sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cinemark em Joinville

POR JULIANO REINERT


Constantemente ouço pessoas chiarem: “O Cinemark é melhor! Deveria ter Cinemark em Joinville!”. Me pergunto: por quê?

Espere! Deixe-me tentar compreender as razões: com um concorrente, o preço da entrada do cinema seria mais barato, certo? É... isso até é um bom motivo. Mas não penso que o Cinemark, uma exibidora multinacional, viria a Joinville cobrar um preço mais acessível para assistir a um filme na sala escura. E mesmo que cobrasse, há poucos anos tínhamos uma concorrente do GNC – que hoje monopoliza este serviço: o Arco-Íris, no Shopping Cidade das Flores, que fechou as portas por falta de público. Tá que o Arco-Íris deixava muito a desejar. Mas se a preocupação das pessoas era pagar mais barato, não aproveitaram a chance.

Então, se não for isso, é porque teremos sessões de cinema alternativo, e não somente os blockbusters hollywoodianos. Ok. Mas então por que o Ciclo de Cinema da Fundação Cultural de Joinville (que acontecia no Complexo Antarctica) e aqueles promovidos pelo IELUSC e pela UNIVILLE nunca vingaram? Tudo bem que o local para exibição de filmes lá na Antarctica parecia mais uma cozinha (vergonhoso improviso), mas o SESC também promove exibições de filmes em um ambiente excelente. E de graça! E cadê o público?
Se cinema alternativo gratuito não dá público, porque pagar para isso no Cinemark?

Deve haver mais razões para essa necessidade (inexplicável) de muitos joinvilenses (por motivos estapafúrdios) justificarem que a melhoria na qualidade de exibição cinematográfica em Joinville está diretamente ligada à vinda de uma nova grande rede exibidora à cidade.

Circula-se um boato pelos corredores do Cidade das Flores que o cinema de lá, em breve, será reativado. Especulações, apenas.

O fato é que Joinville não tem cultura para o cinema. E, se algum dia quisermos que isso aconteça, é necessário educar as pessoas para respeitarem essa arte. E isso não tem nada a ver com o Cinemark.
Aquele filme joinvilense “As Estrelas Me Mostram Você” não pode ser gravado aqui porque precisaria interditar ruas (!). Nem de grande parcela da população, nem do poder público existe esse respeito com a sétima arte por aqui.

A antiga sede da prefeitura deveria se tornar um estúdio de cinema, colocando Joinville na rota de cidades conhecidas por desenvolver este tipo de trabalho. Não me surpreende que o local esteja abandonado e o projeto não tenha vingado.

O prédio – tombado – do Cine Palácio, hoje, como todos sabem (será que sabem?) é uma igreja. E está alterado, além de, atualmente, não servir em nada para que joinvilenses e turistas o usufruam como patrimônio municipal. Alguém se importa com isso?

É... infelizmente Joinville tem o que merece: a cerimônia do Oscar pela metade, na Globo, depois do Big Brother Brasil.

Juliano Reinert é jornalista, mantém um blog sobre cinema e outro sobre assuntos gerais. É escritor e cinéfilo.

12 comentários:

  1. Oi Juliano! Parabéns pelo teu texto. Você tem razão, Joinville ainda está muito aquém do que precisa estar no cinema. Nas artes em geral.
    Mas estamos melhorando a olhos vistos.
    Ter 10 ou 11 filmes simultaneamente em cartaz é um sonho pra quem gosta de cinema.

    Parabéns! E o Oscar? Eu vou de Histórias Cruzadas pra melhor filme =)

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  2. Cinemark para ver blockbusters dublados? Acho que é isso que os "amantes" do cinema joinvilenses esperam...

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  3. Em qualidade, realmente as novas salas do Garten estão ótimas. Melhor que muito Cinemark por aí. E eles finalmente entenderam que não podem recusar carteirinhas de estudante de universidades públicas (minha maior reclamação, né, Juliano? :P).
    Só acho que a variedade de filmes podia ser maior. São nove salas no total (são nove, né?) e ainda assim eles preferem passar o mesmo filme em três salas em vez de colocar um outro diferente. E nem falo de filmes alternativos, até porque mesmo o Cinemark é cinema de blockbusters também, salvo exceções. Mas tem muito filme que é bem popzinho e, mesmo assim, nem chega em Joinville.

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  4. Primeiro que quem acha que o Cinemark em Joinville faria os preços diminuírem ou é muito ingênuo ou de fato não foi nesta rede de cinema, que aqui em Curitiba normalmente é a mais cara. Em questão de qualidade de sala de cinema, a do Garten tá no mínimo em igualdade com a do Cinemark em Curitiba, que já tá velha. Só acho que falta alguns dos principais filmes chegarem em Joinville, além de faltar uma sessão "cine cult", como acontece aqui em Curitiba. Todos os dias, num horário bom pras pessoas poderem ir (aqui é as 14;00 no Shopping Mueller.).

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  5. O problema do cinema em Joinville é preço !!! ainda somos uma cidade operária , industrial !!! Casal para ir ao cinema é 50 reais (por baixo!); vamos em 3 ao cinema , casal+criança , fácil 70 reais com as guloseimas para criança !!!
    Ou seja, não é uma diversão popular !!!
    A questão do Cinemark seria mais opções de filmes, acredito eu !!!

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  6. Para mim, neste caso, mais(+) é mais(+). Que venha, e será muito bem vinda, a rede Cinemark.

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  7. Ao primeiro amigo anônimo, agradeço os elogios. Obviamente que a oferta de filmes aumentou e que isso é muito bom. Mas é lamentável que o mesmo filme esteja passando em mais de uma sala enquanto outros não vêm pra cá.

    Luiz Eduardo, era exatamente essa a discussão que eu queria levantar. Joinville precisa de mais opções de cinema, sim. Até mais uma exibidora. Mas a melhoria na qualidade e na oferta de opções para conferir produções da sétima arte vão além de salas de cinema em shoppings centers.

    Thiago, como já disse aqui, também acho o cúmulo a forma como os filmes são distribuídos nas salas daqui. É o mal de não haver concorrência na cidade.

    Gustavo, como disse: eu conheço o "cine cult" do Cinemark. Tem em Florianópolis também. Mas aqui não ia vingar. Como eu disse no texto: se as pessoas não vão a exibições de cinema alternativo DE GRAÇA, porque pagariam no Cinemark?

    E o segundo anônimo: realmente, amigo. Um dos grandes problemas de ir ao cinema é o preço. Mas isso não é um ponto negativo somente em Joinville. A solução para isso seria: concorrência com o GNC e mais projetos de exibição de filmes gratuitos em universidades, faculdades e o Ciclo de Cinema, que nunca teve a atenção devida.
    Voltanto à parte da concorrência, o UCI Cinemas tem um pacote "família", que varia de R$ 40 a R$ 60, dependendo da cidade. Dá direito a duas entradas para menores de idade, dois adultos e pipoca para cada um. Mas isso só aconteceria aqui se tivesse concorrência. E os "consumidores" de cinema fossem mais exigentes. Perdemos um concorrente do GNC, como disse no texto, por comodismo. O Arco-Íris preferiu fechar as portas a melhorar o serviço.

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  8. "Gustavo, como disse: eu conheço o "cine cult" do Cinemark. Tem em Florianópolis também. Mas aqui não ia vingar. Como eu disse no texto: se as pessoas não vão a exibições de cinema alternativo DE GRAÇA, porque pagariam no Cinemark?"

    Porque, infelizmente, as pessoas não valorizam o que é de graça. É assim desde que o mundo é mundo.

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  9. Mas aqui em Curitiba essas sessões cult também são vazias. Normalmente 5, 6 pessoas por sessão. E acho que alguns pagariam aí sim, porque de fato, quando eu morava aí, não via divulgação dessas sessões de cinema.
    Abraço

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  10. Bacana o texto, Juliano; ele toca em um problema crônico da cidade, que é a sua, diríamos, "pobreza cinematográfica": poucas salas e poucos filmes em exibição, um circuito apenas comercial, que pouco ou nenhum espaço dá a filmes mais alternativos, etc.

    Como eu disse, o problema é antigo. Quando eu ainda morava aí - e já vão 12 anos que deixe Jville. - já reclamávamos disso, e houve mesmo casos em que a coisa beirou ao ridículo: em 90 ou 91, não lembro ao certo, "Ghost" ficou em cartaz no antigo Cine Palácio não por semanas, mas meses. E na época tínhamos apenas duas salas de cinema!!

    Melhorou, mas ainda é pouco. Concordo quando você diz que uma nova exibidora - no caso, o Cinemark - não é a solução. Mas tendo a discordar quando você diz que não há público para um outro cinema que não o meramente comercial. Penso que não há porque falta o hábito, a cultura, o incentivo, a propaganda, etc.

    Claro que sessões alternativas não atraem grandes públicos, mas aqui em Curitiba elas têm um público cativo, e embora não tão numeroso, atraente e rentável o bastante para que as salas as mantenham, mesmo que muita gente (eu inclusive) ache que elas poderiam ser em maior número.

    E para finalizar: tão ou mais lamentável que a escassez de filmes é a indiferença para com o patrimônio e a memória da cidade - e neste quesito, importante que se diga, Jville. não é a única. Ver o Cine Palácio virar templo da Universal é de doer, especiamente para quem, como eu, aprendeu a gostar de cinema frequentando-o durante parte da infância até a juventude.

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  11. Como se o OSCAR fosse algo de positivo

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  12. Não sabe nem o que é a "sétima arte". Quadrúpede digitando um artigo!

    Não é so porque a tecnologia utilizada no GNC Cinemas utiliza projetores de baixa resolução de acordo com o padrão 1:78:1 de proporção, ou porque o 3D é uma tecnologia barata da Dolby Digital que precisa se utilizar de um óculos sofrível, ou porque o contraste e o nível de preto dos projetores do GNC Cinemas são sofríveis.

    Já passou da hora da exibição em 2k e 4k, já passou da hora de uma sala com maior qualidade e já passou na hora de atualizar aqueles projetores estapafúrdios que exibem os filmes daqui.

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