domingo, 13 de novembro de 2011

Jogando água no chope da torcida


POR ALEXANDRE PERGER

Semana passada, fui pego de surpresa por uma notícia que me deixou profundamente indignado. A diretoria do Joinville Esporte Clube resolveu aumentar o preço do ingresso para a final do Campeonato Brasileiro da série C. De 30 reais passou para 50 reais ou 40 se for comprado de forma antecipada. Sendo que durante todo o campeonato, o preço se manteve o mesmo.

Pois bem, há sete anos, quando o recém rebaixado JEC estreava pelo Estadual de 2005, cerca de 10 mil pessoas lotaram a Arena, numa prova de amor ao clube. No mesmo ano, os torcedores continuaram comparecendo em bom número. Nos anos seguintes, mesmo com os sucessivos fracassos e até mesmo com o rebaixamento no Estadual, a fanática torcida tricolor continuou apoiando o JEC.

Este ano, na série C, a maioria dos jogos teve público superior a 10 mil pessoas, com o preço do ingresso a 30 reais. Claro, os sócios ajudam nessa conta, mas muita gente comprava na hora e desembolsava a grana. No último jogo, contra a Chapecoense, foram cerca de 15 mil pessoas na Arena. Muita festa e euforia com o acesso e com a vaga na final.

Mas, justamente agora, quando pela primeira vez o JEC vai disputar a final de um campeonato nacional, a diretoria resolve aumentar o preço do ingresso para 50 reais. É esse o presente que os dirigentes tricolores dão ao seu torcedor? É essa a consideração com quem sempre esteve ao lado do time? Não havia necessidade de, nesse momento, fazer esse reajuste.

Posso estar errado, mas acredito que muita gente ficará de fora, deixará de ir ao jogo. Mas aí vocês podem dizer: quem é torcedor de verdade vai mesmo pagando 50 reais. Mas o torcedor do Joinville não precisa provar mais nada. Outros poderão dizer que o futebol é caro. Sim, concordo, mas esteve caro o campeonato todo e se deu um jeito. Muitas pessoas não têm condições de pagar esse valor. Futebol é diversão, deveria ser acessível ao povo. Cobrar 50 reais pela entrada é tirar de muitos trabalhadores a possibilidade de ir ao estádio.

Acho que o argumento mais plausível nesse momento é: ah, vamos aumentar, eles pagam de qualquer jeito, é final mesmo. Infelizmente, prevaleceu o lucro e não a gratidão na relação entre uma torcida apaixonada e seu clube de coração que acaba de renascer das cinzas.

Alexandre Perger é jornalista e autor do livro "Glória e Fracasso: a história de uma paixão".

2 comentários:

  1. Tá certo, Perger!
    A diretoria do JEC mandou muito bem esse ano, somos todos gratos à administração.
    Também é fato que precisamos viabilizar um maior volume de receitas para enfrentarmos a série B, muito mais competitiva e qualificada que a que conhecemos há 7 anos.
    Mas não é uma das mais fiéis torcidas do Brasil que precisa pagar por isso, pelo menos não neste ano!
    Ao vermos 3 mil jequeanos apaixonados como eu esperar o time voltar de Brasília após a conquista da classificação, em plena madrugada de véspera de dia útil, um amigo comentou comigo: esta é uma torcida carente. Mesmo sendo carente, mesmo sendo sofrida, mesmo apanhando dos maus resultados de anos, estivemos lá, embalando o time rumo à conquista do acesso.
    Nós fizemos a nossa parte, mas a diretoria, neste momento, puxou-nos o tapete.
    Abraços!

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  2. Não acho certo e nem errado, pois poderia falar que quem é torcedor de verdade, é sócio para ajudar o clube que nem casamento, na alegria, na tristeza, no sol, na chuva...
    Mas tem o outro lado, as condições para ser sócio, muita gente nao tem condições financeiras pra isso, entao optam por escolher algum jogo para assistir, assim reduzindo os gastos, creio que foi essa a intenção da diretoria, evitar esses que nunca foram no estádio e muitos nem tem aptidão pelo clube, mas podem pagar pelo ingresso: 50,00.
    Então castigam os sem condições financeiras, lucram em cima dos que nunca foram no estadio e desagradam muitos torcedores.
    A realidade do clube aponta para quase 8.000 sócios esse ano, ano que vem devemos chegar nos 10.000 ou seja, logo nao teremos ingressos pra vender e outros problemas surgirão...

    Abraço
    Perger.

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