POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O inferno existe. E é um lugar onde o diabo
executou a sua própria LOT – Lei de
Ordenamento Territorial. O resultado é um ambiente cheio de prédios de 20
andares, construídos em ruas que não foram projetadas para isso e onde a
mobilidade urbana é uma ficção. O diabo, claro, não gosta de espaços verdes, de
sol ou de gente feliz. Ao contrário, adora especuladores imobiliários, gente
cujos horizontes civilizacionais não vão além da própria conta bancária.
Urbanismo é uma coisa complexa e que exige
algum conhecimento teórico. Não é o meu caso. Mas mesmo assim vou meter a minha
colher nessa sopa de letras miudinhas que é a LOT. Não interessa entrar no paleio
técnico. O que se espera são garantias políticas de que a cidade não vai cair
na mão de especuladores que se movem apenas por ganância. Ou seja, o poder
público deve garantir que não vai permitir a construção de mamarrachos de 20
andares em qualquer lugar. Entre outras coisas...
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“Ah, Baço, você não pode falar
porque não mora aqui. Pode deixar que nós, joinvilenses e brasileiros,
cuidaremos disso”.
Parece que não cuidam. Aliás, é engraçado o tantão
de vezes ouço comentários como esse. Mas a minha opinião é mais do que válida.
Pela experiência de vida num continente mais desenvolvido. Porque nas cidades
europeias (que a pequena burguesia brasileira ama de paixão), as autoridades
estão mais preocupadas com a qualidade de vida dos cidadãos. Ou seja, o que se
pretende fazer em Joinville vai na contramão do que se faz nos países mais
desenvolvidos. Na civilização não há lugar para os ladrões de sol.
Em Joinville, as coisas ameaçam tomar um rumo
inaceitável. Enquanto a sociedade civil permanece praticamente anestesiada, o
poder público parece disposto a ceder aos gananciosos. Aliás, importa
esclarecer: nada contra os investidores imobiliários, tudo contra os
especuladores. Os investidores criam projetos de longo curso e integrados num
determinado ambiente de negócios, o que garante alguma seletividade. Os
especuladores têm em mente apenas um fim: o lucro fácil e rápido.
Eis o inimigo: o mindset das elites joinvilense (muita grana e pouca cultura). A
mente dessa gente parece formatada no século 19, onde a noção de progresso era
predadora. O homem na sua luta para dominar a natureza. O tempo passou e o
processo civilizacional seguiu em outra direção. O mundo avança para as cidades
inteligentes. No entanto, há gente disposta a transformar Joinville num
monumento à desinteligência. Aliás, o legado da atual administração pública
poderá ser a criação de uma cidade avessa à modernidade.
Os
joinvilenses dormem o sono dos incautos. Enquanto isso, os ladrões de sol estão
prontinhos para construir mamarrachos bem ao lado das suas casas. O futuro é importante demais para ser entregue nas mãos dessa gente.
Isso é batalha perdida já. Cada um olhou só para o seu. Qualquer ação agora vai ser só para aparecer, igual a uma associacao de moradores que quer proibir um predio que ja esta licenciado para ajudar um empresario local...
ResponderExcluirÉ igual ao Philips que fica fazendo palestrinha aqui e alí só para aparecer, no fim das contas só fala fala e não faz nada, só quer holofote. E quando pode apoiar outros ainda joga agua e avacalha.
ResponderExcluirWalitta, Philips, Britania, tudo a mesma coisa...
Muito esclarecedor...
ExcluirPhilips = Arno?
ExcluirO cara é bom, só que pensa primeiro nele
Meu caro amigo Zé Antônio Baço. Adoro sua ironia e sempre inteligente analise do que acontece em nosso Reino de Joinvillã. Mesmo sabendo que "hoje" existe um oceano a nos separar e sua percepção de interesses me faz cada vez mais acreditar que devemos ser mais transparentes e menos "anonimos". Algumas vezes concordo com seu pensar outras sou contra, mas assim como tu assino e me identifico....Grande abraço do teu amigo que segue o pensamento de "Quem mal não faz. Mal não pensa!" O melhor ainda, é ler comentários de alguns que sempre serão "anônimos" eternos por serem covardes.
ExcluirMeu caro amigo Zé Antônio Baço. Adoro sua ironia e sempre inteligente analise do que acontece em nosso Reino de Joinvillã. Mesmo sabendo que "hoje" existe um oceano a nos separar e sua percepção de interesses me faz cada vez mais acreditar que devemos ser mais transparentes e menos "anonimos". Algumas vezes concordo com seu pensar outras sou contra, mas assim como tu assino e me identifico....Grande abraço do teu amigo que segue o pensamento de "Quem mal não faz. Mal não pensa!" O melhor ainda, é ler comentários de alguns que sempre serão "anônimos" eternos por serem covardes. Régis Soares
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