POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A coisa virou uma espécie de piada em Portugal, nos últimos dias. Sempre que você tem uma atitude que cheira a “intolerância”, a pessoa dispara:
- “É assim que nascem os bolsonaros”.
Faz sentido. Tudo isso é reflexo da forma como todo o mundo está a ver a eleição de um personagem como Jair Bolsonaro para a presidência: como uma piada perigosa.
O Brasil parece ter entrado em transe. Mas o mundo não. Talvez Donald Trump seja o único presidente feliz com a ascensão de um brucutu o Planalto. Não por identificação - mesmo um doidivanas como Trump conhece certos limites - mas porque ele está de olho no butim e as coisas parecem estar bem encaminhadas. Os interesses dos EUA na região estão acautelados e nem foi preciso disparar um único tiro.
Os governantes das nações democráticas estão reticentes acerca do futuro das relações com o Brasil. É só lembrar que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, só enviaram os cumprimentos uma semana depois da eleição. Parece que foi difícil engolir o sapo lá para os lados de Bruxelas. Aliás, as mensagens de alguns líderes mundiais tinham a carga emocional de uma boneca de silicone.
No entanto, o arco-íris é a cor preferida da diplomacia. E é óbvio que as relações entre os países vão continuar. O problema é que Bolsonaro será sempre uma figura contagiosa para qualquer democrata. Ninguém quer ser visto ao seu lado. O que levanta uma questão: isso vai interferir nas relações internacionais? É provável. Ninguém vai abandonar as transações comerciais, mas o crivo ideológico será evidente. Todos querem distância de Jair Bolsonaro.
O problema é que ele dificilmente poderá sair às ruas num país democrático. Porque o ambiente é de rejeição e ele vai enfrentar reações dos grupos ligados à causa dos direitos civis. Mas, por outro lado, poderá contar com apoio dos grupos neonazistas (o que não o incomoda, claro). Aliás, em Portugal um partido de extrema-direita - que no espectro político está entre os malucos e os doidos - já fez a sua homenagem ao futuro presidente, com a exibição de um outdoor (ver abaixo).
O PNR - Partido Nacional Renovador quer que o estilo Bolsonaro atravesse o Atlântico e chegue a Portugal. A ironia é que o mesmo partido em tempos publicou outro cartaz a pedir que o governo feche as portas aos imigrantes. Se tivermos em consideração que os brasileiros formam o maior contigente de imigrantes em Portugal, então a piada está pronta. Enfim, “é assim que nascem os bolsonaros”.
É a dança da chuva.
A diplomacia tem coisas estranhas: não quer ser vista ao lado de alguém honesto, não envolvido em corrupção e que é defenestrado pela grande mídia por não concordar com o discursinho babaca e enviesado do politicamente correto, mas não se importaria de ser fotografada ao lado de alguém que pede benção a um corrupto no xilindró. Com a debandada do Reino Unido e a queixas que vem de todos os lados dos países membros, logo, logo que vai perder o emprego e apagar a luz do parlamento europeu será o próprio Donald Tusk.
ResponderExcluirClaro que até nos países democráticos existem gente desinformada que não tem muito o que fazer na vida a violentar alguém que a grande mídia e os blogs sujos defenestram, mas, felizmente, essa patotinha dos infernos não representa o país estrangeiro.
Sobre os imigrantes brasileiros em Portugal, nem de longe representam proporcionalmente a leva de portugueses que para cá chegaram nos tempos em que a China crescia a dois dígitos e demandava recursos do Brasil, inundando o país com dólares e chamando atenção dos gringos. Além disso, Portugal sempre foi uma ponte para a Europa que fica ao lado.
E sobre o texto?
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