sábado, 3 de dezembro de 2011

Uma cidade, várias histórias


POR CLÓVIS GRUNER

Se caminhar pela cidade é articular lugares e personagens, tornar-se artífice de novos e inusitados mapas, para um historiador esta ambulação tem um sentido outro: movendo-se em um universo de símbolos, ele persegue não a cidade que é, mas a que foi, a que um dia houve. Sua escrita a finge ao dar forma a uma ausência, faz aparecer o que já não mais existe, substituindo, no presente, o passado vivido pela sua representação. Historiadores são, a sua maneira, inventores de cidades.

Penso nisso por conta do lançamento de “Pelas tramas de uma cidade migrante”, da historiadora Ilanil Coelho, de quem fui aluno na graduação. O livro se insere em uma onda renovadora da produção historiográfica joinvilense, que eu divido em três fases. A primeira remonta ao inicio dos anos de 1990, destacando-se as dissertações de Iara Andrade Costa, Bellini Meurer e Ilanil Coelho. A estes se seguiram trabalhos principalmente marcados pela diversidade de interesses e abordagens. Na produção mais atual, à permanência de alguns nomes outros surgiram, em um movimento saudável e necessário de constância e renovação.

Chama a atenção nessas pesquisas o uso de novas fontes, que lançaram luz sobre aspectos da história de Joinville pouco explorados e conhecidos. Há ainda a insistência de muitos deles em se debruçar criticamente sobre a historiografia mais tradicional, notadamente a produção profissional – e não necessariamente acadêmica – de Apolinário Ternes. Festejados em alguns círculos, nem metodológica nem teoricamente seus livros deram à historiografia local contribuição relevante. Em ambos os critérios trata-se de uma obra frágil, desprovida de profundidade e originalidade. O mérito de Ternes – a meu ver, único – foi ter sido um dos primeiros a sistematizar certo número de fontes, disponibilizando-as em uma escrita que, nem sempre fluente, acabou por se revelar ao menos útil a pesquisadores futuros.

Mais do mesmo

Um terceiro e último aspecto é a presença da figura do outro, especialmente do migrante, de reconhecer um traço fundamental às cidades contemporâneas: sua heterogeneidade cultural, a inviabilizar ideais de unidade e coesão. O que estes trabalhos mostram é que Joinville deixou de ser uma cidade “germânica” e que o migrante, além de contribuir para o desenvolvimento econômico, embaralhou irremediavelmente uma identidade tida como estável e homogênea.

A ironia é que a produção acadêmica contrasta com uma irritante insistência à conservação. Vivendo fora há 12 anos, retorno a Joinville frequentemente e constato que pouca coisa mudou: de suas lideranças políticas e empresariais, a alguns hábitos e preconceitos arraigados na “cultura” local, ela continua provinciana não porque seja incapaz de, mas porque insiste em não mudar. Ela é o exemplo por excelência de uma “modernização conservadora”: cidade de porte médio, é pequena e tacanha se a lermos pelos critérios que não os mensuráveis, em que pese iniciativas a tentar, quase heroicamente, romper o silêncio e a calmaria que a caracterizam.

Ela aumentou sua população, cresceu economicamente, ampliou sua frota de veículos, verticalizou-se, possui uma classe média ativa e consumidora a frequentar seus shopping centers, e agora, inclusive, conta com um parque público. Mas continua pouco afeita a outra face da vida moderna: as mudanças que afetam comportamentos, valores, percepções e visões de mundo. Acadêmico, não poucas vezes ouvi que a universidade vive em descompasso com a “realidade”. Ao menos em Joinville isso parece ser verdade. Entre o discurso historiográfico, a ressaltar a diferença, e o cotidiano da cidade, a reafirmar o mesmo, há uma incômoda discrepância. Talvez seja hora da academia gritar à cidade o que ela insiste em não ouvir.

PS.: Jornalista que já foi mais influente na imprensa local twittou perguntando onde está o dinheiro para oito parques deixado pela ex-administração como legado à atual. Sobre isso, um comentário breve: Marco Tebaldi foi prefeito em duas gestões e vice em uma terceira. Se não foi capaz de construir um único parque, apesar de ter verba para oito, há de se reconhecer que, ao menos neste quesito, fracassou retumbantemente.
Clóvis Gruner, historiador e professor universitário em Curitiba. Autor de “Leituras matutinas: utopias e heterotopias da modernidade na imprensa joinvilense (1951-1980)” e co-organizador de “Nas tramas da ficção: história, literatura e leitura”.

30 comentários:

  1. Ufa! Finalmente um historiador está ocupando um espaço que não seja a academia.

    A academia não precisa gritar para a cidade, pois, as figuras, como a própria Ilanil Coelho, já circulam em outros espaços citadinos. Um exemplo é Conselho Municipal de Cultura e outros espaços da gestão pública municipal.

    Mesmo que a produção acadêmica seja arejada, aberta e renovadora, os produtores acadêmicos ainda estão completamente deslocados de muita características cotidianas. Existe uma dificuldade de entender qualquer prática que esteja fora da perspectiva institucional.

    Abraço
    amor-armado.blogspot.com
    dotrilhopraca.blogspot.com

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  2. Primeiro, gostaria de entender a lógica do autor, em propor tentar "lermos" Joinville por "critérios não mensuráveis". Como se faz isso? Apesar de crítico das políticas públicas adotadas nos últimos anos, não posso negar que Joinville evoluiu, e muito, em todos os sentidos!
    Por uma questão de justiça, preciso discordar da sua opinião à respeito da obra do jornalista e escritor Apolinário Ternes. Não sou historiador, portanto, não arrisco discutir o mérito da metodologia por ele utilizada para a pesquisa e a produção da sua obra, mas, como leitor, entendo que a sua contribuição para o resgate de boa parte da história política e econômica da cidade é única e preciosa.
    Finalmente, em relação à "academia", principalmente quando assistimos estupefatos à patética situação da USP, uma baderna pronta e acabada, talvez fosse hora dela, a "academia", fazer uma autocrítica e tentar avaliar se é a cidade que "não quer ouvir" alguma coisa ou se é a "academia" que insiste em "gritar" "verdades" totalmente fora da realidade...

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  3. Quando se fala em resgate da história é bom saber que tipo de história está a ser resgatada. Fazer compilações (apesar de ter importância) não resume o fazer histórico.

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  4. Na minha opinião, José Baço, nada melhor do que uma "compilação" competente. Talvez seja a forma mais realista (e imparcial) de resgatar a história (contexto-data-fato). Confesso que tenho muito receio do "fazer histórico", se entendi o termo, aliás, muito em moda nos últimos anos, no Brasil, em que a história vem sendo "reescrita" segundo os delírios do governante de plantão. Confesso que ainda prefiro uma boa e fiel "compilação" a uma "apaixonada" interpretação.

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  5. Não há história imparcial. A imparcialidade é um mito, uma besteirinha. O historiador sempre estará mergulhado num determinado fluxo. E, claro, há os "historiadores"(?)que escrevem textos destinados aos que preferem uma "fiel compilação". São os caras que reproduzem uma certa ideologia (aqui o sentido marxiano de "distorção"). Aliás, compilador é uma coisa, historiador é outra. Contexto, data, fato? Há décadas isso não faz sentido em história (desde os Annales ou mesmo antes). A pesquisa histórica tem evoluído nas últimas décadas e não se trata de interpretação, mas de método de análise.

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  6. Contexto-data-fato não faz sentido...? Diante disso, cabe a pergunta: Então, pra que pesquisa, não é mesmo? Perdão, mas, pra mim é exatamente o que faz sentido.

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  7. Caro Nico, vou responder rapidamente e por partes suas ponderações:
    1-) Não se “lê” (as aspas são suas) uma cidade como se avalia um quadro estatístico, baseado tão somente em dados objetivos. Uma cidade, não importa qual, é mais complexa que isto, porque o que a define, além de seus números, é suas redes de sociabilidade, suas diferentes manifestações culturais, seus hábitos, suas estruturas de poder, sua tolerância ou resistência à mudança, etc...
    2-) Acredite, o Ternes é mais que um “compilador”, e embora você reconheça nele este valor – e eu também, como eu disse em meu texto – fazer história é mais que isso (e por favor, não insista nesta bobagem que “a história vem sendo "reescrita" segundo os delírios do governante de plantão”, como se o resultado do nosso ofício fosse homogêneo ou, pior, regulamentado por decretos governamentais). Pergunto: você realmente acredita que ele é isento e neutro; que ele não interpreta a história joinvilense quando a escreve; que suas pesquisas e as escolhas que faz são imparciais; que seu discurso, como qualquer outro discurso, não é também político? Se sua resposta for sim, sugiro que o releia, e com um pouco mais de atenção desta vez.

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  8. O dito "historiador" sempre foi tendencioso nas suas compilações ou interpretações, como queiram. Basta ler seus escritos atuais, em que diz que o Brasil está mergulhado nas trevas desde 2002 e SC, especialmente Joinville, é o oásis do universo.

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  9. Caro Clóvis vou tentar responder as suas "ponderações" (aspas minhas)... eheheh... de acordo com a minha opinião.
    1-Entendo que a leitura histórica depende do contexto e do momento em que é dissertada. Por isso é importante que seja revista, sempre, de forma que, à medida que passam as gerações, fique cada vez mais isenta de influências emocionais de quem a viveu, dando mais fidelidade aos fatos.
    2-Quanto ao Ternes e à importância da sua obra (ou compilação, como queira) na historiografia de Joinville, tenho a minha opinião formada e consolidada, que já dei no meu comentário anterior.
    Quanto à sua classificação da minha opinião como "bobagem", dispenso patrulhamentos e mantenho o que afirmei. Imagino que nem tudo que não combine com a sua opinião seja bobagem, ou é?
    Quanto à sua pergunta sobre as minhas crenças, se sou isento, neutro, imparcial, etc, certamente não sou, até porque sou normal, mas, pelo menos, sei reconhecer e procuro debater de forma sensata opiniões divergentes. Desde que sejam razoáveis, lógico.
    Finalmente, quanto à sua "recomendação" (aspas minhas, novamente), para ter "mais atenção", realmente a dispenso, porque tenho por hábito pensar quando escrevo, até para não cair na armadilha de parecer exatamente o que procuro criticar na opinião de outra pessoa!

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  10. A lucidez do Nico salta aos olhos e impressiona.

    Mesmo que eu não compactuasse com a argumentação do Nico (o que não é o caso) todas as suas “inserções” foram uma lição de posicionamento e elegância.

    Parece-me que o Clovis se perdeu em sua resposta indo para um ataque lamentável e infantil, que tirou grande parte do valor de seu texto original.

    O discurso do Baço, por sua vez, corrobora com o teor da frase “a universidade vive em descompasso com a “realidade””.

    Em minha opinião, nota 10 para o Nico, que deu uma aula de como usar este blog nos moldes propostos.


    The Worst (by F.S.)

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  11. Anonimo de 5 de dezembro de 2011 11:34:

    Você disse que o "historiador" escreveu que "o Brasil está mergulhado nas trevas desde 2002 e SC, especialmente Joinville, é o oásis do universo."

    Claro que isto é a sua interpretação do escritor, mas, vamos supor (SUPOR), que isto foste/seja verdade.

    Houve também um escritor/historiador/homem provido de luz deste blog que disse que as pessoas que foram no Stammtisch joinvilense vivem em uma bolha, pois não conseguem enxergar a verdade real (e por ai vai nas bobagens).

    Qual é a diferença?

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  12. "até para não cair na armadilha de parecer exatamente o que procuro criticar na opinião de outra pessoa!"

    Isto que chamo de soco no estomago... que dor...

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  13. Caro autor. MArco Tebaldi foi prefeito por 6 anos e vice por dois. Nao houve uma terceira vez como erroneamente o Sr. informou. Se é ídolo do Carlito entao assuma, mas não se faça de imparcial. Aliás, intelectuais é o que nao falta para o PT. Vai ver que é por isso que a gestão CArlito foi de TANTAS realizações...

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  14. O bagulho é o seguinte. O historiador Apolinário Ternes tem um lado, historicamente toma partido nessa cidade. Assim como o Clovis, a Ilanil e qualquer outra pessoa.

    A Apolinário não está errado, digamos que esteja equivocado em boa parte da sua produção historioca. Um exemplo é quando diz que o problema da cidade a nova migração posterior aos anos 1970, especialmente do Paraná, que acabaram prejudicando as "origens" da cidade de Joinville. Ou quando diz que Joinvas tem mais vocação para o trabalho que Blumenau, usando argumentos o processo de industrialização tomou conta das duas cidades.

    Que lixo de debate que centraliza tudo em FlaXFlu.

    O Ternes é historiador dos ricos, a Ilanil é a historiadora ligada ao PT, mesmo que o PT não determina o que Ilanil escreva.

    Já os fodidos da cidade estão completamente sem ninguém para a registrar e discutir as histórias deles.

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  15. Gostaria de fazer um longo arrazoado sobre o que o Gruner escreveu, especialmente sobre a sua tentativa de afugentar críticos com um texto pomposo e academicista. Não o farei por considerar que ele próprio se desqualificou quando adotou a prática tradicional das esquerdas, que é a de promover os "seus" e ridicularizar (tentando colocá-los fora do debate sério) os que considera adversários ideológicos. Portanto, fico com a opinião do Anônimo das 16h49: nota 10 para o Nico.

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  16. Caro Nico, por partes de novo:
    1-) Não foram às suas crenças que me reportei em post anterior. Perguntei se você acreditava que Ternes era neutro, isento, etc..., e sugeri não que você ficasse atento ao que escreve, mas que o relesse com mais atenção caso sua resposta fosse afirmativa. Em resumo: Ternes é tão parcial quanto qualquer outro historiador, o que significa, grosso modo, que está tão sujeito a influências emocionais, políticas, teóricas, etc... quanto qualquer outro historiador. E se você realmente acha o contrário, repito, releia-o com mais atenção.
    2-) Você não é o único a acreditar que a “a história vem sendo "reescrita" segundo os delírios do governante de plantão”. Aliás, dois recentes títulos auto-proclamados “guias politicamente incorretos da história de alguma coisa” estão a vender razoavelmente bem justamente porque muita gente acredita no que eu considero uma bobagem. Particularmente, acho que áreas mais técnicas, como a engenharia por exemplo, são muitíssimo mais afetadas por “delírios do governante de plantão” do que a história e a historiografia. A diferença é que ninguém entende patavina de engenharia, afora os próprios engenheiros. E quase todo mundo acha que entende de história.

    E enfim: não sou ingênuo ao ponto de achar que debates só se instalam quando há simetria entre os participantes. Por outro lado, também acho que há assimetrias que não se justificam. Em alguns casos, o anonimato é fundamental; em outros, como é o caso aqui, sintoma de deselegância e covardia. Duas coisas que não pretendo estimular respondendo a quem, tendo nome e sobrenome, prefere o anonimato - prática, aliás, característica das direitas, acostumada ao anonimato dos porões.

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  17. Tempos atrás, vi uma entrevista com Carl Bernstein, do The Washington Post, companheiro de Bob Woodward no caso "Wathergate", que culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon. Ele disse uma frase que, na minha opinião, vale como parâmetro para a nossa discussão. É só trocar as palavras "jornalista" por historiador e "reportagem" por fato histórico. Até porque o caso já faz parte da história, não é mesmo?
    “Não cabe ao jornalista decidir como você deve pensar. Cabe ao jornalista contar a melhor versão possível da verdade, de forma que o leitor, ou o ouvinte, julgue e decida de que forma deve reagir. Você nunca consegue prever a reação... se uma informação sobre a vida pessoal de um personagem não contribui, decisivamente, para o contexto da reportagem, o jornalista terá cometido um excesso.”

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  18. "E se você realmente acha o contrário" ???

    Hã? De onde o autor tirou esta frase?

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  19. "há assimetrias que não se justificam"...

    Está também é fantástica...

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  20. Acho que o Nico deveria sair de cena, para não correr o risco de estragar a "obra prima".

    (nunca se sabe...)

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  21. Caro Nico, muito oportuna a citação. Especialmente porque você vive em uma cidade onde gente que se considera séria e formadora de opinião transforma em pauta insinuações preconceituosas acerca da sexualidade do prefeito, não é mesmo?

    Por outro lado, não a entendi no contexto da nossa discussão: em algum momento eu insinuei que historiadores precisam decidir como seus leitores devem pensar? Desculpa lá, e sem nenhuma falsa modéstia, eu consigo articular mais que a meia dúzia de palavras desconexas com que os muitos anônimos, por preguiça, incompetência ou ambos, estão a tentar me provocar.

    Eu contestei principalmente duas afirmações suas:
    1-) A de que Ternes é isento, imparcial ou neutro, como queira, afirmando que nem ele ou outro historiador o é. Um exemplo, extraído de “História econômica de Joinville”: ao explicar o processo de colonização e a constituição de uma elite local, o historiador Apolinário Ternes afirma que, apesar das dificuldades encontradas nos primeiros tempos, “os mais capazes conseguiram constituir um segmento mais elevado, político, cultural e economicamente”. E quem foram estes mais capazes? Ternes responde: os empresários, seres descritos como quase divinos porque dotados de um “magnetismo e de uma força interior bem maior que a maioria dos mortais”. Ah! Adivinhe só quem financiou a obra. Uma pista: durante muitos anos a sede da entidade foi no último andar de um outrora importante edifício central. Neutro e isento? Sei...

    2-) Que a história e a historiografia são pautadas pelo “delírio do governante de plantão”. Vou dar dois exemplos a partir do meu texto: as três dissertações de mestrado que mencionei como marcos da renovação da historiografia local são de meados dos anos de 1990. Quais “delírios” as orientaram: os de FHC, à época presidente; Vilson Kleinubing ou Paulo Afonso Vieira, governadores durante o período; ou talvez Wittich Freitag, cuja orientação política certamente combinava com a revisão crítica da história local proposta pelos três autores? Em resumo: me desculpe, mas sua proposição, mesmo que compartilhada por outros tantos, não se sustenta.

    No que me diz respeito, continua valendo o que disse antes: quase todo mundo dá pitaco em história. O problema é que a maioria não sabe muito bem do que está a falar. Mas como a maioria que lê os pitacos também não sabe direito sobre o que está a ler, então fica tudo bem. E se locupletam todos na ignorância arrogante.

    E enfim, alguém me preveniu que o comentário sobre o Ternes causaria arrepios em alguns leitores do blog, o que eu, aliás, já sabia: nasci e vivi em Joinville por 29 anos e sei o quão influente ainda é em alguns círculos sua obra. Também sabia que a menção ao Tebaldi despertaria pequenos e grandes ódios. Agora só falta alguém para defender o Toninho Neves.

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  22. Nico, especialmente pelo apelo desesperado do último parágrafo do comentário das 14:32 (dia 06), acho que o Clóvis não merece a sua resposta.

    Esta arapuca de segunda é dose.

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  23. Clóvis, não me referi a você, quando mencionei o "fazer histórico", que foi escrito pelo José Baço, num dos comentários. Como a opinião dele é muito próxima da tua, achei por bem incluir no contexto da discussão. Perdão se não me fiz entender.
    Eu nunca mencionei que "Ternes é isento, imparcial ou neutro". O que eu disse, e reafirmo, é que a obra dele é importante e preciosa para o acervo historiográfico de Joinville, só isso. Além disso, não vejo mal nenhum em uma empresa contratar um escritor para historiar a sua trajetória, afinal, são registros de fatos e memórias, coisa que, aliás, temos muito pouco. Depois, se alguém quer contestar, que conteste e prove que os fatos não são verdadeiros. Não custa lembrar, também, que fazem isso com recursos próprios, ou, no máximo, se valendo de recursos públicos previstos em legislação específica. Se o problema for com a preferência pelo escritor, aí já não é mérito que me cabe discutir.
    O que eu não estou entendendo é por que a tua insistência em politizar agressivamente a discussão.
    Finalmente, se o endereço sou eu, pode ficar tranquilo, a menção ao Apolinário não me causou "arrepios", só estranhesa pela agressividade. Depois da menção aos "demônios da esquerda", comecei a entender os teus argumentos. Como disse o jornalista Reinaldo Azevedo (que, antes que você tenha "arrepios", alerto, é de direita - ele abominaria isso, mas... - e assumidamente neo-liberal), em uma definição modelar disse mais ou menos o seguinte: "para as esquerdas brasileiras, empresário bom é o deles. O dos outros é 'reacionário' e não presta. Viraram a 'burguesia do capital alheio'"
    Para tua informação, eu vivo a 56 anos (e mais nove meses na barriga) em Joinville, sou empresário, liberal e legalista. A minha família aqui está há quase um século e meio, sempre trabalhou, viveu, investiu e se dedicou às causas da cidade, lá mesmo, naquele "prédio central", com muito orgulho e dedicação, diga-se. Faço parte da quinta geração e já existe a sétima. Assim, se pareço arrogante, cá entre nós, fico com a minha arrogância e dispenso a tua já que, a minha, pelo menos, baseia-se em história e trabalho, e não em ideologia.

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  24. Nico, virei seu fã!

    E Gruner, você colocou o Apolinário Ternes no mesmo saco que Tebaldi e Toninho Neves? (!?)

    Olha... te cuida... (acho que agora é tarde)

    Se eu fosse o Ternes, pensaria seriamente em processar você por injúria e difamação.

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  25. Muitos afirmam o ataque é a melhor defesa em debates teóricos como o presente.

    Aparentemente, o Clóvis defende esta tese com veemência. Imagino que muitos embates – no bom sentido da palavra – o Clóvis já “ganhou” fazendo uso desta estratégia. Deste modo, imagino que ele tem muito a agradecer ao Nico no dia de hoje, pois este deu uma aula a aquele no sentido contrário a tese inicialmente posta como premissa. Ou seja, nem sempre o ataque é a melhor defesa.

    Só por este motivo, já me bastaria a leitura deste “confronto” teórico, pois também aprendi com isto. Obrigado Nico.

    Mas, apenas como observador, arrisco dizer que o motivo real que fez, na minha visão, com que o Clovis terminasse o debate desconcertado não foi seu estilo agressivo, mas sim o fato de que, ao contrário do Nico, o Clóvis não se ateve ao ponto principal, atirando em muitos alvos e perdendo força argumentativa ao longo das alegações. Já o Nico, por sua vez, certo de sua posição originária, se manteve convicto e focado e deixou que o Clóvis se perdesse sozinho.

    Assim sendo, o Chuva Ácida prestou um belo serviço público e atingiu seus objetivos com esta bela discussão.

    Parabéns a todos os integrantes do Blog.

    The Worst (by F.S.)

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  26. Pois é, Nico, meu bisavô era mecânico; meu avô, pasteleiro; meu pai, um simples contador; e eu, professor. Como não tive o privilégio de descender de uma família laboriosa, e como mecânicos, pasteleiros e contadores não têm muito com o que contribuir para as causas e o progresso da cidade, só me restou mesmo esta tal de ideologia, privilégio exclusivo das esquerdas, como sabemos todos.

    Abraços desconcertados.

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  27. Pois é Clóvis, lamento que logo você revele tal preconceito. "Não têm muito com o que contribuir para as causas e o progresso da cidade..."? Muito pelo contrário. Foi a soma da capacidade empreendedora dos que aqui chegaram e tiveram a capacidade de criar empresas (de todos os tipos e tamanhos), negócios que geraram emprego, renda e lucro que transformaram a cidade no que ela é. O resto é detalhe e consequência. Por isso é que não se pode dissociar a origem da Colônia do presente. E isso precisa ser reconhecido em respeito às próximas gerações... e sem ideologia.

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  28. Clóvis, ainda não te conhecia (e pessoalmente ainda não conheço), mas fico feliz por conhecer. Obrigado pela aula que deste aqui.

    O último comentário do Worst (eu que cunhei) certamente é uma vitória do seu bom senso.

    Parabéns pelo texto.

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  29. Eu falei mal da rapaziada, mas preciso considerar:

    Gostei da participação do Clovis, acredito que o blogue precisa continuar com o espaço para a produção dele. Ainda mais que todo domingo é publicado um lixo do Ternes e os empresários continuam a financiar a escrita do Ternes.

    Abraço
    Maikon K

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