segunda-feira, 18 de maio de 2015
A LOT, o Fritz, a polícia e o futuro
POR JORDI CASTAN

LOT E AS MEIAS RESPOSTAS - A LOT - Lei de Ordenamento Territorial segue parecendo mais uma interminável novela mexicana do que uma proposta concreta para uma Joinville melhor. Decisão da 2ª Vara da Fazenda Pública considerou cumprida pelo IPPUJ a exigência de apresentação de documentos sobre o projeto da LOT.
A mesma decisão, porém, reconhece que há pontos não esclarecidos nos documentos e estudos apresentados pelo IPPUJ. Os documentos não permitem identificar quais as regiões de Joinville terão maior volume de tráfego de veículos quando a lei for aprovada e entrar em vigor. Outro ponto sem resposta é se a mudança de zoneamento terá impacto no sistema de coleta de esgoto.
A decisão é um caso típico de "nim": sim... porém não. Assim a LOT avança para ser aprovada sem que haja respostas às questões levantadas desde o início do debate e sem que sejam apresentadas provas convincentes e estudos definitivos que permitam avaliar impacto que a LOT terá sobre a cidade. É estranha, para não dizer estranhíssima, a resposta do juiz que, por um lado, garante que o IPPUJ cumpriu a determinação, mas, pelo outro identifica os pontos que não foram respondidos. Reconhece que há dúvidas e perguntas sem ser respondidas mas aceita as meias respostas do IPPUJ.
O resultado é uma pá de cal, ao reconhecer que os estudos foram apresentados, e outra pá de areia, ao identificar quais pontos não foram atendidos. Daí que alguém possa achar que o tema da LOT envolve poderosos interesses econômicos ou os interesses econômicos de poderosos e que o tema deve ser tratado politicamente, quando deveria ser tratado juridicamente.
A decisão do juiz não responde a pergunta: foram ou não apresentados todos os estudos técnicos e as informações necessárias para que a população, em primeiro lugar, e a Câmara de Vereadores, posteriormente, possam se manifestar e votar com convicção e conhecimento, tendo em mãos todos os elementos? A decisão do juiz abre espaço para novas ações na justiça e acaba suscitando ainda mais dúvidas.
A MORTE DE FRITZ - Joinville perde mais um
personagem ilustre. Símbolo da luta por um Rio Cachoeira limpo e despoluído, a morte, na semana passada, do seu habitante mais famoso é uma perda
para quem acreditava que o rio algum dia voltaria a ser limpo. Quem tem
oportunidade de viajar pela Europa não deixa de se surpreender com a
transparência e a qualidade da agua dos seus grandes rios, seja o Reno em
Colônia, o Sena em Paris, o Tamisa a sua passagem por Londres ou o Tejo em
Lisboa. Aqui imaginar que um dia o Rio Cachoeira possa voltar a ser um rio
limpo e se converter, um dia, numa opção de lazer ou no eixo de um parque linear
que sirva para o lazer de todos é um sonho cada vez mais distante.
SEGURANÇA INSEGURA - Dados
divulgados esta semana revelam que o número de policiais em Joinville, em relação ao índice de habitantes por policial, passou de 585 habitantes/policial em 2001, para os atuais 721 habitantes/policial. Não sei se
fico mais incomodado com o descaso do Governo do Estado com Joinville ou com o
silêncio das entidades empresariais, com a ACIJ à frente.
O resultado é que Joinville é hoje uma cidade muito mais insegura. Os assaltos têm aumentado e a sensação de que a impunidade campeia à vontade não se restringe aos bairros mais distantes ou as áreas tradicionalmente mais inseguras. Hoje não há quem não tenha uma historia de violência urbana, de insegurança vivida pessoalmente ou por alguém muito próximo. O prefeito deve achar que a Guarda Municipal vai mudar esse quadro e por isso faz pouco para se esforçar em trazer para Joinville os 179 policiais militares que Joinville precisa para voltar aos índices de 2001.
O resultado é que Joinville é hoje uma cidade muito mais insegura. Os assaltos têm aumentado e a sensação de que a impunidade campeia à vontade não se restringe aos bairros mais distantes ou as áreas tradicionalmente mais inseguras. Hoje não há quem não tenha uma historia de violência urbana, de insegurança vivida pessoalmente ou por alguém muito próximo. O prefeito deve achar que a Guarda Municipal vai mudar esse quadro e por isso faz pouco para se esforçar em trazer para Joinville os 179 policiais militares que Joinville precisa para voltar aos índices de 2001.
CELERIDADE - Depois de cinco anos sem uso, o
prédio que abrigou a CASAN primeiro e a Gerência de Educação mais recentemente,
o Governo do Estado está pedindo autorização para colocar o imóvel à venda. Foram cinco anos. Ainda há quem ache que foi rápido. Se compararmos com outros exemplos
locais, pode ser que sim, que este processo ande rápido. O joinvilense é
campeão no quesito esperar sem reclamar, e a gente que se aproveita desse jeito
pacato de ser.
- E assim vamos, cada dia dando um passo mais avançando na
direção a Joinville do futuro.
sábado, 16 de maio de 2015
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Para onde irão chorar as viúvas e viúvos?
![]() |
LHS deixou centenas de viúvas e viúvos políticos (foto Salmo Duarte/Ag. RBS) |
POR SALVADOR NETO
Neste final de semana, uma semana após a morte
do senador Luiz Henrique da Silveira – o quase imortal político que a tudo
controlava na política catarinense – poderemos ter uma análise melhor do novo
quadro que se anuncia. É só dar uma verificada nas três missas de sétimo dia
agendadas para Joinville e Florianópolis. Para além do valor humano, da perda
que é dura aos familiares, ao qual respeito, há que se verificar para onde irão
as viúvas e viúvos do poderoso LHS agora que ele foi a outro plano.
Imaginemos, pois, para onde irão as viúvas
penduradas, digo, aninhadas no impoluto senado federal? No velório as falas
eram muitas, e as fontes muito próximas garantiam: só por lá seriam entre 60 e
65 que prestavam seus serviços aqui, lá e acolá. Talvez migrem, com o coração
peemedebista partido, para o colo tucano do senador que assume a vaga, Dalírio
Beber. Talvez. Ou então para outro bicudo, Paulo Bauer? Mas vejam, esses galhos
tucanos já estão prá lá de lotados. Imagino o choro por um pedacinho do graveto.
Viúvas e viúvos aboletados em cargos do governo
de SC? Não são poucos! Eles e elas estão por toda Santa Catarina, ou nas
cabideiras SDRs – que estão na mira do governador Colombo – ou em cargos nas
autarquias, secretarias, empresas, conselhos e outros ramos da mãe estado. Qual
dos líderes políticos vai oferecer guarida a tantos “assessores”? Colombo?
Mauro Mariani? Eduardo Moreira? Dário Berger? Fico a imaginar quanto faturam
neste momento as fotocopiadoras por este estado afora! Dá-lhe currículos!
LHS foi um paizão. Na imensa rede onde descansam,
ou descansavam, vários “assessores”, há de tudo. Desde grandes letrados (?) que
ocupavam, e ocupam, cargos estratégicos para que seus projetos tenham caminho
aberto, até seguradores de mala, motoristas, mantenedores de currais
eleitorais, tocadores (?) de obras, e claro apaniguados de muitos deputados
estaduais e federais dos mais diversos, todos certamente empenhados em dar o
melhor para a gente catarinense.
Ah, sim! Viúvos e viúvas do empresariado que
tanto tinham apreço por LHS, para onde correrão neste momento difícil? Dá para
imaginar? Voltarão ao projeto Bornhausen? Amin? Ou já miram para os filhotes de
Colombo como Gelson Merísio, Antônio Gavazzoni, João Rodrigues? LHS, LHS,
porque nos abandonaste, era a cantilena ouvida pelos cantos do Centreventos
Cau Hansen durante as exéquias ao grande líder. Se apurarmos os ouvidos, sons
chegam da Fiesc e associações empresariais de muitas cidades. Mas estes, bom,
estas viúvas tem muitos pretendentes sempre.
O que dizer dos partidos nanicos, cujos líderes viúvos
ficaram tão sentidos a ponto de brigar para segurar na alça do caixão do
senador falecido à saída para o féretro que levaria o grande líder em um
caminhão de bombeiros para sua última morada. Não é invenção não, meninos e
meninas, eu vi! E o seu PMDB, o maior viúvo do talento de LHS para manter o
poder, que será deste? A argamassa que conseguia unir tantos desunidos se foi. As
pequenas repúblicas internas se desprenderão rumo a outros pretendentes?
Em Joinville, onde o senador mandava há décadas
no seu partido e em outros tantos, o engalfinhamento tende a ser magnífico.
Senão uma luta fratricida, talvez traições inimagináveis tempos atrás. O atual
prefeito Udo Döhler, que só é o alcaide pelas mãos de LHS, vai colocar seu
poder para tomar de assalto a legenda? Ou então aproveitará a deixa para voltar
à redutos mais adequados ao seu modo de ser, tipo PSD, DEM, PR, etc? O que
farão os deputados Dalmo Claro, Mauro Mariani? Os vereadores Rodrigo Fachini,
João Carlos, Mauricinho e Claudio Aragão? Essa reunião de viúvas de LHS será
difícil de unir.
Mas se o espólio político de Luiz Henrique
deixou muitas viúvas e viúvos a chorar, embaralhando o cenário estadual, por
outro lado atiçou ainda mais o desejo do PSD de controlar o cetro deixado pelo
senador. Com o comando do governo estadual, e sabendo manejar o poder como
poucos, os pessedistas devem acelerar a máquina contra o PMDB, de olho já em
2016 e 2018.
Se quem mais enviuvou foi o PMDB, a choradeira
pode aumentar e muito mais. Porque viúvas e viúvos também traem a memória e o
legado deixado. É esperar e conferir para onde correrão as lágrimas de tantas
viúvas e viúvos mal acostumados com os benefícios do poder.
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