quinta-feira, 7 de julho de 2016

A (in)gerência da (i)mobilidade em Joinville - parte 2

POR DIEGO FELIPE DA COSTA*

Clique aqui e leia a primeira parte do texto

Nos anos seguintes - 2014, 2015 e 2016 - não houve melhorias, apenas ajustes de nomenclaturas de linhas e diminuição de horários. Enxugamentos que culminaram no fechamento, aos finais de semana, da Estação Nova Brasília. A Estação Pirabeiraba finalmente se tornou integrada, mas apenas de segunda a sexta. O final de semana continua ao que sempre foi, um ponto de ônibus de luxo. E com um detalhe: direito às linhas interestaduais circulando pela região, inclusive dentro do terminal, o que não poderia, mas beneficia a população.

Mas e os corredores? Vamos lembrar a história do corredor da JK? Uma briga que levou um ano pra ser resolvida e teve repercussão na cidade inteira e até em outros estados, o que levou o Ministério Público a entrar no caso porque a Prefeitura fez pouco caso? Acho que todos lembram. O corredor da Getúlio Vargas, tão aguardado pela população e que ficou horrível e com pouca eficácia (por conta das vagas de estacionamento), no lado direito do corredor não removidas.

O corredor do Mercado Público, que apesar de eficiente, foi mal feito. O corredor da Rua Guanabara, que ficou quase um ano desativado e virou uma “rodovia de bicicletas” por ter sido mal feito também, só agora é que refizeram tudo.O estranho corredor na Santos Dumont que liga a Rua João Colin à Transtusa e o corredor do Binário do Iririú que começa de um lado e do nada termina do outro, sem uma sinalização adequada e segura também entram na lista.

O único interessante até agora é o corredor na Avenida Beira-Rio, que apesar de ser curto e estar inacabado, é segregado, pois se aproveitou o trecho desativado da pista norte da avenida. Mas não adiantará de nada esses corredores se apenas miniônibus andarem nelas. Com a queda brutal no número de passageiros, algumas linhas troncais já são operadas por veículos do tipo miniônibus e midibus. Os articulados Busscar/Volvo, aqueles tão aclamados pelo Luiz Henrique, quando prefeito em 1999, estão sendo desativados e sem previsão de substitutos.

Enquanto não houver uma licitação com regras firmes e total controle da planilha de custos por parte da prefeitura, a qualidade tende a cair. Como pode Joinville ter quase toda a frota de ônibus operada por veículos de motor dianteiro básico, sem conforto algum, sem cobradores, e ter uma das passagens mais caras do país?

Saindo do extenso assunto transporte coletivo urbano, agora é a vez das ciclovias. Mas o que dá pra falar delas? Que não existe plano cicloviário para a Cidade das Bicicletas, e se há, nunca foi divulgado? Que muitas ciclofaixas, quase todas, são feitas ligando o nada a lugar algum? Que muitas são feitas sem qualquer tipo de normatização? E o restante começa ou termina em meios-fios sem rampas? Que a idéia de aluguel de bicicletas foi anunciada sem contemplar a região sul de Joinville e sem um sistema cicloviário ligando as estações das bicicletas? Eu queria dizer algo animador, mas não há.

As calçadas... Mas é competência da prefeitura? O correto seria, por ser continuação das ruas e avenidas, mas quem as constrói é o proprietário do terreno que fica em frente a elas. A prefeitura apenas faz calçadas nas regiões centrais por conta do alto fluxo de pessoas circulando a pé, por exemplo, parte da Rua Nove de Março. Hoje, mesmo sendo o dono do imóvel a fazer a calçada, cabe à prefeitura fiscalizar a obra e lhe garantir toda a segurança e acessibilidade ao pedestre, o que raramente ocorre e acabamos vendo pelas vias verdadeiros absurdos de mosaicos de calçadas com erros grotescos, principalmente com o piso tátil para deficientes visuais.

Finalizando, penso que foi interessante nesta gestão a criação do PlanMob, um plano de mobilidade para Joinville cheio de idéias boas, algumas utópicas e outras nem tanto. Outro ponto interessante foi a obrigação de que 100% da frota de ônibus operante nos finais de semana sejam acessíveis, apesar de toda a frota já deveria estar 100% acessível e o tardio interesse em acelerar em aumentar o número de corredores, mesmo não sendo nada feito com recursos do PAC, que ainda não entendi porque essas obras não começaram. A linha para o Mirante foi uma sacada muito boa para evitar o engarrafamento de carros no Morro do Boa Vista.

Irei deixar de fora a questão viária, pois creio que seria melhor um artigo exclusivo sobre os 300 km prometidos de pavimentação e que nem 10% serão entregues, porque pavimentação comunitária não pode entrar na lista de pavimentações da prefeitura. Também não irei falar das pontes e elevados prometidos no Plano 15 e nem das obras como o anel viário da Zona Leste e o binário na Santos Dumont entre tantas obras mal feitas desrespeitando totalmente as pessoas com deficiência e outras obras que nem saíram do papel.

Torço para que a próxima gestão tenha mais vontade política de verdade e que com poucos recursos, faça intervenções necessárias para melhorar a mobilidade em Joinville, pois a cidade já está entrando em colapso, tanto no sistema viário como no transporte coletivo.

* Diego Felipe da Costa é técnico em gestão da mobilidade urbana.

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