quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Os bodes eleitorais

POR FELIPE SILVEIRA

O resultado da eleição gera uma cachoeira de opiniões. A direita comemora a diminuição do PT, a esquerda passa a dizer que o pobre não sabe votar, simpatizantes passam a sugerir estratégias eleitorais, anarquistas comemoram as abstenções, militantes começam a discutir os erros internos…

O problema é que algumas dessas opiniões, que mais parecem certezas em alguns discursos, escondem alguns enganos. O maior deles é dizer que o pobre não sabe votar, que votou no vilão etc. Primeiro que este argumento é tentador, mas não passa de um bode expiatório, algo para disfarçar a nossa própria culpa. As pessoas votam no que parece melhor para elas e é nossa responsabilidade não nos colocarmos como a melhor alternativa.

Outra coisa bizarra desta enxurrada de pitaco é o tanto de gente dizendo o que aqueles que perderam deviam ter feito. Não questiono a boa vontade, mas onde estavam essas pessoas antes da eleição? Uma boa parte das opiniões é coisa que a gente já sabe, que já discutimos, mas que achamos melhor não fazer ou não tivemos braços para isso. Algumas pessoas mal fizeram o cadastramento biométrico, mas querem dizer como a campanha deveria ter sido feita. Eu agradeço as sugestões, mas sugiro que a pessoa faça isso com pelo menos alguns meses de antecedência na próxima.

Acho que toda a discussão é bem válida, legítima, mas acredito que devemos avançar no que podemos fazer a partir de agora para resistir aos ataques governamentais e também para construir a alternativa para as próximas disputas.

A primeira coisa é para de falar de político como se isso fosse algo extraterrestre, distante de nós. Aceitemos a nossa condição de ser político e façamos a nossa parte.

Outra coisa é criar mecanismos e participar de movimentos de fiscalização coletiva do poder público. Há diversas formas de fazer isso, seja por meio de imprensa alternativa ou de núcleos de análise de dados, transformando isso em demandas que serão apresentadas pela população.

Também vale a pena começar a frequentar os espaços públicos de debate político, como os fóruns específicos, associações, sindicatos e a própria Câmara de Vereadores. Essas são apenas algumas coisas que podemos fazer para começar o processo de transformação social que desejamos.

Você pode fazer outras sugestões nos comentários e começar a botar a mão na massa. É melhor do que ficar procurando culpados e desculpas.

Faça você mesmo!

10 comentários:

  1. A democracia é um ídolo de barro, do estado laico moderno. A natureza é uma ditadura e esse apelo anarquista(pois vejo na democracia o broto da anarquia) nada mais que um ressentimento da nossa condição. Como há uma escatologia marxista, dizendo que verdadeiro socialismo não existiu, há uma escatologia da democracia que fica evidente nesse texto. Tipo: Cidadãos de tda cidade uni vos nada tem a perde que um pouquinho de tempo para se libertar de vossos grilhões parafraseando Marx para mostrar que trocando um pouco as palavras a escatologia fica evidente.
    A democracia esta com os dias contados no mundo, se vc acredita na democracia meus pêsames. Os jovens não acreditam mais nela. A europa esta morta, a primavera árabe um fracasso, a globalização e um fenômeno que só pode ser detido se aferrolhando o poder dos estados ou com um governo supranacional forte.
    Sem falar em uma porrada de coisa.
    Não sou um ditador apenas constato o que a natureza é, e somos a natureza quer queiramos ou não.

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    1. Esse papo de "natureza", "governo supranacional forte" e crítica ao marxismo é antigo. Alguém já escreveu um livro sobre isso chamado Mein Kampf.
      Izaias

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    2. Se não acreditas na democracia vais acreditar em que? Na Ditadura, na Autocracia, na Anarquia?

      Faça-me o favor...

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    3. Primeiro pq devo acreditar na democracia? Ela é apenas um dentre vários sistemas políticos que já existiram. Ela já nasceu, morreu e ressuscitou e esta em estado avançado de putrefação. Só não vê que não quer! Mas não foi que matei apenas estou sentido o cheiro do cadáver, se não estão limpem as narinas. Negação é um dos primeiros estados do luto. Poderia escrever um livro de todos os sinais desta putrefação.
      E Que coisa mais feia me acusar de fascista, é como falam o melhor argumento da igreja não é a graça mas o inferno.
      No que acredito? Em várias coisas :
      1 Que não ha sentido na história. E Como diria Heráclito "o tempo é criança brincando."
      2 Que a humanidade não está no comando destas mudanças, ele apenas faz parte do jogo.

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  2. “...resistir aos ataques governamentais”

    Ataques governamentais?

    O país FALIDO pelo lulopetismo, educação em declínio, Estados com as contas ARRUINADAS pela política de endividamento do governo Dilma, sem dinheiro até para pagar até o funcionalismo público. Quando aparece um governo com um presidente (não morro de amores por Michel Temer) que se apresenta como um PRESIDENTE (e não como um líder partidário), a querer consertar as contas nos dois anos que resta desse governo, de modo que o próximo ao menos pegue um país financeiramente estável, sempre vem alguém da esquerda atrasada a questionar medidas necessárias. Que o PT sirva ao menos de exemplo de como a esquerda pode destruir um país. Que o PSOL vença faça o mesmo com o RJ, já que o governo lulopetista não convenceu o suficiente.

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    1. O legal desses comentários é que, se você for jovem e desinformado, fica parecendo que o Brasil era uma maravilha primeiromundista e virou essa merda nos últimos quatro anos.

      Agora, o melhor do comentário é essa passagem aqui: "Quando aparece um governo com um presidente (não morro de amores por Michel Temer) que se apresenta como um PRESIDENTE (e não como um líder partidário) (...)".

      Porra, e isso escrito por quem, provavelmente, enche a boca e os dedos pra dizer que a esquerda é "burra" e "fanática".

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    2. Falta um pouco de Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar e FHC pra esse povo saber o que é um país falido, sem emprego e sem esperanças.

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    3. Clóvis, a esquerda é burra e fanática.
      O país virou essa merda nos últimos 10 anos.
      Belo texto, Felipe.

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    4. Opa! Agora que você disse, deve ser verdade.

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    5. na, opinião apenas.

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