sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Queima, bruxa, queima. A caça às bruxas está de volta...

POR DOMINGOS MIRANDA
Há poucos dias o Brasil deu mais um passo rumo à barbárie. Quando a filósofa americana Judith Butler visitou São Paulo para coordenar seminário no Sesc Pompeia sobre o tema “Os fins da democracia” foi achincalhada por um grupo conservador que não aceita suas ideias. Ela foi uma das primeiras intelectuais a levantar a questão da ideologia de gênero, que está sendo muito muito criticada em todo o país.

Os manifestantes queimaram uma efígie de Butler como bruxa e defensora dos trans. Quando embarcava no aeroporto de Cumbica, nova agressão e desta vez  não foi só verbal, mas também física. Outras mulheres tiveram que defendê-la.

Na semana passada a filósofa americana, reconhecida internacionalmente por abordar vários temas, não só sobre questão de gênero, afirmou que ficou horrorizada com a ação dos fanáticos em São Paulo. Em artigo que escreveu no jornal Folha de S. Paulo, Butler disse: “A tortura e o assassinato dessas mulheres por séculos como bruxas representaram um esforço para reprimir vozes dissidentes, aquelas que questionavam certos dogmas da religião”. Ela frisou que está bastante preocupada com as mulheres que ficaram no Brasil e são obrigadas a enfrentar este clima inquisitorial.

Judith Butler foi testemunha de um momento de retrocesso que vive nosso país, onde a exposição de certas ideias passou a ser sinônimo de risco. Lola Aronovich, escritora e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), é apenas um exemplo entre tantos. Ela está sofrendo ameaças de morte e de estupro simplesmente por ser feminista. Angela Luiza Bonacci, leitora da Folha de S. Paulo, escreveu no jornal: “É lamentável que em pleno século 21 as inquisições virtuais ainda promovam uma caça às bruxas”.

Na Idade Média, milhares de mulheres foram caçadas, torturadas e queimadas nas fogueiras por motivos banais. Com a Inquisição bastava que algum desafeto fizesse alguma denúncia para que a vítima passasse a ser considerada bruxa, com todas as consequências possíveis. Com as revoluções francesa e americana houve um grande avanço e os julgamentos seriam feitos através dos tribunais de justiça. A prática da tortura foi abolida, pelo menos legalmente.

Nas sociedades civilizadas qualquer ideia é debatida abertamente, sem maiores contratempos. Cada lado expõe o seu ponto de vista e as pessoas aceitam ou não o que foi colocado. O célebre filósofo francês Voltaire abordou com sabedoria o assunto: “Não concordo com nada do que dizes, mas lutarei até à morte pelo direito de expor o seu ponto de vista”. Eu sou contra a ideologia de gênero e escrevi, neste mesmo local, um artigo sobre o tema. Mas, de modo algum concordo com a selvageria que fizeram com Judith Butler.

Estamos seguindo um caminho perigoso onde o ódio vai sendo destilado por amplos setores, que vão desde os fascistas até mesmo seitas religiosas. Quando deixamos de lado nossos argumentos para usar agressões mostramos que prevaleceu a ignorância e não a sabedoria. Aquele instinto cruel das massas, guardado em um cantinho do cérebro, é como uma brasa adormecida, que com um sopro volta a ficar incandescente. Temos que tomar cuidado para que não surjam mártires queimadas nas ruas por causa da insensatez humana.


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Uma mala não é crime, mas rende muitas charges

POR ET BARTHES
Hoje o tema é o homem de quem se fala no momento. Fernando Segóvia, o novo diretor-geral da Polícia Federal, para quem uma única mala de dinheiro não é prova suficiente para caracterizar um crime de corrupção. Ou, nas suas próprias palavras, “A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime”.

A declaração não passou despercebida, em especial para os chargistas brasileiros, que produziram um vasto e divertido material e que recolhemos na internet. Os direitos autorais, claro, são dos autores que assinam os trabalhos.













terça-feira, 21 de novembro de 2017

Não é tempo de falar de aborto a sério?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O Brasil tem sido pródigo em más notícias. Uma das mais recentes vem da ONU - Organização das Nações Unidas, que manifestou preocupação com o projeto de lei que propõe restringir ainda mais a já restritiva legislação brasileira sobre o aborto. O mundo civilizado ficou estarrecido diante da pretensão de proibir a interrupção da gravidez mesmo nos casos de abuso sexual, anencefalia do feto ou risco para a mulher.

Volto hoje ao tema porque muita gente acredita que é o momento de discutir a questão. O debate é positivo, claro, mas a coisa pode desandar. Falar de temas fraturantes exige um nível civilizacional que a maioria dos brasileiros, infelizmente, ainda não atingiu. Nestes tempos de “criptoteocracia”, em que religiosos ditam a agenda política, o país mergulhou numa espiral de obscurantismo e intolerância. É a discussão certa, mas numa hora difícil.

O debate tem que ser feito. O aborto é uma questão civilizacional, de costumes ou de consciência individual. Mas, sobretudo, é uma questão de saúde pública. Lembremos que, de acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, todos os anos morrem 47 mil mulheres no mundo em consequência de abortos clandestinos. Eis a trágica ironia: as mesmas pessoas que assumem a “defesa da vida”, no caso dos fetos, fazem ouvidos moucos para o número de mortes de mulheres.

E volto a falar da experiência portuguesa, que conheço de maneira mais próxima. Em 2007, o aborto (chamado, de forma eufemística, de interrupção voluntária da gravidez) foi despenalizado. A partir daí o país resolveu um problema de saúde pública, evitando mortes e outros problemas provocados por abortos clandestinos. Hoje a ideia foi assimilada pela sociedade e tornou-se um não-assunto. Ah... e a boa notícia é que, ao contrário do que vaticinaram os moralistas religiosos, o país não foi destruído pela ira divina.

De volta ao Brasil. A ONU alerta para o fato de que o país se desviou dos compromissos internacionais no campo dos direitos humanos, como os direitos das mulheres e a igualdade de género. É um fato preocupante e que exige um amplo debate. Os brasileiros têm uma escolha a fazer:  a aproximação aos países desenvolvidos (há muitos exemplos a seguir) ou o recuo civilizacional que o fará despencar para o nível das sociedades mais atrasadas. Em abstrato a escolha parece óbvia, mas...

Diálogo. Tolerância. Inteligência. Racionalidade. É disso que o país precisa neste momento.

É a dança da chuva.

Bolsonaro, a tortura, a sonegação de impostos, a democracia e outras barbaridades

POR ET BARTHES
Um filme com declarações muito interessantes de Jair Bolsonaro. Nenhuma delas abonatória. 



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Pesada





POR SANDRO SCHMIDT

Uma gestón tão boa que pôs Joinville na Europa


POR JORDI CASTAN
Joinville ganhou prêmio de mobilidade na Europa. #sqn
A Cidade de Joinville ganhou na Iniciativa Civitas como subcampeão do prêmio CIVITAS "Categoria I". E o melhor: a Comissão Europeia reconhece a cidade como uma das melhores da Europa para fazer uma verdadeira diferença para o bem-estar do cidadão europeu. É espantoso.

Tudo por causa da realização excepcional no campo do transporte urbano e representação ativa da Iniciativa CIVITAS. E ficou assim: através de uma clara liderança política e continuação da consulta com especialistas e partes interessadas locais, a cidade planejou, implementou e avaliou suas medidas de política de transportes com sucesso. Desta forma, a cidade provou ser um paradigma de excelência, inspirando e servindo de modelo para orientar e estimular o desenvolvimento de iniciativas de mobilidade sustentável na Europa. Entenderam?

E vai mais longe. “O Prêmio Civitas é uma oportunidade para destacar os esforços mais ambiciosos, inovadores e bem sucedidos no campo da mobilidade urbana sustentável. Os vencedores são apresentados como exemplos de excelência perante a imprensa com a esperança de que eles possam orientar e estimular cidades na busca da mobilidade sustentável”. Ainda estou tentando entender qual o mérito de Joinville e seu fantasioso PlanMOB para ganhar essa premiação. É claro que não podemos estar falando da mesma Joinville.

Primeiro. Porque esta Joinville daqui não está na Europa. Até pode ter uma pequena população de europeus que aqui chegaram, mas estamos localizados ao sul do Equador e somos parte do Brasil. Portanto, não somos nós.

Segundo. Porque mobilidade não é um quesito que dominemos ao ponto de merecer alguma premiação ou reconhecimento. Ainda menos europeu. Se o quesito avaliado fossem buracos, aí poderíamos ganhar fácil qualquer concurso de queijos, porque temos mais buracos nas ruas que num queijo suíço. Se o quesito avaliado fosse a imobilidade, aí também teríamos mais chances de levar algum prêmio ou menção. Porque aqui as coisas estão paradas. Olhe por onde olhar, não há nada que se mova, exceto as datas de entrega das obras públicas, que mudam sempre para a frente. E que nunca são entregues no prazo.

Terceiro. Porque dizer que o prêmio foi pelo estacionamento rotativo é pura ilusão. Os europeus que avaliaram as propostas, provavelmente estavam acreditando que o projeto apresentado era real. E o julgaram pelo que foi dito e não pelo que de fato acontece nestas terras. Faz uns cinco anos que Joinville não tem estacionamento rotativo. Premiar algo que não existe é premiar a ficção, a fantasia, a propaganda. Mas era só ter mandado aqui um avaliador independente e logo teriam percebido o engano.

Quarto. Fiquei horas tentando entender de que forma o plano de mobilidade joinvilense pode ter contribuído a fazer da cidade uma das melhores da Europa e, o mais interessante, para fazer uma verdadeira diferença para o bem-estar do cidadão europeu. Neste capítulo solicito a sua colaboração, porque me declaro incompetente. Alguém ajuda?

Quinto. Outorgar o prêmio porque “a cidade planejou, implementou e avaliou suas medidas de política de transportes com sucesso” é coisa de gente que não tem a menor noção do que é, como é e onde está Joinville. Mas a melhor de todas guardei para o final.

Sexto. O motivo pelo qual o prêmio não pode ter sido outorgado para esta vila. “A cidade provou ser um paradigma de excelência, inspirando e servindo de modelo para orientar e estimular o desenvolvimento de iniciativas de mobilidade sustentável na Europa”. Só alguém que não estivesse na plenitude das suas faculdades mentais ou que fosse estulto  poderia acreditar numa sandice destas.

Para não passar mais vergonha, o prefeito - ou quem quer que tenha ousado apresentar a candidatura ao prêmio -, devolva o certificado e tentemos esquecer quanto antes este triste episódio de parolagem e empulhação.

Ainda me atreveria a sugerir aos organizadores da Iniciativa Civitas que escolham um bom professor de geografia, porque estamos longe demais da Europa. Em termos geográficos mas, principalmente se olharmos para os aspectos excelência, referência, valores. Ou para servir de modelo. O único modelo que se me ocorre é como modelo de como não fazer.s




sexta-feira, 17 de novembro de 2017

"Não somos terroristas, somos defensores dos nossos rios"

POR DOMINGOS MIRANDA 
A luta pela água deverá ser o principal ponto de discórdia ao longo deste século. No Brasil, um dos países com maior potencial hídrico, os conflitos se avolumam nas regiões mais secas. No início de novembro, cerca de 500 agricultores do município de Correntina, no Oeste baiano, invadiram a Fazenda Igarashi, derrubaram postes de energia elétrica e colocaram fogo em máquinas e imóveis. A grande imprensa e autoridades afirmaram que foi uma ação terrorista. Uma semana depois, 10 mil pessoas, metade da população de Correntina, tomaram as ruas e afirmaram que a defesa do rio Arrojado não pode ser tachada como terrorismo.

Há cerca de 20 anos o Oeste da Bahia foi ocupado por grandes agricultores que utilizam o plantio irrigado. O caso da Igarashi gerou revolta por causa do abuso na captação da água. Por dia, a fazenda retira 106 milhões de litros de água do rio Arrojado enquanto as 7 mil residências da cidade de Correntina consomem diariamente 3 milhões de litros. As imensas tubulações que saem do manancial é a prova concreta do gigantismo da irrigação autorizada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

Os pequenos agricultores da bacia do rio Corrente dizem que há anos reclamam e que o governo não atende seus pedidos. Somente na região, oito pequenos riachos já secaram por causa da destruição do cerrado e das veredas para o plantio de soja e outros produtos rurais. 

Quatro décadas atrás o frei franciscano Luiz Flávio Cappio chegou às margens do rio São Francisco, na Bahia. Além de atender espiritualmente a população mais pobre, ele se transformou em um grande defensor do rio de integração nacional. Ao longo deste tempo o religioso, que agora é bispo da diocese de Barra, tem visto a redução na vazão do maior manancial da região. Ele diz que o dia que o rio São Francisco secar o sertanejo terá que fugir para outras regiões.

Dom Luiz Cappio se tornou conhecido nacionalmente porque fez duas greves de fome para protestar contra a transposição das águas do rio São Francisco. Ele explica que, ao invés de tirar água do rio, devemos revitalizar as suas margens. Trezentas nascentes que desembocam no rio São Francisco já morreram por causa da ação do homem.

Numa cidade como Joinville, com um índice pluviométrico bastante alto, a maior preocupação é com a captação de água para abastecimento. Há cerca de 20 anos foi criado o Programa SOS Nascentes que pagava um valor em dinheiro para os agricultores que protegessem a mata ciliar do rio Cubatão. Hoje este trabalho foi abandonado. Um grande empresário de Joinville comprou as terras nas nascentes dos rios Cubatão e Quiriri, que fornecem a água para o abastecimento da cidade.  Quem sabe, em um futuro não muito distante, ele poderá vender este líquido que a cada dia que passa torna-se mais precioso. Nós ainda não damos o devido valor a este bem que a natureza nos fornece gratuitamente. O pior, muitas vezes transformamos a água em esgoto.

Os indígenas são os maiores protetores do meio ambiente. Numa conversa com o cacique Ronaldo Costa, da aldeia Piraí, em Araquari, ele nos deixa uma lição: “Se um dia acabar a floresta, os rios vão secar e nós vamos acabar”. Não podemos deixar isto acontecer.

Foto publicada no blog Mural do Oeste



quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O que essa gente fazia para passar vergonha antes das redes sociais?

POR ET BARTHES
As redes sociais produziram pessoas estranhas. De repente qualquer um virou especialista em política, economia e sociedade. Um ator pornô que se sente à vontade para falar de educação. Uma professora universitária que teria dificuldades no ENEM. Uma jogadora que faz profissão de fé num notório corrupto. Um religioso que vive do dinheiro dos fieis e acha que tem moral para ditar regras. Uma jornalista que plagia textos de outros. Enfim, fica a pergunta: o que essa gente fazia para passar vergonha antes das redes sociais?




terça-feira, 14 de novembro de 2017

Lula deve morrer? Não, o que deve morrer é o “jornalismo” da Istoé

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Lula deve morrer. A manchete da Istoé correu como um rastrilho de pólvora e incendiou as redes sociais. Poderia ser apenas um título provocador, exagerado de propósito, para vender mais revistas. Mas não. Quem leu o artigo percebe que o desejo de morte é literal: essa gente quer mesmo que Lula morra. O artigo foi recebido com perplexidade e mesmo quem não gosta do ex-presidente achou que a revista foi longe demais.

Um texto a pedir a morte de um político (um ex-presidente) mostra o fosso de areia movediça em que se debate boa parte da velha mídia brasileira. Muita gente desejou, ao autor do artigo, o mesmo que ele pediu para Lula. Mas o buraco é mais em cima. O jornalista está apenas a ser a voz do dono, a fazer o trabalho sujo para os seus superiores. Afinal, um texto assim não sai para as bancas sem a concordância dos patrões.

A situação pede um olhar por trás da cortina. Haveria motivações menos evidentes? É lídimo imaginar que o pano de fundo é a sobrevivência da própria revista. Mais do que desejar Lula morto, a Istoé tenta permanecer viva. Há uma crise. Há informações recentes a dizer que, com a queda de Dilma Rousseff, a publicidade na Istoé cresceu 1.384%. Ou seja, ascensão de Michel Temer permitiu, à revista, ganhar algum fôlego financeiro.

Que tal um exercício de memória? Em 2015, a revista publicou um texto choramingas a acusar Dilma Rousseff de estar contra alguns meios da velha mídia. “Uma das estratégias para minar o fôlego dessas publicações é reduzir a verba publicitária a elas destinada pelo Governo Federal. Esta ação ganha a alcunha de ‘guerrilha política’, em um documento do Planalto que ficou conhecido esta semana”, dizia a Istoé, em tom de lamúria.

Qualquer pessoa familiarizada com o meio jornalístico sabe que os problemas financeiros da empresa editora da revista têm sido notícia ao longo dos anos. Impostos atrasados, dívidas a bancos, dívidas trabalhistas e até penhora de imóveis fizeram a pauta do noticiário nos últimos anos. O fato é que a revista luta para sobreviver. Mas onde é que Lula entra nessa história? A resposta é simples.

Sem as verbas publicitárias do Governo Federal – e das empresas na órbita da administração central de Brasília – a vida pode ficar ainda mais complicada para a publicação. Se Lula for eleito, a torneira das verbas publicitárias pode deixar de jorrar os milhões de reais. É essencial que Lula não possa concorrer. Se concorrer, é preciso que seja derrotado. Mas Lula diz que vai concorrer. E, para piorar, as pesquisas o põem na liderança.

É aqui que a porca torce o rabo. Se Lula não morrer, talvez morra a revista, que há muito deixou de fazer jornalismo (ao ponto de ser chamada “QuantoÉ”). O jogo de sobrevivência muitas vezes obriga ao ridículo. Não vamos esquecer que no ano passado a revista atribuiu o prêmio “Brasileiro do Ano” ao presidente Michel Temer. Não há argumento racional que sustente a escolha. A não ser, claro, um piscar de olho para as verbas publicitárias.

É óbvio. Não dá para viver só das vendas e dos leitores. A revista tem penetração num meio formado por antipetistas e alguns liberais (daqueles que não vivem sem as tetas do Estado). Mas esse público representa quase um nicho de mercado, formado por leitores pouco fieis e insuficientes para dar saúde financeira a qualquer projeto editorial. Portanto, sem verbas publicitárias – e eventualmente outras bondades governamentais – a coisa complica.

Enfim, Lula é um perigo para a Istoé. E por isso deve morrer.

É a dança da chuva.

P.S.: Para evitar mal-entendidos, como jornalista não desejo o fim de qualquer título, mas lamento que alguns estejam a matar o jornalismo.





Perdão


POR SANDRO SCHMIDT

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Evolução


POR SANDRO SCHMIDT


Como vai a cidade? Pergunte ao motorista de táxi...


POR JORDI CASTAN
Hoje mesmo de caminho para o aeroporto escutei as lamentações do motorista de táxi que me levava. Se queixava da má qualidade da obra da (mal) chamada duplicação da avenida Santos Dumont. O traçado, a péssima sinalização, o ritmo das obras, o perigo que representa trafegar por uma rua nestas condições. Não faltaram os impropérios comuns a quem, morando em Joinville, não consegue aceitar o nível de abandono, a má qualidade das obras e o descaso com a gestão da coisa pública.

Da cantilena para reclamar do novo atraso na data de conclusão das obras e, quase sem tomar fôlego, o motorista passou a se queixar do orçamento divulgado para a publicidade da Prefeitura. Na sua opinião, há dinheiro demais para obras e resultados de menos. Motoristas de táxi são bons indicadores da situação de qualquer cidade e permitem medir com precisão a temperatura política. Incomoda o cidadão comum que a verba usada para divulgar o pouco que se faz seja maior, na sua percepção, que o dinheiro investido nas próprias obras.


Com poucos minutos de viagem até ao terminal só deu tempo para escutar os comentários sobre a suposta ponte que o prefeito anda anunciando. Desde sua sabedoria, o chofer de táxi, vaticinou que a dita ponte não seria executada nem no prazo, nem pelo custo divulgado, nem seria seguido o projeto apresentado. Impossível discordar da sua leitura. Sem a menor credibilidade, perplexa, a gestão municipal passa os dias mergulhada na sua própria incompetência.

A conversa, que mais foi um monólogo, me fez lembrar da frase: "Quando os de cima perdem a vergonha, os de baixo perdem o medo". As críticas são tantas, tão comuns e tão frequentes que ninguém mais tem vontade de perder tempo discordando dos comentários. A única resposta é assentir e torcer para que acabe logo. E que na próxima eleição possamos ter a opção de votar num candidato que tire esta cidade do marasmo em que está mergulhada.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Ioga antipetista. Ideal para os anônimos...

POR ET BARTHES

A saúde pública, o conhecimento popular e o preconceito do gestor

POR DOMINGOS MIRANDA
O universo tem como característica a diversidade. A sociedade também segue este padrão, não é formada apenas por branco e preto, existem inúmeros outros matizes. E na saúde sabemos que é possível tratar as doenças do corpo e da mente das mais diferentes maneiras. O bom gestor não deve ter preconceito e colocar em prática todos os métodos possíveis. Duas cidades do Sul do Paraná – Rebouças e São João do Triunfo – deram um exemplo neste sentido. O serviço público de saúde criou carteirinhas para as benzedeiras e benzedores, permitindo que estes frequentem os estabelecimentos de saúde e que acompanhem os pacientes que desejarem o seu serviço. A população da vizinha Irati também está se mobilizando para alcançar o mesmo objetivo.

Isto não tem nada de anormal, falta apenas vontade política dos gestores. A Organização Mundial de Saúde, através da sua Declaração de Alma Ata, de 1978, deixa claro que é importante o aproveitamento dos saberes populares no atendimento primário de saúde. A Política Nacional de Práticas Alternativas, do Ministério da Saúde, já permite esta prática. No caso das comunidades do Paraná, isto aconteceu porque o povo se uniu em torno do Movimento Aprendizes da Sabedoria. O médico neurocirurgião Sérgio Felipe de Oliveira defende a presença das benzedeiras nos tratamentos e diz que “a força da fé é tremenda”.

No entanto há um outro lado importante desta prática religiosa. Quase todas as benzedeiras também trabalham com a fitoterapia, oferecendo de graça remédios feitos com plantas medicinais. Em um momento de crise profunda na economia, está aí uma boa solução para aliviar o bolso dos doentes e dos cofres públicos. A ciência já provou que as ervas curam, como faziam nossos avós no passado.

No entanto, como dizia o aclamado físico Albert Einstein, “é mais fácil quebrar um átomo do que derrubar um preconceito”. E isto é o que estamos vendo em Joinville. Em 2010 foi aprovada a Lei 6.774, de autoria do vereador Manuel Bento, que criava o Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O então prefeito Carlito Merss, com o apoio de outras entidades como a Pastoral da Saúde, começou a colocar em prática a fitoterapia na Secretaria de Saúde. Mas, a partir de  2012, no governo do prefeito Udo Döhler, o programa foi desativado. Por falta de incentivo, uma associação de pessoas que produziam remédios fitoterápicos deixou de existir. Quem mais perde com atitudes como esta é a população.

Em 2016, o deputado Darci de Matos encaminhou ofício à reitora da Univille,  Sandra Furlan, propondo que fosse estabelecido contato com a Universidade de Medicina Tradicional Chinesa, em Henan, cidade irmã de Joinville, no sentido de firmar um convênio. A universidade chinesa tem importantes trabalhos na área de fitoterapia e em Joinville temos um dos maiores laboratórios fitoterápicos do país. A Univille poderia ser um elo importante nesta parceria. Mas até hoje o parlamentar não obteve resposta.

Assim, caminhando na contramão de outras cidades que deixaram de lado o preconceito, Joinville abdica de usufruir dos benefícios de uma terapia alternativa tradicional, já testada pelos cientistas, pelos índios e por nossos antepassados. A fitoterapia tem custo barato, pois a natureza nos oferece de graça os seus ingredientes básicos. Mas, nossos gestores continuam teimosos, se recusando a enxergar uma saída para as dores da sociedade. Há cerca de dois anos foi feita uma pesquisa e 65% da população colocou a saúde como a principal queixa contra a prefeitura. Está na hora de atentar para este dado e aliviar o sofrimento do povo que depende do SUS.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Pobre


POR SANDRO SCHMIDT

Por que Judith Butler assusta os obscurantistas?

POR JANDIRA FERRAZ
“Queima, bruxa. Aqui no Brasil não”. Esta foi a proclamação feita ontem, em altos berros, em frente ao Sesc Pompeia, em São Paulo. Parecia o anúncio da chegada da Idade Média, mas não. A bruxa em questão – materializada num boneco queimada em termos simbólicos – é a pensadora Judith Butler, uma referência no estudo da teoria do gênero em todo o mundo.

Mas o que faz essa perigosa Judith Butler para provocar tamanha ira? Talvez a resposta comece pela própria descrição: “pensadora”, “filósofa”. Ah… nada assusta mais os obscurantistas que uma pessoa associada ao pensamento. E para os fanáticos do Brasil destes tempos tudo virou “ideologia de gênero”, tudo tem o objetivo de destruir os alicerces da família.

E que tal tentar entender o que pensa a filósofa? Um aviso: o texto que segue não pretende analisar a obra da professora norte-americana, mas apenas fazer uma recolha de algumas citações (quotes) facilmente encontradas na internet. Mas se são citações normais em qualquer universidade do mundo, não é a mesma coisa no Brasil, onde provocam medo.

- “Sempre fui uma feminista. Isso significa que eu me oponho à discriminação das mulheres, a todas as formas de desigualdade com base no gênero, mas também significa que exijo uma política que leve em consideração as restrições impostas pelo gênero no desenvolvimento humano”. 

- “O jornalismo é um lugar de luta política... Inevitavelmente”. 

- “Sem dúvida, o casamento e as alianças familiares do mesmo sexo devem ser opções disponíveis, mas convertê-las um modelo de legitimidade sexual é precisamente restringir a socialidade do corpo de forma aceitável”.

- “Qualquer que seja a liberdade por que lutamos, deve ser uma liberdade baseada na igualdade”.

- “Existe uma boa maneira de categorizar os corpos? O que as categorias nos dizem? As categorias nos dizem mais sobre a necessidade de categorizar os corpos do que sobre os próprios corpos”.

- “As pessoas se perdem no que leem, apenas para retornar a si mesmas, transformadas e fazendo parte de um mundo mais amplo".

- “Afinal, a justificativa para a luta está no campo sensorial. O som e a imagem são usados para nos recrutar para uma realidade e para nos fazer participar dela. De certa forma, toda guerra é uma guerra contra os sentidos. Sem a alteração dos sentidos, nenhum Estado poderia fazer a guerra”.

- “Também não acredito que a literatura possa nos ensinar a viver, mas as pessoas que têm dúvidas sobre como viver tendem a recorrer à literatura”.

- “A estrutura das crenças é forte ao ponto de permitir que alguns tipos de violência sejam justificados ou nem mesmo sejam considerados como violência. Assim, vemos que não se fala de assassinatos, mas de baixas, e que não se menciona a guerra, mas a luta pela liberdade”.

- “Se Lacan presume que a homossexualidade feminina é causada por uma heterossexualidade mal resolvida, como mostra a observação, não seria tão claro para o observador que a heterossexualidade provenha de uma homossexualidade mal resolvida?”

- “O amor não é um estado, um sentimento, uma disposição, mas uma troca. Desigual, repleta de história, fantasmas, anseios que são mais ou menos legíveis para aqueles que tentam se ver com a sua própria visão defeituosa”. 

- “Os papéis masculino e feminino não são biologicamente fixos, mas socialmente construídos”.

E então? Dá para achar que Judith Butler é uma bruxa?

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O mito e o mico: Bolsonaro vai ter aulas de economia “básica”

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O negócio é o seguinte. Segundo a imprensa, Bolsonaro está a contratar um professor para ter aulas de economia “básica”. Atenção, que nunca é demais repetir: “básica”. E tudo por causa daquele mico gigantesco na entrevista concedida à jornalista Mariana Godoy, na RedeTV. Há o risco de a notícia ser falsa. É difícil acreditar que Bolsonaro esteja disposto a estudar. Não faz sentido. A ignorância é a essência do “mito”.

A ser verdade, a civilização terá uma rara oportunidade de concordar com Bolsonaro. Quem não sabe estuda. Pena que a sua rude capacidade intelectual não lhe permita ir além do “básico”. Mas pode ser um precedente perigoso para o putativo candidato à presidência. Se ele está determinado a estudar as coisas em que é ignorante, então os professores terão muito trabalho para os próximos anos. Não é só a economia.

Bolsonaro deveria estudar história, geografia, administração, relações internacionais, antropologia, sociologia, educação física (lembram das flexões?), comunicação social, oratória, direitos civis, cultura e tantas outras áreas onde já demonstrou ser olimpicamente ignorante. Mas se Bolsonaro não for estudar há uma saída: estudar Bolsonaro. Afinal, quem já estudou semiologia sabe que o mito é distorção da realidade. Faz sentido. 

O problema para Bolsonaro, se for mesmo estudar, é o risco de perder votos. Afinal, expressiva parte do seu eleitorado é formada por gente que aposta no obscurantismo e que não cansa de dar provas de fé no anti-intelectualismo. Ou seja, o “mito” só existe para pessoas que rejeitam o conhecimento, as luzes e a modernidade. Se introduz a ideia de estudo no seu perfil, Bolsonaro arrisca-se a quebrar os elos que o unem ao eleitorado.

Mas no frigir dos ovos, o candidato já  proporcionou um dos momentos mais antológicos da televisão nos últimos tempos. A reação perplexa da jornalista Mariana Godoy ao ouvir Bolsonaro a trucidar a história e elogiar os governos militares. Uma interjeição simples, formada por apenas duas simples letrinhas, é a melhor definição das qualidades intelectuais de Bolsonaro. E vale também para os seus seguidores.

- Oi!?!?!?!?!?

Está tudo dito.

É a dança da chuva.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Udo quer ser governador? Quer sim... e quer muito


POR JORDI CASTAN
Começou o debate. O prefeito Udo Dohler quer ou não quer ser candidato a governador? É um debate sem fôlego e que acaba antes mesmo de começar. Porque ele quer sim. Acrescentaria que quer muito. Quer mais do que quis ser prefeito. O poder inebria e, depois da sua reeleição, o prefeito já acredita que ganhou o pleno direito de ser o candidato do PMDB ao governo do Estado.

Até acredito que não seria tão ruim para Joinville a sua candidatura, ainda que pouco provável. Há quem defenda que, caso eleito, poderia não fazer em Santa Catarina tudo o que não fez em Joinville. Dois pontos merecem destaque aqui. Vejamos:

1. O primeiro é que, para boa parte do Estado, não seria possível identificar uma mudança significativa entre a inoperância do atual governo estadual e a nova advinda do prefeito de Joinville.
2. A segunda é que a inoperância, que hoje fica restrita a Joinville, ganharia dimensão estadual.

Nenhum dos dois pontos parece ser suficiente para alavancar sua candidatura. Pelo contrário. Parecem pouco meritórios e é fácil acreditar que, até dentro do seu partido, haja meia dúzia de nomes acreditando piamente que podem fazer mais e melhor.
 Mas há uma questão interessante.

Caso se confirmasse a candidatura de Udo Dohler, os joinvilenses redescobririam a importância do vice. Até agora o major Nelson Coelho tem sido uma figura decorativa na administração municipal. Ao assumir a Prefeitura teríamos a oportunidade de conhecer o trabalho e a capacidade do nosso vice-prefeito, hoje num papel opaco por causa do "excelente" trabalho realizado pelo omnipresente prefeito.

Aliás, nesse caso seria mais fácil mostrar os logros e os resultados desta gestão. Assim os eleitores catarinenses saberiam o que esperar de Udo Dohler como governador.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Ideologia de gênero: muita confusão para nenhum benefício

POR DOMINGOS MIRANDA
A ideologia de gênero tomou proporções inimagináveis há pouco tempo por causa dos grandes debates entre progressistas, de um lado, e conservadores e religiosos, de outro. Sempre achei esta questão de querer evitar a definição de sexos entre crianças uma grande estupidez. No entanto, evitava entrar nesta discussão para que não achassem que eu estaria no mesmo barco que estes trogloditas como o pastor Silas Malafaia ou o deputado Marcos Feliciano. Mas, depois que descobri o documentário “O Paradoxo da Igualdade”, do jornalista, humorista e sociólogo norueguês Harald Eia, achei que não podia me calar, mesmo que muitos amigos fiquem bravos comigo. 

Imagino que a ideologia de gênero seja como uma arapuca, armadilha que nós crianças usávamos para capturar aves. Colocávamos uma isca apetitosa para atrair a vítima e capturá-la. Esta nova ideia que agita a sociedade usa como isca a luta pela igualdade entre homem, mulher e o segmento LGBT. Muitos progressistas embarcam por esta estrada, esquecendo um velho ditado: “O caminho do inferno está calçado de boas intenções”.

Este debate serve aos interesses da direita. Veja o que aconteceu na semana passada, onde parcela importante da nossa riqueza petrolífera foi entregue a preço de banana para empresas estrangeiras, em um leilão espúrio. Diante de um momento tão tenebroso, o que a sociedade estava debatendo com maior furor? A ideologia de gênero. Em Blumenau, a Câmara de Vereadores ficou lotada para acompanhar um projeto de lei sobre o assunto. No plenário, os dois grupos, contra e a favor, quase saíram no tapa.

Todo assunto comportamental gera enorme polêmica em nossa sociedade e os setores religiosos mais conservadores se pontificam na crítica. Não devemos confundir a educação sexual com a ideologia de gênero. A primeira é um ensino normal nas escolas, como outras matérias e que visa orientar os estudantes sobre sexualidade. Já a segunda prega que a criança não deve ter definido se é menino ou menina. É uma teoria sem base científica. Seus defensores alegam que, agindo assim, poderia se evitar, futuramente, preconceitos contra o sexo feminino e o grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).

A esquerda se isola ao adotar a defesa desta tese, pois a igreja católica, importante aliada na luta contra o golpe que afastou Dilma do poder, é totalmente contra a ideologia de gênero. Aqui não quero entrar no aspecto religioso, mas pesquisas científicas realizadas ao redor do mundo têm demonstrado que cada gênero tem propensão diferente para certas profissões. Portanto, não é abolindo a definição de sexo que a total igualdade de gênero seria conquistada.

Acho que a ideologia de gênero serve aos interesses da direita porque camufla a verdadeira luta para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Esta equiparação só será conseguida com muita luta depois de mudar a estrutura de dominação na sociedade, não só de classes, mas também de gêneros. Ao desviar a mira do verdadeiro inimigo os dominadores continuarão reinando por mais tempo. Se fosse tão simples fazer esta revolução, apenas não definindo o sexo das crianças,  a verdadeira igualdade poderia aparecer num passe de mágica. Mas milagre não existe, infelizmente. Vale a pena assistir o documentário  “O Paradoxo da Igualdade” para tirar as suas conclusões.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

O repórter fodão, o guarda e a liberdade de imprensa

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
"’Tu quer ser o repórter fodão? Bota a mão na cabeça’, me disse um guarda municipal de Joinville na tarde deste domingo. Isso aconteceu depois que fiz fotos de dois guardas revistando seis jovens no jardim do Museu de Arte de Joinville (MAJ). Estou bem, mas desconfiado de que há agentes que não simpatizam com a liberdade de imprensa na cidade. Será que estou exagerando? O que vocês acham? Já presenciaram situações parecidas?”

O relato é do repórter Alex Sander Magdyel, o tal “fodão”. O episódio ficou quase restrito às redes sociais e pouco mais. Infelizmente. Porque a fraca repercussão midiática não está em linha com a seriedade dos fatos. Em qualquer democracia, o caso seria motivo para ações visíveis e inequívocas das autoridades, neste caso o poder público municipal. Em Joinville, todos sabemos, vai ser um simples “fait divers” e cair no esquecimento.

Não se enganem. O caso é grave. Não apenas pela agressividade contra o repórter, mas pela resposta frouxa dos inquilinos da Prefeitura. A reação resumiu-se a uma nota de 12 pontos, na qual 11 são uma defesa dos policiais e o outro é pura miopia. É quando diz que “em momento algum foi cerceado o direito à liberdade de imprensa”. Errado. Apontar uma arma taser e revistar a mochila do repórter configura um caso claro de agressão à liberdade de imprensa.

Mas discutir liberdade de imprensa em Joinville é jogar palavras ao vento. E a nota é a melhor prova disso. Tímida. Burocrática. Tediosa. Quem lê fica com a sensação de que o redator já estava de pijama, pronto para dormir, quando foi obrigado a sair da cama para escrever o texto. Entende-se. Para o poder, o tema da liberdade de imprensa é sempre uma chatice. Para os jornalistas, é como os discos voadores: todos ouviram falar, mas nunca viram.

Todos sabemos que o ambiente da comunicação não é democrático. Nem no país, nem em Joinville. Qualquer jornalista conhece o poder das verbas publicitárias e o efeito dos telefonemas para as redações. É um vício de décadas. Mas este momento é diferente e pede reflexão. É preocupante quando a autocracia ganha força muscular. E porta armas. O risco não é apenas para a liberdade de imprensa, mas para toda a sociedade.

É a dança da chuva.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Fodão



POR SANDRO SCHMIDT

Pré-sal: Temer amputa o Brasil e hipoteca o futuro dos brasileiros

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Michel Temer comemorou o resultado dos leilões para a exploração dos campos de petróleo do pré-sal, realizados na semana passada. O presidente disse que o país agora entra num novo ciclo de crescimento econômico e, ao mesmo tempo, acenou com a criação de 500 mil novos empregos. O negócio garantiu ao governo uma arrecadação de 6,15 bilhões de reais em bônus (abaixo do esperado). Michel Temer tenta passar a ideia de que a entrega do pré-sal aos estrangeiros foi um negocião.

Só que logo a seguir a revista “Exame” tratou de jogar água no chope de Temer, com uma manchete até irônica: “pré-sal arrecada 1/5 do que Temer gastou para escapar de denúncia”. Segundo a revista, a grana que entra para os cofres públicos cobre parte ínfima do buraco financeiro. Não dá para comemorar, claro. Mas o que está em jogo não são os números. É o entreguismo. A corja do golpe está a entregar o Brasil de bandeja. E os brasileiros permanecem em estado de catatonia. 

Entreguismo é a palavra do momento. É possível que muitos não saibam, mas há muito tempo a expressão é vista como um conceito ideológico, com repercussões nos planos político, social e econômico. O entreguismo é um mal do tal terceiro mundo e consiste na entrega das riquezas nacionais para a exploração de outros países. Gente com outros interesses. A desnacionalização de certos setores estratégicos para as economias nacionais faz parte da estratégia. É a tragédia de um passado colonial que nunca acaba.

A entrega do pré-sal põe a nu a lógica do entreguismo. Deixa claro que as elites lesa-pátria estão do lado dos estrangeiros. Temer e a sua catrefa podem insistir nessa tecla, mas nenhum negócio é aceitável se representa um golpe na soberania nacional. E quem ainda tem na memória o escandaloso processo de privatização da Vale do Rio Doce sabe do que estamos a tratar: uma das empresas mais valiosas do patrimônio público é vendida a preço de banana. Mas logo a seguir não pára de dar lucro aos compradores.

Mas não se ouve uma única panela. Porque muitos brasileiros, em especial a classe média, vivem o delírio de um estado mínimo e um pretenso liberalismo. O problema é que a maioria não faz a mínima ideia do que está a falar. E nem percebe que está a ser envolvida por um tipo de “ideologia”. Por quê? Porque o discurso, feito a partir da colagem de clichês surrados, é fácil de absorver. Tão fácil que até os analfabetos mirins do MBL, por exemplo, conseguem passar por inteligentes.

O país está nas mãos de gente disposta a entregar os anéis, mas também os dedos. Não se iludam, porque não estamos a falar de estratégias políticas ou econômicas. Estamos, isto sim, a tratar de simples entreguismo, autênticos crimes de lesa-pátria. Há quem não consiga enxergar, mas quando o “gigante acordar” a sério vai ver um Brasil amputado nas suas riquezas. E com o futuro dos brasileiros hipotecado. Eis a ironia: quem alertou para a sacanagem foi tachado de “petralha, bolivariano, esquerdopata”. Mas quem avisa...

É a dança da chuva.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Economizar? Ah ah ah. O pessoal da "gestón" está de brincadeira...



POR JORDI CASTAN
Dizem que uma imagem vale por mil palavras. Então, hoje temos aqui um texto quase do tamanho de "Os Lusíadas". Sei que a leitura pode ficar enfadonha para alguns, mas escutar as queixas constantes sobre a falta de dinheiro e a falta de gestão já ficou chato. Assim, nada melhor para mostrar que não há mesmo é gestão, porque há dinheiro para jogar fora. Podem até achar que não há vergonha. Eu acho que há. Mas esses que ai estão nunca a usaram. 



Ah! Não esqueça de pagar todos seus impostos e taxas direitinho, porque o "bicho" está sempre esfomeado e quer mais dinheiro para seguir gastando. Da maneira que você viu nestas imagens...