POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há alguns dias, o Chuva Ácida publicou um
artigo do vereador Maycon Cesar, presidente da Comissão de Urbanismo da Câmara
de Joinville. O texto era sobre a LOT – Lei de Ordenamento Territorial e
incidia mais especificamente na questão das faixas viárias. O vereador
apresentava uma posição discordante dos atuais inquilinos da Hermann Lepper,
que estariam a impor uma espécie de vale tudo no tratamento desse dossier.
Quando o texto foi publicado, eu pessoalmente
recebi algumas mensagens. Todas a indagar a razão pela qual o blog estaria a publicar um texto do vereador, pessoa sobre a qual fizeram algumas
críticas contundentes. A resposta foi sempre a mesma: é a liberdade de
expressão. Nenhuma sociedade civilizada tem o direito de cortar a voz às
pessoas e o Chuva Ácida surgiu exatamente com a missão de ser um espaço para a
democracia e a diversidade de pensamento.
Aliás, vale lembrar um fato que chegou até
alguns integrantes do blog. O vereador estaria a procurar novos meios – no caso
a blogosfera – para expor as suas ideias, uma vez que a velha imprensa
joinvilense já não estaria tão receptiva aos seus argumentos. E quando escrevo
“velha imprensa” é apenas uma forma de localizar certos meios de comunicação no
espectro onde eles se encontram: o passado. Entra década, sai década e o
registro dessa imprensa bafienta é o mesmo, só que mais caquético. Nada evolui.
E é um passado distante, porque o fenômeno dura
há muitas décadas. Joinville sempre viveu de relações incestuosas entre a velha
imprensa e o poder público. O toma-lá-dá-cá originou um ethos (não confundir com ética) segundo o qual quase tudo pode ser
negociado. Silêncios, omissões, falas. Uma vezes por interesses quantificáveis,
outras por simples servidão voluntária. O sabujismo acabou por se tornar uma
forma de vida no seio dessa velha imprensa.
Qual o problema? Essa gente está presa ao
passado – empresários, jornalistas e, inclusive, os manda-chuvas políticos – ao ponto de
não perceber a real dimensão do problema. Há uma relação entre mídia e economia.
Quanto mais moderna for uma, mais evoluída será a outra. Aliás, há estudos
acadêmicos a demonstrar a teoria de que uma imprensa cediça representa um
atraso econômico. Mas nem precisamos de teses. Os países mais desenvolvidos são
aqueles onde a liberdade de expressão é mais respeitada.
Uma imprensa velha faz uma cidade velha.
É a dança da chuva.