segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais vereadores? Só não vê quem não quer...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A pesquisa do Instituto Mapa, publicada hoje no jornal A Notícia, é inequívoca: quando 91,2% dos joinvilenses rejeitam a ideia de mais vereadores, os discursos a favor do aumento começam a parecer simples ruído. Os cidadãos não querem mais vereadores e pronto: é um erro fechar os olhos para a opinião pública. Respeitar a vontade da maioria é a regra do jogo democrático.
Ora, é possível fazer uma leitura lateral deste resultado.

As pessoas não estão apenas a rejeitar mais vereadores. O que elas rejeitam é tudo o que represente mais empregos para políticos. E se os vereadores são realmente úteis, então não têm conseguido passar a mensagem. Porque a ideia que passam para fora é de pouca preocupação com os interesses dos cidadãos. Fica a parecer que despendem muito mais tempo entretidos com joguinhos palacianos de poder.

Aliás, parece evidente que a maioria dos vereadores sempre foi a favor do aumento. Mas a sociedade esteve vigilante. E os que agora ficaram contra foi apenas por falta de coragem de enfrentar a opinião pública (91,2% não é brincadeira). Afinal, há uma questão de aritmética simples: quanto mais vagas, maiores as chances de manter o “úbere-emprego” na CVJ.

O principal argumento dos que querem mais vereadores – de que vai aumentar a representatividade – é uma besteirinha. Isso só seria verdade num mundo de “blue sky”, onde tudo é bem feito e a democracia funciona na perfeição. O que não é o caso. Todos sabemos como os vereadores são eleitos. Aliás, é fácil adivinhar que essa representatividade poderá ser um enorme tiro no pé.

Representatividade? Pode ser. Afinal, podemos ter a eleição de mais religiosos que tratam os seus fiéis-eleitores no cabresto. E que tal radialistas inescrupulosos e arrivistas? Ou inúteis que recebem votos por serem figuras populares? Podemos esquecer dos caras que investem muita grana para conquistar votos? E, claro, sempre haverá aqueles políticos profissionais que dominam a máquina eleitoral.

Ok... há o reverso da medalha. Os caras que são eleitos por representar legitimamente os movimentos sociais. E esses serão sempre bem-vindos. O problema é que, nas atuais circunstâncias, a política é para os tubarões e não para os bagrinhos.

13 comentários:

  1. Quando comecei a ler esse post, imaginei que veria uma crítica à pesquisa do AN. Mas não. Então a faço.


    Comparada com a "matéria" publicada há algumas semanas, a de hoje (03/10) está anos luz melhor. Entretanto, ainda vejo muitos problemas. Não estou julgando o posicionamento do jornal, mas a forma como tenta direcioná-lo.

    Já ficou mais que explícito que o Grupo RBS é contra o aumento de vereadores e a tal pesquisa Mapa foi encomendada por quem? Pelo Grupo RBS. Seria curioso se o resultado fosse outro.

    Já na linha fina o editor/repórter coloca que foram "consultas feitas a entidades, lideranças e internautas". Eu não entendo muito de pesquisa, mas acredito que falta muito para que essa tenha algum respaldo científico e metodológico.

    Outro dado. Das 602 entrevistas, 150 foram a entidades representativas. Mas quem são? Já a maioria das opiniões veio através de uma enquete no site. Não sei vocês, mas se pensarmos que cada entidade representativa direcionar três votos populares, já fecha a conta do total. Seria algo muito maquiavélico, mas não descartável.

    E por último, quem vota numa enquete desse tipo é alguém que lê o jornal, tem acesso a internet e não representa o perfil sócio-cultural da cidade.

    Por enquanto é isso.

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  2. A resposta para essa questão é essa mesma que foi colocada no texto.
    "Não queremos mais empregos para políticos"

    Reduzam a máquina, chega de mordomia!

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  3. Muito bem! A maioria esmagadora dos joinvilenses tem razão! Não tem como ir contra 91,2% da população! Mas, vejamos... Se é para falar na "maioria", foi a maioria que elegeu os que estão lá gozando das mordomias que esta mesma maioria reclama! Foi a maioria que elegeu religiosos. Foi a maioria que elegeu figuras populares. Foi a maioria que elegeu os "investidores políticos". Foi a maioria que elegeu os políticos profissionais. Dá pra confiar nessa maioria?

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  4. Prezado Luiz Eduardo,

    São evidentemente maiorias diferentes. Os vereadores eleitos, todos eles juntos não tiveram mais de 30% dos votos validos. Porque a eleição para o legislativo é uma eleição proporcional.

    Não teria como comparar com a vontade de 90% da população.

    Uma coisa é uma coisa é outra coisa é outra coisa. As duas maiorias tem o direito de errar, só que um erro de 90% da população é muito mais democratico

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  5. De qualquer forma, os 90% da pesquisa são apenas uma amostra, e pelo que me parece, sem muito respaldo científico ou metodológico, conforme bem destacou o Eduardo R. Schmitz.

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  6. Parece que agora é pecado mortal gastar os 4,5% garantidos pela Constituição...

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  7. Só para reiterar:
    Não duvido que a maioria seja contra o aumento, mas esses 91% são questionáveis.

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  8. Temos todo o direito a questionar o resultado de pesquisas que mostram uma realidade diferente da que gostaríamos.

    Mas o Instituto MAPA me parece uma instituição idônea. Ou há provas contrarias a sua idoneidade? Tem sido contratado em Joinville por muitas instituições e empresas serias.

    Insisto que os mais de 85% são consistentes com outras enquetes e pesquisas. Se estamos de acordo em que a maioria é contraria ao aumento, agora vamos ficar discutindo qual é o percentual desta maioria? Ou o fato que a mais de 3/4 da população ou 4/5 são contra. Qual é o argumento?

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  9. Apenas para esclarecer um aspecto que foi levantado no primeiro comentário do Eduardo Schmitz. O jornal diz que fez 602 entrevistas com "eleitores". E explica que a margem de erro é de 4%. Segundo pude ler, esta pesquisa não ouviu as entidades empresariais. O texto diz apenas que este estudo "confirma" a consulta que o jornal fez a 150 entidades em agosto. Portanto, há uma interpretação que não corresponde aos fatos quando o Eduardo afirma que "das 602 entrevistas, 150 foram a entidades representativas". O texto não diz isso.

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  10. Em uma discussão que é levada tão superficialmente pelos meios de comunicação (sem falar no posicionamento editorial), eu acredito que tudo deva ser avaliado com muito critério. Não tenho embasamento para julgar a qualidade da pesquisa, mas me preocupa o último parágrafo do comentário do Jordi.

    Muitos aspectos da nossa sociedade têm migrado para um modelo digital, mas nem tudo se resume a zeros e uns. Nossa vida, sociedade, relacionamentos continuam sendo analógicos, pois existem infinitas variáveis entre o zero e o um.





    Nada como minhas aulas de eletrônica no Senai. Heuheuhe. Filosofando com números, quem diria.

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  11. Conheço a metodologia do instituto mapa e digo que é a metodologia mais usada hoje no mercado. Só achei estranho a margem de erro altíssima.

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  12. Em todas as discussões, é necessário que se faça uma "catarse". Do embasamento teórico para o pragmático. Então podemos aqui falar de filosofia, de matemática, quem sabe citar Maquiavel, Marx... De fato, falta convencer as pessoas, que não mais se conformam com "pão e circo", de qual motivo nos leva a aceitar mais políticos. Fala bem o jornalista José António Baço quando diz: que as pessoas "rejeitam é tudo o que represente mais empregos para políticos". Eis o cerne da questão. Fundamentem e vamos ver se concordamos.

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  13. Proponho uma pesquisa de opinião para saber se povo é a favor ou contra fechar todas as casas parlamentares no país. Digamos, em nome da economia nos orçamentos e contra a corrupção. Se a maioria concordar em fechar - e eu acho que sim -, vamos ser "legislados" pelos meios de comunicação - tão corruptos quanto - e suas "respeitáveis" enquetes.

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