quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Por que Judith Butler assusta os obscurantistas?

POR JANDIRA FERRAZ
“Queima, bruxa. Aqui no Brasil não”. Esta foi a proclamação feita ontem, em altos berros, em frente ao Sesc Pompeia, em São Paulo. Parecia o anúncio da chegada da Idade Média, mas não. A bruxa em questão – materializada num boneco queimada em termos simbólicos – é a pensadora Judith Butler, uma referência no estudo da teoria do gênero em todo o mundo.

Mas o que faz essa perigosa Judith Butler para provocar tamanha ira? Talvez a resposta comece pela própria descrição: “pensadora”, “filósofa”. Ah… nada assusta mais os obscurantistas que uma pessoa associada ao pensamento. E para os fanáticos do Brasil destes tempos tudo virou “ideologia de gênero”, tudo tem o objetivo de destruir os alicerces da família.

E que tal tentar entender o que pensa a filósofa? Um aviso: o texto que segue não pretende analisar a obra da professora norte-americana, mas apenas fazer uma recolha de algumas citações (quotes) facilmente encontradas na internet. Mas se são citações normais em qualquer universidade do mundo, não é a mesma coisa no Brasil, onde provocam medo.

- “Sempre fui uma feminista. Isso significa que eu me oponho à discriminação das mulheres, a todas as formas de desigualdade com base no gênero, mas também significa que exijo uma política que leve em consideração as restrições impostas pelo gênero no desenvolvimento humano”. 

- “O jornalismo é um lugar de luta política... Inevitavelmente”. 

- “Sem dúvida, o casamento e as alianças familiares do mesmo sexo devem ser opções disponíveis, mas convertê-las um modelo de legitimidade sexual é precisamente restringir a socialidade do corpo de forma aceitável”.

- “Qualquer que seja a liberdade por que lutamos, deve ser uma liberdade baseada na igualdade”.

- “Existe uma boa maneira de categorizar os corpos? O que as categorias nos dizem? As categorias nos dizem mais sobre a necessidade de categorizar os corpos do que sobre os próprios corpos”.

- “As pessoas se perdem no que leem, apenas para retornar a si mesmas, transformadas e fazendo parte de um mundo mais amplo".

- “Afinal, a justificativa para a luta está no campo sensorial. O som e a imagem são usados para nos recrutar para uma realidade e para nos fazer participar dela. De certa forma, toda guerra é uma guerra contra os sentidos. Sem a alteração dos sentidos, nenhum Estado poderia fazer a guerra”.

- “Também não acredito que a literatura possa nos ensinar a viver, mas as pessoas que têm dúvidas sobre como viver tendem a recorrer à literatura”.

- “A estrutura das crenças é forte ao ponto de permitir que alguns tipos de violência sejam justificados ou nem mesmo sejam considerados como violência. Assim, vemos que não se fala de assassinatos, mas de baixas, e que não se menciona a guerra, mas a luta pela liberdade”.

- “Se Lacan presume que a homossexualidade feminina é causada por uma heterossexualidade mal resolvida, como mostra a observação, não seria tão claro para o observador que a heterossexualidade provenha de uma homossexualidade mal resolvida?”

- “O amor não é um estado, um sentimento, uma disposição, mas uma troca. Desigual, repleta de história, fantasmas, anseios que são mais ou menos legíveis para aqueles que tentam se ver com a sua própria visão defeituosa”. 

- “Os papéis masculino e feminino não são biologicamente fixos, mas socialmente construídos”.

E então? Dá para achar que Judith Butler é uma bruxa?

16 comentários:

  1. Pois é, me fez lembrar aquela blogueira cubana, Yoani María Sánchez Cordero, que os “obscurantistas” defenestraram por falar verdades inconvenientes sobre a ilha-cárcere quando ela esteve no Brasil.

    Por mim qualquer um pode vir e palestrar para a esquerdalha burra sobre bobagens de gênero contanto que não se metam nas reformas necessárias para o crescimento econômico do país. Vão lá, batam palmas, discutam o sexo dos anjos e deixem o país em paz.

    Eduardo, Jlle

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    1. E pensar que esse GÊNIO anda perdido aqui por Jville. Ninguém lembra de dar um ministério para esta sumidade?

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  2. Eu sou to-tal-men-te contrário ao impedimento de pessoas palestrarem só porque pensam diferente de mim.
    Mas, e os favoráveis à liberdade de expressão da palestrante, o que pensam sobre as palestras do político Bolsonaro?

    (Ai, como está sendo f... ser esquerdista ultimamente. Eles não perdem a chance de jogar pedrinhas no nosso telhado de vidro... aff)

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    1. Ei, abiguinho, acho que você não entendeu o conceito de "palestra". Já viste alguma? Porque só é convidado a palestrar quem tema alguma coisa relevante a dizer. ABESTADINHO DO PT

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    2. És um pândego, anônimo. Um talento nato para o humor. Sabes que Bolsonaro é um peso morto em termos de conhecimento e, portanto, nada tem a dizer de relevante a pessoas com pelo menos dois dedos de testa. Não faz palestrar, talvez uns comiciozinhos para idiotas.

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    3. mas se o Bolsa não tem nada para dizer, porque tanto ódio da esquerda contra o cidadão?

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    4. Não sei. Eu acho Bolsonaro um idiota seguido por outros idiotas, mas não o odeio. Esse negócio de ódio é com vocês...

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    5. odeia sim... tem uma esquerda raivosa que depreda bens públicos e privados, agride pessoas, sexualiza crianças e mostra peios caídos.

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    6. Sempre duvido de quem diz que não odeia. A minha mais básica percepção da experiência da condição humana diz que isso é uma constante para nós humanos. Por isso sinto estranheza quando alguém diz que ódio é do outro. Me sinto mais confortável no meio dos que odeiam. Quem sabe existam essas pessoas que não odeiam, uma espécie de alienista que pelo sua condição incomum mereceriam estar presas uma casa verde.

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    7. "odeia sim... tem uma esquerda raivosa que depreda bens públicos e privados, agride pessoas, sexualiza crianças e mostra peios caídos". Não te sentes ridículo a reproduzir esse tipo de besteira?

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    8. Mas qual é a mentira?

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    9. Realmente, parece que não te sentes ridículo. É de admirar alguém que, mesmo acovardado sob o anonimato, tem coragem de expor a ignorância dessa maneira.

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  3. O seminário da filósofa Judith Butler no Brasil chama-se ‘Os fins da democracia'. Apenas acho que os organizadores erraram no plural.

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  4. Obscuro é alguém emitir opniões em um livro, como se fossem baseadas em pesquisas científicas e sair por aí dando palestras...

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    1. Mas do que esse cara tá falando, porra? Abestadinho do PT

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