sábado, 21 de julho de 2012

E se os candidatos a prefeito fossem vinhos?


POR ALEXANDRE SETTER

Convidado Alexandre Setter, do blog Veni Vivi Vinho  degusta os candidatos a prefeito de Joinville como se fossem vinhos e nos brinda com essa obra fictícia de cunho meramente sarcástico. Qualquer semelhança é apenas mera coincidência decorrente de uma mente embriagada.

E se os candidatos a prefeito fossem vinhos?

Marco Tebaldi
aquele vinho gaúcho barato fabricado no fundo de quintal, que em algum momento fez sucesso na nossa cidade por ter sido exaltado por um figurão da vida pública, famoso por enfiar goela abaixo os rótulos que carrega consigo. Deixou uma turma de fãs fiéis e inebriados, que volta e meia clama por sua volta nos bares da vida, sem saber (ou querer saber) que existem vinhos de custo x benefício bem melhores por aí. Carece de elegância, corpo e consistência. Aroma enjoativo, dizem que no final sempre vai bem com pizzas, apesar da dor de cabeça ser quase certa no dia seguinte.

Udo Dohler
Proveniente de um terroir nobre da cidade, essa espécie de riesling tupiniquim é um vinho de muita grife mas limitadíssimo nas harmonizações mais populares. Investe pesado agora em uma manobra de marketing para fazer com que o bebedor comum adote-o no dia-a-dia. Sua presença ainda causa algum frisson em mesas mais nobres. É vinho que, por suas características naturais, já passou do tempo de ser bebido. Alguns podem arriscar a consumir mesmo assim, mas não é aconselhável presenteá-lo a enófilos mais exigentes. Apesar de tudo, é o novo rótulo queridinho do figurão citado acima, o que lhe garante ainda uma fatia do mercado.

Kennedy Nunes
Ah, o vinho de garrafão. 5 litros de puro sumo de uvas de segunda, açúcar e alcool. As massas 'pira'! É barato, facinho de tomar e por isso tem o poder de encantar uma grande parcela dos bebedores. Faz a alegria nas grandes mesas, onde o pessoal está mais preocupado com a aparência daquilo que estão bebendo do que propriamente com a qualidade do conteúdo. Afinal, qualquer vinho em uma taça é mais chique do que cerveja, pelo menos no visual, não é mesmo? Aí é que mora o perigo desses vinhos de garrafão. Onde alguns vêem alguma chinfra, eu vejo uma estrutura e corpo rasíssimos. Deve ser muito bom para se fazer aquele sagu de fim de semana, mas nada mais elaborado do que isso.

Carlito Merss
O famoso 'vinho da casa'. Não tem lugar onde você vá hoje em dia que não tentam te empurrar uma taça desse tinto polêmico, às vezes a jarra inteira. Maturou por tanto tempo, que ao longo dos anos perdeu muito de seus atributos iniciais, inclusive sua cor rubra desbotou um pouco. Como todo 'vinho da casa', não se sabe o que está passando no processo de vinificação e nem como foi engarrafado e distribuído. O que contribui com a confusão que se formou entre seus primeiros consumidores, que sempre esperaram que ele evoluísse em um baita vinho, daqueles que dá prazer de servir aos amigos. Terá mais uma chance de ganhar admiração, mas por enquanto é apenas um vinho que não mostrou a que veio.

Leonel Camasão
É praticamente um vinho da Romênia. A gente até sabe que existe, mas não conheci ninguém que tenha degustado um.


Alexandre Setter é publicitário e publica o www.venividivinho.com.br

19 comentários:

  1. Admirável Alexandre Setter, tu exorcizas na escrita, e tua escrita é sensacional, mesmo que tu escrevas, Não tem lugar onde você vá hoje em dia que não tentam te empurrar uma taça desse tinto polêmico, às vezes a jarra inteira...Eu reafirmo Fica Carlito

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  2. Grande Setter! por isso que bebo cerveja KKKKKK.

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  3. Sim realmente um comparativo de muito requinte...
    As decisões são complicadas tanto na hora da escolha do vinho que vc fica sem saber para onde ir.
    Contudo é preciso a escolha para tentarmos evoluir.

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  4. Fico a imaginar quantas garrafas de bons vinhos foram tomadas até o texto ficar pronto....

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  5. A escolha é dificil: entre o famoso e indigesto garrafão, o vinho vagabundo doce que se ganha de brinde do mercadinho da esquina, o o duvidoso e quase sempre horrível vinho da casa, e um riesling passado, eu fico com a Heineken ou Stella, sem dúvida.

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  6. eu vou de vinho seco, safra 00!!!!

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  7. Texto brilhante, muito original, leitura muito agradável, assim como degustar um bom vinho!

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  8. Confio no Setter que conhece vinhos, na minha pobre ignorância só tinha percebido grappa.

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  9. O Carlito tá mais é para um Campo Largo, Sete Colinas, entre outros. rsrsrsrsrsrrs

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  10. Carlito é um Campo Largo. trsrrsrrsrs

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  11. no comentário do Kennedy lembrei do garrafão de vinho de plastico CASTELINHO.... pessoal fazia caipira de vinho com este la na baturité em BC na hora de beber até era bom gostoso... mais no outro dia... aff dor de cabeça daquelas....

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  12. Um dos melhores textos do blog, disparado!

    "sagu de fim de semana" hahaha!

    Abraço, Setter!

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  13. Como sempre impecável amigo Setter, embora cômico se não fosse trágico para nos que somos meros eleitores !

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  14. Excelente comparação! Com esta prova degustativa que o Setter nos brindou, chego a conclusão que a melhor forma de provar os nossos candidatos a prefeito da querida joinville, é mesmo com uma degustação "às cegas", ou seja, teremos que fechar os olhos e escolher qualquer taça que esteja disponivel na mesa.......Grande Setter, Parabéns !

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  15. Alexandre tomando vinho e pegando na benga, parabéns.
    Galera, todos peguem na benga também, mas peguem com carinho porque dói....rs

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  16. Trabalho com vinhos importados e realmente conhecendo um pouco de vinhos e de nossos postulantes a prefeito. O texto é ESPETACULAR.
    Vinho (oínos), em grego significa: força, poder...porque o vinho tem o poder de preencher a alma, com sua verdade, sabedoria e filosofia.
    Quanta: verdade, sabedoria e filosofia no texto Setter, um legitimo CHÂTEAU PETRUS.

    Jorge

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  17. Parabéns pelo texto, eu não estou morando em Joinville mais, mas certamente teria dificuldade em escolher algum desses vinhos. O problema não é apenas o "sabor", mas a ressaca de segunda-feira.

    By the way, já tomei vinho Romeno da região de Recaş que era muito bom.

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