segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Menos FM

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há coincidências estranhas. Como ia sair de férias, decidi adiantar uns textos com a ideia de me manter o mais longe possível do computador. E um dos temas preparados era um elogio ao jornalismo da Mais FM, comandado pelo jornalista Marcão Braga. Mesmo vivendo do outro lado do Atlântico eu era um ouvinte assíduo (menos naqueles dias, não tão raros assim, em que a internet não funcionava). Mas agora que o Marcão Braga e o seu pessoal saíram do ar, tive que voltar ao teclado e emendar o texto.
A minha análise ia neste sentido: o rádio é um meio de comunicação muito maltratado em Joinville. É inacreditável que não se tenha evoluído quase nada em três ou quatro décadas. É triste que o rádio seja o porto seguro de incompetentes, inconsequentes e uma canalhada que só empurra a imagem da cidade para o lodo. O trabalho da equipe do jornalista Marcão Braga estava a ir em sentido contrário, a mostrar que é possível fazer radiojornalismo com profissionalismo e evitar o rame-rame foleiro que é uma marca da rádio local.
Ok... não me interessam as tricas que envolveram a saída. Não sei o que houve, não quero saber e não tenho raiva de quem sabe. E para o pessoal que adora ver interesses ocultos em tudo, deixo claro: o meu único interesse é o desejo de uma mídia moderna. Porque, bem sabemos, não é possível fazer uma cidade moderna com uma mídia que ainda vive em tempos goebbelianos. Quem percorre o dial do rádio em Joinville sabe que estamos a anos-luz de uma mídia decente. Mais do que isso, o que temos é um insulto à inteligência dos ouvintes. É um show de horrores.
Aliás, vale um comentário. As pessoas que me conhecem sabem que eu gosto de Joinville (tanto que passo todas as minhas férias aqui). E vez por outra dou por mim lá em Lisboa a pensar em voltar. Mas ao longo dos anos desenvolvi uma técnica desencorajadora. Sempre que bate uma vontade de voltar, eu vou para o computador e ouço certos “jornalistas” do rádio joinvilense. É tiro e queda. Qualquer pessoa com dois dedos de cérebro desiste logo, porque os caras fazem a cidade parecer um pântano ético e moral. É uma escrotidão.
O trabalho da equipe de Marcão Braga chegou a dar a esperança de que as coisas iam mudar e que finalmente o radiojornalismo iria caminhar para o profissionalismo, a credibilização e a seriedade. Mas parece que voltamos à estaca zero. Espero que seja por pouco tempo e que logo alguém decida assumir esse tipo de projeto. Porque ao longo dos últimos meses, graças ao trabalho do Marcão Braga e do seu pessoal, estive mais ligado a Joinville, mesmo vivendo a 10 mil quilômetros. Isso é modernidade.
Não sei como é para os leitores e as leitoras, mas eu acabo de ficar sem opção decente de radiojornalismo em Joinville. E ficamos todos com menos FM.

P.S.: Você, leitor anônimo, que já está pensando em fazer uma ligação entre este texto e o Charles Henrique, não perca o seu tempo. Não trouxe o meu computador... e também não estou com pachorra para essa discussão.

10 comentários:

  1. O Marcão era uma ilha na rádio joinvilense. E agora, José?
    Abraços!
    PS: Ótimo texto!

    Marcio Rocha

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  2. Não deu para entender essa saída do Marco Braga. A gente sempre ouve falar que em time que está ganhando não se mexe. Mas parece que neste caso a regra não se aplicou. Uma pena. Perdem os ouvintes e no caso da FM, mais ainda. Perdeu um profissional competente.
    Joana

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  3. Pois é. Parece que nesta cidade quando alguém tenta colocar as coisas na transparência, é podado.
    Stefana
    (eu voltei, agora pra ficar...) ;)

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  4. Marcão era um cara legal na rádio. Mais não é o único.
    Nem só de "betos" se fazem a rádio joinvilense.

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  5. Eu gosto de ouvir rádio, mesmo com esse cenário nebuloso em Joinvas. Poucos programas são possíveis a dedicação de ouvir.

    A cidade precisa de uma programação de rádio de qualidade e com liberdade.

    Infelizmente as estações de rádio estão ligadas em duas linhas bem fodas do exercício da liberdade e da comunicação.

    1) Ligações políticas partidárias
    2)Iniciativa privada que explora e controla.

    Eu não tenho esperança de que esse cenário radiofônica seja modificado. O caminho é criar uma saída alternativa, que seria uma web rádio, aproveitando o crescimento do acesso a internet.

    Maikon K

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  6. Hoje, Marco Antonio Peixer encontra-se encolhido, em cargo terciário na Câmara de Vereadores. Ex-vereador, ex-proprietário da rádio Floresta Negra... chega a dar pena.

    Dizem que a filha acabou com a rádio...

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    Respostas
    1. Nunca vi o balanço publicado, mas se dizem... vamos nós dizer ao contrário? Daqui a pouco algum Malafaia ou Edir acaba comprando a rádio.
      Joana.

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    2. Edir já teve sua rádio em Joinville e depois vendeu para a RBS (Atântida FM). Nem a Igreja Universal agüentou nosso mercado radiofônico. Em que cidade estamos, meu Deus!

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    3. A 91 vai bem. E sua gestora assumiu de supetão, muito nova e sem experiência... neste sentido, foi uma surpresa.

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  7. Eu não tenho pena do Marco Antonio Peixer. Quando vereeador ele defendia a ditadura civil militar, fazia discursos raivosos contra os padres e as comunidades ecleciais de base. Reacionário de titica.
    Maikon K

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