POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O texto de ontem do
Felipe Silveira abre caminho para uma reflexão interessante. Diz ele que ser
rico é algo que não deseja a ninguém, “pois o rico pressupõe o pobre”. Não
concordo com a ideia (mesmo que seja mera retórica), ainda mais quando
apresentada em termos absolutos. Porque tudo é relativo, até mesmo a pobreza. Ser pobre na Noruega não é o mesmo que ser pobre no Brasil.
Mas a relatividade da
pobreza é questão de somenos. O problema é que essa visão “franciscana” deixa
implícito o discurso da socialização da miséria. É mau em termos políticos.
Porque é o argumento que dá sustentação à semântica reacionária da direita, que
acusa as esquerdas de vocação para a pobreza. Ora, o ideal de socialismo tem
que ser afirmativo e apontar noutra direção: a socialização da riqueza.
E antes que apareça um
conservador mais afoito a falar em tirar dinheiro dos ricos para dar aos
pobres, não é isso que estou a dizer. O tema aqui é uma melhor divisão da
riqueza. Não vamos esquecer que o relatório "Credit Suisse 2013 Wealth Report"
revelou, há poucos meses, que 0,7% da população concentra 41% da riqueza
mundial. E é contra essa “taxa de ganância” que a humanidade deve se
insurgir.
Não odeio os ricos. Só
não quero ser como esses incultos e gananciosos que formam as elites econômicas
latino-americanas. Aliás, como escreveu Victor Bulmer-Thomas, especialista em assuntos da América Latina e
Caribe, as elites locais “só conseguem sentir-se ricas se
estiverem rodeadas de pobres”. Fazer uma profissão de fé pela pobreza é
dar-lhes esse prazer.
Eis a diferença: não rejeito a
riqueza. Só não quero ser rico sozinho. Porque a riqueza produzida pelo modo de
produção capitalista é suficiente para todos. Aliás,
acho que o problema mais imediato nem é acabar com o capitalismo, mas com os
maus capitalistas e sua voracidade sem limites nem ética. Enfim, ao contrário do co-blogger Felipe Silveira, eu quero experimentar a riqueza. Porque a pobreza já sei como é.
É como diz o velho
deitado: “Há uma guerra contra a pobreza… e os pobres estão a perder”.
Nossa, um sopro de sensatez vindo do Baço. Fiquei até arrepiado.
ResponderExcluirIsso nón ecxiste, o Baço nón bode dobrar meu dedo... Sensatez no Baço nón ecxiste...
ResponderExcluirSensatez é para os fracos...
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