sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vai uma punheta com os amigos?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Há muitos motivos para se visitar Portugal. Mas um deles é, com certeza, a culinária regional. A minha balança é a maior testemunha de que por aqui se come e bebe muito bem. E como os prazeres da mesa merecem ser compartilhados, faço a minha sugestão para um almoço à portuguesa aí na sua casa. Lá vai:

Aperitivo - Punheta de Bacalhau
Enquanto faz o almoço, nada melhor do que reunir os amigos para uma punheta rápida. É um bacalhauzinho desfiado, temperado com cebola, azeite e vinagre. Simples e dá muito prazer. Fácil de fazer, é uma boa opção para os solitários.

Entrada - Sopa de Grelos ou Sopa Seca que se Agarra às Costas
Por alguma razão, a sopa de grelos é a preferida dos marmanjos. Já os que não se importam de ter algo agarrado às costas preferem a segunda sopa, típica da Beira-Litoral e feita à base de feijão e pão.

Prato principal - Arroz de Pica no Chão
É uma especialidade da região do Entre-Douro e Minho, no Extremo-norte do país. O Arroz de Pica no Chão é feito à base de frango e toucinho, levando os devidos condimentos. É um prato delicioso, mas um tanto pesado e por isso deve ser apreciado com moderação, em especial por quem gosta de um "rala-e-rola" depois do almoço. Com Pica no Chão a coisa fica mais difícil.

Acompanhamento - Caralhotas ou Cacetes
Uma refeição portuguesa tem sempre pão à mesa. As caralhotas são pequenos pães típicos da região de Almeirim. Já os cacetes são comuns em todo o país. É fácil encontrar um português com o cacete na mão.

Bebida - Vinhos Portugueses
Os vinhos são classificados por regiões e há para todos os gostos. Talvez seja bom optar por um vinho com aspecto mais leve e feminino. Pode escolher um Monte das Abertas (Alentejo), um Quinta da Pellada (Dão) ou, talvez, uma garrafa de Rapadas (Ribatejo). Mas se insiste em uma bebida mais encorpada e masculina, uma boa opção pode ser o Três Bagos (Douro). Ou, ainda mais intenso, um Terras do Demo (Beiras).

Sobremesa - Mamadinhas da Pousadinha de Tentúgal ou Espera-Marido à Transmontana
A confeitaria portuguesa é muito rica e os doces conventuais são mesmo um objeto de culto. O Espera-Marido é um doce simples que se faz com açúcar, ovos e canela em pó. Já a mamadinha é uma das maiores delícias surgidas nos conventos.

Digestivo - Licor de Merda
É uma bebida da região de Cantanhede, feita à base de leite, baunilha, cacau, canela e frutas cítricas. Quem experimentou diz que é uma merda, mas muito gostoso.
É como diz o velho deitado: "Eu, por exemplo, gosto de comer sapateiras, madalenas e trouxas".


Texto publicado no jornal A Notícia

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Gisele e o sonho dos publicitários

POR ET BARTHES

Nunca falha. É só alguém tentar censurar uma peça publicitária e ele vira uma das mais vistas na internet. Aliás, as marcas até agradecem, porque acabam gerando buzz e ganhando mídia grátis. É o que está acontecendo com a campanha da Hope, que mostra a modelo Giselle Bündchen em roupas interiores. As feministas reclamaram (não das roupas, mas dos conteúdos) e o filme pode ser retirado do ar pelo Conar. O problema é que, por causa da irritação das feministas, o filme está sendo visto até no exterior - já tem mais de 360 mil visualizações no Youtube. É o sonho de todo publicitário.


O candidato por trás da máscara



POR JORDI CASTAN

O Marques de Vauvenargues,conhecedor da corte e dos cortesãos, dizia que: "não há nada pior que uma pessoa amável por interesse". Os tapinhas nas costas, o riso forçado e até o beijo fingido com que saem à rua os pré-candidatos, trazem para esta Joinville dos dias de hoje a amabilidade por interesse e a convertem numa peçade ficção teatral.

E compartem goles da branquinhacom possíveis eleitores mais ou menos sóbrios, visitam todas e cada uma dasfestas das paróquias da cidade, experimentam churrascos, galetos e carreteiroscrus, no ponto e passados. Os pré-candidatos são convidados a cantar os númerossorteados nos bingos das APPs, a doar brindes e beijar criancinhas e rainhascom entusiasmo inesgotável.

Agora, a tecnologia permite que ospré-candidatos utilizem as redes sociais para estarem mais próximos dos seuspossíveis eleitores, e criem uma imagem pública que os faz totalmenteirreconhecíveis para quem os conhece ao vivo e a cores. Bem humorados,simpáticos, amigos, abertos, inteligentes, sábios, tolerantes. Em muitos casos,os seus perfis nas redes sociais são gerenciados por profissionais que seconvertem no seu “alter ego”, um outro eu. A literatura tem produzido grandesobras a partir da historia de sósias ou de “ghost writers” que ocupam o espaçoe a vida de outra pessoa. Eu não confio nestes pré-candidatos tão falsos quecontratam outros para que os substituam e respondam as tuitadas que recebem,escrevam os seus artigos nos jornais, comentem nos blogs e projetem uma imagemfalsa e irreal. Uma máscara que mais cedo ou mais tarde cairá.

Apesar de não votar neles, prefiroa autenticidade destes outros políticos, que escrevem errado, tuitam abobrinhase não se preocupam com a imagem que projetam. Os mesmos que desconhecem aconcordância, vivem entrando e saindo de sessões ordinárias, são despachantesde luxo em Florianópolis e Brasília e fizeram do cargo e da política um modo devida. São autênticos, e por sê-lo tem os seus eleitores fieis que se veemprojetados na sua imagem. Ainda que eles também, como membros da corte, sãoamáveis só por interesse.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Corrupção: o que tem a ver com você?

POR JORDI CASTAN

Não tem quem nos possa ganhar. É verdade que no quesito corrupção ainda não alcançamos os níveis escandalosos que praticam os países africanos menos desenvolvidos. Os modelos presidencialistas, em que publico e privado se confundem e misturam de tal forma que fica impossível de diferenciar aonde acaba um e começa o outro. Mas estamos nos esforçando para rapidamente equiparar-nos aos melhores, fazer da corrupção parte do nosso cotidiano é um passo firme e definitivo, para que deixemos de nos impressionar com os escândalos e que o corrupto de amanha nos leve a esquecer o de hoje. A banalização da corrupção faz que fiquemos insensíveis, que nada nos surpreenda mais, que nem os valores envolvidos, nem os nomes de corruptores e corrompidos sejam novidades. Chegamos até cumprimentar e em algumas situações extremas homenagear os maiores corruptos. Oferecendo comendas e prêmios aos melhores dos piores.

Se em corrupção o Brasil esta no caminho, para estar entre os melhores, em procrastinação, não tem para ninguém. O Brasil é campeão mundial de “empurrar com a barriga”, transferir para outro dia, demorar em resolver algo. Claro que algumas vezes a casa cai, textualmente, na nossa cabeça, e não nos quedaria alternativa que por as mãos na massa e resolver. Mas conseguimos dar um jeito de adiar uma vez mais a solução.

A elegância com que ignoramos os problemas,deixando de falar deles, olhando para o outro lado, a facilidade com que os esquecemos, nos levam a acreditar infantilmente que se fechamos os olhos,quando os abramos de novo, tudo estará resolvido, como por um passe de mágica. Claro que as coisas não se resolvem sozinhas, na realidade a tendência é que os problemas que não enfrentemos se avolumem e cresçam. Quando mais procrastinemos maiores serão os problemas, poderemos sempre culpar os que nos antecederam por não ter tomado as decisões e atitudes corretas e necessárias, estaremos novamente praticando o nosso esporte preferido, empurrar com a barriga, deixar de decidir, adiar, protrair, alongar, dilatar. Todos eles sinônimos que definem nosso esporte favorito.

Com a verdade me enganas...

POR ET BARTHES

Muitas vezes os políticos são apenas produtos bem embrulhados num discurso bonito. Parece que a coisa faz sentido. Mas um dia as pessoas descobrem que palavras são apenas palavras. Ações são outra coisa. É provável que o pessoal mais novo nunca tenha visto este filme, mas ele ajuda a mostrar que com a “verdade” é possível enganar muita gente. É um filme brasileiro e reconhecido como um dos 100 melhores da história em todo o mundo. Aliás, por falar em verdade, talvez seja melhor não prestar muita atenção ao slogan.


Que tal uma Operação Comensalismo?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Hoje o tema seria outro. Mas a prisão de Marcos Schoene, agora ex-presidente da Fundema - Fundação Municipal do Meio Ambiente de Joinville, acaba por ser um assunto incontornável. E é óbvio que a esta distância não vou fazer uma análise da tal Operação Simbiose. Os fatos são para os jornais, os julgamentos para a Justiça.

Mas as redes sociais permitem tomar um certo pulso da situação. E deu para notar coisas interessantes. É que a detenção desse senhor Marcos Schoene (aliás, inocente até que se prove a culpa) provocou uma revoada dos espectros de um passado recente. Ou também de um futuro “promitente”.

E quem são? Ora, o pessoal que já mamou na teta pública e quer a mamata de volta. Ou gente que ainda não mamou, mas anda louquinha para pôr a boca no mamilo. Ah... e antes que alguém entenda mal, não estou a fazer a defesa desse Marcos Schoene, que nunca vi na vida, e nem do governo de Carlito Merss, que parece ter uma péssima pontaria para escolher os seus aliados.

O que estou a fazer é apontar o dedo aos canalhocratas que só sabem viver no comensalismo. Ops! E o que é esse comensalismo em política? São os caras que vivem à volta do mais forte, o líder (ou líderes), e se alimentam dos seus restos. Como a rêmora e o tubarão. Gente cuja coluna vertebral é muito maleável.

Mas vamos à reações.

Houve um grupo de pessoas – obviamente opositores do atual prefeito – que exultou com os acontecimentos. O rancor político é tanto que chegam a torcer contra a cidade. Importante salientar: é a mesma cidade que pretendem governar e prometem tornar melhor. Mas, por enquanto, vale a lógica: quanto pior, melhor.

Deu para perceber que muita gente se sentiu vingada e de alma lavada. O nome de Norival Silva foi repetido inúmeras vezes. Sentiu-se um clima de “pay back”. Alguém disse, sem esconder a felicidade, que Carlito Merss está a provar do mesmo veneno que Marco Tebaldi. Ah... o nome disso não é política de terra queimada?

Aliás, por falar no caso ex-secretário da Saúde, aqueles calhordas da comunicação social - os que têm a opinião a soldo - emergiram das tocas todos serelepes. Ou seja, os mesmos tipos que não abriram a boca no caso do Norival Silva (foi como se não tivesse existido) agora aparecem felizes a anunciar que a casa de Carlito Merss caiu.

Houve uns tipos que surgiram cheios de moral. E vieram lembrar que Carlito fazia questão de dizer que o seu governo não estava nas páginas policiais, como a administração anterior. Teve gente a dizer que o PT já não pode posar de reserva moral. E com razão. O PT começa a viver da mesma maneira que todos os outros partidos de poder. Ou seja, a chafurdar no pântano.

Dito isso, leitor e leitora, não acham que uma Operação Comensalismo era bem pensada? Faz falta uma varredura ética. Afinal, como todos podemos ver, a vida política de Joinville pouco ou nada mudou em décadas.

Continua a ser protagonizada por homens pequenos. E deixa poucas esperanças: se o que está aí não é bom, o quem vem pela frente parece ser ainda pior.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um ser humano por aí

POR FELIPE SILVEIRA

Sempre que eu acho um ser humano por aí - esse bicho cada vez mais raro - a esperança, que tá no bagaço, na raspa do tacho, ganha um pouquinho de vida. Porque o bicho humano tá cada menos humano e mais animal. Menos humano e mais robótico.

Por isso, ao ler a entrevista do rapper Criolo (que tá na estrada há um tempão e ultimamente tem ficado meio pop. E não há nada de errado nisso) à revista Trip, fiquei novamente esperançoso com as pessoas.

Pois nesse mundo cheio de bolsonarinhos, saber que tem gente como o Criolo ajuda. Não é um caso isolado, a gente sempre encontra gente boa por aí, mas é bom espalhar. Abaixo, um trecho da entrevista às páginas negras da revista e o link. Não deixe de ler também a entrevista com a Dona Vilani, mãe do música, no final.

Escutando você, dá a impressão de que você não vê muita saída para o mundo.
A gente vive em um mundo em que pessoas morrem de frio, de fome na rua. Que desmatam o que resta de floresta. O planeta morrendo e de alguma maneira a gente não entra em pânico. O absurdo virou a regra e a sanidade, a exceção. Tanto que quando você vê um grupo ou uma pessoa fazendo algo em prol dos outros, sem esperar muito em troca, isso toca a gente de um jeito emocionante. E muitas vezes basta para você acreditar que alguma coisa tá mudando... Isso é uma desgraça emocional! E não é que eu não veja saída. Mas é que eu sinto que as pessoas são educadas para não pensar. Vou dar um exemplo. Quando falo que tem as oficinas abertas de xadrez no Grajaú, as pessoas ficam abismadas. “O quê?! Xadrez?!” Quando falo que tem um café filosófico no Grajaú, eles se assustam. Isso é uma agressão pra mim. É que no mundo deles eu não penso. Porque todo mundo, rico, pobre, não interessa... todo mundo foi educado para ser engrenagem.

E você sente que escapou disso?
Eu não leio muito. Li 3% do que minha mãe leu. Tenho dificuldade. Não sei tocar um instrumento musical, sou péssimo em matemática. Eu só tirava nota C. Não ia muito bem na escola, mas ia muito bem em me relacionar com as pessoas, meus amigos. Mas é que não conta relação humana no currículo. Eu aprendi em casa a importância disso. Tendo exemplos de sensibilidade, de muita solidariedade, de carinho com os outros. E aprendi assim a ver que a gente é mais do que o que está posto pela sociedade.

E isso não é levado em consideração na escola?
Dentro das escolas públicas, por exemplo, nós temos professores maravilhosos. Pessoas comprometidas, sensíveis, que lutam pra caramba por amor ao ensino. Mas aí vem o governo de São Paulo e tira filosofia do currículo, por exemplo. Depois como você quer cobrar sensibilidade das pessoas se você não a oferece? É triste... Mas, se você pensar, a escola só deixou de ser coisa de elite e se tornou pública com a revolução industrial, pra formar operário. Mas vai além disso. É importante a gente falar de escola? É claro que sim! Mas é muita inocência a gente falar de escola num país onde até a saúde é comércio. Se a sociedade não tem sensibilidade nem para lidar com a saúde, vai ter para tratar de educação?

Leia a entrevista completa aqui.

O caso UFSC Joinville e as “verdades absolutas”


POR CHARLES HENRIQUE

Primeiramente gostaria de enaltecer a qualidade das discussões presentes neste blog. Em tão poucos dias, temas importantes foram abordados, bem como a presença de diversos pontos de vista nos comentários. Tenho certeza que o nível só tende a aumentar.

Em meu primeiro post, recebi feedbacks polêmicos sobre o tema que relatei. Parece que o joinvilense não diz mais “amém” para tudo o que ouve, vê e lê por aí. As “verdades absolutas” impregnadas por alguns estão começando a ser questionadas. Não quero ser tachado como perseguidor das entidades empresariais, mas, necessito seguir na mesma linha, até para complementar o que escrevi por aqui em minha primeira intervenção.

A UFSC em Joinville (é, aquele campus de um curso só) enfrenta graves problemas com os atrasos e problemas estruturais. Todo mundo já está cansado em saber que o terreno escolhido lá na curva do arroz não tinha a menor condição de receber uma Universidade Federal. Nem o contorno ferroviário. Entretanto, deixando estas discussões sobre o terreno para um outro momento, queria me atentar para a escolha dos cursos, feita de forma autoritária, e atendendo a vontade das entidades empresariais, principalmente da ACIJ (olha só, mais um assunto da cidade em que elas se intrometem... seria concidência?).

Políticos, gestores da UFSC, e os presidentes destas entidades (os donos das “verdades absolutas”) saíram com um discurso enlatado e ensaiado: “Joinville precisa de cursos de engenharia porque é a vocação da cidade”. Discurso da década de 80 esse, hein? Faz tempo que a economia da cidade é dinâmica, com um setor terciário fortíssimo. Por qual motivo, portanto, esse discurso continua sendo incitado pelos empresários?

Claro, quanto mais profissionais forem formados para atuar no setor secundário, mais se qualifica a mão-de-obra, aumentando a oferta e diminuindo os salários. Como a classe empresarial tem uma forte ligação com os políticos dessa cidade, vimos vários representantes em Brasília defenderem a criação desse curso de Engenharia da Mobilidade no campus (?!) da UFSC em Joinville, sem consultar a população, que tem outras necessidades, como profissionais nas áreas de humanas, biológicas, saúde, etc. Todo esse jogo rasgou a Constituição Federal, que em seu artigo 205 diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Sociedade é um substantivo inexistente para alguns, parece!

*Fonte da imagem: Secom/PMJ.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Em mulheres, nem com flores...

POR ET BARTHES

A internet é mesmo uma coisa espantosa. Porque as imagens podem cair na rede e desmascarar as arbitrariedades. Nos Estados Unidos, o movimento Ocupar Wall Street reuniu centenas de pessoas no sul da ilha de Manhattan (o centro nervoso do capitalismo financeiro nos EUA), para protestar. Oooopa! É raro na terra de Tio Sam. E é claro que a polícia estaria lá para defender a “ordem”, nem que para isso tivesse que partir para cima de mulheres com bastonadas e gás pimenta. Mais de 80 pessoas foram detidas por crimes como bloqueios do trânsito, resistência à polícia, desordem e até agressão. Mas foi tudo filmado e as imagens mostram que a polícia não foi com luvas de pelica.


O Digital Zeitung


POR JORDI CASTAN

A necessidade de saber o que acontece ao nosso redor, de estar informado ao mesmo tempo do que acontece na nossa vizinhança e no mundo, é o maior estimulo ao desenvolvimento da informação. A colônia Dona Francisca teve desde os seus primórdios um jornal escrito, o Kolonie – Zeitung (O jornal da Colônia). Semanalmente trazia noticias e informava da atualidade de incipiente colônia, na época inclusive era distribuído até em Blumenau, que não contava com um jornal impresso. Em 1942 deixou de circular, em parte pelo forte movimento nacionalista e a entrada do Brasil na segunda Guerra Mundial.

Outros jornais ocuparam o espaço ao longo da historia, A Noticia, o Extra entre outros muitos. O mundo da informação tem também incorporado outros meios, como radio e televisão, mas a grande mudança cultural e comportamental é à entrada da internet. A proliferação de sites, blogs, microblogs, espaços virtuais e canais de comunicação permitem que as coisas nunca mais voltem a ser como foram antes.

Opiniões são emitidas em todo o mundo instantaneamente, respostas surgem com a mesma celeridade, as idéias que no passado eram passadas de boca em boca, ou mimeografadas na forma de jornais quase clandestinos, hoje estão disponíveis simultaneamente para todos os que estiverem ligados a rede mundial. Temos acesso ao que esta acontecendo na Austrália neste exato momento, ou no mais recôndito país africano. Se por um lado somos uma sociedade global, mantemos nossos interesses e raízes no espaço local. O que acontece com o nosso vizinho nos interessa o que opinam nossos políticos e como eles agem afeta a nossa vida e o nosso futuro.

O espaço virtual é, cada vez mais, o lugar para estimular o debate, para que prospere o encontro de idéias, para que todas as partes possam expor suas idéias, sem enfrentamentos violentos. Na maioria de blogs e dos espaços disponíveis, só é possível aceder à opinião de um único autor. Para ter acesso a outras opiniões abalizadas, é preciso um trabalho de busca e de pesquisa. Surge em Joinville um novo espaço digital para estimular o debate, o blog “Chuva Ácida” é uma iniciativa local para fazer da construção da cidadania mais que um exercício teórico, o objetivo deste espaço é ser uma alternativa entre a informação panfletaria de um e outro extremo e permitir o surgimento de outras formas de pensamento e de argumentação.

Com acesso a espaços mais democráticos todos ganharam e a sociedade se fortalece.


Publicado no jornal A Noticia, de Joinville (SC).