vemos que viceja e prospera, sem traços que possa minguar e acabar no curto prazo. Um dos grupos que se formou recentemente em Joinville é o OAG (Ouvintes Anônimos do Gebaile) grupo de apoio aos que não podem deixar de escutar os programas de rádio ou de televisão destes profissionais.

O grupo, que se reúne numa conhecida casa de shows na zona sul da cidade, oferece apoio e ajuda psicológica aos que querem deixar de escutar este tipo de programas mas não tem a força de vontade para fazê-lo. O grupo tomou o nome de um conhecido formador de opinião que se converteu num dos maiores ícones deste tipo de programação - ainda que reúna também ouvintes de outros programas radiofônicos e televisivos. Conta com o apoio profissional do coletivo “Psicólogos sem Fronteiras” e do coletivo “Dependentes Compulsivos de Telelixo”.

O primeiro passo para superar a dependência é reconhecer que existe um problema. O psicólogo Sigmundo Fróide, um dos pioneiros no combate a este tipo de doença, declarou que: “o seu efeito é mais perverso que o da maioria das drogas conhecidas e o seu impacto negativo sobre a família e as relações pessoais é mais duradouro e as recaídas são frequentes.”

Graças ao apoio que os dependentes estão recebendo, da divulgação que está sendo feita e, principalmente, porque o tratamento passou a ser incluído nas doenças cobertas pelo SUS é cada dia maior o número de pessoas que admitem publicamente que ouvem ou vem estes programas. Por isso tem aumentado a participação nas reuniões dos grupos de auto-ajuda, que iniciam as reuniões dizendo: “Meu nome é Jordi e eu assisto ao Beto Gebaili”. 

A partir deste instante se abre uma porta para a esperança de uma cura, que será o resultado de um esforço longo e doloroso. Haverá alternância de crises de abstinência e momentos de lucidez. Superar esta situação difícil requerer o apoio da família, dos amigos e, principalmente, uma enorme força de vontade e de espírito de superação. A prova final para superar o vício é quando o dependente se apresenta na reunião dizendo: “Meu nome é Jordi e já li um gibi”

22 comentários:

  1. Muito bom Jordi, mas desligando um pouco o mode on ironia, a dependência deste lixo vai além das questões psicanalíticas, e adentra no Universo do fisiologismo.
    Ora, quem prega apoio ao fisiologismo político, ao "me paga que te apoio", ao "é dando que se recebe", possui uma legião que também se nutre desta prática. Já estou cansado destas cantilenas de alguns empresários, que nas redes sociais vivem detonando a corrupção, mensalões e o escambau, mas nas internas pagam propinas a funcionários públicos, apoiam candidatos corruptos e alimentam os programas destes ratos de esgoto.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Manoel,

      O objetivo do post é justamente mostrar a hipocrisia.

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  2. Carlos Marques também mencionou algo a esse respeito:
    "Gebailismo é o ópio do ignorante"

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  3. Qual o tipo de jornalismo que o Felipe Silveira faz? Aquele mesmo da Amanda Miranda? Que usa e abusa da palavra ética para defender a boquinha de R$ 7 mil do namorado? Realmente estamos em maus lençois.

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  4. Confesso que ouvia-o pela manhã, preguiçoso, achava mais fácil ouvir as notícias que lê-las mais tarde nos jornais. Muitas vezes me enchia de ódio ao perceber que o talzinho, descaradamente lia opiniões de conceituados analistas como se dele fossem.
    Um problema com meu fone de ouvido livrou-me desse mal.
    Hoje me considero curado.

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  5. não acho legal o texto, se não gosta do cara é só trocar de estação e ouvir outro ou ainda se a algo a mais a reclamar é só procurar a Justiça. agora ficar escrevendo mal do cara em blog ...sei não...

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    1. Preciso da ajuda dos OAG para conseguir trocar de estação ou mudar de canal. Não é fácil sem ajuda profissional.

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    2. taí um bom negócio, vou começar a pensar em implantar uma rede de OAGs em função da quantidade de acéfalos que existem por aí.

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  6. Penso que há profissionais bons e ruins pra tudo, cabe a nós selecionarmos. Temos o livre arbítrio, inclusive pra ler, ouvir e ver. Como que os ruins estão na ativa é outra história, é um problema deles. O nosso dever é prestigiar o que é bom, os demais que se explodam! Abraço, Getulio Fanezze

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  7. falas de interesses! Qual é o seu sr. Jordi?

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    1. O meu interesse?

      Elogiar o trabalho dos OAG e esperar que cada vez menos gente precise da ajuda deste grupo de apoio.

      Bem simples.

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  8. Sugestão a todos os "colunistas" do blog:

    Será que não seria melhor fazer posts menores, de preferência com começo, meio e fim? Já diz o ditado que para bom entendedor, meia palavra basta...

    Tá certo que o blog é de vocês, mas acredito que como ele serve de caixa de ressonância das diversas opiniões de nós leitores, ficaria mais fácil de saber o assunto a se comentar.

    As vezes o cara começa falando da mãe do Gebaili e termina lá em Araquari.

    E em outras, o cara faz dois ou três posts sobre o mesmo assunto e não convence ninguém a discutir sobre o tema... E continua fazendo...

    Sei que não sou obrigado a vir aqui. Nem a ler os posts, nem a comentar, etc..

    Mas eu acho que um pouco mais sucinto nos textos ajuda a melhorar o diálogo e facilita o debate.


    Uma segunda sugestão seria começar a classificar os textos por nível de QI.

    Nelsonjoi@bol.com.br

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    1. Nelson,

      Muito pertinentes as suas sugestões.
      Não existe no blog um tamanho definido, mas digamos que ficamos em geral entre os 2200 e os 3200 toques.

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  9. Tv, jornal, radio é tudo comércio, o cara pode ser o maior bandido mas se for grande anunciante ninguém fala nada de ruim.

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    1. Isso pode explicar porque uma parte do nosso jornalismo é tão ruim e ninguém parece estar muito preocupado.

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    2. Só o que se salvam são alguns blogs da internet, quanto menos anunciantes mais confiável.

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  10. acho que o João Francisco deveria ser convidado a escrever aqui, sobre o ocorrido com o assessor das águas.

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  11. "Ley de Medios" o Brasil ta precisando.

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  12. Eu assumo que ouço o Gebaili toda manhã. E digo mais: ele está ameaçado de perder o cargo de pior comunicador do horário. Tem gente correndo por fora e logo toma o lugar dele.

    Por enquanto não vou precisar dos serviços da OAG, pois faço uso sob orientação médica. (Mereço um prêmio de melhor trocadilho)

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  13. Quando temos preguiça de pensar e de fazer um pouco de reflexão buscando discernimento acontece de certa forma um espaço fértil para a conexão com as reflexoes de certas pessoas formadoras de opniao que transformam a informacao em um espectáculo de mal gosto.
    Sendo uma radio ouvinte espectadora televisiva leitora dos jornais impressos antenada nas redes sociais e ufa...fico incredula muitas vezes com os perfis e publicacoes

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