POR MURILO CLETO
Faltam poucas horas pro julgamento que deve sacramentar o destino do ex-presidente Lula. Na quarta-feira, 24, o TRF4 avalia recurso da defesa que contesta a sentença do juiz Sergio Moro, proferida no ano passado. Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva por considerar que a empreiteira OAS lhe presenteou com um apartamento triplex no Guarujá.
Há muita gente bem mais qualificada juridicamente do que eu pra dizer se a sentença está correta ou não e se Lula é realmente culpado. Tenho pra mim que não, mas nesse mérito eu não entro nem por decreto. O que mais chamou a minha atenção, observando com muito cuidado o comportamento das militâncias polarizadas ao longo desses meses todos, foi a relação meramente utilitarista que se desenvolveu com o julgamento.
De um lado, a esquerda que, à exceção do PCO, não tem coragem de – nesse contexto moralista e punitivista – se assumir contrária à Lei da Ficha Limpa e só quer que, independentemente do que decidir o colegiado, Lula seja candidato à presidência em outubro. De outro lado, o antipetismo que enxerga o julgamento de Lula como a oportunidade de barrá-lo nas eleições e de colocá-lo na cadeia.
No interior dessa dinâmica, absolutamente ninguém quer saber o que cada juiz vai dizer pra embasar sua decisão. Foi assim quando Moro julgou. Em instantes as 218 páginas da sentença já estavam rechaçadas de um lado e aplaudidas de outro.
É evidente que decisões judiciais não são absolutas (a própria existência de recursos prova isso) e que o debate em torno delas é saudável pra qualquer democracia. O problema é que o Brasil pós-2013 já não se vê reconhecido em quaisquer instituições. E o que é resolvido por elas serve apenas pra, de qualquer forma, validar uma posição já de antemão estabelecida na performance discursiva.
Se elas decidiram contra a minha causa, é porque estão comprometidas com os poderosos. “Se até elas” decidiram em favor da minha causa, é porque eu estou tão certo que nem elas são capazes de negar. Isso acontece o tempo todo com o Ministério Público, por exemplo. Dia desses ele era, para a esquerda, parte ativa do golpe reacionário que atropela garantias constitucionais mínimas. Depois a posição do MP serviu pra fundamentar a posição de progressistas contra o fechamento da exposição Queermuseu.
De novo, o trauma aqui não está na desconfiança nas instituições. É – insisto também nesse caso – saudável que elas tenham sido dessacralizadas. Acontece que no lugar delas não se colocou nada. E a principal função das instituições, que é a de mediar os sujeitos, desapareceu. Não se media nada num país polarizado como o nosso. Natural que em condições assim a sociedade responda com violência, sob a forma de mais justiçamentos e censura. Nesse cenário, o argumento de uma condenação ou de uma absolvição, sujeito à posição que se ocupa nesse front, não significa nada. Porque aqui o argumento também não significa nada. O total de brasileiros que vai mudar de opinião sobre Lula depois de quarta-feira é 0. Como foi em julho.
O cenário eleitoral de 2018 não é catastrófico apenas porque tem tudo pra ser uma versão caricatural de 1989, como muitos têm sugerido depois do anúncio da pré-candidatura de Collor. Mas porque até aqui ninguém, da classe política ou dos movimentos sociais, apresentou alguma alternativa suficientemente viável pra uma crise desse porte, muito maior do que a que é exibida pelos indicadores econômicos. E pior, a essa altura do campeonato é difícil achar alguém que não seja parte significativa dela.
Pode ser que melhore. Mas tudo indica que, antes de melhorar, ainda vai piorar bastante.
Eu não sei... Em pleno século XXI, com todas as ferramentas de informação, jovens que deveriam zelar pelo futuro que os aguarda estão corrompidos por esse sistema podre e ideologicamente virulento da esquerda carcomida latino-americana. Ainda bem que é uma minoria...
ResponderExcluirOs europeus, que levaram duas guerras na cabeça, têm a sua esquerda socialdemocrata moderna (embora também em decadência), e nós, aqui nos confins, com exemplos opostos do nosso lado (Venezuela e Chile), ainda a discutir a implantação socialismo na região.
Querido (autor), quantos anos você tem?
Como você se atreve a acreditar na inocência de Luis Inácio Lula da Silva? A idade não justifica!
Esse sujeito não era inocente nem quando era sindicalista no ABC, acusado pelos próprios militares de “X9”. Veja como o sindicalista Lula foi “preso” por desacato e, desde então, vem recebendo a “bolsa-ditadura” paga por todos nós.
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No banquinho de trás, sem algemas e com o “cigarrito” aceso. Esse era o “método brutal” dos militares descrito pela “perseguida esquerda brasileira”, ou apenas um “teatrinho” do X9 para salvaguardar uma indenizaçãozinha e posar de vítima para manutenção de seus controlados seguidores (conjuntura apoiada pelos amigos militares)?
Oi? Querem o fim da Lei da Ficha Limpa? Uma Lei cara à sociedade brasileira? Esse povo comeu cocô? Em que país essa juventude ignóbil (da esquerda) se espelha de exemplo para o Brasil?
Venezuela? Cuba? Bolívia?
É isso que sobrou da esquerda brasileira? O Lula? Esse é a “tauba” de salvação da esquerda?
Vá ler! Vá estudar! Vá fazer algo de bom para o seu país! Esse montinho de fezes que foi colocada a sua cabeça por algum professor fracassado esquerdista vai custar caro quando você tiver de procurar um emprego e ter de pagar suas contas. Deixe a justiça e as instituições em paz, ou mude-se para a Venezeula!
Credo. Que decrepitude!
ExcluirAnda sumido do twitter, o murilo cleto. veio se esconder por aqui?
ResponderExcluirÉ, a esquerda pode tudo!
ResponderExcluirPode ser “revolucionária”, pode coibir, pode roubar, pode ser contraditória, pode mentir... afinal os fins justificam os meios.
Quando aparece alguém que pede que uma lei seja eliminada (aonde uma lei é eliminada numa democracia?) o começo do fim está próximo.
Ditadores não passarão!
Fiquem nos vossos mundinhos encardidos e obscuros em alguma repartição pública e deixem o país em paz.