sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A mágica da multiplicação de vagas em CEIs



POR SALVADOR NETO

Joinville é a cidade onde se fazem milagres, até na educação infantil. De uma só canetada 600 vagas apareceram do dia para a noite na rede pública municipal. A receita? Acabar com o turno integral para 600 crianças, aproximadamente. Neste quadro de circo eles cortam para aumentar. Só esqueceram das crianças, seus pais e suas mães. 


Os autores da mágica são o prefeito Udo Döhler, o secretário da Educação, Roque Mattei, e claro, a bancada governista formada por quase todos os 19 vereadores. Esta semana inclusive o líder do governo no legislativo, vereador Claudio Aragão (PMDB), encerrou reunião da Comissão de Educação – que preside – diante dos protestos de dezenas de pais e mães que não sabem o que fazer diante dessa “mágica”. Democrático o vereador governista não acham?
 
Os fakes governistas, os bajuladores aninhados em cargos do governo, ou mesmo fora dele em empregos terceirizados, podem me chamar de chato. Para este jornalista isso é um elogio. Sou obrigado a retomar o lema que marcou a eleição de Udo em 2012: não falta dinheiro, falta é gestão. Tal frase, que levou milhares a votar no empresário peemedebista, hoje soa como palavrão para a rapaziada do outro lado do rio Cachoeira.

Entendo, é difícil explicar o inexplicável hoje após quase quatro anos de governo que não disse a que veio. Após os fiascos na saúde – o alcaide se diz conhecedor há 40 anos, portanto presume-se que conhece do riscado -, na infraestrutura, mobilidade urbana, embelezamento e manutenção da cidade, suas praças, ruas (buracos brigam entre si nas vias centrais, e muito mais nos bairros), agora eles brindam os pais e mães joinvilenses com um presentão em outubro, mês das crianças e dos professores: tirar direitos para fazer nascer vagas para mais crianças.

Segundo a Prefeitura, e seus planejadores, o município prevê mais quatro mil matrículas na faixa de idade entre 4 e 5 anos. E que o atendimento na educação infantil vai aumentar de oito mil para 12 mil crianças nesta faixa de idade em 2016, quando as matrículas a partir dos quatro anos já serão obrigatórias por lei. Ao eliminar o turno integral para aquela faixa etária, aponta o secretário Roque Mattei, a rede ganhou novas vagas em número proporcional às matriculas desativadas.

Ora amigos e amigas, pais e mães que foram surpreendidos a menos de três meses do final do ano com este anuncio, onde anda a tal gestão profissional? Após três anos, com dados disponíveis ano a ano, não sabiam que a demanda aumentaria? Que investimentos na educação são permanentemente necessários?

Vamos buscar compreender então a gestão Udo, lenta como as tartarugas gigantes de Galápagos: é difícil criar tantas vagas, faltam verbas, etc, etc, etc. Mas o governador Colombo do PSD, é aliado e vive aqui assinando convênios. A presidenta Dilma também, pelo menos é o que diz o Prefeito. A verdade é que além da gestão, falta também criatividade, agilidade, vontade política.

Aliás, se há vontade política no sentido de fortalecer a iniciativa privada que possui escolas de nível como a UNISOCIESC, de onde o secretário Roque é oriundo, Elias Moreira, Bom Jesus, Santos Anjos, e tantas outras, e tantos outros centros de educação infantil por toda a cidade, porque não compram essas vagas e resolvam o problema?

Porque não utilizam estruturas do Estado que estão a cair por falta de alunos durante o dia, noite, e também por não ter manutenção, ocupando esses lugares ociosos para colocar nossas crianças e evitar o desespero de pais e mães? Ou o Prefeito, Secretário e Vereadores governistas do PMDB, PSDB, PSC, PDT, e outros menos votados creem que é fácil fazer a mágica com o bolso dos outros?

Enquanto os pais são desrespeitados, vendo seu direito retirado, o Prefeito viaja ao exterior e organiza uma espécie de festa das cadeiras com o vice-prefeito Rodrigo Coelho (PSB) e o presidente da Câmara de Vereadores, Rodrigo Fachini (PMDB): eu viajo, vocês assumem um bocadinho cada um, sem brigar. Eles brincam de governar, e o povo chora em meio à falta de saúde, vagas na educação, buracos nas ruas, matos em praças, bairros abandonados ainda esperando os 300 km de asfalto.

No governo Udo agora falta tudo. Dinheiro, gestão, e vergonha. Dizem por lá também que não tem segredo, tem trabalho. Os cidadãos já viram que na verdade tem é muito segredo, e pouco trabalho. Joinville virou Sucupira. Resolvam o problema das vagas sem o sofrimento de pais e mães. É o mínimo que um gestor público deve fazer.


É assim, nas teias do poder... 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Peça de teatro em um ato: um projeto para Fakeville

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

ATO I
Sobe a cortina. Vereador de Fakeville está reunido com assessores. A sala está à pinha porque, afinal, é preciso ter um batalhão de assessores a pensar na cidade e no bem-estar dos cidadãos.

Vereador -  Minha gente, preciso de ideias. Quero deixar uma marca pessoal nessa minha passagem pela Câmara de Vereadores. Alguma sugestão? Algo que agrade ao maior número de pessoas...
Estagiário rindo à bandeira despregada – Diga que vai se demitir... uah uah uah.
Vereador – Seu animal. A tua sorte é que tu tem as costas quentes. Só te aceitei aqui porque tive que fazer um favor ao meu cumpradre. Mas pisa miudinho...
Assessor de imprensa – ... por falar em animal, isso pode ser uma boa ideia. O pessoal não é louco por cães e gatos nas redes sociais. É só pôr uma foto de um bichano que as curtidas viram uma loucura. Filhotinho de cão, então, nem se fala.
Vereador – Bem pensado. Tu é um daqueles caras que valem o dinheiro dos impostos dos contribuintes. Vamos a isso. Que tal criar o Dia do Bicho de Estimação?
Assessora jurídica – Não quero jogar água no chope de vocês, mas já existe uma semana da Proteção dos Animais, que é coisa bem parecida.
Vereador – Puta que o pariu. Quem a besta que apresentou o projeto?
Assessora jurídica – O líder da oposição...
Vereador – E vocês não me avisam? Seus incompetentes. Fiquem a saber que este mês vou ficar com uma parte dos vossos salários só de sacanagem.
Assessor de imprensa – Não pode, vereador. O senhor já leva essa grana faz tempo.
Vereador – Ah... e tu, seu incompetente, deixou essa merda chegar à imprensa. Imagine que até aqueles caras lá do Chuva Ácida ficaram a encher o saco.
Assessora jurídica – Processa...
Vereador – Melhor não. Sacomé... gato escaldado...
Assessor de imprensa – Que tal do Dia do Torcedor do FEC – Fakeville Esporte Clube? Quase todo mundo na cidade torce pelo time.
Assessora jurídica – Já existe e acho que é coisa do próprio FEC. E o prefeito diz que as coisas do time são área de propaganda dele.
Vereador – Porra, assim não dá. Quero ideias, seus incompetentes...
Aspone – Que tal o Dia do Colunista da Imprensa Cor de Rosa?
Vereador – Explica...
Aspone – Todo mundo gosta de sair nas colunas de notícias cor de rosa. Mesmo os pobres, que nunca aparecem, gostam de saber por onde andam os ricos...
Vereador – Claro. É perfeito.  Como não pensei nisso antes? Já para os vossos gabinetes e comecem a trabalhar no projeto. Agora vai...


P.S. – Este ato de uma peça de teatro é mera ficção. Qualquer semelhança com personagens da vida real terá sido mera coincidência.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A prova dos nove de Udo Dohler


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Podia escolher outros fatos. Mas vamos focar apenas alguns pontos específicos para fazer uma análise do governo de Udo Dohler. O resultado não é bom, porque no frigir dos ovos a obra realizada até este momento está muito aquém das expectativas criadas. E antes de mais nada, deixo claro que ninguém pode duvidar que o prefeito esteja a fazer o seu melhor. Mas esse melhor parece ser pouco, muito pouco. Então, vamos à prova dos nove.

1.     Udo Dohler passou, para os eleitores, a ideia de que não era um político como os outros. Insistiu-se na imagem de um craque da gestão que ia pôr a cidade nos eixos. Só que mal assumiu e acabou refém do que há de mais atrasado na política da cidade: pressões por cargos, joguinhos de poder, o tráfico de influência. O político veio à tona, o gestor submergiu.

2.     “Não falta dinheiro, falta gestão” foi o mote da campanha. Mas não demorou a surgirem as primeiras lamúrias (ainda hoje persistentes) sobre o fato de não haver dinheiro. Lembro de ter ouvido, no início do ano, um secretário a dizer, numa rádio da cidade, que só haveria dinheiro se viesse do Governo Federal. É a única saída?

3.     Aliás, não deixa de ser estranho, para uma cidade que precisa da grana de Brasília, que o vice-prefeito tenha arroubos juvenis e viva a pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já escrevi aqui que essa falta de sentido de Estado pode ser prejudicial para a cidade. No entanto, ninguém ouviu falar que o prefeito tenha dado um puxão de orelhas no seu vice, a pedir mais contenção.

4.     A promessa de uma Joinville para o ano 2030 esbarra nas ações concretas. A LOT – Lei de Ordenamento Territorial continua a ser torpedeada por pessoas preocupadas com a mobilidade, o meio ambiente e a qualidade de vida. Não dá para entender, por exemplo, essa coisa da construção de prédios altos, de 20 andares ou algo parecido. As cidades do futuro caminham em sentido oposto. O prefeito deve ser fã do filme "Blade Runner". A cidade de Rick Deckard, o caçador de androides, parece inspirar o seu ideal de futuro. Prédios enormes, nenhuma área verde, ambiente sufocante. Aliás, nem Deckard gostaria. Porque a última cena da edição original do filme mostra um voo sobre uma floresta, onde sobressaem o verde e o ar puro.

5.     Joinville tornou-se uma cidade de maquetes, de 3D e de ozalids. Quem nunca viu o filme em 3D da duplicação da Santos Dumont, com canteiro central, ciclovia, rotatórias e elevados? E que tal lembrar a maquete da ponte que liga o Adhemar Garcia ao Boa Vista? E a planta da proposta de ampliação da Arena Joinville? Qual dessas obras está realizada? Pergunta retórica.


6.     Udo Dohler sempre salientou a expertise no setor da saúde. E o que acontece? Falhas atrás de falhas. Nem é preciso uma análise exaustiva. Basta lembrar uma nota do jornalista Jefferson Saavedra, publicada há poucos dias: “o Hospital São José é o novo alvo de pressão do Ministério Público na saúde de Joinville. Nesta semana, a promotora Simone Schultz apresentou ação de execução contra a Prefeitura e o hospital alegando descumprimento de parte do acordo fechado em março do ano passado entre duas promotorias e o município de Joinville”. Nem mais.

7.     Outro fato que não passou batido. O anúncio do fim do turno integral para crianças de 4 a 5 anos nos CEIs a partir do ano que vem. É uma medida paliativa que resolve o problema da Prefeitura, às voltas com questões legais e administrativas, mas transfere o problema para os pais trabalhadores. Ora, os administradores são eleitos para resolver os problemas dos munícipes e não para acrescentar mais dificuldades.

8.     Os buracos de rua são um fantasma que persegue a atual administração. Por mais investimentos que haja em comunicação, nem mesmo uma imprensa amiguinha - e não raro submissa -  pode ignorar coisas do cotidiano. Faz poucos dias reeditei aqui um texto em que abordava a questão. Não adianta ter um filme bonito na televisão ou um anúncio criativo no jornal, porque os buracos na rua são muito poderosos e destroem qualquer imagem positiva. Não adianta investir tanto na velha mídia, porque os novos meios digitais, em especial as redes sociais, tomaram o palco para exercer um novo tipo de fiscalização e pressão.

9.     Enfim, o nó górdio. A administração Udo Dohler tem demonstrado ser um deserto de imaginação. Tudo é feito pelos padrões políticos de sempre. Não surge qualquer iniciativa out of the box. Nada surpreende (pelo menos positivamente). Ora, quando falta dinheiro é hora de usar a criatividade. Há coisas simples que podem ser feitas sem muito dinheiro. Mas quando faltam imaginação e criatividade, é a morte do artista.

É a dança da chuva.

P.S. Não venham os comissionados falar em mundos virtuais. Os tempos são outros.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Bipolar.


Não falta dinheiro na Joinville das maravilhas



POR JORDI CASTAN

O prefeito se elegeu com o mote de que não faltava dinheiro, que o problema de Joinville era a falta de gestão. O eleitor foi facilmente levado a fazer a ligação entre a figura do empresário de sucesso e a necessidade de alguém que fizesse uma boa gestão.

Três anos depois, as ruas de Joinville parecem uma praça de guerra. Em alguns pontos os buracos parecem crateras. Praças e espaços verdes estão abandonadas. As filas na saúde continuam escandalosas e só não estão pior pela intervenção do MPSC.  
Fornecedores recebem os pagamentos com atraso, em alguns casos quase meio ano. E o secretário de Infraestrutura admite publicamente que não há recursos para os programas de pavimentação comunitária.

O discurso ufanista da época de campanha deixou lugar a dura realidade do dia a dia. O joinvilense descobre que se não falta dinheiro o que falta mesmo é gestão. E se mostra cada dia mais irritado, porque se sente enganado. Se houvesse um Código de Defesa do Eleitor, muitos joinvilenses estariam neste momento pedindo o seu voto de volta. O discurso de que a prefeitura comprava mal e pagava caro, porque no pagava em dia continua atual. Os problemas na área da saúde tampouco se resolvem.

As metas divulgadas no fantasioso Plano 15 nunca saíram do papel. E a situação não é mais grave porque não faltam recursos para publicidade e a imprensa tradicional. É sensível a generosidade e responde com tanta amabilidade que radialistas e jornais publicam na integra o material produzido pela Secom (Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal), que apresenta diariamente uma imagem idílica e fantasiosa de Joinville.


Na Joinville das Maravilhas se gerenciam com tanta eficiência os problemas que a solução para resolver a falta de vagas nos CEIs é típica desta gestão tecnocrática. Reduzir o horário, acabar com o turno integral e deixar desatendidas as mães que trabalham. Neste quesito faltou além de gestão, planejamento. É difícil encontrar um único aspecto em que esta administração possa deixar saudades.

Em tempo e para que não tudo sejam criticas. Ouve-se que nos próximos dias a Associação Joinvilense dos Borracheiros  autônomos homenageará, no seu baile de gala, o prefeito municipal, O presidente da Associação, Negão da Borracharia, personagem conhecido das redes sociais, declarou recentemente que "nunca na historia de Joinville furou tanto pneu e nunca as borracharias faturaram tanto". 


Pensando bem, as homenagens não devem ficar só nessa. E faço a sugestão. Que tal a Associação dos fabricantes e revendedores de amortecedores deve nomear o Prefeito Udo Dohler seu presidente de honra e fazer-lhe entrega da comenda "Amortecedor de ouro" pela sua contribuição ao desenvolvimento do setor?


domingo, 11 de outubro de 2015

A intolerância religiosa também está aqui


POR FELIPE CARDOSO

Não é só em outras cidades que casos de intolerância religiosa acontecem. Aqui, na cidade dita civilizada e nas cidades vizinhas, o fanatismo tomou conta, seguindo a tendência que vem avançando, nos últimos anos, nas terras tupiniquins. 

Neste domingo, um terreiro foi atacado por alguns moradores da vizinhança que agrediram, depredaram e ameaçaram um pai de santo, no bairro Santa Mônica, em Araquari. 

Estamos voltando para a Idade Média. O fundamentalismo religioso está ganhando força. O discurso moralista, infundado e inverídico tem sido propagado diariamente por padres e pastores que se utilizam da Bíblia para expressar o ódio contra outros grupos, religiosos ou não. 

Engraçado que nunca vemos o povo de santo nas praças, nos ônibus, ou indo de casa em casa pregar a salvação, ou tentando nos amedrontar com a falácia de que o fim do mundo está próximo. Muito menos invadindo igrejas e assembleias, ameaçando ou quebrando imagens, ou agredindo fiéis. Imagine se fossemos reclamar de barulho para cada igreja que além de berrar utilizam microfones e caixas de som para realizar suas orações. 

Todos esses fatos só deixam mais evidente o verdadeiro objetivo de algumas igrejas: amedrontar, anunciar o caos para, assim, seguirem lucrando e conquistando cada vez mais poder. A bancada evangélica está aí. É uma realidade.

Seria cômico, se não fosse trágico.

E como não relacionar essa ocorrência com o racismo? Umbanda e Candomblé são religiões de matrizes africanas. São parte da cultura de África presentes no nosso país. Em terras de “um só povo”, essas religiões são inadmissíveis. Não correspondem com a “verdadeira” cultura do estado que luta para esconder a sua multiculturalidade. A presença dessas religiões em Joinville e região são uma das várias provas de que a população negra existe e que luta, diariamente, para se ver representada e ouvida. 

A educação eurocêntrica nos ensina a ver com bons olhos a religião cristã e ver com maus olhos as religiões de matriz africana. A desconstrução dessa visão da cultura negra passa pelo estudo, pelo diálogo, pelo conhecimento. Só há conhecimento entrando em contato, conversando, pesquisando, visitando. Mas o que vemos é o crescente número de professores cristãos que demonizam tais religiões e fazem questão de não ensinar ou ensinar de maneira errada para seus alunos as culturas vindas de África, desrespeitando a Lei 10.639.

Toda essa ocultação histórica, somada com doses cavalares de fundamentalismo e moralismo, geram a ignorância e a intolerância. 

Não pense que essa onda conservadora irá afetar apenas a liberdade das minorias. Logo, logo ela chegará até você (isso se ainda não chegou), tentando lhe impor o que você deve ou não fazer, como deve viver, a quem deve seguir, como deve se portar, falar e agir.

Precisamos de mais autonomia, mais liberdade. Não precisamos de mais restrições e censura. O povo de santo exige e merece respeito. A população negra, as mulheres e os LGBTs também. 

Nem um passo atrás deve ser dado, devemos continuar caminhando, escrevendo e propagando a nossa história e a nossa cultura. 

Vai ter batuque. Vai ter Orixás. Vai ter cânticos. Vai ter muito povo de santo. Vai ter muito axé! 

Santa Catarina também é negra. Aceitem!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

E já se passaram 4 anos - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS


POR JORDI CASTAN

O que começou quase como uma brincadeira, um divertimento, uma forma de estimular o debate, o diálogo e o contraditório - numa cidade e numa sociedade que prefere a unicidade de pensamento e que lida muito mal com as opiniões divergentes - acabou vingando. E o Chuva Ácida é uma realidade.

Desde a definição do nome, o formato, a criação do blog, a escolha dos primeiros nomes, as primeiras decepções e principalmente os primeiros posts, os primeiros leitores e os primeiros comentários parece que já passou uma eternidade. E foi só ontem. Quatro anos não são nada, mas é o tempo suficiente para mostrar que a ideia vingou. Hoje o Chuva Ácida tem leitores fiéis, anônimos ainda mais fiéis e colaboradores mais ou menos constantes. Mas, principalmente, o Chuva é leitura obrigatória para assessorias e formadores de opinião que precisam ter outras fontes e conhecer outras opiniões além das oficiais.

Escrever regularmente, dar a cara para bater, expressar abertamente opiniões e assinar não é para fracos. É preciso ser disciplinado, comprometido com o projeto, ter estômago de avestruz e ter o que dizer. Blogueiros de boteco até há muitos, pois a conversa em volta de uma cerveja parece um esporte nacional. Mas o Chuva Ácida é muito mais que isso. E é muito mais que isso porque Joinville carecia de um espaço com estas características. E, como o José António Baço sempre diz, somos os primeiros em ousar. Haverá melhores, mais ácidos, mais diversos... mas o pioneirismo do blog esta aí para quem quiser ver.

Agora é hora de reinventar. Porque o Chuva Ácida tem esta capacidade de estar constantemente se inventando e se reinventando. E fazer isso com colaboradores espalhados pelo mundo, que se encontram num mundo virtual não deixa de ser uma experiência nova, desafiadora e estimulante.

Nos fios da teia #1


POR SALVADOR NETO

Inovar sempre é bom. Com Nos Fios da Teia, notas curtas sobre temas variados, da província, do planalto, de além mar, tecerei comentários e informarei os assíduos e permanentes leitores do Chuva Ácida. Vamos lá?

Caso Lia Abreu – O texto da semana passada sobre a perseguição política à fiscal sanitarista (clique aqui) chegou a mais de 5 mil visualizações únicas, mais de 300 compartilhamentos, superando mil leituras únicas somente no site, uma audiência que assusta a turma do outro lado do rio. Quem não deve, não deveria temer. Final do caso está próximo. E vai sobrar para muita gente, do maior ao menor...

Fakes – Chega até a refinada redação que há gente fiscalizando de perto alguns perfis “fakes” que andam rondando, ofendendo e intimidando quem critica o governo da “Villa”. Os dados de IPs, nomes e outras cositas más podem chegar em setor que ainda trabalha no governo Udo. Esperemos.

Colombo x PMDB – O governador que mais anuncia obras na mesma proporção que não as inicia, nem finaliza, está mais uma vez colocando o PMDB do finado LHS no bolso. Na base dos convênios, enreda (ou seria enteia) o prefeito Udo, que espera a grana, a obra, e nada. Enquanto isso, Darci de Matos articula.

Darci de Matos – Meio como quem não quer nada, nos escaninhos do poder, o deputado estadual do PSD vai tecendo sua campanha à Prefeitura. Motiva outros candidatos a se lançarem, acena a lideranças comunitárias com possíveis espaços a partir de 2017 na Prefeitura, e não briga com ninguém. Resta saber se aguentará a pressão na hora do pau comer na campanha.

Mariani Governador? – Após longos anos brigando nas internas do PMDB, o deputado federal parece que finalmente conseguiu quebrar a pedra que o impedia de seguir em frente na sua obstinada vontade de ser governador. Só que falta combinar mais coisas com Eduardo Moreira, Dário Berger, Paulo Afonso e outros. Muita água passará por baixo das pontes da Ilha. Inclusive uma água do oeste chamada Merísio.

Amin de novo? – O ex-governador, deputado federal pelo famoso PP, estourou as urnas em 2014 e volta com força total rumo ao governo de SC. Articula candidaturas por todo o estado, inclusive em Joinville que agora não tem mais a força de LHS, e terá apoio velado, ou aberto, tanto de PSD, PSDB e outros que cansaram de arrumar a casa para outros morarem. Ano que vem vai mostrar se o carecone vem prá valer. Virá.

PMDB tucanou – Enquanto aumenta a ocupação de cargos poderosos na esplanada em Brasília, o partido que está sempre no poder (tal qual foi o PFL/DEM) faz jogo de cena em cada estado. Uns gritam que não aceitam negociação de cargos, outros que querem a governabilidade. E assim passam por grandes estadistas. Na verdade, tem sempre é muita sede de poder. Com o PT ou quem estiver no Palácio do Planalto. Tomaram o lugar dos bicudos em cima do muro.

Colocaram a cunha no Cunha – Eduardo Cunha (PMDB), o incansável achacador do governo Dilma, do PMDB, do Temer e de quem quer que esteja na sua frente na corrida por mais poder, pensou que seria Presidente. Mas colocaram uma cunha – logo pode ser uma tornozeleira eletrônica – com as contas na Suiça, denuncia por corrução no STF. Em breve teremos novo presidente na Câmara dos Deputados.

Dilma e o golpe – Quem conhece um mínimo de política, acompanha o setor historicamente, sabe que o que está em jogo não é se a Dilma roubou ou não. A oposição quer voltar ao poder na marra, e com ajuda da grande mídia, não cansa de criar fatos com seus “soldados” bem instalados em TCUs, STJs, STFs, TSEs, ao longo de muito tempo no poder. O que se quer é dar um golpe branco. Quem viveu o período da ditadura militar sabe que a volta de tempos parecidos que sejam, seria um desastre para o país. Engana-se quem acha que os movimentos sociais ficarão em casa. Podemos viver tempos difíceis.

Prefeito por um dia – Joinville tem coisas que a colocam como cenário da novela de Dias Gomes, o Bem Amado. Agora, por ocasião das férias do prefeito Udo Döhler, a grande negociação pelo bem da cidade e que deve impactar deveras o futuro dos cidadãos, é quem vai ser prefeito por cinco, sete, dez ou 15 dias: Rodrigo Coelho ou Rodrigo Fachini. Os Rodrigos estão decidindo como farão para sentar naquela cadeira... e a caneta, será que fica na mesa? Joinville, Joinville... você merece mais. Muito mais.

É assim, os fios da teia nas teias do poder...