quarta-feira, 3 de abril de 2013

Eu sou favorita! Precisa de mais alguma coisa?

Sapato Christian Louboutin
POR GABRIELA SCHIEWE

No dicionário Michaelis, temos o seguinte significado para favoritismo: 

sm (favorito+ismo) 1 Preferência dada a quem é favorito.  4 Esp Condição de favorito.

Estava me inteirando do que está acontecendo por aí e li a seguinte mensagem no meu Twitter: "Taça Brasil larga com Krona, ACBF, Erechim e Minas como favoritos, minha opinião. Fora disso será surpresa, ou não? " (mensagem na timeline de um atleta consagrado).

O favoritismo se constrói no trabalho vitorioso de um atleta ou de uma equipe que, com uma série expressiva de resultados positivos, faz com que sejam considerados mais aptos para vencer.

Após anos, podemos ver o favoritismo histórico, o famoso "peso da camisa", como conhecemos tão bem na nossa amada "Canarinho".

Mas seria esse favoristismo uma grande hipocrisia? Viria apenas para prejudicar o atleta ou a equipe favoritos? Impõe pressão ao adversário do favorito? Ajuda na hora de uma decisão?

Bom, agora vou discorrer sobre o que eu penso, de maneira amadora, já que muitas questões só podem ser explicadas por especialistas. No entanto, mesmo assim vou dar o meu pitaco.

O favoritismo está diretamente ligado ao passado, já que ele existe hoje por resultados de ontem. E para que essa condição de favorito se sustente no tempo presente, no agora, será preciso jogar, correr, suar, dar o sangue, pois uma qualidade construída no pretérito não será suficiente para que ela sobreviva e persista agora, já.

Andar de salto alto ( e então que seja um Louboutin) é algo que requer prática, estilo, sabedoria e uma capacidade técnica muito apurada para se manter equilibrado e esguio. Tá... e o que o sapato tem a ver com o que estamos tratando aqui? Então, o famoso "entrou de salto alto".

Atletas e equipes acham que é simples, basta calçar o salto (favoristismo) e sair desfilando como a Gisele Bundchen. E o que vemos são muitos tropeços, tombos homéricos.

A situação de favorito atinge o ego, o psicológico e aí o furo é mais em baixo, pois quando a cabeça não está em sintonia com o restante do corpo, nem Neymar dá jeito. Você pode ser o melhor jogador, a melhor equipe, mas se o favoritismo não for trabalhado também no plano psicológico há o risco de travar. O risco é acreditar que o que foi feito no passado é suficiente para garantir o resultado no presente e "esquecer" de executar o que foi construído ontem, hoje!

Estamos passando por uma situação ímpar com a Seleção Brasileira, que é favorita por excelência no mundo do futebol, mesmo hoje sendo apenas a 18ª colocada no ranking da FIFA. Mas o que percebemos é que o favoritismo histórico que carrega no lombo não vem ajudando em absolutamente nada. Já há alguns anos penso que isso só esteja atrapalhando. Jogadores novos e que já atingem um "sucesso" grandioso e chegam na condição de favoritos por estarem vestindo essa camisa de peso e não conseguem jogar.

Outro atleta que sofre com o favoritismo é Diego Hypolito, que teve em alguns momentos a condição de nº 1 do solo na ginástica artística mas, quando chegou em duas Olimpíadas, fracassou. Visivelmente ele não soube lidar com a pressão. A condição psicológica travou a técnica e não lhe permitiu executar o seu melhor.

Os chineses são mestres em lidar com o favoritismo, pois são trabalhados para usar essa ferramente em prol, ela está ali pra somar. "Você já é o melhor, só precisa manter o que já vem fazendo e aprimorar. Simples".

Evidente que não é simples, mas o atleta - e principalmente o brasileiro - precisa aprender que não basta você vir sendo o melhor, você precisa confirmar a condição de "ser" o melhor. E para isso não basta uma condição, títulos, capacidade física, porque na hora H a mente que irá conduzir todo o seu corpo.

Artur Zanetti, campeão nas argolas na última Olímpiada que vem confirmando a cada campeonato o seu favoritismo, exaltou quando da medalha olímpica o trabalho psicológico, a importância que a mente tem no seu treinamento diário que, apenas o treinamento das posições, da parte atlética, resistência, tática não é suficiente se a cabeça não está no mesmo ritmo.

O favoritismo só será uma barreira para aqueles que não o trabalharem da maneira que devem, na amplitude que requer. Aqueles que acreditarem que a condição física e o talento são suficientes para atingir o resultado positivo irão fraquejar diante do seu maior adversário, a sua mente.

Messi, Usain Bolt, Michael Jordan, Michael Phelps, Ayrton Senna, Falcão, Federer, Seleção Brasileira de Vôlei, Robert Sheidt, Hortência, Nadia Comaneci, Serena Willians e inúmeros outros exemplos como estes, que são favoritos e na hora que essa condição era ou é cobrada, sabem lidar com isso. E com absoluta certeza a mente destes atletas e equipes estão em perfeita consonância com o corpo.

Hipocrisia não está no favoritismo, mas naqueles que não conseguem lidar e confirmar a condição de melhor no agora daquilo que o fizeram ser favoritos ontem!

O melhor e por isso favorito não o é por hipocrisia alguma, mas se não confirmar hoje o que lhe tornou favorito, aí será criado o hipócrita, aonde a condição de favorito acabou de se firmar "falsa".

Um comentário:

  1. Olá Dra Gabriela!! Parabéns pelo seu texto que esta muito contundente!! Ficamos com a máxima do ser e estar!! Estar melhor êh o fundamental!! Fazer valer do que há de melhor e potencializar o melhor!! A identidade criada com muita raça , determinação totalizada a qualidade é o ideal! Parabéns mais uma vez! Vamos Pra frente!!

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