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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O legado de Colombo para Joinville

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Com as eleições de 2014 chegando, está na hora de algumas figuras políticas prestarem contas perante a sociedade. O político que precisa dar mais explicações à comunidade joinvilense é o atual governador Raimundo Colombo. Fugindo da discussão muito comum de que "Joinville é a maior cidade e merece mais do que as outras", pretendo, de forma introdutória, analisar o que Colombo deixa como legado para nossa cidade nestes seus quatro anos de governo.

Sendo assim, não existe, em minha avaliação, um governo estadual com resultados tão patéticos para a nossa cidade, superando inclusive as gestões LHS. Escrevo isto pois não é admissível, só para começar, que uma cidade tenha tantas escolas estaduais interditadas durante tão pouco tempo. Antes das aulas começarem em 2013, por exemplo, nove escolas estaduais estavam interditadas na cidade, sem condições de receber aulas. A atual gestão também fechou escolas, como o caso da EEB Monsenhor Scarzello. Soma-se as péssimas condições das escolas, e mais 4 anos sem a construção de nenhuma nova unidade estadual de ensino, mesmo que a população tenha avançado no período. Sem contar a greve dos professores em 2011 que durou 62 dias. Como lembrança, o ex-Secretário da pasta (Marco Tebaldi, de Joinville) é um político com extensa ficha suja.

Raimundo Colombo também é o gestor responsável pelo sucateamento da UDESC Joinville, por mais que isto seja um processo de muitos anos que vem piorando. Não houve, nestes últimos anos, um planejamento para que o campus fosse reformado ou que tivesse um plano de expansão de cursos e de infraestrutura. Um curso novo foi criado, mas os professores tiveram que "passar o chapéu" até acharem salas disponíveis para as aulas.

Colombo é o governador responsável pelos desastres ocorridos nas duas unidades de saúde em que o estado é responsável na cidade: Hospital Regional e Maternidade Darcy Vargas. No Regional, faltou água quente no chuveiro e uma pessoa morreu por falta de leito. Na maternidade, muitas denúncias na imprensa de que médicos estariam forçando mulheres a realizarem partos sem consentimento, e também foi noticiada uma carta de reclamação da classe médica para o Ministério Público, denunciando a falta de condições de trabalho. Tudo sob gestão de Dalmo Claro de Oliveira, "doutor", indicação de seus correligionários de Joinville, e com larga experiência na gestão da Unimed.

O binário do Vila Nova demorou anos para sair do papel. A morosidade das obras deveu-se, em grande parte, pela falta de verbas estaduais. E logo após a inauguração da obra, vários moradores reclamaram de que buracos e outros problemas estavam surgindo na via. Em nenhum momento Colombo conversou com os moradores, ou recebeu algum representante destes em seu gabinete.

Por outro lado, Colombo se mostrou como o governador das entidades empresariais, contrariando seu discurso de campanha em 2008, quando dizia que queria ser o "governador das pessoas". Até Esperidião Amin ouvia mais a comunidade joinvilense. Colombo foi constante nas reuniões e importantes solenidades de entidades como ACIJ, CDL e Ajorpeme. Entre discursos vazios e promessas para os empresários (como a duplicação da Avenida Santos Dumont), uma cidade com centenas de demandas sociais sem resolução.

O que acontece em Joinville certamente não se resume somente a esta lista que é apenas um debate inicial. E certamente não é uma realidade exclusiva desta cidade, pois representa problemas seguidamente noticiados em outras cidades e outras regiões de Santa Catarina, e cada um com sua peculiaridade. A patetice é tamanha que nada parece ter acontecido, de acordo com o conteúdo das primeiras semanas da campanha do atual governador. O legado, infelizmente, é de histórias tristes para a comunidade. Nada mais do que isto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Mais do mesmo

POR CLÓVIS GRUNER

Na manhã seguinte à morte de Eduardo Campos, me perguntavam no programa de rádio onde, quinzenalmente, participo como comentarista, quais os eventuais desdobramentos de seu desaparecimento na campanha eleitoral. Ainda era muito cedo para qualquer prognóstico seguro, mas procurei destacar a dificuldade em consolidar sua candidatura como uma “terceira via” aos petistas e tucanos. Indagado sobre seu eventual sucessor ou sucessora, disse ainda que não vislumbrava outra alternativa aos “socialistas” além de indicar a vice, Marina Silva, como a nova candidata. Passada uma semana e com a candidatura de Marina Silva confirmada pelo PSB, não acho que meus comentários tenham sido despropositados.

O falecimento precoce de Eduardo Campos deixou em aberto se sua candidatura conseguiria, efetivamente, apresentar-se como uma alternativa aqueles eleitores que, descontentes com a bipolarização entre PT e PSDB, ainda assim pretendem escolher seu candidato dentro de limites ideológicos e programáticos mais convencionais. A nos pautarmos pelas pesquisas eleitorais, Campos não conseguira ir além de um acanhado terceiro lugar e havia, a meu ver, dois problemas que sua candidatura precisaria superar.

O primeiro era o caráter por demais regional de sua liderança. Mesmo que herdeiro de um espólio político significativo, o do avô Miguel Arraes, o ex-governador pernambucano enfrentava dificuldades para “nacionalizar” seu nome. Em parte porque, diferente de Aécio Neves, com trajetória em muitos aspectos similar, protelou tempo demais o necessário investimento para fazer-se conhecido além de seu estado e região. Além disso, Campos se viu enredado em uma dupla caracterização desabonadora às suas pretensões políticas. No discurso do PT ele passou a ser apontado como uma espécie de “sub-Aécio”; para o PSDB, sua passagem pelo governo petista era o pretexto ideal para colar nele o estigma da continuidade. Espremido entre petistas e tucanos, não teve estofo político para posicionar-se como liderança alternativa; era, independente do ângulo por onde o olhássemos, mais do mesmo. Jamais saberemos se, com a propaganda eleitoral e os debates, isso mudaria de forma significativa. Particularmente, acho que não.

O FATOR MARINA – Diante do inusitado que foi a morte de seu candidato, o PSB optou por confirmar o que, desde as primeiras horas após o acidente, já era cogitado. A indicação de Marina Silva como candidata à presidência foi confirmada, tendo o deputado federal e líder da bancada do partido na Câmara, Beto Albuquerque, como seu vice. A entrada de Marina na corrida presidencial embaralhou a disputa, o que já é alguma coisa em uma campanha que seguia morna, no limite da estagnação.

A reação raivosa de aecistas e dilmistas, incluindo o uso despropositado e infeliz de sua imagem no velório do ex-correligionário, deu o tom: pela primeira vez em meses, surge efetiva a possibilidade de um segundo turno; e Aécio Neves não está nele. Tucanos e petistas tem motivos para se preocupar: as primeiras sondagens indicam um empate técnico entre Dilma e Marina, e se Aécio corre o risco de ver naufragada suas ambições presidenciais, Dilma também precisa repensar estratégias se quiser continuar no Palácio do Planalto por mais quatro anos. Claro que a arrancada de Marina Silva está, em parte, ligada à comoção pela morte de Eduardo Campos; com o passar do tempo e acomodadas as manifestações emocionais mais imediatas, as reações podem ser outras.

Mas Marina não tem a seu favor apenas a tragédia que ceifou a vida de seu antecessor. A meu ver ela encarna melhor, para o eleitor médio, a tal “terceira via”, e pode apresentar-se como uma alternativa à bipolarização partidária que mencionei acima. Apesar de ter militado no PT por duas décadas, inclusive ocupando um ministério no governo Lula, ela conseguiu se descolar de maneira eficiente do antigo partido e do governo, principalmente depois de sua bem sucedida candidatura em 2010, quando obteve o terceiro lugar e algo em torno de 20 milhões de votos – pouco mais de 19% do total. Além disso, figura conhecida em todo o país – e isso é importante em uma eleição presidencial – ela não precisará “nacionalizar-se”, algo fundamental já que sua candidatura surge algo tardiamente em relação à de seus principais adversários.

FRAGILIDADES E CONTRADIÇÕES – Mas o “fator Marina” não foi submetido ainda ao crivo da campanha, onde suas fragilidades e contradições serão amplamente exploradas e expostas pelos seus dois principais adversários, como bem observou meu colega de blog, José António Baço. Em 2010, sua candidatura não representava uma ameaça a nenhum dos dois projetos em disputa; agora, ela ameaça ambos, e isso não escapará aos estrategistas do PT e PSDB. Neste sentido, os 20 milhões de votos conquistados na última eleição podem não garantir muita coisa, porque o contexto é radicalmente outro.

E não apenas o contexto: a Marina Silva de hoje também não é a mesma, porque sua trajetória algo acidentada levou-a a fazer escolhas que podem comprometer a pretensão de apresentar-se como candidata alternativa. A começar por sua filiação ao PSB, problemática para dizer o mínimo: é amplamente conhecido que seu projeto partidário, a Rede Sustentabilidade, continua de pé, e é uma posição oficial de suas lideranças que a filiação aos “socialistas” é apenas transitória. Além da urgência oportunista de quem não pode esperar mais quatro anos para lançar-se à frente de seu partido e defendendo um projeto próprio e original, o PSB vive a situação algo esquizofrênica de franquear uma candidatura que, talvez, abandone o partido depois de e se eleita.

Além disso, a crescente exposição nos futuros embates eleitorais colocará Marina Silva diante da tarefa de se posicionar, de maneira mais firme e transparente, frente a temas sobre os quais sempre tangenciou, na melhor das hipóteses. Os eleitores precisam saber – embora a maioria aparentemente não se importe muito com isso – o que uma candidata com chances reais de vir a ser presidenta pelos próximos quatro anos pensa, e quais políticas pretende implementar caso eleita, sobre temas como educação, saúde, violência e segurança pública, direitos humanos, laicidade do Estado, política externa, dívida pública, privatizações, desenvolvimento sustentável, política econômica etc... Em parte por sua posição coadjuvante, Marina Silva sempre passou ao largo desses temas. Agora não dá mais.

MUITAS PERGUNTAS – E talvez resida aí, nessa necessidade de exposição, o principal risco a comprometer o “fator Marina”. Porque do pouco que se sabe, o que se depreende são posicionamentos frágeis e ambíguos sobre temas importantes: como Marina Silva, uma vez presidenta, lidará, por exemplo, com o desmatamento, tema caro aos ecologistas, tendo como vice um dos principais representantes do agronegócio no Congresso Nacional? Quais serão as alianças que pretende firmar para assegurar a governabilidade, já que a atual, capitaneada por PSB e PPS, parece não ser sólida o suficiente para governar sem o recurso aquelas mesmas concessões que ajudaram a comprometer irremediavelmente parte do projeto petista? Sendo o PPS um partido que nos últimos anos viveu à sombra do PSDB, aliado de todas as horas do DEM, teríamos em um eventual governo Marina Silva a volta de setores da direita hoje na oposição?

A trajetória de Marina está diretamente ligada às demandas ecológicas, e uma das razões de sua ruptura com o governo petista foi, justamente, sua posição minoritária como ministra do Meio Ambiente frente ao incremento da política neodesenvolvimentista da então ministra Dilma Rousseff. Como ela pretende conciliar estes interesses com os da retomada da produção e do crescimento industriais? Ela manterá a promessa, feita por Eduardo Campos, do passe livre nacional para estudantes? No passado recente, a então senadora defendeu Marco Feliciano quando este, à frente da Comissão de Direitos Humanos, foi duramente criticado por ativistas principalmente do movimento LGBT. Evangélica e sabidamente contrária ao casamento homoparental, Marina destravará a pauta dos direitos humanos e das minorias ou permanecerá arredia frente à necessária e urgente laicidade do Estado? Há muitas incógnitas. Não sei se Marina Silva tem condições ou pretende responder a todas elas. Pessoalmente, duvido.

Porque apesar do momento particularmente agudo em que foi alçada à condição de presidenciável, e da intenção de apresentar-se como a “terceira via”, acredito que parte da novidade que ela pretende representar advém, justamente, da ausência de novidade: seja por seu percurso político mais recente; pelas alianças já forjadas para assegurar sua candidatura; pelas posições ambíguas e mesmo vacilantes sobre temas controversos, entre outras coisas, Marina Silva é incapaz de extrapolar os limites de uma candidatura convencional – no que segue, aliás, o caminho já trilhado por Eduardo Campos – e sua presença nestas eleições está bem ao gosto de eleitores que, para tudo mudar, não pretendem mudar absolutamente nada. Na prática a teoria é outra, e Marina Silva é só mais do mesmo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Eduardo Campos: para além do ódio internético, que rumo toma a disputa eleitoral?

 POR CAROLINA PETERS

Pesquisa Datafolha registrada em 13/08/2014
Não dá nem tempo do corpo esfriar. Pauta se manipula quente. A Globo ainda enrolava a audiência para liberar a informação da morte do presidenciável Eduardo Campos quando na CNN analistas já palpitavam sobre a entrada de Marina Silva no pleito e os impactos do acidente na corrida presidencial. Nem o Datafolha perdeu tempo. Na noite de ontem, já estava no site do TSE o registro de uma pesquisa que será realizada por telefone no dia de hoje com Marina candidata, e uma pergunta bônus: qual caminho você acha que o PSB deve tomar.

Dessas coisas que não é na primeira manchete na timeline do facebook que a gente acredita. E no dia da morte do avô, Miguel Arraes?! Dá pano pra manga dos conspiracionistas!

Dos conspiracionistas, e da gente sem noção. Toda sorte de pseudojornalistas e comentaristas das redes sociais e canais de notícias. Sempre tem o homem que viu e emocionado quer contar em rede nacional dos corpos dilacerados, carbonizados, com todos os detalhes que o repórter permite. E sempre uma senhorinha assustada. Neste episódio, conhecemos a simpática D. Roseli, moradora de Santos, que pensou estar presenciando o fim do mundo ao ver a aeronave em chamas planar próxima à sua janela:

“Meu Deus, mais um desses meteoros!”

“Depois de morto, todo mundo vira santo”, sempre diz papai. As demais candidaturas pausaram suas campanhas em luto, mas o meteoro de Eduardo Campos cai em cheio no horário político, que se inicia na próxima semana. E o bode logo estará nas salas de estar dos brasileiros.

É com o início da propaganda televisiva que o bicho pega. As alianças fisiológicas entre legendas para aumentar seu tempo de propaganda não acontecem sem um cálculo eleitoral apurado. Apesar do avanço dos smartphones e da grande presença dos brasileiros no facebook, a televisão é ainda a principal fonte de informação durante a campanha e decisiva para a escolha do voto da maioria dos brasileiros.

A chapa Eduardo-Marina foi capaz de um programa econômico mais liberal que o tucano, que ainda pisa em ovos e se rebola para manter sua base nos setores médios enquanto tenta ganhar o voto das famílias mais pobres (renda familiar mensal de até 5 salários mínimos), as quais ainda têm presente a lembrança pesarosa dos anos FHC, e que sempre foram, por sua extensão, o setor decisivo no resultado da disputa do Planalto. Será Aécio mais agressivo, afim de ganhar os antigos simpatizantes do partido que optaram nessas eleições por Campos, mas não se convencem do discurso um tanto etéreo de Marina Silva? Dilma será capaz de levantar essa bola e buscar bloquear Marina Silva e seu discurso “novo”, o mais do mesmo que Dilma já administra bem, quiçá um tanto piorando? E a esquerda, em particular a candidatura de Luciana Genro, será suficientemente incisiva e cirúrgica para ganhar a confiança deste eleitorado fragilizado pela tragédia que busca uma alternativa viável, ao mesmo tempo em que traz à baila o finado aliado de Marina para disputar um voto progressista que não se transferiria para Eduardo Campos? (Bem, já estou supondo e aceitando que Marina substitua Eduardo na disputa.) Valerá o ditado latino "dos mortos não se fala"?

Emfim, é sempre desejável, mas será possível, agora mais que há uma semana, uma eleição presidencial em que a Política e os projetos de desenvolvimento para o país, voltem a dar a tônica do debate? Digo, acima dos malabarismos feitos com a política de varejo (e talvez agora, cruelmente com o luto alheio) para ganhar um ou outro setor. Será?

Mas tudo isso é especulação. O que sobra de certeza é que a luta política nunca pode nos tirar a humanidade, que todo acidente é lamentável e não se justifica desejar a morte aleatória de um outro alguém. Cada família e amigo dos envolvidos no acidente, os pilotos, passageiros, moradores e transeuntes, sabe a dor que sente por sua perda.

ERRATA: A pesquisa citada foi registrada pelo instituto Datafolha, não IBOPE, como anteriormente mencionado.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Fernanda M Pompermaier



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Acho meio descabido eu morando há 3 anos e meio a 11 mil quilômetros de distância de Joinville, estar declarando meu voto nas eleições por aí. Ainda não posso votar por aqui, e nem sei como fazer para votar nas eleições brasileiras. Sei que brasileiros que moram no exterior estão dispensados de todas as eleições, exceto a de Presidente da República. Pretendo votar, provavelmente na embaixada que fica em Copenhagen. Veremos.

Sou filiada ao PSOL, e não apenas por esse motivo, voto na Luciana Genro.

Os motivos pelos quais me filiei ao Partido do Socialismo e Liberdade são inúmeros: comprometimento com a pauta de direitos humanos, acreditar numa reforma política, possibilidade de melhorar a distribuição de renda através de imposto progressivo, fim dos enormes caixas de campanha, entre outros. Moro num país que tem uma exemplar igualdade social e isso não foi conquistado de graça. A Suécia já foi pobre, já foi exclusivamente monárquica, já foi socialista, hoje o regime é Monarquia Constitucional Parlamentarista, ainda bem comprometido com as questões sociais e as liberdades individuais. O povo que detesta bolsa família ia ficar piradinho por aqui. Todas as famílias recebem ajuda de custo para cada criança (eu inclusa) de aproximadamente 300 reais mensais por crianca. Valor muito maior do que é dado no Brasil e não apenas para quem tem renda baixa, mas para todos:  por exemplo, para a minha família, na qual ambos os pais trabalham e conseguem se manter.

A palavra socialismo ainda assusta muitos desinformados que a relacionam com utopia, com dificuldade de ação, com comunismo ou sei lá o quê. E é por isso que o nome da sigla é socialismo e liberdade, porque se pretende melhor distribuição de renda garantindo as liberdades individuais, através da democracia. Gostaria que todos tivessem a possibilidade de conhecer na prática como é viver numa sociedade com igualdade social e percebessem a necessidade da classe média/alta abrir mão de privilégios para o bem coletivo. E reconhecessem a real necessidade de um Estado que se compromete com os direitos de todos, que protege o cidadão que teve menos oportunidades, que protege as crianças e a sociedade em geral desse mercado com estratégias tão agressivas de venda e marketing. Não acredito no fim do Estado. Acredito nele como um "garantidor" de direitos, um regulamentador.

Acredito que o PSOL pode ser capaz de mudar essa ideia do estado como uma máquina pesada sugadora de impostos para um verdadeiro prestador de servicos de qualidade.


sábado, 26 de julho de 2014

Carolina Peters









POR CAROLINA PETERS


Eu voto 50, na candidatura do PSOL, que neste pleito é representada pela ex-deputada federal Luciana Genro. Em parte porque sou filiada ao partido, mas essa é só meia resposta. A outra metade justifica o argumento “filiação”.

É urgente mudar a política. A forma como hoje se organiza nosso sistema de representação político, permitindo financiamentos milionários de campanha, faz com que a coisa pública seja inevitavelmente refém do interesse privado de grandes corporações. No momento, encontra-se engavetada no STF a medida de proibição da doação de empresas a campanhas eleitorais. Apesar de 6 votos favoráveis ao projeto contra apenas um, essa ação que representa um passo concreto no combate à corrupção emperrou há poucos meses das eleições.

No cenário atual, há pouco espaço para a pluralidade de opiniões, de gênero, de cor e credo. A representação popular dá lugar ao lobby. A cobertura midiática parcial, que criminaliza movimentos de luta por direitos e se restringe a noticiar a corrupção de varejo, de determinados grupos, e silenciar sobre outros grupos e os corruptores de ambos, contribui para o sentimento de completa descrença e desmotivação no seio da população.

O PSOL tem em seu estatuto veto ao recebimento de dinheiro de empresas multinacionais, monopólios, do setor financeiro, empreiteiras ou qualquer empresa que realize obras publicas. Muitas de nossas candidaturas, como a do deputado federal Ivan Valente, de São Paulo, não recebem dinheiro de pessoas jurídicas, contando somente com contribuições militantes. Esse não é um discurso moralizador, mas garantia de independência política, que nos permitiu ser o único partido a se posicionar contra as alterações no código florestal; a veemência na defesa da demarcação de terras indígenas; a proposição da CPI dos planos de saúde – engavetada pelo presidente da câmara Henrique Alves (PMDB) apesar de já contar com as assinaturas necessárias para sua instalação; e a defender a auditoria da dívida pública, uma verdadeira corrupção institucionalizada, que hoje faz com que se destine metade do orçamento da União para os bolsos de banqueiros.

Para além da questão do financiamento, há outra questão fundamental a ser enfrentada por uma Reforma Política: ampliar as possibilidades de participação da população em geral, e da sociedade civil organizada, na vida política. Tirar do papel as previsões constitucionais de consultas públicas e plebiscitos, bem como mexer no sistema judiciário viciado e desmilitarizar as polícias, assegurando o direito à livre manifestação, à expressão da divergência, à organização política (direito posto em xeque quando se indicia manifestantes por associação criminosa e formação de quadrilha).

Somos uma democracia jovem, longe de estar consolidada. E nossa história é recente demais para pensar que não haja possibilidade de mudar.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Charles Henrique Voos


POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Pelo direito à cidade. Esta será a base do meu voto nas Eleições 2014. Quando votei em Lula no segundo turno de 2006 (no primeiro votei Cristóvam), já tinha esta premissa em mente. Afinal, foi o seu governo que criou o Ministério das Cidades, e montou em Brasília uma equipe técnica renomadíssima, encabeçada pela Profa. Dra. Ermínia Maricato. Era o governo que queria implantar a gestão democrática da cidade na prática. Parecia ser um novo caminho para as políticas urbanas brasileiras. Só parecia.

Desde lá, o aquecimento da economia tendo como base o setor da construção civil (proposto no segundo mandato de Lula para promover o PAC e a Dilma) foi um retrocesso no avanço de melhores políticas para as cidades brasileiras. O mito de que moradias populares resolveriam o "verdadeiro problema" da falta de habitação de interesse social e da segregação socioespacial ganhou força para esconder um cenário de crescimento do poder econômico sobre os gestores urbanos Brasil afora. Os governos Lula e Dilma esqueceram-se que, fazer habitação popular, é, em primeira instância, fazer um pedaço de cidade. Monstros urbanos de 40 torres conjuntas pipocaram por aí (inclusive em Joinville) e não resolveram o problema, mas pelo contrário: tiraram os pobres de áreas super valorizadas na cidade para colocá-los nas periferias das cidades sem a mínima infraestrutura.

Enquanto isto acontecia, o mercado de construção civil e incorporação imobiliária teve um crescimento acelerado, como jamais visto antes na história do Brasil, nem no período do BNH da ditadura militar.

A gestão democrática da cidade foi invadida nos últimos anos por laranjas de empreiteiras, líderes comunitários atendendo aos anseios dos setores construtivos e uma classe política financiada cada vez mais financiada por empresas interessadas na gestão da cidade a favor de seus interesses especulativos. Planos Diretores estão sendo rasgados para todos verem, com apoio do sistema judiciário, que em sua maioria, dá pareceres favoráveis com a desculpa sempre esfarrapada de que não se pode parar o famoso "desenvolvimento econômico".

Como cereja do bolo, Lula e Dilma trouxeram - e apoiaram - os megaeventos no Brasil, como a Copa e as Olimpíadas, que catalisaram todo o processo que descrevi anteriormente. Não há como apoiar a reeleição de Dilma neste contexto. Seria incoerente com tudo o que estudo e pratico.

E, se eu votasse em Aécio ou em Campos, seria pior ainda: são candidatos de partidos que historicamente receberam (e deram) os maiores apoios destes grupos econômicos que lesam o direito à cidade, tão debatido ultimamente. 

Sendo assim, mas não como ideia de sobra e sim como pioneiro na nova questão urbana brasileira, votarei no PSOL e em Luciana Genro. O PSOL é o partido que mais apoia a luta pelo direito à cidade, principalmente após o PT deixar este espaço que ocupava desde a fundação do Fórum Nacional Pela Reforma Urbana, nas décadas de 70 e 80. Seus parlamentares e militantes são exemplos no país quando este é o assunto.

Juntarei-me a este movimento.


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Jordi Castan

POR JORDI CASTAN







Meus votos para presidente serão para Eduardo Campos, no primeiro turno, e para quem enfrente a Dilma e a máquina do governo, no segundo. O mais provável, hoje, é ser Aécio Neves, que não é o candidato dos meus sonhos mas tampouco dos meus pesadelos.

Fico feliz porque a maioria dos meus companheiros do Chuva Ácida tem a sólida convicção de que num país como o Brasil e possível fazer política partidária, ideológica. E que há espaço para o idealismo e os idealistas. O Clóvis e o Baço já parecem ter passado um pouco desta fase.

Num país em que o único ponto em comum de todos os partidos é chegar ao poder, se manter no poder e usar o poder - e para isso são capazes de fazer as mais espúrias alianças -, para mim, como eleitor, é impossível o voto partidário ou o voto em programas que mudam de acordo com os objetivos do momento. E assim, mesmo podendo provocar ataques de urticária nos meus co-bloggers, voto em pessoas. É o resultado de uma democracia imperfeita e à deriva.

Dilma declarou abertamente que vai "fazer o diabo". Não voto em quem pensa e age assim. Acredito que esta eleição será em dois turnos e acho salutar que assim seja. Estou curioso para saber como votarão os demais membros do blog num eventual segundo turno. Quem sabe podemos repetir a experiência e fazer uma nova declaração de voto. Se a candidata do PT conseguir de fato "fazer o diabo", pode até ser que nem haja segundo turno. Mas até lá temos tempo para pensar antes de tomar uma decisão. A minha, como eleitor, está tomada. Votarei em qualquer candidato que represente uma opção real de mudança frente à corrupção institucionalizada, à amoralidade instalada no governo e que não aplauda corruptos presos e condenados como se fossem heróis.

Sobre o discurso do combate à pobreza, as bolsas, o assistencialismo e todas essas histórias, tenho uma visão muito simples (e talvez curta): o melhor programa de combate a miséria é um bom emprego.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Clóvis Gruner


POR CLÓVIS GRUNER

Encerrei assim meu primeiro texto como colaborador do Chuva Ácida: “O combate à pobreza e à miséria, em que pese sua urgência, não esgota o problema. Uma política ativa de respeito aos direitos humanos precisa assegurar a laicidade do Estado e a igualdade dos direitos civis; conduzir firmemente o processo de acerto de contas com nosso passado autoritário; respeitar e fazer respeitar as diferenças de gênero, étnicas e religiosas, entre outras; afiançar o acesso à saúde; investir na educação pública e de qualidade, em todos os níveis; combater a violência institucional, dentro e fora das penitenciárias; garantir um marco regulatório sem o qual a liberdade de imprensa resta ameaçada; enfrentar a violência que grassa no campo e realizar uma efetiva reforma agrária; promover um desenvolvimento sustentável, atento aos riscos ambientais inerentes ao progresso tecnológico e industrial; entre outras medidas.”

Naquela ocasião, fazia um breve balanço do que percebia como um retrocesso nas políticas de direitos humanos nos três governos petistas, apesar de reconhecer os avanços principalmente nos investimentos sociais e nas políticas de combate à miséria com programas como, por exemplo, o Bolsa Família, uma das poucas iniciativas republicanas na história de uma República que tem sido tão pouco. Voltei ao assunto em outros textos, principalmente quando das manifestações de junho de 2013 e, mais recentemente, nas mobilizações contra a Copa. 

Em linhas gerais, procurava chamar a atenção para dois aspectos, a meu ver complementares. De um lado, a necessidade de repensar e reinventar nossa democracia, de fazer-lhe a necessária crítica, de apontar seus limites passadas três décadas do fim da ditadura. De outro, o desgaste do modelo político vigente desde, não coincidentemente, a retomada democrática nos anos de 1980, cujas estruturas restam intocadas mesmo depois de 12 anos de um governo de centro-esquerda, imobilizado, entre outras coisas, porque refém das muitas alianças firmadas para assegurar a governabilidade.

E é por acreditar ainda na possibilidade e na emergência de uma alternativa à esquerda que voto em Luciana Genro, do PSOL. Em um nível mais imediato, o partido e suas lideranças tem sido uma via tanto aos limites impostos à e pela esquerda governista, como ao retrocesso pela direita, representado hoje pela candidatura do senador tucano Aécio Neves. Mas, ainda mais importante, o PSOL oferece, a um nível institucional, a possibilidade de reinserir na agenda política pautas colocadas em segundo plano, quando não simplesmente esquecidas, pelos grupos políticos mais tradicionais, dentro e fora do governo, em diferentes graus comprometidos como uma agenda conservadora.

O programa de governo e as ideias do PSOL são irrealizáveis em sua integralidade, a significar que, se o partido um dia chegar a ser governo, seguirá a mesma trajetória do PT, rendendo-se às exigências da realpolitik e da governabilidade? Não sei. Mas não acho que exercícios baratos de futurologia ajudem na hora de decidir o voto. Eu escolho o PSOL e Luciana Genro porque miro o presente e vejo neles a possibilidade de trazer para o debate eleitoral temas que me são caros, tais como os direitos LGBT; a descriminalização do aborto e a violência contra a mulher; o combate ao racismo; a necessidade de pensarmos outras políticas de segurança pública e de combate à violência, tais como a desmilitarização da polícia; a regulamentação dos meios de comunicação; a reforma política e o aprofundamento da democracia, entre outros.

O historiador da arte inglês T. J. Clark, em um texto tanto breve como contundente, reivindica uma esquerda disposta a levar a sério a “experiência da derrota”, renunciar às promessas messiânicas de futuro e “capaz de encarar o mundo”. Não estou plenamente certo se o PSOL preenche todos esses requisitos. Mas entre os partidos que disputam as eleições deste ano, ele me parece o mais próximo que podemos chegar disso.

terça-feira, 22 de julho de 2014

José António Baço



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Dilma é a minha escolha. Poderia elencar uma série de razões, mas tem peso decisivo o argumento da legítima defesa: o temor de que, em caso de vitória da oposição, o Brasil possa recuar aos tempos da privataria, quando as coisas eram feitas a pensar exclusivamente nos interesses dos poderosos e as políticas sociais eram bruma. Enfim, não se pode esperar "amanhãs" a partir de "ontens" de má memória.

O problema dos países menos desenvolvidos é tomarem como novidade o que já está a cair em desuso nos países mais evoluídos. É uma armadilha que o Brasil deve evitar. O ideário neoliberal já demonstrou que nada tem a oferecer além da precariedade, da concentração da riqueza e da falta de solidariedade para com os mais fracos. No entanto, é uma tentação à qual a direita se entrega levianamente.

A realpolitik levou o PT a se afastar de um certo ideário de esquerda - em especial por compor governo com partidos fisiológicos e conservadores -, mas o partido ainda representa a possibilidade de uma sociedade mais solidária. É claro que isso desagrada os que vivem a repetir o mantra do Estado mínimo, do individualismo e do endeusamento do mercado. E desperta os ódios irracionais que vemos todos os dias.

Outro fato é que os dois principais opositores – Aécio Neves e Eduardo Campos – parecem ter meros projetos de poder, mas nenhum projeto de governo ou de país. Aliás, esse é o grande dilema dos eleitores antiDilma: querem votar contra a presidente mas não conseguem ver estatura de estadistas nos opositores. Arrisco a dizer que teremos o voto silencioso e envergonhado: votarão contra Dilma, mas nunca a favor de qualquer um deles.

É claro que a minha visão é de quem vive fora e passa apenas um mês por ano no Brasil. Mas talvez seja exatamente essa posição a dar uma “frieza” de julgamento que muitas vezes falta no dia a dia. O Brasil mudou muito nos últimos anos. E para melhor. Tanto que a proposta dos opositores passa por "melhorar" o que o atual governo está a fazer. Ou seja, a oposição propõe fazer mais do mesmo. Não há proposta de valor.

E, para finalizar, deixo registrado que acredito na alternância no poder. O problema é que não se faz alternância sem alternativa.