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LHS deixou centenas de viúvas e viúvos políticos (foto Salmo Duarte/Ag. RBS) |
POR SALVADOR NETO
Neste final de semana, uma semana após a morte
do senador Luiz Henrique da Silveira – o quase imortal político que a tudo
controlava na política catarinense – poderemos ter uma análise melhor do novo
quadro que se anuncia. É só dar uma verificada nas três missas de sétimo dia
agendadas para Joinville e Florianópolis. Para além do valor humano, da perda
que é dura aos familiares, ao qual respeito, há que se verificar para onde irão
as viúvas e viúvos do poderoso LHS agora que ele foi a outro plano.
Imaginemos, pois, para onde irão as viúvas
penduradas, digo, aninhadas no impoluto senado federal? No velório as falas
eram muitas, e as fontes muito próximas garantiam: só por lá seriam entre 60 e
65 que prestavam seus serviços aqui, lá e acolá. Talvez migrem, com o coração
peemedebista partido, para o colo tucano do senador que assume a vaga, Dalírio
Beber. Talvez. Ou então para outro bicudo, Paulo Bauer? Mas vejam, esses galhos
tucanos já estão prá lá de lotados. Imagino o choro por um pedacinho do graveto.
Viúvas e viúvos aboletados em cargos do governo
de SC? Não são poucos! Eles e elas estão por toda Santa Catarina, ou nas
cabideiras SDRs – que estão na mira do governador Colombo – ou em cargos nas
autarquias, secretarias, empresas, conselhos e outros ramos da mãe estado. Qual
dos líderes políticos vai oferecer guarida a tantos “assessores”? Colombo?
Mauro Mariani? Eduardo Moreira? Dário Berger? Fico a imaginar quanto faturam
neste momento as fotocopiadoras por este estado afora! Dá-lhe currículos!
LHS foi um paizão. Na imensa rede onde descansam,
ou descansavam, vários “assessores”, há de tudo. Desde grandes letrados (?) que
ocupavam, e ocupam, cargos estratégicos para que seus projetos tenham caminho
aberto, até seguradores de mala, motoristas, mantenedores de currais
eleitorais, tocadores (?) de obras, e claro apaniguados de muitos deputados
estaduais e federais dos mais diversos, todos certamente empenhados em dar o
melhor para a gente catarinense.
Ah, sim! Viúvos e viúvas do empresariado que
tanto tinham apreço por LHS, para onde correrão neste momento difícil? Dá para
imaginar? Voltarão ao projeto Bornhausen? Amin? Ou já miram para os filhotes de
Colombo como Gelson Merísio, Antônio Gavazzoni, João Rodrigues? LHS, LHS,
porque nos abandonaste, era a cantilena ouvida pelos cantos do Centreventos
Cau Hansen durante as exéquias ao grande líder. Se apurarmos os ouvidos, sons
chegam da Fiesc e associações empresariais de muitas cidades. Mas estes, bom,
estas viúvas tem muitos pretendentes sempre.
O que dizer dos partidos nanicos, cujos líderes viúvos
ficaram tão sentidos a ponto de brigar para segurar na alça do caixão do
senador falecido à saída para o féretro que levaria o grande líder em um
caminhão de bombeiros para sua última morada. Não é invenção não, meninos e
meninas, eu vi! E o seu PMDB, o maior viúvo do talento de LHS para manter o
poder, que será deste? A argamassa que conseguia unir tantos desunidos se foi. As
pequenas repúblicas internas se desprenderão rumo a outros pretendentes?
Em Joinville, onde o senador mandava há décadas
no seu partido e em outros tantos, o engalfinhamento tende a ser magnífico.
Senão uma luta fratricida, talvez traições inimagináveis tempos atrás. O atual
prefeito Udo Döhler, que só é o alcaide pelas mãos de LHS, vai colocar seu
poder para tomar de assalto a legenda? Ou então aproveitará a deixa para voltar
à redutos mais adequados ao seu modo de ser, tipo PSD, DEM, PR, etc? O que
farão os deputados Dalmo Claro, Mauro Mariani? Os vereadores Rodrigo Fachini,
João Carlos, Mauricinho e Claudio Aragão? Essa reunião de viúvas de LHS será
difícil de unir.
Mas se o espólio político de Luiz Henrique
deixou muitas viúvas e viúvos a chorar, embaralhando o cenário estadual, por
outro lado atiçou ainda mais o desejo do PSD de controlar o cetro deixado pelo
senador. Com o comando do governo estadual, e sabendo manejar o poder como
poucos, os pessedistas devem acelerar a máquina contra o PMDB, de olho já em
2016 e 2018.
Se quem mais enviuvou foi o PMDB, a choradeira
pode aumentar e muito mais. Porque viúvas e viúvos também traem a memória e o
legado deixado. É esperar e conferir para onde correrão as lágrimas de tantas
viúvas e viúvos mal acostumados com os benefícios do poder.