sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A juventude que luta. E transforma!















POR LIZANDRA CARPES

Quando se observa um congresso nacional conservador, na sua maioria homens, brancos e de meia idade, que tem como suporte as alas fundamentalistas da sociedade, a concentração de poder, o judiciário e os conglomerados das mídias, nos dá a sensação de desesperança e retrocesso. No entanto, ao longo da história, principalmente entre o golpe militar de 1964 até o golpe sofrido este ano, a juventude não nos tem decepcionado. Provaram em vários momentos que estão alerta e aos trancos e barrancos estão prontos para lutarem por seus direitos. 

Nos “Anos de Chumbo” 1964-1985, a juventude foi referência da resistência. Tanto que a perseguição era concretizada com tortura e morte. A resistência deu lugar a Democracia, o sonho era de um mundo justo e igualitário para todas as pessoas. De lá para cá foram as “diretas já”, “cara pintadas”, lutas contra as privatizações e tantas outras para reafirmar os direitos garantidos na Constituição Federal de 1988. 

Embora nossa juventude seja negligenciada, exterminada e violentada e estas ações se naturalizam na sociedade, a força que impulsiona o desejo por vida justa neste país, ainda pulsa dentro do coração jovem. É por esta razão que ataques aos direitos são tão importantes para calar a juventude, principalmente com cortes significativos na Educação. Sem contar o genocídio que será causado  com  PEC da redução da maioridade penal que afeta principalmente jovens em condições sociais vulneráveis. Se medidas emergenciais não forem tomadas a próxima geração, jovens do futuro, estará condenada a pagar pelos erros cometidos e pela omissão desta geração.   

Acreditar neste potencial de energia que é a juventude é papel dos que já tem uma caminhada de luta um pouco mais longa. Dar suporte para as ocupações nas escolas é apostarmos em um novo modelo de sociedade, um novo modelo educacional, que pode promover mudanças de cultura e comportamento. Ocupar e resistir com o apoio dos movimentos e organizações de defesa de direitos fortalece as ações e encoraja ainda mais o protagonismo jovem. 

Nunca foi tão atual o “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento: “Já podaram seus momentos/Desviaram seu destino/Seu sorriso de meninx/Quantas vezes se escondeu/Mas renova-se a esperança/Nova aurora a cada dia/E há que se cuidar do broto/Pra que a vida nos dê/Flor, flor e fruto.”

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A tarefa histórica desta geração

POR FELIPE SILVEIRA

Em 1868, enquanto os Estados Unidos já tinham 358.863 manufaturas, o Brasil contava com apenas 200. Em 1854, a Inglaterra, muito menor do que o Brasil, já contava com 5 mil quilômetros de estradas de ferro. O Brasil apenas com 14,5 quilômetros, que servia para levar a corte do Rio de Janeiro para o verão em Petropólis. O Brasil assim se subdesenvolvia, apesar das tentativas do Visconde de Mauá de convencer o Império a financiar o desenvolvimento nacional.

As informações são de Laurentino Gomes, no livro 1889, sobre a República no Brasil. Trago para o presente para mostrar que persistimos o erro de fazer tudo para não se desenvolver, apesar de algumas tentativas históricas. O erro atual, mais do que a #PECdaMorte (o nome é esse porque vai resultar em morte de gente pela falta de hospitais, médicos, vigilância sanitária…), é a incapacidade de discutir as verdadeiras saídas para nosso problema econômico.

As pessoas dizem que não dá pra gastar um dinheiro que não tem. Pois dinheiro tem. Só que ele é torrado de um jeito todo errado, indo direto para o bolso dos mais ricos. A crise e o rombo existem, mas dá pra arrumar de outras formas. A PEC é um jeito de piorar tudo.

A primeira coisa a fazer é uma auditoria da dívida. Há indícios de fraude da dívida pública e a auditoria está prevista na Constituição Cidadã de 88. Vamos fazer e aí saberemos o valor real da dívida. Se não houve fraude, ok. Mas temos que conferir antes. O Brasil paga juros altíssimos aos rentistas. Rentista é quem vive dessa renda de investimentos, um negócio cada vez mais comum pra quem tem uma grana acumulada. É por onde escoa a grana do Brasil. Só o Itaú lucrou 23,3 bilhões de reais no ano passado, com um aumento de 15% em relação a 2014. Você acha que o Itaú produziu muita coisa ou achou a mina de ouro do governo? Dá pra pagar menos juro, bem menos.

Mais importante do que tudo isso, na minha opinião, é fazer uma reforma tributária com justiça social. Isso significa que a classe média, que hoje paga 27% de Imposto de Renda, tem que pagar menos. Esse dinheiro economizado aí volta para o país, via consumo de bens e serviços. O imposto sobre mercadoria tem que diminuir, especialmente as mais básicas, desonerando o pobre e dinamizando a economia.

Isso significa que, sim, os ricos têm que pagar mais impostos. O Brasil é o paraíso para os ricos. Um lugar abençoado por Deus e lindo por natureza, com mão de obra barata e isenção de lucros e dividendos - é o único lugar do mundo assim (a Estônia, o outro país que isenta lucro e dividendo, não é muito abençoada). Dizem que o rico vai fugir daqui se cobrarmos mais impostos e taxas deles, mas quero ver quem vai se mudar pro Sudão. Pra viver nos EUA e na Europa tem que pagar mais.

Estes são apenas alguns elementos do debate. Há outras medidas que podem ser discutidas para tirar o Brasil da crise, que, repito, existe e é muito grave. O que não dá é aceitar uma proposta que vai aumentar a crise e promover um verdadeiro genocídio contra a população brasileira.

Se há uma tarefa histórica desta nossa geração, esta é barrar a #PECdaMorte. Se ainda não sabemos como fazer isso, uma maneira de tentar descobrir é ir à rua na próxima segunda, dia 24 de outubro, a partir das 18 horas. Nossa tarefa pontual é colocar o Brasil todo na rua e isso só vai acontecer se, em cada cidade, nós levarmos nossos amigos e familiares pra lá. Esta é uma tarefa de todos nós.

"Fuja, Lula, fuja". Mas ele não foge...
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Desde a sexta-feira passada circula a informação da iminente prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não é um fato de somenos. Se vier a acontecer, as consequências são imprevisíveis e nenhuma delas tem como contribuir para a estabilidade no país. Uma pergunta circula: a anunciada prisão teria base legal? Parece que não. E isso viria escancarar de vez a morte do estado de direito no Brasil. É a última pá de cal sobre a insipiente democracia brasileira.

Pessoas ligadas ao ex-presidente dizem que, mesmo tendo a liberdade em risco, ele se recusa a abandonar o Brasil. A principal razão é óbvia: um exílio prejudicaria a sua defesa, resultaria em perda de credibilidade e também contribuiria para enfraquecer o já combalido Partido dos Trabalhadores. E não podemos esquecer que obrigaria a abrir mão de concorrer à presidência em 2018. As mesmas pessoas dizem que, caso venha a ser preso, Lula pretende empreender o seu combate político a partir do cárcere.

Há o outro lado. Corre entre partidários do ex-presidente a tese de que ele deve pedir asilo político ou abrigar-se em alguma embaixada. Seria uma situação limite. Eis a questão: o que você, leitor ou leitora, faria se estivesse na pele de Lula, correndo o risco de ir para a prisão de forma arbitrária? Eu diria: “fuja, Lula, fuja”. Por quê? Porque é impossível contar com a Justiça num país onde o estado de direito tem sido atropelado repetidas vezes, sem qualquer reação dos poderes, da imprensa ou da sociedade. 

Enfim, se estivesse no lugar de Lula dava um jeito de ir viver em outro país. Há impedimentos éticos e morais a considerar porque, como diz o povo, “quem não deve não teme”. Mas isso só se aplica a estados de direito e há tempos o Brasil abandonou essa condição. A presunção de inocência foi substituída por uma (i)lógica perversa: primeiro escolhe o “criminoso”, depois tenta saber qual é o crime. Lula vai ficar, claro. Mas a que preço?

A velha imprensa não disfarça a opção pelos torcionários. E está à espera de um espetáculo que permita obter audiências. Não vamos esquecer que o juiz Sérgio Moro é um homem tocado pela vaidade. E os ególatras adoram show off. A prisão seria televisionada. Haveria uma profusão de imagens. Lula algemado é um pitéu pelo qual a velha comunicação social saliva há muito. Tudo para gáudio de uma plateia de neanderthals políticos que babam na gravata... e nas redes sociais.

É arbitrário? Claro.  O que pode resultar daí? A patuleia conservadora, tonta pelo ódio de classe, vai comemorar. Mas entre os apoiadores do ex-presidente há quem fale em sair às ruas em reação. É aí que mora o perigo. Ninguém sabe o que pode acontecer. Aliás, é apenas isso o que impede a direita e os seus áulicos togados de darem esse passo: a prisão de Lula pode gerar um furdunço danado. Quem arrisca?

O Brasil virou uma babel jurídica, moral e ética. Para uns há a condução coercitiva, para outros endereços nunca encontrados. As “convicções” substituem as provas. Arbitrariedades cometidas de “boa-fé” têm valor de lei. Juízes instituem as penas mesmo antes do julgamento. Sob o manto da delação, corruptos viram heróis das massas ignaras. O linchamento midiático vem antes dos processos.

A inquisição promovida por Moro e a sua camarilha não deixa espaço para a racionalidade. Não se deseja justiça, mas vingança. De qualquer forma, ninguém duvida que Lula vai enfrentar a situação de peito aberto, porque tem uma história por zelar. Mas todos devem temer pela vitória da irracionalidade e as suas consequências. Porque a morte do estado de direito é a ditadura a mostrar a sua cara. 

É a dança da chuva.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A quem interessa?













POR RAQUEL MIGLIORINI

Como é inerente à minha profissão e formação, não consigo ver nada desconectado. A Terra é um lindo emaranhado de espécies que se relacionam entre si e com o ambiente, formado os Ecossistemas. E quando começo a falar nisso as pessoas se levantam, mudam de assunto e pensam “lá vem aula”. Não se preocupem, não vem aula. Só a pergunta: como pode esse assunto ser tratado de forma secundária, como se nossas vidas não dependessem do perfeito funcionamento natural?

Nesse clima pré-eleição municipal, os jornais da cidade nos colocaram a par das principais propostas dos 2 candidatos ao Executivo e parece que a preocupação deles com a  área ambiental não é mesmo o forte. Nos planos completos, vemos mesmices e mais mesmices. Não há nenhuma citação sobre como colocarão as propostas em prática, deixando claro que estão lá para mera figuração.

Darci de Matos fala sobre esgoto, tratamento de água, despoluição do Cachoeira, efluentes industriais. Parece desconhecer totalmente o que acontece na cidade nos últimos anos. Poderia se informar sobre o TAC ( termo de ajustamento de conduta) que a prefeitura fez com o Ministério Público para despoluir a Bacia do Cachoeira. Aliás, desconhece o conceito de Bacia Hidrográfica e, como representante do Governador, deveria se preocupar em implantar a Outorga Onerosa em Santa Catarina, que fortaleceria os Comitês de Bacias Hidrográficas e estancaria essa farra das empresas em retirar água de qualidade  e gratuita dos nosso rios.

Darci  propõe diminuir as perdas na distribuição de água pela cidade. Louvável. Mas antes teria que impedir a destruição das matas ciliares no Piraí e nas margens do Rio Cubatão, assim como impedir as invasões e loteamentos clandestinos na APA Serra Dona Francisca. E, claro, implantar de forma efetiva o tratamento dos efluentes domésticos em toda área rural.

Ainda, o candidato do PDS quer criar unidades de conservação urbanas e rurais. Por que?? Mal o município dá conta de cuidar das que já existem. Falta implementar as ações dos planos de manejo em algumas e realizar o plano em outras. Fiscalização e Educação Ambiental passam longe.

Udo Döhler  tem um programa relativamente bom para o papel. Fica difícil acreditar, pois não realizou ações básicas em 4 anos e ainda sucateou toda a fiscalização da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA). Posso citar o exemplo de Vitória/ES, que conseguiu impedir ocupações irregulares em manguezais, Morros e Unidades de Conservação investindo em fiscalização e educação. Receita simples e eficiente, mas desprezada por quem diz entender de gestão.

Para o jornal, o candidato Udo diz que implantará uma  Unidade Móvel de Castração de Animais. Proposta oportunista que não constava no plano protocolado para a candidatura. De olho nos quase 8000 votos que duas vereadoras eleitas e da causa animal receberam, veio com essa saída. Se estudasse um pouco, saberia que esse tipo de Unidade só é possível em cidades que possuem curso de Medicina Veterinária. É uma normativa do CRMV. Estava em estudo uma parceria com IFSC/Araquari e o prefeito sabia disso. Por que não implantou antes? Aliás, se é tão preocupado com esse tema, por que demorou tanto para realizar o credenciamento das clínicas para as castrações, desperdiçando todo recurso financeiro e humano empregado no processo anterior?

No mais, nem a jardinagem que ficou a cargo da SEMA está sendo executada. O foco ambiental do candidato Udo é apenas o licenciamento ambiental. Claro que não é visando a preservação ambiental.

Afinal, quem quer saber desse assunto?

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Lá do andar de cima, Freitag manda recados para Udo e Darci

POR JORDI CASTAN



Liebe Udo, eu não insistiria tanto na limpeza das mãos. Já lhe disse antes que se precisa falar tanto da higiene das suas mãos boa coisa não deve ser. Na minha época de prefeito nunca precisei dizer que era honesto o joinvilense sabia. Na política, como no dia a dia, não é preciso dizer aquilo que todos sabem. Vou lhe dizer mais: não precisei gastar toda essa babilônia que você tem gastado em publicidade e propaganda. Aliás, se Goebels visse ia dizer que há poucos tão aplicados como você neste tema da propaganda.

Eu até acredito que você vai ganhar no segundo turno, menos pelos seus méritos e mais porque o outro candidato não tem fôlego para chegar. Mas numa conversa com o Nilson, o Balthazar e o Helmut, concordamos que não se fazem prefeitos como antigamente. O Balthazar, inclusive, chegou a fazer uma piada e disse entre gargalhadas que ser alemão já não é garantia.

É bom lembrar que ter criado a Consul e a Embraco não é a mesma coisa que ter dirigido a Dohler. Ainda bem que agora ninguém mais diz que você é outro Freitag. Sabe muito bem que Freitag só teve um e a melhor prova é ser lembrado com saudade e citado como um dos melhores prefeitos que Joinville já teve. E isso depois de 30 anos. Acho que você terá sorte se o eleitor esquece rápido tudo o que você deixou de fazer. Eu prometi pouco e fiz muito, você preferiu prometer muito e fazer pouco, são duas formas de ser e de fazer.

Estou com saudade daqueles marrecos recheados, aqui os que temos não tem o mesmo gosto e a cerveja tem mais gosto de milho que de cevada.


Darci... quanto tempo desde que você era técnico agrícola na Fundação. Que longo caminho percorreu. Nunca duvidei da sua ambição, mas não imaginei naquela época que você chegaria tão longe. Ainda que nos últimos anos, escutei alguns colegas daquela época, comentar, não sem uma certa inveja o muito que você tinha progredido. Sabe que este é um mundo pequeno e tudo se sabe.

Sobrou muito pouco do Darci que conheci naquela época. Não sei se hoje o reconheceria se cruzássemos na rua. Daqui onde estou hoje escuto muitas coisas que me custam de acreditar. Pode até ter muito exagero e maledicência, mas você sabe muito bem que quando o rio faz tanto barulho é porque traz pedras. Dos seus colegas daquela época, acredito que nenhum chegou tão longe e soube multiplicar seu patrimônio, como você.

Até estava pensando sugerir ao Udo que, caso ele ganhe, o nomeie para a Secretaria da Fazenda. Vai que com essa capacidade ele deixa de reclamar da falta de dinheiro e começa a fazer coisas. O Helmut sugeriu que se o resultado fosse diferente e você ganhasse, deveria lhe sugerir que nomeasse o Udo para Secretario de Gestão, ainda que o que ele deve preferir seria o cargo de comandante da Guarda Municipal. Seria bom para a sua biografia se acabasse alguma das coisas que começou e não acabaria sua vida pública de uma maneira tão melancólica. 

Fizemos um bolão sobre quem ganharia o segundo turno e se as pesquisas se confirmarem ninguém vai ganhar muito, mas quem vai perder mesmo é Joinville que corre o risco de ficar outros quatro anos estagnada. O Nilson disse que Joinville vai avançar para trás. Como você ainda é jovem terá outras oportunidades de ser candidato, a nossa dúvida é se Joinville vai aguentar até lá. O Balthazar desde sua sabedoria perguntou que fez Joinville de tão ruim para merecer tanto azar.