segunda-feira, 29 de abril de 2013

Joinville, a vila do senso comum

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Durante muitos anos eu fechei meus olhos para algumas situações que aconteciam em Joinville. Talvez pelo meu bairrismo, ou por falta de uma noção de totalidade, não admitia que Joinville era uma vila com tamanho de cidade média. Hoje percebo o quanto estive errado, pois, ao analisar a dinâmica social de nossa cidade, identifico que o senso comum domina, e o poder de crítica é extremamente combatido.

Tudo começa quando encontramos um sistema público de ensino deficitário, em todos os níveis. Por mais que tenhamos uma grande taxa de alfabetização, somos reféns de escolas interditadas e um plano pedagógico que ceifa a construção crítica de nossos jovens, submetendo-os apenas aos "desafios" de um tal mercado de trabalho. Os poucos que escapam desta lógica que forma, ao invés de construir conhecimento, esbarram na etapa seguinte: a desvalorização.

Como o mercado de trabalho (principalmente em Joinville, reduto ideal da lógica industrial) não valoriza a crítica, muitos saem de Joinville em busca de novos ares. Nosso amigo Zé Baço sempre nos alertou sobre isso aqui neste espaço. Os que por aqui permanecem não encontram uma Universidade (pública ou privada) que seja receptiva a este tipo de pessoas. A cidade é um harém do senso comum, reprodutora de todas as principais regras deste poder simbólico (resultante de vários interesses, principalmente econômicos) que domina, segrega e aliena. O cinza característico do cenário urbano industrializado é a mesma cor da produção intelectual.

O processo é cíclico e preocupante. A participação popular, de natureza essencialmente crítica, é anulada pela opressão ou pelo preconceito construído e propagado nos espaços acríticos da cidade. Desta forma, a cidade sempre será palco para alguns e espaço de plateia para quase todos. As coisas erradas acontecem diante de nossos olhos e a vila se resigna: segregação, preconceito, violência, mídia parcial, omissão do poder público, egoísmos, falta de alteridade e coletividade, acomodação... são algumas características do típico joinvilense.

É muito mais fácil criticar quem faz a crítica sem produzir um debate de ideias. O joinvilense (sem querer generalizar) é fanático pela crítica à conduta pessoal, e não pelas concepções de mundo do criticado. É só ver os comentários recentes em vários posts aqui do Chuva Ácida. O joinvilense adora ver e ser visto. Vive de aparências, de fetiches, de fábulas urbanas. É um bolha! (Me rendo, Felipe!) Não participa. É um dominado e gosta desta condição. Acredita em tudo o que vê na TV ou ouve no rádio. Vai na onda dos outros. Lota os shoppings nos fins de semana porque tem preguiça de cobrar do poder público grandes parques ou qualidade dos passeios urbanos (calçadas e demais vias). Troca de carro todo ano por status. Critica o transporte coletivo sem utilizá-lo. Faz faculdade para ter um diploma e não para adquirir conhecimento. Faz enormes festas de formatura e casamentos por pura aparência. Considera desenvolvimento urbano a mesma coisa que crescimento econômico. Tem medo do diferente e de quem pensa diferente de si.

Existem momentos em que tenho vergonha de ser joinvilense e dos passos desta cidade. Não sou adepto do "ame-a ou deixe-a", mas sim do "faça de tudo para mudar aquilo que não te agrada". É por isso que luto para não sair daqui em busca de outras oportunidades.

47 comentários:

  1. Charles Henrique, com seu artigo voce abre, talvez até sem querer, a discussão que considero a mais importante para o futuro de Joinville.
    Está mais do que na hora de começarmos a exercitar nosso sentido crítico e aprendermos a discutir os acontecimentos que afetam a todos.
    O joinvilense não está afeito a essa característica da cidadania. Alguns até continuam achando que nem tem esse direito.
    As causas dessa deformação social são apontadas no teu artigo de forma bem superficial e sucinta.
    Mas penso que é por aí que deveríamos começar. Afinal, porque o joinvilense é tão "obediente"? Penso que isso tem origem na própria origem da cidade, ordenada por conceitos trabalho/religião onde o culto ao patrão era regra ensinada desde a mais tenra idade.
    Nada a ver com uma eventual revolução trabalhista. Mas é nítido que fomos formados seguindo os preceitos desse "culto". O que sem dúvida contribuiu muito para nos tornarmos uma das maiores economias do sul do país, do que tanto nos orgulhamos. Mas esse foi um dos preços pagos.
    Isso é apenas minha opinião pessoal, mas penso que devem existir muitas outras razões.
    Começar a discuti-las, como voce fez, deve ser nossa obrigação daqui para a frente.

    Parabéns pelo texto.

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    1. Viu Nelson, acredito que o que contribui muito também é sermos a "capital mundial das recreativas de empresas".

      De segunda a sexta ficamos apertando parafusos na Embraco e nas quartas a noite jogamos bola na recreativa da Dohler e no fim de semana almoçamos na recreativa da Tigre.

      E se as chuvas de verão não alagarem nossos quintais, tudo bem, tudo bom!

      Nelsonjoi@bol.com.br

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  2. Perfeito teu texto Charles...as críticas aqui atingem o pessoal, não existe a tolerância ao debate - pois o status quo não permite o diferente. O que existe são momentos de reflexões - mas que se restrigem apenas aquele momento. Um exemplo é sobre a grandeza de Joinville - uma grandeza que não acrescenta uma qualidade de vida. A pujança joinvilense não existe na realidade. O que acontece é que as pessoas que vieram pra cá vieram apenas com o objetivo de ganhar dinheiro através do trabalho - Joinville é a cidade do trabalho - aposentando-se voltam para o "sitiuzinho" ...não são pessoas com vontade de se adaptar a cultura da cidade. Do outro lado a classe dominante percebe isso e também não faz questão que o trabalhador se integre a cidade - o funcionário tem que se integrar, tem que viver a empresa - e não a cidade. Esse trabalhador que vive apenas isolado de casa para o trabalho e do trabalho pra casa - só conhece o caminho da roça - ou seja - seu quintal - e sua empresa ( muitos apenas o setor em que trabalham e o refeitório). Não existe o pensamento para melhorar a cidade - tanto que as praças e os parques sofrem resistâncias da própria população , resumindo esses espaços públicos ao marginais. Joinville é uma cidade fechada - uma cidade privada - Por esse motivo o serviço público tem deficiências. Quem domina o poder público são pessoas ligadas a iniciativa privada - que por sua vez também querem usar o que é público em beneficio próprio. Por que Carlito não deu certo ??? Ora,Carlito através de seu governo tentou mudar essa cara de Joinville - Mas não teve uma boa equipe - aliás sua própria equipe o sabotou - mas bem feito para o Carlito que nunca poderia ter aceitado o apoio de determinadas pessoas e partidos. Hoje , o joinvilense nem sabe em quem votou para prefeito - "Sabe né , votei naquele empresário que é rico e não precisa roubar da prefeitura né - ou votei naquele cara mesmo , só pra ver a cara do kennedy - Ninguém votou para melhorar Joinville - votaram para derrotar o Kennedy. Acredito que num universo de 530 mil pessoas - quem realmente quer o bem de Joinville não passe de 10 mil . O restante estão apenas de passagem. Hospitais e escolas públicas abandonadas - ruas cheias de crateras - fui vítima de um buraco na Santos Dumont - O que vemos são apenas banho de luz. A imprensa (jornal impresso mesmo) não crítica o governo - criticava o anterior - O próprio povo acredito que esteja envergonhado - Agora não sabem mais em quem votaram - deu um apagão na memória - a classe política na maioria esperando apenas a próxima eleição - e não haverá mudanças - os atuais continuarão no poder e com o voto do mesmo povo que reclama - Mas você foi muito feliz com esse texto - não é o zé povinho que é alienado - a alta classe média continua indiferente levando seus filhos pra estudar em Curitiba e Florianópolis - O classe artistica e os intelectuais sendo ouvidos e admirados por seus pares, e se contentam com isso. Continuamos sem teatro municipal - sem nada.

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  3. Resumindo: adorei o texto - texto perfeito,mas muito triste, para quem gosta de Joinville.

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    1. Penso exatamente assim... e acredito que o texto reflete a situação de muitos outros municípios.

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  4. Charles Henrique, com seu artigo voce abre, talvez até sem querer, a discussão que considero a mais importante para o futuro de Joinville.
    Está mais do que na hora de começarmos a exercitar nosso sentido crítico e aprendermos a discutir os acontecimentos que afetam a todos.

    Concordo com o Nelson - é por aí o caminho.

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  5. O Prefeito atual é o reflexo deste Joinvilense do seu texto. Eleito muito mais por ser "patrão", do que por qualquer politica social.
    Muito bom seu texto Charles, parabéns!
    Um abraço,
    Bruno Felipe da Costa

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  6. Charles começou muito bem e o Nelson emendou ainda melhor!
    Um dos melhores post que já no CA até hoje! Merece aprofundamento no tema...

    Não sou daqui mas vivo em Joinville a 10 anos e percebo que a cidade tem uma mentalidade tacanha de maneira geral...no comércio, nos negócios e na sociedade.

    Modos e hábitos de cidadezinha de interior e não de porte de uma cidade com todas as qualidades que Joinville tem HOJE!

    TEMOS QUE CRESCER! Em pensamento, em cultura, em atitudes e por consequencia em proporção social e econômica .

    Tem muita coisa NOVA e BOA vindo por ai nos próximos anos e não podemos nos deixar levar pelo culto ao patrão como o Nelson bem identificou.

    Vambora Joinville! Olhe pra dentro e olhe ao seu redor!
    Questione-se!

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  7. Calma Charles!!!! Muito depressivo o seu texto. rs. Concordo com o seu diagnóstico mas temos sinais, incipientes ainda, de renovação de práticas e costumes. Joinville tem uma excelente, diversa e rica produção cultural, uma juventude emergente, sindicatos combativos, uma extensa rede de voluntariedade social, numerosas associações de moradores, uma mudança no gerenciamento industrial (nossas empresas são competitivas no mercado internacional e obrigam-se a procurar novos patamares de produtividade e eficiência, inclusive na gestão), uma proliferação abundante da microempresa e do empreendorismo individual, uma crescente e qualificada rede de serviços, com destaque para a gastronomia, eventos e profissionais liberais; explode a construção habitacional para baixa renda, com empreendimentos verticalizados e socializantes, a vinda da PUC e da UFSC e mestrados/Doutorados na Univille/UDESC irão promover um salto acadêmico e de produção científica, o porto de Itapoá e a vinda da GM/BMW/Brunswick trazem empresas de nova geração, a ampliação da pista do aeroporto pode impulsionar a logística regional de cargas, as 40 novas praças e parques do Fonplata incipiam a apropriação do espaço público (que inexistia na cidade), a costa do Encanto e a o Parque Porta do Mar nos abrem a Baia da Babitonga e os excelentes índices sociais-culturais-ambientais-educacionais forjam uma riqueza de inestimável valor para um futuro bem generoso. É claro que temos que renovar a política, superar mazelas que se dizem comunicativas e adulteram estupidamente a opinião pública, temos que incorporar a vontade política da periferia e criar uma sociedade sem apartação, temos que promover a segurança com menos violência e criar oportunidades qualificadas para entrada no mercado de trabalho; temos que disputar mais representatividade política e retorno do investimento estadual e federal para tudo aquilo que por aqui é produzido. Mas o certo é que Joinville se diferencia pela qualidade de vida. Uma cidade que deixa saudades em quem sai por aí para se virar na vida. Um abraço e não desista.
    Eduardo Dalbosco

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    1. A qualidade de vida se dá pela natureza que tem em volta, e pelo clima provinciano que possui; fora isto, é uma chatice só! Não é a toa que todo mundo que realmente quer se divertir vai para outros lugares, e quem quer fazer compras mais baratas e diversificadas tem que ir prá outros centros. É uma pena, mas o culpado é o zé povinho daqui e seus pseudo-empresários.

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    2. Olá Dalbosco, lendo seu comentário, fiquei confuso. Você é marqueteiro do Carlito ou do Udo? A proximidade das eleições em 2014 está renovando a parceria PMDB + PT, ou é impressão minha?

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    3. Se você ficou confuso ..ótimo....significa que você não tem idéias fixas.....queria apenas dizer que vale a pena pensar nas positividades da cidade.......não podemos apequenar a imaginação.....Joinville merece uma dose de ambição......isso é uma tarefa para muito além de qualquer governo.....

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    4. Não vejo assim... UFSC, UDESC??? Quantos cursos temos da UFSC em Joinville hj?? Uma extensão de Florianópolis... Não TEMOS uma universidade pública aqui, só nossa, que forma cidadãos reflexivos. Vim de um estado que possui várias universidades públicas, federais e estaduais... Joinvile deixa muito a desejar em formação. E a cidade em si?? Ruas sem asfalto, sem calçadas para o pedestre transitar. O trânsito parado no horário de pico e prédios e mais prédios sendo construídos em vias que assim que esses moradores se mudarem vão demorar horas para chegar em suas casas, pois o sistema viário já não dá conta, imagina depois que os prédios forem inaugurados... E a prefeitura só liberando as construções, como sabem planejar!!!! E não vem dizer que é coisa de antes, pq o BUm imobiliário começou a pouco e NADA de planejamento para acessibilidade... Joinville é uma vila com jeito de cidade de porte médio SIM.

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    5. Dalbosco e suas piadas, não perde a mania, kkkkkkk
      Ah, não era piada? kkkkkkk

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  8. É a ordem e o progresso! Faz-se as coisas porque as coisas "sempre" foram feitas dessa forma, justificam-se. E a clara apatia, ganha um novo significado de tranquilidade, de cidade calma. A manutenção do status quo nunca esteve tão bem protegida.

    Acho que a explicação está na maioria dos seus textos, que sempre bate tanto na tecla da universidade, principalmente a ausência de uma pública ou de uma particular, sem ser nos moldes de um escolão.

    Aqui, marcha contra a corrupção é feita em shopping... Mas no final até que faz sentido.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Faço das suas as minhas palvras! Excelente texto!

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  11. Falou o que estava engasgado a tempos, muito bom.

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  12. Desculpe, Charles. Confundi joinvilense com brasileiro no seu texto.

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  13. Negócio bom assim
    Ninguém nunca viu
    Tá tudo pronto aqui
    É só vim pegar
    A solução é alugar Joinville.
    (SEIXAS, Raul)

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  14. Charles Henrique, seu texto apresenta pontos que realmente acontecem no dia-a-dia em nossa cidade, traz aspectos que requerem reflexão e reação dos(as) joinvilenses para se indignarem com a exploração, principalmente no trabalho, transporte público, educação, saúde e mobilidade que precisam ser melhorados.
    Mas faltou apresentar as saídas para os problemas elencados e podem ser refletidos em artigos posteriores.
    Também concordo com o Dalbosco, há vários pontos positivos e de destaque nacional e internacional que faltaram ser mencionados para dar um equilibrio ao texto, deixando de enfatizar demasiadamente os aspectos negativos.
    Já se ouviu várias pessoas conscientes dizerem que gostariam de morar em Joinville, pois tem muitos aspectos positivos em nossa cidade.

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  15. Parabéns Charles, esta análise partindo de um joinvilense prá mim foi o ponto alto. Digo isto por que é difícil não achar um que não pense que está no centro do Universo. Seu comentário é antes de depressivo, realista. A mudança principal que Joinville tem que começar a trabalhar é o seu inconsciente coletivo, que ainda é repleto de preconceitos e arrogâncias.
    Fora os 300 dias de chuva que por sí só já deprimem qualquer um, falta aconchego, hospitalidade e um pouquinho mais de educação do povo para receber turistas e migrantes. E isto é compartilhado por quase 100% das pessoas de fora que conheço que vivem aqui.
    A mudança começará quando as pessoas perceberem e assumirem esta condição, e lutarem contra o amordaçamento que as forças econômicas e políticas ainda submetem esta linda região.

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  16. Texto excelente. Joinville é a cidade com o menor senso de comunidade que eu conheço. A maioria das pessoas vivem, podemos falar assim, uma vida totalmente privada sem olhar para o bem comum e o potencial de qualidade de vida e oportunidades que ações visando o bem comum podem trazer.

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  17. Há gente demais a fazer a apologia de Joinville, a cantar seus muitos pontos positivos (e, às vezes, tomando por positivo o que é um dos sintomas de seu provincianismo), e poucas dispostas a tocar o dedo na ferida, lembrando aos joinvilenses a muitas mazelas que afligem a cidade. Outro dia rolou um mini-debate no Facebook sobre as vantagens e desvantagens do Chuva Ácida para a cidade. Um texto assim, como o do Charles, só reafirma o propósito e a necessidade do blog.

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  18. Psrabens Charles¡!! Amo essa cidade...mas o q estraga e o modo como seus lideres a conduzem....Duwolff

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  19. Parece até que já vi, escrevi e pensei coisas semelhantes. Inacreditável mesmo foi ver quem escreveu. Agora posso até acreditar que a mentalidade joinvilense pode progredir.
    Bem, aqui foi aplaudido (nada além disso, infelizmente, posto que para a prática há um abismo), mas eu já fui xingada e criticada por... criticar. O mundo dá voltas.

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  20. Uma cidade insdustrial c/potencial gigante, mas seu povo aniquilado tem um modelo provinciano de ser, onde o patrão é ser supremo...diria q somos feudais.











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  21. Charles, concordo com sua opinião.
    Agora espero outro texto opinando sobre como nós Joinvillenses podemos melhorar, o que precisamos fazer?
    Eu digo NÓS, pois existem pessoas que concordam com a crítica, atribuem-na somente aos outros e não se olham no espelho.

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  22. "É a ignorância é que atravanca o progresso." By Ácido

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  23. Como eu sempre digo, Joinville é uma cidade grande com alma de cidade pequena. Isso tem suas vantagens e desvantagens. Uma das desvantagens é que muita gente baixa a cabeça e vai da casa pro trabalho, sem se importar com o que acontece ao seu redor. Nem vou dizer se engajar em algo, participar de protestos, falo de coisas mais simples, como reclamar nos órgãos competentes os buracos de rua e não esperar que alguém faça isso por você. Mas uma das vantagens, que eu ainda vejo, é que essa alma de cidade pequena se vê (ainda) na segurança. Não sei se numa outra cidade com o porte de Joinville poderia andar sozinha, de carro, quando saio do trabalho (as vezes muito tarde) sem entrar em pânico pela minha própria vida.

    Fernanda Lüttke

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  24. Acho que você encontrou o caminho. Muito bom o texto.

    Aprofunde-o e vamos tomar um café. :)

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  25. Charles, concordo na maioria de seus pontos.

    E como você gosta de debater, então façamos o seguinte exercício: escreva o mesmo texto substituindo apenas a palavra "Joinville" por nomes de outros lugares. Podem ser cidades, estados, países, continentes e, quem sabe, o planeta.
    Acredito que as proporções mudem, mas no geral ocorre o mesmo.
    Existem inúmeros casos de segregação, preconceito, violência, mídia parcial, omissão do poder público, egoísmos, falta de alteridade e coletividade, acomodação em outras cidades do Brasil e do mundo.

    O sistema educacional que apenas forma conhecimento não é privilégio de Joinville. Estudantes protestaram em aula de professor de Harvard por considerar que o curso de economia é tendencioso e favorece a formação de alunos que trabalharão para aumentar a desigualdade econômica. A universidade apoiou o professor e a grade curricular.

    Ser pessimista ou otimista em excesso, em ambos os casos se sofre de cegueira.

    O problema é a falta de discussão e de reconhecer que tudo na vida é relativo.
    Senso comum é a opinião da maioria. E esta luta da mesma forma como você gostaria que a minoria lutasse.

    Acredito que a maioria seja iludida e há um bom texto da Samantha Buglione que expõe sobre esse senso comum do que é bom ou ruim.
    http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a4048662.xml&template=4187.dwt&edition=21418&section=2479

    Abraço.

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  26. Eu acho que o problema é o Facebook. Por isso que eu não tenho um.

    #eu odeio o facebook# ahahaha

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  27. Uma cidade de espelhos e muletas. É "triste" sim, mas é preciso reconhecer o problema, tentar entendê-lo para que possa superá-lo ou, se é que isso é possível, iniciar esse processo de busca Portanto, ainda que sujeito à contrapontos, o texto é bastante oportuno e, do ponto de vista crítico, muito feliz.

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  28. sou joinvilense de criação e coração, mas paulistano por opção. impressionante como cada caractere desse texto se aplica ao paulistano médio de classe média.

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  29. Merda!Não vou mais trocar de carro!

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  30. Compra mais uma caixa do remedinho Charles, acabei de ler no site do estadão, http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/eu-voltei-17/ que a Mercedes bens vai ter fábrica em Joinville....

    Nelsonjoi@bol.com.br

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  31. Uma cidade é feita de pessoas. Várias personalidades, expectativas, sonhos, culturas, etc. Gostei do texto e da crítica, pois sou Joinvilense e sei o preconceito que encontrei Desde o tempo de escola por criticar ou sugerir novos caminhos. Existe uma força obscura que tenta abafar qualquer voz que fala e sobressai. Entretanto também existem bons exemplos e exceções, como a cultura trazida de pessoas de fora. Graças a estas pessoas nossa cidade hoje está mais cosmopolita do que há 15 anos. Claro que ainda falta muito, mas creio que estamos a caminho, pois sei que muitos dos problemas citados no texto e identificados no dia a dia Joinvilense também são compartilhados por outras cidades e até mesmo países. Sair um pouco da zona de conforto não faz mal a ninguém, muito menos à cidade, espaço que dividimos nossa convivência.

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  32. Sou Uruguaio, moro aqui fazem 15 anos, porém viajo muito por outras cidades do Brasil, principalmente as médias, fico as vezes alguns meses nestas outras ciudades. Moro n Brasil fazem 22 anos!
    Pelo que sei Joinville sempre teve seus parques, as pessoas fingem que não enxergam, ou não sei. As regiões dos rios sempre foram frequentadas por pessoas da cidade, mas é sempre assim, esquecem disto! Que façam parques e praças legais, ok. Mas os recantos "davet" da vida sempre existirão!
    Vejo comentarios de outras cidades médias por seus moradores, e é sempre a mesma coisa, em Caxias do Sul sempre falam que é uma cidade com mentalidade tacanha, com ignorantes, pessoas que só pensam em trabalho. Londrina é igualzinho, sendo que lá a banalização em questão de shoppings chega a ser caricata! Em Londrina só se fala em shopping, e precisam ver os shoppings de lá, enormes, e sendo construídos mais dois ou três gigantes ao mesmo tempo! E Blumenau? A queridinha de SC, uma cidade onde as pessoas são obstinadas pelo consumismo, tem 3 shoppings enormes, cada um deles maiores que o maior de Joinville. Ainda falam de carros em Joinville, Blumenau é obcecada por carros, lá tem todas as revendas de carros importados que até algumas metrópoles não tem, algumas que tem lá faz 10 anos está chegado só agora aqui, quem reclama do trânsito e do transporte púbico de Joinville não sabem o que é o caos de Blumenau. Comparando com outras cidades médias eu vejo Joinville muito mais humana e simples, apesar dos problemas as pessoas são mais de andar ao ar livre, usar o comércio de rua, ir jogar um futebol society e tomar uma cervezinha num bareco, ir na região rural mergulhar em algum rio cristalino po no pesque-pague com a família, sem contar nos parques aquáticos. Aqui eu vejo as pessoas menos aderentes as modinhas como Londrina que se vive praticamente de aparência.
    O voluntariado aqui é fortíssimo, temos o CBVJ que é simplesmente a corporação voluntária mais antiga do país, temos a Frada, Abrigo Animal, Padre Valente Simioni . Acho que as pessoas esquecem dstas qualidades, destas virtudes, as pessoas vem de fora e ficam maravilhadas, mesmo eu achando a cidade totalmente suja! Falam "como é liiimpo aqui!", eu penso, imagina as outras cidades então?
    Outras coisas interessantes, Joinville é amplamente "invadida" por imigrantes de todos os lados, arrisco dizer, diariamente! É difícil manter um padrão na limpeza, nos gostos, afinal em tudo. As pessoas que vem de São Paulo vão achar aqui limpíssimo e seguro, porém com a noite chatíssima, no outro mês a rua na frente da casa desta pessoa estará cheio de mato, cheio de lixo e entulho! O povo natural daqui não deixa isto acontecer! É assim mesmo! O Brasil é muito diverso e o que é normal em outros lugares aqui não é. Então eu digo, NUNCA Joinville vai agradar a todos, aliás nenhuma cidade agrada! Se fizer um parque lindão, vai ser criticado. O parque Portal do Mar que eu ache uma idéia sensacional e está sendo feito, só recebe críticas, não entendo. Não vejo o povo aqui anestesiado, na verdade eu acho é que reclamam demais, isto sim!

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    1. Você esqueceu de avaliar a educação, saúde pública, pavimentação, saneamento básico, segurança pública.

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  33. Perfeita observação Charles. O mote central da crítica local é esvaziar qualquer crítica, desqualificá-la para que não tome corpo e se mantenha aquilo que denominas "a visão do senso comum". O fato de se ter um prefeito empresário, ruim, muito ruim, muito pior que seu sucessor, e não ser criticado, mostra como esse senso comum age de modo desigual, e de como se tem dois e duas medidas para avaliar coisas iguais. O Carlito, antecessor de Udo, tomou pancada de todo mundo. Foi detonado, e a cada vez que permitia que debates sobre a LOT e outras acontcessem, tomava pancada. O Hospital São José (HSJ) continua com os mesmos problemas de antes, que inclusive se agravaram. Isso mostra como os grupos locais - o poder de imprensa da província - é seletista, como escolhe ao lado de quem quer ficar.

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  34. Engana-se quem pensa que o poder dominante é simbólico.

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