segunda-feira, 30 de junho de 2014

Plan MOB: entre o pobre e o paupérrimo

JORDI CASTAN

Plan Mob. O nome escolhido pelo IPPUJ soa estranho. Uma olhada rápida no sufixo MOB e a tradução assusta: inclui de máfia até turbamulta, passando por ralé e canalha, isso só nos sustantivos. Se formos para verbos aí encontraremos de atacar a tratar mal, passando por reunir-se em grupo, fica a dúvida se o nome é só uma escolha infeliz ou um surto de sinceridade do IPPUJ, que quer nos avisar do que vem pela frente.


O questionário disponível no site do IPPUJ não decepciona. A proposta toda do Plano de Mobilidade está dentro do padrão que o joinvilense tem aprendido a esperar do IPPUJ. Na falta de que venha algo mais (pelo informado até agora, não parece), a proposta pode ser classificada entre pobre e paupérrima. Transparece que foi concebida e executada de forma apressada, porque a pressa continua a estar presente nessa ânsia de fazer o que faz anos já deveria ter sido feito.

Pessoalmente, faz tempo que não espero qualquer coisa vinda da Fundação IPPUJ e assim dificilmente me decepciono. Porque já se sabe que de onde menos se espera é de onde nada sai. É verdade que conseguem me surpreender quase sempre, mas já não me decepcionam mais.

O questionário colocado à disposição dos joinvilenses não é só pobre na sua concepção. Pior que pobre é ofensivo, porque trata o tema da mobilidade e da contribuição do cidadão de forma estulta. A simplificação a que reduz o debate desconsidera uma abordagem completa da mobilidade e converte o debate num grande varejo. As nove perguntas predefinidas misturam elevados com o horário do comércio ou das escolas e colocam lado a lado binários com comportamento dos motoristas. Uma verdadeira salada mista em que tudo cabe.

O debate que o IPPUJ e a Prefeitura continuam devendo é estratégico. Quais temas não podem ficar fora do debate é qual será o nosso modelo de mobilidade? Para onde a cidade irá adensar ou crescer? Quais os modelos e os pros e os contras de cada um deles? E, principalmente, como se complementam ou integram os diversos modais e o ordenamento físico? Seria interessante se o Plano de Mobilidade explicasse como a mobilidade da Joinville do futuro lidará com a imobilidade que representarão as Faixas Viárias, essa genial criação sambaquiana enquistada na LOT, que pretende colocar, num único lugar, mobilidade, pólos geradores de tráfego, indústrias, prédios com mais pavimentos e comércio de grande porte. Mas para isso será preciso elaborar os estudos técnicos que falta apresentar ainda.

Será interessante poder participar das consultas públicas "a jato" ou express, uma após a outra, com horário fixado e que não permitem mais que uma participação semântica da sociedade. O que no Brasil denominamos "para inglês ver". Como é possível que, depois de ter cometido os mesmos erros na condução do processo da LOT, esses senhores ainda não tenham aprendido a fazer as coisas direito? E insistam em voltar a cometê-los. Será que, por acaso, a inépcia e a inoperância são contagiosas e se espalham como uma epidemia, desde o primeiro andar da Prefeitura até todos os demais andares e gabinetes?

A ideia que parece permear o dito plano de mobilidade é a de que se façam milhares de propostas, se sugira, se contribua, assim legitimar o processo. Por baixo devem aparecer umas 100.000 respostas, contando os 20.000 questionários que serão distribuídos na rede municipal, não menos de 50.000 contribuições devem vir, via o site do IPPUJ. Depois uma bela tabulada dos resultados, "abracadabra": o plano esta pronto com ampla participação cidadã. O debate ficará para as futuras audiências públicas, com horário exíguo para perguntas e respostas. E todos felizes. Todos não, né? É bom lembrar que já tentaram montar essa pantomima "democrática" com a LOT e não tem dado certo.

Plano de mobilidade é muito mais que responder nove perguntinhas com respostas predeterminadas. Fazer bem feito exige seriedade, conhecimento, competência e trabalho. E esses elementos parecem cada dia mais escassos nas margens do Cachoeira. O pior ainda é que tudo isso é pago com o nosso dinheiro.

7 comentários:

  1. quem financia esse sujeito é incrível.

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    1. Incrível é a falta de argumentos p/ tentar desqualificar quem com razão critica esta péssima administração municipal.

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  2. Bom seria se levassem realmente em consideração as nossas sugestões, pois a anos venho apontado problemas com as respectivas soluções e nunca me retornam, no máximo eles pensam em criar binários que não ajudam em nada a fluidez do trânsito, somente tirando o problemas de um lugar para outro.

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  3. Não sei pq essa discussão : teremos ótimas e MEGA ciclofaixas , ligando nada a lugar nenhum , será maravilhoso , igual as EUROPA !!
    As calhas de ônibus serão maravilhosas , o buzão com piso baixo e ar congelante será de 1o. mundo , quase um bus londrino!!!
    o acesso ao centro será pedagiado igual Londres !!!
    Até que enfim o JOINVILENSE SERÁ UM VERDADEIRO EUROPEU !!!

    du grego !!


    em tempo : acho que vamos virar igual ao portenhos, que vivem em BUE e se acham europeus !!KKKKKKKKK

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  4. Impressão minha ou o novo trabalho (se é que trabalhou algum dia) é falar mal da prefeitura, não importa oque faça...sempre ele é o certo a PMJ é errada...
    P.s. ahhh lembrei deve ser aposentado pela ACIJ

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