sábado, 26 de julho de 2014

Carolina Peters









POR CAROLINA PETERS


Eu voto 50, na candidatura do PSOL, que neste pleito é representada pela ex-deputada federal Luciana Genro. Em parte porque sou filiada ao partido, mas essa é só meia resposta. A outra metade justifica o argumento “filiação”.

É urgente mudar a política. A forma como hoje se organiza nosso sistema de representação político, permitindo financiamentos milionários de campanha, faz com que a coisa pública seja inevitavelmente refém do interesse privado de grandes corporações. No momento, encontra-se engavetada no STF a medida de proibição da doação de empresas a campanhas eleitorais. Apesar de 6 votos favoráveis ao projeto contra apenas um, essa ação que representa um passo concreto no combate à corrupção emperrou há poucos meses das eleições.

No cenário atual, há pouco espaço para a pluralidade de opiniões, de gênero, de cor e credo. A representação popular dá lugar ao lobby. A cobertura midiática parcial, que criminaliza movimentos de luta por direitos e se restringe a noticiar a corrupção de varejo, de determinados grupos, e silenciar sobre outros grupos e os corruptores de ambos, contribui para o sentimento de completa descrença e desmotivação no seio da população.

O PSOL tem em seu estatuto veto ao recebimento de dinheiro de empresas multinacionais, monopólios, do setor financeiro, empreiteiras ou qualquer empresa que realize obras publicas. Muitas de nossas candidaturas, como a do deputado federal Ivan Valente, de São Paulo, não recebem dinheiro de pessoas jurídicas, contando somente com contribuições militantes. Esse não é um discurso moralizador, mas garantia de independência política, que nos permitiu ser o único partido a se posicionar contra as alterações no código florestal; a veemência na defesa da demarcação de terras indígenas; a proposição da CPI dos planos de saúde – engavetada pelo presidente da câmara Henrique Alves (PMDB) apesar de já contar com as assinaturas necessárias para sua instalação; e a defender a auditoria da dívida pública, uma verdadeira corrupção institucionalizada, que hoje faz com que se destine metade do orçamento da União para os bolsos de banqueiros.

Para além da questão do financiamento, há outra questão fundamental a ser enfrentada por uma Reforma Política: ampliar as possibilidades de participação da população em geral, e da sociedade civil organizada, na vida política. Tirar do papel as previsões constitucionais de consultas públicas e plebiscitos, bem como mexer no sistema judiciário viciado e desmilitarizar as polícias, assegurando o direito à livre manifestação, à expressão da divergência, à organização política (direito posto em xeque quando se indicia manifestantes por associação criminosa e formação de quadrilha).

Somos uma democracia jovem, longe de estar consolidada. E nossa história é recente demais para pensar que não haja possibilidade de mudar.

3 comentários:

  1. Tenho 45 anos e me considero jovem. Concordo com a juventude da nossa democracia, e considerando o fato de que cada dia mais encurtamos as gerações ns compressão tempo-espaço, a a jovem experiência que tenho me mostra quanta coisa mudou nos últimos 10 anos no Brasil. Não vejo possibilidade em projeto revolucionário no país em que estamos. As reformas sao insuficientes ainda, por certo. Mas ja se insinuam faz tempo.
    Se posso aqui declarar voto, fica registrado o meu em Dilma.

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    1. Anônimo 13:57, as conjunturas são diferentes, de 2007 a 2011 o Brasil velejou com bons ventos vindos do mercado internacional - em meio a crise de 2007 os commodities tiveram seus valores elevados. As coisas mudaram desde então e Dilma (e sua equipe econômica) não preparou o Brasil para a nova situação que está por vir.

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