segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O jeito chileno de fazer bem versus o jeito sambaquiano de fazer nas coxas

POR JORDI CASTAN
Aproveitei as férias para visitar Santiago de Chile e cheguei à conclusão que estes chilenos estão loucos. Endoidaram. Insistem em fazer as coisas bem feitas, em manter as cidades limpas e bem conservadas. E, imaginem, em priorizar as pessoas sobre os veículos e o verde sobre o cinza do concreto. 

As praças, parques e as árvores que vicejam nas ruas da cidade estão bem cuidadas. Há equipes de jardineiros profissionais que cuidam, plantam e podam as plantas com conhecimento e cuidado. Tudo bem diferente das roçadas de mato por apenados e outros trabalhadores desqualificados, sem conhecimento ou formação adequadas para o trabalho e a função. 

Calçadas e praças têm pisos adequados, acessíveis e seguros. Nada de pavers e outras soluções que se utilizam nas terras sambaquianas, que envelhecem rápido demais e mal. Ou seja, soluções que priorizam o barato sobre a qualidade e a durabilidade. Mas são critérios. Os chilenos insistem em escolher materiais duráveis, de qualidade melhor e de trabalhar com profissionais que conhecem o seu trabalho e gostam de fazê-lo bem feito. 

Porque as coisas não duram, quebram antes do que deveriam e têm um acabamento tosco e de baixa qualidade? Ou pior: por que insistimos em projetar mal, executar pior e não prever nenhuma manutenção que aumente a durabilidade e acabe custando menos. Ora, toda esta inépcia custa muito cara a toda a sociedade.

Difícil achar uma resposta que sintetize a diferença entre o modelo seguido com persistência por chilenos e pela maioria dos países desenvolvidos e os países e sociedades que preferem a opção de fazer coisas pelo método que no Brasil é conhecido, desde a época colonial, pela expressão: "feito nas coxas". Há uma cultura estabelecida e bem consolidada de fazer as coisas nas coxas. E o resultado, aqui por estas bandas sambaquianas, é uma cidade que se esfarela, obras públicas pagas a peso de ouro que não duram e que precisam ser reformadas antes de prazo. 

A ideia de fazer bem feito nem passa pela cabeça dos administradores públicos. Projetos sem detalhamento, sem definição de materiais e sem especificações técnicas adequadas permitem que sejam usados materiais de qualidade inferior, que não se cumpram nem prazos, nem se respeitem orçamentos. Um bom exemplo de coisas feitas nas coxas é o projeto e a execução da duplicação da Avenida Santos Dumont. Ou alguém tem outra expressão que sintetize melhor a falta de planejamento, a péssima qualidade dos projetos elaborados e a forma como é mal gasto o dinheiro público. Lembremos que essa obra se alastra por anos a fio,  já causou dezenas de acidentes, alguns mortais, e quando fique pronta será só um remendo medíocre do que foi anunciado.

A insistência dos chilenos em querer fazer as coisas bem e em mantê-las para que sigam bem e não precisem ser refeitas antes do prazo é a maior prova que os chilenos estão loucos. Certos estamos nós.

6 comentários:

  1. O Chile teve a sorte que a maioria dos países latino-americanos não teve ao se aproximar dos Estados Unidos e aceitar a ajuda dos mens-in-black da Escola de Chicago em plena efervescência política da guerra fria, nos tempos de Pinochet.
    Hoje, enquanto nas republiquetas de bananas (como o Brasil) socialistas, apoiados por um grupo de pseudo-intelectuais e uma imprensa marrom, insistem em absorver bandidos e colocá-los na governança, o Chile mostra o que o Liberalismo econômico pode fazer na economia e na democracia de um país.

    A propósito, graças ao seu governo liberal, estima-se que o Chile em 2025 abandonará seus irmãos atrasados latino-americanos e alcançará o time dos países desenvolvidos. Enquanto isso, na terra das bananas governada por socialistas...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A presidenta que deixa o cargo agora é do Partido Socialista, que está na presidência pela segunda vez.

      Excluir
    2. O Domingos está confundindo governo com Estado e economia. Desde a redemocratização do Chile, entra governo de esquerda e direita e as diretrizes liberais se mantêm intactas.

      Excluir
  2. Bem meu caro, poderia apenas dizer que esta coberto de razão, 101%, nossa cidade esta coxa de retalhos, reportagem sempre falando mesmas coisas, e nada resolve, o fato que não coxas mais não, e pura enjambrado, mesmo nossa cidade, com trafico pesado sobre viaduto rua Tuiuti logo acontecerá solapamento, e ver para crer, lembre-se desta palavras!! Vamos eleger para governador quem sabe que cidade a colônia dona francisca melhore....piore de vez.

    ResponderExcluir
  3. Mas é assim, praças limpinhas e cheirosas, rodovias que chegam a dar sono durante a viagem de tão niveladas, prédios suntuosos abrigando feiras internacionais para cidadãos do mundo, tudo para camuflar os montes de favela qual cá existe. A diferença é que aqui não se importam em mostrar que nem tentam acabar com elas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É isso mesmo... Aqui o feio é bonito! A decrepitude faz parte da riquíssima cultura tupiniquim, ela está presente na música, no teatro, na sétima arte e, é claro, na arquitetura e urbanismo.

      E viva o socialismo, Che Guevara e FORA TEMER GOLPISTAAAAAAA!

      Excluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem