terça-feira, 26 de julho de 2016

Os joinvilenses dormem, os ladrões de sol agem...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O inferno existe. E é um lugar onde o diabo executou a sua própria LOT – Lei  de Ordenamento Territorial. O resultado é um ambiente cheio de prédios de 20 andares, construídos em ruas que não foram projetadas para isso e onde a mobilidade urbana é uma ficção. O diabo, claro, não gosta de espaços verdes, de sol ou de gente feliz. Ao contrário, adora especuladores imobiliários, gente cujos horizontes civilizacionais não vão além da própria conta bancária.

Urbanismo é uma coisa complexa e que exige algum conhecimento teórico. Não é o meu caso. Mas mesmo assim vou meter a minha colher nessa sopa de letras miudinhas que é a LOT. Não interessa entrar no paleio técnico. O que se espera são garantias políticas de que a cidade não vai cair na mão de especuladores que se movem apenas por ganância. Ou seja, o poder público deve garantir que não vai permitir a construção de mamarrachos de 20 andares em qualquer lugar. Entre outras coisas...

-       “Ah, Baço, você não pode falar porque não mora aqui. Pode deixar que nós, joinvilenses e brasileiros, cuidaremos disso”.

Parece que não cuidam. Aliás, é engraçado o tantão de vezes ouço comentários como esse. Mas a minha opinião é mais do que válida. Pela experiência de vida num continente mais desenvolvido. Porque nas cidades europeias (que a pequena burguesia brasileira ama de paixão), as autoridades estão mais preocupadas com a qualidade de vida dos cidadãos. Ou seja, o que se pretende fazer em Joinville vai na contramão do que se faz nos países mais desenvolvidos. Na civilização não há lugar para os ladrões de sol.

Em Joinville, as coisas ameaçam tomar um rumo inaceitável. Enquanto a sociedade civil permanece praticamente anestesiada, o poder público parece disposto a ceder aos gananciosos. Aliás, importa esclarecer: nada contra os investidores imobiliários, tudo contra os especuladores. Os investidores criam projetos de longo curso e integrados num determinado ambiente de negócios, o que garante alguma seletividade. Os especuladores têm em mente apenas um fim: o lucro fácil e rápido.

Eis o inimigo: o mindset das elites joinvilense (muita grana e pouca cultura). A mente dessa gente parece formatada no século 19, onde a noção de progresso era predadora. O homem na sua luta para dominar a natureza. O tempo passou e o processo civilizacional seguiu em outra direção. O mundo avança para as cidades inteligentes. No entanto, há gente disposta a transformar Joinville num monumento à desinteligência. Aliás, o legado da atual administração pública poderá ser a criação de uma cidade avessa à modernidade.

Os joinvilenses dormem o sono dos incautos. Enquanto isso, os ladrões de sol estão prontinhos para construir mamarrachos bem ao lado das suas casas. O futuro é importante demais para ser entregue nas mãos dessa gente.


É a dança da chuva.


Balneário Camboriú. Foto da Gazeta de Itapoá

6 comentários:

  1. Isso é batalha perdida já. Cada um olhou só para o seu. Qualquer ação agora vai ser só para aparecer, igual a uma associacao de moradores que quer proibir um predio que ja esta licenciado para ajudar um empresario local...

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  2. É igual ao Philips que fica fazendo palestrinha aqui e alí só para aparecer, no fim das contas só fala fala e não faz nada, só quer holofote. E quando pode apoiar outros ainda joga agua e avacalha.
    Walitta, Philips, Britania, tudo a mesma coisa...

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    Respostas
    1. Philips = Arno?
      O cara é bom, só que pensa primeiro nele

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    2. Meu caro amigo Zé Antônio Baço. Adoro sua ironia e sempre inteligente analise do que acontece em nosso Reino de Joinvillã. Mesmo sabendo que "hoje" existe um oceano a nos separar e sua percepção de interesses me faz cada vez mais acreditar que devemos ser mais transparentes e menos "anonimos". Algumas vezes concordo com seu pensar outras sou contra, mas assim como tu assino e me identifico....Grande abraço do teu amigo que segue o pensamento de "Quem mal não faz. Mal não pensa!" O melhor ainda, é ler comentários de alguns que sempre serão "anônimos" eternos por serem covardes.

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    3. Meu caro amigo Zé Antônio Baço. Adoro sua ironia e sempre inteligente analise do que acontece em nosso Reino de Joinvillã. Mesmo sabendo que "hoje" existe um oceano a nos separar e sua percepção de interesses me faz cada vez mais acreditar que devemos ser mais transparentes e menos "anonimos". Algumas vezes concordo com seu pensar outras sou contra, mas assim como tu assino e me identifico....Grande abraço do teu amigo que segue o pensamento de "Quem mal não faz. Mal não pensa!" O melhor ainda, é ler comentários de alguns que sempre serão "anônimos" eternos por serem covardes. Régis Soares

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