POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há alguns anos, quando a economia mundial
definhava, como resultado da lógica de cassino dos mercados, o Brasil se
mantinha firme. Parecia mesmo ser o lumiar de uma nova forma de sociedade,
capaz de crescer e, ao mesmo tempo, investir no social. Muita gente viu aí uma
alternativa à lógica neoliberal, que nos últimos anos foi uma praga a corroer a dignidade das pessoas mundo afora.
Mas nos tempos mais recentes isso se inverteu. Se
antes acreditava-se no Brasil como potencial impulsionador de uma nova forma
de relações sociais, hoje o país parece caminhar para o olho do furacão. Do ponto de
vista econômico, a receita do Governo Federal, que implica na a
redução das despesas e diminuição dos investimentos, é a mesma que levou outros
países para o abismo.
Temos o exemplo dos países sob intervenção da
Troika (Grécia como expoente), onde o ideário neoliberal só produziu
desemprego, miséria e desagregação social. Havia a crença de que cortar
investimentos públicos e subir impostos seria a fórmula para equilibrar a economia. Falhou.
E com uma situação curiosa: aplica-se veneno para curar um doente e quando não
funciona aumenta-se a dose de veneno.
CRISE MUNDIAL - Há uma crise no Brasil, mas ela é contornável. No entanto, a economia tem sido parca em boas notícias. O risco é haver uma nova crise mundial, em especial se
for generalizada e mais profunda. O mundo ainda nem se recuperou da crise do subprime e surge no horizonte o fantasma de uma nova hecatombe: a
bolha chinesa pode estourar e arrastar o mundo para um novo desastre.
É fato que o Brasil está mais resistente às crises
internacionais. Quem não se lembra da tragédia de anos atrás, quando o FMI davas cartas em Brasília? Se a economia internacional espirrava,
o Brasil apanhava uma pneumonia. Tempos difíceis. Mas os especialistas
anunciam que se houver um problema com a economia chinesa, vai sobrar farofa
para todos os ventiladores. Não subestimemos.
CRISE POLÍTICA - O Brasil tem um problema adicional. A
crise política iniciada com os movimentos de contestação ao atual governo, em
2013, retira estabilidade. Foi nesse momento que se acendeu o rastilho para uma crise política antipatriótica e
suicida. Mas a instabilidade criada pela ânsia golpista dos que não aceitam os
resultados das urnas vai para além da política. O tiro no pé gangrena a economia.
Nem é preciso lembrar o ridículo do “apesar da
crise”, repetido à exaustão pela imprensa quando tem que dar boas notícias.
Virou piada para pessoas com pelo menos dois dedinhos de testa. Mas é um ato político sério. Há quem
queira o caos a tudo custo, mesmo que esse custo seja pôr o futuro do país em causa. Os exemplos da insanidade são muitos e incompreensíveis à luz da civilização e da democracia.
Exemplos? Gente que apoia Eduardo Cunha, sobre o qual
pesa uma vasta lista de acusações, desde que ele atue no sentido de derrubar
Dilma Rousseff. Ou gente que dá guarida às ideias entreguistas do tucano José
Serra, que quer oferecer o petróleo nacional a companhias estrangeiras. É loucura. Há mais exemplos, mas interessa apenas mostrar que o Brasil mergulhou numa
espiral fascista e que pode estar a entrar um beco sem saída.
Fascismo, ódio, demência e atraso nada têm a oferecer a não ser o caos. E, claro, servem apenas para enfraquecer o país num momento em que ele precisa ser forte.
É a dança da chuva.