sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Maledetto Rossi!!!!!!!

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Dizem que todo ser humano tem direito ao perdão. Todos, menos o Paolo Rossi. Para mim ele merecia ser julgado – e condenado – pelo crime de lesa-beleza do futebol. E vou mais longe. A punição devia ser uma tortura inspirada nestes novos tempos: o cara fechado num quarto escuro onde, a cada 30 segundos, era forçado a ouvir um coro de vuvuzelas.

O leitor que gosta do futebol bonito sabe do que estou a falar. Tudo aconteceu no dia 5 de Julho de 1982, no Estádio de Sarriá, num verão de Barcelona. A seleção brasileira, dirigida por Telê Santana, era a sensação da Copa do Mundo. E tinha uma qualidade rara. Além de ganhar os jogos de forma irretocável, ainda dava autênticos recitais de futebol.

O time brasileiro jogava por música (a gente nem ligava se o Serginho Chulapa e o Valdir Peres destoavam). E de forma tão afinada que mesmo os torcedores dos outros países pensavam que o campeão já estava encontrado. Quando, naquele dia quente, as equipes do Brasil e da Itália entraram em campo, ninguém tinha dúvidas de que seria apenas para cumprir tabela. Os italianos, mal das pernas, não eram páreo para aquele timaço.

E eis que surge esse Paolo Rossi para rasgar o script. O cara fez três gols e a Itália venceu por 3 a 2. Deve ter sido um dos dias mais tristes que eu vi no Brasil. Quem viveu o momento sabe como doeu. Não por acaso, no jogo seguinte da Itália, apareceu na torcida italiana uma faixa a dizer algo assim: “Rapazes, vocês destruíram um mito”.

Tenho uma memória firme desse dia porque fazia dois meses que era repórter de A Notícia (ainda estudante de engenharia) e lembro que a redação parecia um sepulcro. Havia muitos marmanjos, jornalistas com longa experiência, com os olhos vermelhos e marejados. E ninguém com disposição para trabalhar. Então, coube a mim fazer a “repercussão” da derrota nas ruas de Joinville. Mas, como diz a música, naquele dia “a cidade apavorada, se quedou paralisada”.

Maledetto Rossi.




5 comentários:

  1. O problema é que nessa partida, Serginho Chulapa e Valdir Peres abusaram do direito de destoar.

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  2. Sinceramente não desmerecendo a seleção de 82, mas acredito que a Itália ganhou merecidamente , pois ela soube jogar no nosso erro.Aquela seleção italiana era nosso Holyfield um boxeador pragmático, frente a um Mike Tyson esse boxer que até quem não era fã boxe gostava de ver.
    Não acredito que o erro de Cerezo foi acaso, foi um posicionamento da equipe italiana forçando os defensores menos habilidosos a jogarem com a bola, Brasil era previsível na questão de posicionamento com lateral esquerdo improvisado,não neh, essa de o melhor lateral esquerdo dextro, não cola. E futebol pra quem é peladeiro sabe nem sempre os reis da pelada ganham, não existe já ganhou.

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  3. Não existia defensor pouco habilidoso naquele time. Todos eram craques. Junior, que era um fora de série, nem era lat. esquerdo, era um ala, que armava jogadas pelo meio e recebia cobertura de Cerezo. No 1º gol italiano houve falha de posicionamento da zaga, numa jogada manjada da Itália de cruzar a bola no segundo pau, somado à dificuldade de Valdir Peres em sair do gol, por conta de sua estatura. Quanto a falha de Toninho Cerezo na saída de bola, o beabá do futebol ensina que não se deve atravessar a bola na frente da zaga. Cerezo, com toda sua classe, teve seu dia infeliz, um ponto fora da curva. O único "com menos habilidade" no time era Serginho Chulapa, que só foi convocado pelas ausências de Reinaldo do Atl-MG e Careca que se machucou na véspera da copa. Serginho Chulapa era um Jô da vida, um perna de pau que se dava bem por aqui por conta da estatura, mas que desapareceu quando teve de encarar os zagueiros europeus, acostumados a jogar contra atacantes de físico avantajado e que não amarelam pra cara feia. Foi justo o placar? Foi. Sempre é, quando não existe interferência da arbitragem. Mesmo assim pagaria 10 vezes o ingresso pra assistir aquele Brasil jogando e não iria nem q me pagasse pra assistir a Itália de Rossi.

    PS. Junior era tão craque q contra a Argentina, partiu pra cima dos caras, nem aí pra Maradona, que jogava nas suas costas, deu um show e deixou o dele no balaio dos hermanos..com direito a samba.

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  4. Chorei muito neste dia. A Itália se classificou na primeira fase com 3 empates e foi campeão. E com a vitória do time de resultados morreu o futebol arte. O Brasil ganhou a copa de 94 jogando mal e contando com a genialidade de uma dupla de ataque sensacional (Bebeto e Romário) e um goleiro fora de série (Taffarel). Os outros jogadores provavelmente nem para reservas daquele timaço de 1982 serviriam. De lá para cá vimos um apequenamento do futebol, um pragmatismo de dar dó. O Corinthians está aí para comprovar. Um futebol feio, jogando por uma bola, mas muito perto de ser campeão.

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  5. Aquele foi um dos dias mais tristes que já vivi. Foi inexplicável, tanta negligência na defesa. A Itália, que fez uma campanha horrível até ali, com três empates sofríveis por 0 a 0 em dois jogos e 1 a 0 no outro; de repente, parecia que estava ligada no 220. Eles ganharam em nossos erros, mas não podemos deixar de pontuar 02 erros de arbitragem que poderiam mudar o resultado: a não marcação de pênalti de Gentile, agarrando Zico dentro da área e rasgando sua camisa, inclusive, e o escanteio que não existiu contra o Brasil, que gerou o 3º gol italiano. É verdade, que Antonioni não estava impedido quando teve o 4º gol anulado erroneamente pelo árbitro, mas ali o resultado estava definido, ajudado pelos erros/omissões anteriores. Aquela seleção será sempre lembrada pelos amantes do futebol, para não esquecermos que um time completo tem que saber atacar e se defender igualmente. A Itália soube fazer isso naquele dia de maneira perfeita e nos jogos posteriores também. Sigamos em frente, que a Copa da Rússia 2018 pede passagem.

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