POR JORDI CASTAN
É uma característica típica das pequenas vilas do interior
desenvolver animosidade e preconceito contra todos aqueles que vieram de fora
ou não nasceram aqui. Em Joinville, como toda boa cidade de interior que se preze, vez por outra arrefecem este
tipo de sentimentos.
O “ele/ela não é daqui” é uma forma de segregar e de
identificar estigmatizando. Há nesta crítica a todo aquele que não é local,um sentimento de medo, de aversão, mas principalmente de
insegurança. É esta insegurança a que cria desconforto nos nativos. Estranhos
representam perigo. Porque dos nativos, sejam eles amigos ou inimigos, sabemos
o que esperar e por tanto como reagir.
Não sabemos como lidar com o que nos é estranho. É impossível prever como agirão frente às nossas ações e isso os faz imprevisíveis. É esta imprevisibilidade a que cria desconforto, insegurança e preocupação. Nada molesta tanto para um local que aquilo que lhe é estranho, diferente.
Não sabemos como lidar com o que nos é estranho. É impossível prever como agirão frente às nossas ações e isso os faz imprevisíveis. É esta imprevisibilidade a que cria desconforto, insegurança e preocupação. Nada molesta tanto para um local que aquilo que lhe é estranho, diferente.
O não saber faz que os locais se sintam ignorantes.
Ignorantes por não saberem como reagir aos perigos que os estrangeiros representam,
sem saber optam sempre por pressupor o pior. E o pior é sempre perigoso, uma
ameaça. Assim, no primeiro momento sentem-se ignorantes e esta ignorância se
transforma em impotência, por não saber como lidar com eles.
Ignorância e impotência são condições humilhantes, incômodas, impróprias de alguém que nasceu aqui. Ao deixar os locais sem saber como agir, os estranhos se convertem num elemento perturbador da sociedade. Bárbaros que trazem outros hábitos, costumes, outras formas de se alimentar, de se vestir ou de se expressar. Ante a impossibilidade de fazê-los desaparecer, é preciso minimizar sua presença. E, se possível, neutralizar a influência dos estranhos para recuperar a tranquilidade tão prezada pelos locais.
Ignorância e impotência são condições humilhantes, incômodas, impróprias de alguém que nasceu aqui. Ao deixar os locais sem saber como agir, os estranhos se convertem num elemento perturbador da sociedade. Bárbaros que trazem outros hábitos, costumes, outras formas de se alimentar, de se vestir ou de se expressar. Ante a impossibilidade de fazê-los desaparecer, é preciso minimizar sua presença. E, se possível, neutralizar a influência dos estranhos para recuperar a tranquilidade tão prezada pelos locais.
Por isso é tão forte o desejo de que essa gente estranha seja isolada,
excluída, barrada, impedida de ameaçar a forma de vida e os valores locais.
Nada é tão precioso nas pequenas vilas do interior como a segurança
que proporciona o saber. Saber quem, saber quando, saber aonde, saber com quem.
Saber como cada um reagirá ou responderá a cada uma das nossas ações e
comentários. É o desconhecido o que assusta. É o que não sabemos que nos
amedronta. O que ignoramos é o que mais tememos.
Tem gente forasteira que ousa criticar a nossa vila. Pior
ainda tem a ousadia de questionar o nosso prefeito, um homem tão bom e tão
trabalhador, que acorda cedo e vai à missa todos os domingos. Gente assim não
pode ser daqui. Não nasceu aqui. Se tivesse nascido aqui saberia que há
sobrenomes que não se questionam. Que esta vila é o que é porque os fundadores
assim a fizeram, com o seu esforço e o seu trabalho. Que esta é a nossa
idiossincrasia. Que aqui somos de baixar a cabeça e trabalhar.
Que ordem do patrão não se questiona, só se obedece. Que quem pergunta muito não
é bem visto. Como pode ser que as pessoas não entendam?
É compreensível ver o aumento de comentários xenófobos nas
redes sociais. Frases do tipo: “Se não gosta daqui por que veio?”. “Não
critique, se não gosta, vá embora”. “Se a sua cidade era tão boa, por que não
ficou lá?”. Compreensível não quer dizer, de modo algum, que seja tolerável. É
preocupante que convivamos com este tipo de atitudes que lembram outras épocas,
aquelas em que se dizia abertamente: “ame-o ou deixe-o”.