POR JORDI CASTAN
Quando chegaram ao Brasil milhares de “médicos” cubanos, vestindo jalecos brancos, portando bandeiras cubanas e brasileiras. Gente que no marco do projeto “Mais Médicos” chegou para contribuir a reduzir o grave problema da saúde no país. Só alguém muito maldoso para enxergar nesse programa do governo Dilma Roussef, outro objetivo que não fosse o de melhorar o atendimento a essa boa parte da população que hoje está desatendida. Como alguém poderia identificar como sendo tráfico de pessoas o que é resultado de um convenio entre o governo brasileiro e o governo cubano, com a intermediação da OPS (Organização Panamericana da Saúde)?É difícil estabelecer um grau de maldade ou de gravidade entre os diversos crimes que se cometem. Afirmar que um dos piores crimes é o tráfico de pessoas é arriscado, alguns dirão que o sequestro, o latrocínio ou o tráfico de drogas e será difícil discordar ou estabelecer critérios lógicos e objetivos para medir brutalidade, perversidade, premeditação ou aleivosia. Há no tráfico de pessoas, essa versão atual da milenar escravidão, extrema perversidade. As imagens de escravos sendo comercializados nas ruas de Trípoli ou Benghazi, são brutais. Como são brutais as imagens das meninas comercializadas como escravas sexuais, por poucos dólares, pelo Boko Haram no Níger, ou pelo Isis no Iraque.
Há no Brasil 2 médicos para cada 1.000 habitantes, pelas estatísticas o indicador não é ruim, seria o mesmo que tem o Japão, pero dos 1,9 da Coreia do Sul e não tão longe dos 2,6 do Estados Unidos. O problema era e continua a ser a péssima distribuição destes médicos pelo território nacional o que faz que muitas regiões remotas e no Brasil há muitas não tenham médicos na proporção necessária.
Importar profissionais para suprir uma carência é uma solução logica e praticada por muitos países ao longo da história. Canada, Austrália, Alemanha, entre outros, tem programas que estimulam esse tipo de imigração. Quando trabalhei em Sri Lanka tive oportunidade de conhecer a existência do Ministério para o Trabalho no exterior, com o objetivo de permitir a “exportação” de profissionais daquele país para outros países, principalmente nos EAU (Emirados Árabes Unidos), o objetivo do ministério era que não fossem explorados, que só partissem a trabalhar no exterior com contratos assinados e que lhes fossem garantidos seus direitos e condições de trabalho iguais ou equivalentes as do seu país. Em troca o país se beneficiava de um fluxo estável e regular de divisas para manter as famílias que ficavam em Sri Lanka.
“Importar médicos” tem, por tanto a sua lógica. O brasileiro em geral e os políticos em particular não fazem muitas perguntas, não gostam de fazer muitas perguntas, fazer perguntas expõe a sua ignorância, mostra o que não sabem e isso amedronta, mas fazer perguntas também quer dizer buscar respostas que não querem ser dadas. Questionar não é bem visto, cria incômodos, gera até conflitos. Se não houvesse havido um grande acordão entre a maioria dos políticos, para aprovar com rapidez e sem questionamentos o programa “Mais médicos” poderíamos saber:
- Por que não se exigiu que a titulação de médico fosse comprovada com proficiência? Alias o mesmo que já se exige a milhares de brasileiros que se formam na Bolívia, na Argentina ou em outros países.
- Por que o salário dos “médicos cubanos” não se pagava integralmente ao próprio médico e sim ao governo cubano, que acaba agindo como intermediador ou “gigolô” dos próprios médicos.
- Por que a situação legal dos “médicos cubanos” é a de intercambistas e com isso não podem ser contratados e sua relação de trabalho não se rege pela CLT?
- Por que os “médicos cubanos” não poderiam trazer as suas famílias? Ou permanecer no Brasil?
- Por que para os “médicos cubanos” se estabeleceram critérios laborais, profissionais diferentes dos demais profissionais?
- Por que o Brasil prefere pagar R$ 7 bilhões para Cuba e não desenvolve uma proposta para que os médicos formados nas universidades públicas prestem serviços “voluntários” para devolver ao país o custo ou parte do custo da sua formação?
É importante saber que dos mais de 85 mil médicos cubanos, 15 mil estão em missões espalhados por 60 países. Lá, geralmente fazem o trabalho em áreas onde médicos locais não vão. Em retorno, trazem para Cuba um valor estimado em US$ 5 bilhões por ano. É muito: dá duas vezes o que Cuba ganha com exportações. E representa 7% do PIB da ilha – de US$ 70 bilhões. Para comparar: o Brasil exportou US$ 243 bilhões em 2012. Dá 11% do nosso PIB. Ou seja: proporcionalmente ao PIB, Cuba fatura quase tanto com seus médicos quanto o Brasil levanta exportando petróleo, soja, minério de ferro, carros e aviões. O Mais Médicos é uma importante fonte de divisas para a ditadura cubana.
Aliás bom lembrar que a decisão irrevogável de retirar os “médicos cubanos” a partir do dia 25 de novembro, foi uma decisão unilateral do governo cubano, tomada antes mesmo que o novo governo assuma em janeiro, e que surpreendentemente 196 já tinham retornado a ilha. Atitude que reforça o caráter eminentemente político da decisão.
(*) em quanto a titulação dos “Médicos cubanos” não seja validada por uma revalida igual a dos médicos brasileiros ou de outras nacionalidades formados no exterior, devemos olhar com suspeição a capacidade profissional dos ditos “Médicos cubanos”.
Interessante essa forma do texto com perguntas.
ResponderExcluirOutra dado para enriquecer o assunto sobre "os mais médicos", este programa foi criado pelo problema da interiorização do médico. Mas o que se viu na prática foi que muito mais da metade deles foram para grandes centros onde não havia problema com a falta de médicos. Por exemplo: Joinville chegou a ter mais de 20 médicos cubanos, sendo que a cidade dispõe de uma faculdade de medicina com mediccos batendo a cabeça por aqui, sem falar na demissão de médicos brasileiros destes postos para entrada de medicos cubanos servindo de moeda politpol do governo federal. Essa caixa preta é grande sem falar dessa tal Opas essa instituição pilantropica que ocupou o MS de assalto.
Obrigado por nos lembrar que esta pequena vila interiorana do nordeste catarinense recebeu 20 "médicos cubanos". Joinville não deveria estar precisando de "médicos cubanos", mas quem sabe se na linha de reduzir custos a Prefeitura não trocou médicos brasileiros celetistas por intercambistas, sem direitos e custeados pelo governo federal...
ExcluirVeja as unidades que perderam os médicos cubanos:
ExcluirUBSF Dom Gregório (Jardim Iririú) – 1 médico
UBSF Moinho dos Ventos (Espinheiros) – 1 médico
UBSF Floresta – 2 médicos
UBSF Petrópolis – 2 médicos
UBSF Paranaguamirim – 1 médico
UBSF Itaum – 1 médico
UBSF Jardim Edilene – 1 médico
UBSF Parque Guarani – 1 médico
UBSF Jarivatuba – 1 médico
Tenho absoluta certeza que nesses "grandes centros" citado pelo colega Fábio, não será difícil alocar um médico 8 horas diárias, 5 dias por semana.
Sabe que um dos problemas da interiorização dos médicos é que quando ele vai trabalhar neste lugares distantes, os vínculos empregaticios são precarios,tipo vc recebe 1 mês daquela promessa de salário exorbitante mas depois fica 2 sem receber,sem falar que vc não tem recursos pra fazer um bom atendimento falta exames, medicamentos etc..E outra coisa, existe a pressão de trabalhar numa cidade pequena num toma lá dá cá, passando os amigos do rei na frente, com intervenção toda hora sobre suas decisões faz com que os médicos não tenham vontade de sair dos grandes centros. Mas se o governo investisse como fez com os mais médicos pagando salário e ajudando na infraestrutura duvido que não haveria interiorização.
ExcluirFábio, tá fumando erva estragada amigo? Como se no Dona Helena, Unimed, São José, Farmácia Escola da Univille, os amigos do Rei não passassem na frente dos meros mortais. Com plano de saúde na mão você é tratado como um ninguém no Dona Helena, economizam o máximo em exames e se o paciente não bater o pé e "exigir" um simples ultra som abdominal, o cara volta pra casa com um receitazinha no bolso para amainar o cálculo biliar. E você vem querer justificar que o médico no interior não tem condições? Sabe o que falta no interior Fábio? Shopping, academia, colégio particular, concessionária BMW, Mercedes e outras marcas, clubes de tênis e golf, marinas. E aí? Continua achando que os médicos brasileiros não vão para o interior por condições precárias de trabalho? Tudo Dele botou o ponto biométrico no São José em 2013 e 13 médicos pediram demissão, incluindo o genro dele. Falta de condições de trabalho?
Excluirdica para o pessoal de medicina brasileiro , melhor colocarem uma pedra em cima desse assunto de revalida , porque vai que os cubanos comecem à fazer e obtenham licença pra trabalhar no brasil, imaginem só: eles aprendem nas melhores faculdades de medicina do mundo , eles vivem o juramento de Hipócrates acima de tudo , eles aceitam trabalhar com salário mais baixo pelo simples tesão de servir o próximo ... vai ser difícil pro médico brasileiro concorrer numa vaga com eles heim .
ResponderExcluirO bolsonarismo tá fazendo escola na arte do fake. Os médicos cubanos faziam preparação para a proficiência; são servidores do Estado cubano, que é quem paga os direitos sociais e benefícios trabalhistas; não havia nenhum cláusula impeditiva para a vinda de familiares e nenhum cubano é obrigado a trabalhar nos 66 países que Cuba tem intercâmbio, basta uma adesão voluntária. O contrato é uma venda de serviço, intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e o preço visa sim investir na ilha, especialmente numa faculdade gratuíta de medicina que é referência mundial. E o mais médico foi para ampliar a oferta de médicos, não para trazer médicos cubanos, inclusive com várias medidas que aumentaram o oferta de cursos de medicina no Brasil, coisa que nossos doutos iluminados foram ferramente contra (querem reserva de mercado). Falar de escravidão é reproduzir a ignorância do Bozo.
ResponderExcluirFiquei anonadado ante a força de toda essa sua baboseira...
ExcluirÉ a própria ignorância do Bozo, mesmo. A realidade choca a estupidez.
ExcluirAliás quem fala de escravidão são os próprios cubanos.Há disponiveis suficientes depoimentos, inclusive lhe recomendo o da Associação de jornalistas cubanos Mas isso deve ser complexo demais para alguém como você aceitar e menos ainda reconhecer.
Excluirsugiro que acompanhe esta entrevista
https://youtu.be/X8mclrhjL04
ou este outro depoimento
https://www.blogdobg.com.br/video-jornalista-explica-na-jovem-pan-como-funcionava-o-mais-medicos-no-brasil/
Se tiver interesse em saber o que os médicos cubanos acham.
ResponderExcluirhttps://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/the-new-york-times/2017/09/29/medicos-cubanos-se-revoltam-no-brasil-voce-se-cansa-de-ser-um-escravo.htm?fbclid=IwAR1w-5WpQESLsc3Q4MYgxiYT0ValfbsgspO5YtfRXjgy3tquw_19PukPYvs
Meu genro (médicos) disse que é facilimo resolver o problema da falta de médicos nos rincões. Basta criar uma carreira de Estado para o médico que quiser. O que acontece com os juízes? Eles começam num biboca no cu do mundo e vem subindo até chegar à capital. Simples assim.
ResponderExcluirTaí o exemplo de duas profissões consanguíneas: Médico de unidade básica de saúde na biboca do cu do mundo e Juiz!
ResponderExcluirSobre a OPAS que alguns aqui elogiam...
ResponderExcluirPara o MPF, o convênio firmado com a OPAS possui vícios de legalidade, finalidade, motivação, é amplamente vago – o que dificulta a fiscalização do seu cumprimento – e expõe o Estado a prejuízos financeiros.