quarta-feira, 18 de julho de 2012

Consumo, logo existo


POR AMANDA WERNER

Estamos na metade de julho e já faz um mês que as lojas começaram as liquidações de inverno. Para o consumidor, nunca foi tão bom comprar vestuário. É o auge do inverno e compramos casacos, botas e roupas quentes, tudo pela metade do preço. A promoção agora é regra. Só paga preço cheio quem quer.

A lógica é a seguinte: O lojista que não comprar a coleção primavera/verão até o início do inverno, perde a vez. Após determinado período, o lojista somente consegue comprar peças para reposição. Assim funciona em todas as estações, principalmente para as lojas que trabalham com marcas conhecidas. Compra-se a coleção nova com muita antecedência e consequentemente, vende-se com antecedência também. Afinal, não dá pra ficar com o estoque estacionado. Existem contas para pagar e folhas de pagamento vencendo ao final do mês.

E nessa lógica, o tempo vai correndo. Daqui a pouco é Natal. O Natal sempre foi no mês de dezembro. Costumávamos entrar no clima de Natal quando montávamos o pinheirinho, bem no início de dezembro. O tempo do Natal era em Dezembro. Hoje, em meados de outubro começamos a ver enfeites natalinos nas vitrines e, no susto, percebemos: Já é Natal! E, com esta percepção, temos uma sensação de encurtamento de tempo. O ano está acabando... e todas as coisas que queríamos fazer até dezembro? Não cumprimos grande parte de nossas promessas. Mal demos início a muitos de nossos projetos, planejados com tanto entusiasmo no Ano Novo. E isso nos causa um stress danado. Fracassamos.

Será esta uma percepção local?

Perdemos o referencial de tempo. O inverno é primavera. O verão virou outono. E o Natal, já está chegando.

Mas, enfim, o que aconteceu? O comércio anda antecipando as datas? Quem é responsável por nos fazer sentir impotentes perante o tempo?

Einstein demonstrou, que a percepção do tempo depende do ponto de vista do observador.

Outros dizem que é a tal Ressonância de Schumann. E que a percepção de que tudo está passando mais rápido não é ilusória, mas, que devido a aceleração geral, o dia não teria mais 24 horas e sim 16. Loucura, loucura...

Mais fácil porém, é crer que somos responsáveis pela correria toda. Vivemos tão acelerados que não vemos o tempo passar. O comércio? Só nos acompanha, pois é um sistema vivo, interativo, e reflete a aceleração geral. Afinal,  consumir, é quase um imperativo. Nem prestamos mais a atenção no que estamos adquirindo, estamos em constante déficit de atenção, por excesso de informação.

A saída? O consumo consciente. O entendimento de que o poder de escolha do consumidor influencia toda a cadeia de produção industrial, a preocupação com os recursos naturais, se na confecção do produto adquirido teve trabalho infantil, ou uso de agrotóxicos, faz com que consigamos compreender as consequências  que o comportamento de compra nos traz. E a falta de tempo que o consumo predatório nos gera. Afinal, já dizia Saramago: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.

Chuva de gols na Arena

POR GABRIELA SCHIEWE
DE LAVADA - O que faltou no jogo contra o São Caetano, no sábado, sobrou ontem à noite na Arena: o Tricolor goleou o Ipatinga por 6 x 0. Mesmo com o gramado castigado pela chuva que caiu torrencialmente durante todo o dia em Joinville, o JEC desde o início impôs o seu jogo, não permitindo que o Ipatinga, estreando novo técnico, demonstrasse alguma qualidade de jogo.

Com jogadas rápidas e eficientes (coisa que faltou no primeiro tempo contra o São Caetano, quando o JEC conseguiu impor o seu ritmo de jogo apenas no tempo final da partida), utilizando muito bem os seus laterais e aproveitando as bolas paradas, que se tornam muito perigosas com o campo e bola molhados, o gol surgiu cedo. Aos 5 do primeiro tempo, Lima, após uma longa temporada sem marcar, faz o primeiro, vindo depois a marcar mais dois: um de pênalti, sofrido pelo Alex, e o terceiro num cruzamento da esquerda, lance em que pegou na veia e marcou um belíssimo gol. Os outros três foram marcados por Leandro Carvalho aos 8 e por Alex aos 38 (ele fez o seu último jogo pelo Joinville, onde desenvolveu um bom trabalho), todos no primeiro tempo.

No segundo tempo ainda teve mais um gol, em jogada individual do Adailton, muito bem trabalhada pelo lado esquerdo do Tricolor: ele chutou colocado no canto esquerdo do goleiro, finalizando essa "chuva" de gols nessa noite "estrelada" em Joinville.

No jogo de ontem, diferente do anterior, o Tricolor foi beneficiado com um pênalti inexistente, mas também nem era preciso. Nem sempre é assim. No jogo em São Caetano, o JEC foi "garfado" com um pênalti que não existiu, além de ter vários impedimentos marcados em lances legais nos quais o ataque joinvilense estava em condições de marcar.

Mais uma vez em casa e, debaixo de muita água, o Joinville desempenhou muito bem o seu papel. Agora é trabalhar forte para realizar esse bom jogo fora de casa e conquistar pontos importantes para subir na tabela de classificação.

FUTSAL - A Krona foi até Niterói e protagonizou, com o Botafogo, uma partida de alto nível, apesar do 0 x 0. Tiago trabalhou muito bem no gol. Agora só é preciso calibrar os lançamentos de longa distância. Na Taça Brasil Sub 20, a Krona venceu na estréia o Afagu/Russas pelo placar de 4 x 2 e volta a jogar hoje contra o Vasco da Gama.

terça-feira, 17 de julho de 2012

E por falar no Museu da Chuva...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
No seu texto de domingo, o Guilherme Gassenferth relembrou o Museu da Chuva. Se você acha que a ideia meio maluca, então é legal dar uma olhada (ou melhor, mergulhada) no Museo Subacuático de Arte, perto de Cancún, no México. 



Tabuísmo para a pequepê!


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Você acha a linguagem dos blogs exagerada? Que a liberdade é muita e o pessoal abusa nos palavrões? Pois é... o texto de hoje não é diferente. Traz palavras "horríveis" e por isso só pode ser publicado num blog, onde a linguagem é mais livre – a até libertina. Vou falar sobre o tabuísmo.

O quê? Tabuísmo? Sabe o que é isso? Não, nada a ver com tábuas. É a expressão usada para falar dos tabus na língua. Ou seja, aquelas palavras ou expressões que, por causa do moralismo das sociedades, acabam sendo consideradas grosseiras, obscenas e ofensivas. Em suma, tornam-se palavrões sem o ser.
OLHA O DICIONÁRIO – Se fosse numa universidade eu seria obrigado a escrever ou falar palavrões para discutir a questão do tabuísmo. Mas este é um texto que não pode, por exemplo, ser publicado num jornal, porque temos que considerar os leitores que se sentem ofendidos. De qualquer forma, para que não me acusem de ser besteirento, vou reproduzir a definição que está no Dicionário Houaiss.

- Tabuísmo: palavra, locução ou acepção tabus, considerados chulas, grosseiras ou ofensivas demais na maioria dos contextos [São os chamados palavrões e afins e referem-se geralmente ao metabolismo (cagar, mijar, merda), aos órgãos e funções sexuais (caralho, pica, boceta, vulva, colhão, cona, foder, pívia, crica, pachoucho etc.), incluem ainda disfemismos pesados como puta, veado, cabrão, paneleiro, expressões tabuizadas (puta que pariu) etc.].

Oooopa! Não fui eu quem escreveu isso. Foi publicado no dicionário. Se está publicado, então é público. Se está no dicionário, então é legítimo. Aliás, a descrição do dicionário traz algumas palavras que nada dizem para um brasileiro (cona, por exemplo) ou que têm um significado inocente para um português (boceta, que é caixa). E as duas palavras falam da mesma parte da anatomia feminina.

TRÊS PONTINHOS - O tabuísmo torna ridículos alguns textos dos jornais. Porque obriga a inventar truques idiotas. Alguém se lembrou de usar os três pontinhos como uma espécie de hábeas corpus das palavras. Então, os textos dos jornais acabam cheios de expressões como “m...”, “b...eta”, “c...alho”. Ou abreviaturas, como “cdf”. E o que dizer de contenções linguísticas como caraca (no Brasil) ou caraças (em Portugal)? Ou expressões como “vai para a pequepê”?

Ora, o que torna uma palavra ofensiva? É a sua cabeça, leitor e leitora. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Eleições 2012


Trabalhadores protestam em Espanha


POR ET BARTHES
Que a crise começou a apertar na Espanha, todos já sabem. Mas a coisa ficou mesmo feia na Rádio Televisió Valenciana (RTVV). A direção tem um plano de restruturação que prevê 1.295 demissões, num total de 1.695 trabalhadores. Os caras invadiram a suite de emissão do telejornal e não deixaram o noticiário ir ao ar. E conseguiram fazer a manifestação chegar à casa dos espectadores. Uma emissora que tem 1.695 trabalhadores e pretende operar com apenas 400? Talvez isso explique as razões pela qual o poder público tem sido um sorvedouro de dinheiro. 


Deste jeito vou ter que votar no Tebaldi


POR JORDI CASTAN

Quem me conhece um pouco pode achar estranha uma afirmação como esta, mas depois de analisar detalhadamente as declarações patrimoniais dos cinco candidatos a prefeito de Joinville fiquei convencido que não há melhor candidato para Joinville.

Leonel Camasão é um candidato novo, ainda puro. Pela sua declaração de bens, nem conta em banco tem. Não duvido que seja bem intencionado, mas alguém com um patrimônio de R$ 5.000 dificilmente terá a experiência necessária para administrar um orçamento de quase R$ 2 bilhões.

O candidato Udo Dohler é apresentado como um gestor, alguém com experiência e conhecimento de gestão privada. O seu patrimônio é o maior dos cinco candidatos e não poderia ser diferente. Empresário bem sucedido, a sua declaração de bens informa de um patrimônio de R$ 5,9 milhões, entre o que cita títulos da Sociedade Ginástica de Joinville, da Sociedade Palmeiras e da Armonia (sic) Lyra que, todos juntos, não somam R$ 500. Uma prova do nível de detalhe e precisão que pauta a sua vida. Por outro lado, não aparecem, no seu patrimônio declarado, nem veículos, nem apartamentos, nem sequer o imóvel de moradia. Numa sociedade patrimonialista como a joinvilense, estranha que o candidato não tenha nem a residência, nem um carro no seu nome. Alguém poderia até inferir que ele só se desloca utilizando o transporte coletivo, o que não parece ser o caso.

Clarikennedy Nunes mostra uma evolução patrimonial interessante. Os dados apresentados à Justiça Eleitoral sinalizam que nos últimos dois anos passou a administrar melhor o seu patrimônio e o incrementou sensivelmente, ainda que tenha esquecido de declarar as aplicações em bancos, como fez nos anos anteriores. Em 2006, o seu patrimônio declarado era de R$ 198 mil. Em 2008, aumentou para R$ 221 mil. E, em 2010, aumentou um pouco mais, somando R$ 224 mil. Foi nos últimos dois anos que o valor cresceu até os atuais R$ 459 mil. Um aumento significativo em pouco tempo.

O prefeito Carlito Merss conseguiu aumentar o seu patrimônio de R$ 378 mil em 2008 para R$ 620 mil em 2012, o que prova que tem conseguido arrumar a casa, fazendo nestes últimos quatro anos um bom pé de meia. A justificativa para este aumento de patrimônio pode estar mais na venda do sempiterno apartamento do Guanabara, que aparecia na declaração de bens de 2008 e que agora em 2012 sumiu na declaração deste ano

Mas nenhum dos candidatos mostra um crescimento patrimonial tão expressivo como o do ex-prefeito e ex-secretário de Educação Marco Tebaldi. Para alguém que nunca ocultou que chegou a Joinville com pouco mais que a roupa do corpo na década de 80 - e que desenvolveu todo a sua vida profissional no serviço público - um patrimônio de R$ 2,45 milhões é um logro significativo. Entre os bens declarados além da sua residência na rua Lages e um apartamento em Itapema, também aparece agora um prédio comercial na rua Laura Andrade 73. Se o caixa da prefeitura municipal for administrado como tem cuidado do seu patrimônio declarado, não vai faltar dinheiro para obras. Para ter uma ideia, o seu patrimônio representa mais de 13 anos recebendo o salário de prefeito de Joinville e sem ter gasto um único centavo. Um mérito que não esta facilmente ao alcance do qualquer um.

Para quem tiver interesse em se aprofundar no tema do patrimônio dos candidatos, uma sugestão é visitar o site do TSE. Mas não esperem uma informação muito precisa. Os candidatos informam de forma imprecisa, não identificam os imóveis, esquecem de informar os números de conta corrente e os valores. Os valores de um ano para outro, para o mesmo bem, podem mudar e se na declaração de bens esta é a prática, imagine a credibilidade que podem ter os planos de governo apresentados por estes candidatos.

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domingo, 15 de julho de 2012

Um flashmob com música da boa


ET BARTHES


É um banco espanhol. E, como todos sabemos, as coisas não andam bem para o lado da banca espanhola. Mas ainda tem coisas boas. Eis um flashmob que muita gente gostaria de ter visto ao vivo: os músicos entram aos poucos. No aniversário de 130 da fundação do Banco Sabadell, uma homenagem à cidade catalã através da campanha "Som Sabadell" (nós somos Sabadell)...


Hoje é o aniversario do Charles Henrique Voos


E todos os componentes do coletivo Chuva Ácida queremos compartilhar com vocês leitores este momento. O Charles Henrique é um permanente contraponto, traz sempre o outro ponto de vista, abre novas perspectivas e faz do blog Chuva Ácida um espaço mais inteligente e mais equilibrado

Porque eu amo Joinville


POR GUILHERME GASSENFERTH

Poucos conhecem o segredo que estou prestes a revelar, mas eu sou gaúcho. Pronto, falei. Nasci em Novo Hamburgo, um pouco ao norte da capital sul-rio-grandense. O que todos sabem é que pouquíssimos meses depois eu vim morar no que mais tarde seria uma paixão: Joinville.

Eu AMO Joinville. Pode ser que este platônico sentimento seja irracional, mas eu não acredito nisto. Para mim, gostar de Joinville é muito simples e óbvio. É como chover pra baixo.

Aliás, você que tá lendo isso tem uma relação paradoxal com a chuva – assim como todos nós que vivemos neste pequeno mundo às margens do rio Cachoeira. Afinal, você reclama a cada vez que chove (diz a previsão do tempo que este texto irá ao ar sob chuva), mas quando vem um turista, você estufa o peito com orgulho pra falar aqueles ditados de prateleira como “Joinville é a primeira chuva à esquerda após Curitiba” ou enunciar algum dos apelidos relacionados à precipitação pluviométrica, como “Chuville”. É ou não é? O Baço diz que nós deveríamos ter por aqui um Museu da Chuva. Concordo!

Penso que quando criou o mundo, Deus (ou a Natureza, como queiram) resolveu abençoar um pedacinho de terra. E fez-se a beleza por aqui. Primeiro, criou a baía da Babitonga, lindamente ímpar. Tem uma biodiversidade maravilhosa, águas calmas e até aqui soube conciliar a economia crescente em sua suas margens com a preservação ambiental. E Deus pensou que a baía não era suficiente e resolveu proteger esta joia. Cercou-a de morros e os fez cobrirem-se de linda vegetação e de belas quedas d’água. E entre estes dois tesouros deixou um espaço para que um dia pessoas privilegiadas pudessem habitá-lo e contemplá-los. Você os contempla?

Uma cidade que promove o encontro de culturas, tão valioso. Primeiro os sambaquianos, depois os bugres; os açorianos do Morro do Amaral; os fazendeiros Budal, Arins, Cercal, Cidral, Oliveira, Gomes; o cidadão francês egresso da fracassada Colônia do Saí, Frontin; em seguida o alemão Guenther, acompanhado de dois franceses, três suecos e três prussianos; para aí sim, em 9 de março de 1851, finalmente a chegada dos imigrantes suíços, alemães e noruegueses. E até hoje, a cidade agradece a vinda de africanos, italianos, japoneses, portugueses... e depois, paranaenses, gaúchos, paulistas, mineiros e nordestinos. E todos sentam-se à mesa no Jerke para umas empadinhas regadas por um bom chopp.

Aposto que não sou só eu: o joinvilense quando vai viajar volta pra cá e fica feliz de estar de volta em casa. E os filhos da cidade que moram em outros lugares sempre se encantam com o reencontro. Aqui é nosso lar. A cidade dos ipês amarelos que florescem e caem em uma semana; do jacatirão no verão; das orquídeas nas copas das árvores nas casas nos bairros. Terra do festival de dança e das bicicletas – que gostam de viver perigosamente. Lugar onde as pessoas são fechadas, mas solidárias. Povo que torcia fervorosamente para o JEC mesmo quando o time nem na série D estava e amargava campanhas terríveis.

Tem coisa que só tem aqui. Que outra cidade deste porte no Brasil é protegida só por bombeiros voluntários? 1700 pessoas, das quais 90% voluntárias, preocupadas em prestar atendimento em resgates, salvamentos e incêndios sem ganhar nada em troca. Aqui, a força do voluntariado é mais que retórica. Existe uma festa com 100 mil visitantes solidários que ajudam a manter o trabalho social de dezenas de entidades – a nossa já adulta Festa da Solidariedade. Uma cidade em que a primeira iniciativa de defesa pública era voluntária, o primeiro hospital e a primeira escola eram comunitários, onde os cidadãos se organizavam para fazer a cidade que desejam. E assim se moldou nossa velha Dona Chica.

Taí o segredo de eu gostar tanto daqui: o joinvilense. Joinville é maravilhosa porque seu povo fez com que ela fosse maravilhosa. O joinvilense fez Joinville ser o que é. E, muitas vezes, às custas de muito sacrifício.Muito esforço foi feito para que a cidade viesse a ser linda como é (era). E você, o que fez por Joinville hoje?

Link do texto do Jordi Castan elencando + de 100 motivos pra gostar de Joinville: http://comentariosdejoinville.blogspot.com.br/2011/07/100-motivos.html