quarta-feira, 30 de novembro de 2016

IPHAN, Geddel e comissários mal intencionados


POR RAQUEL MIGLIORINI

Abafado por renúncias, votação da PEC 55 no Senado, manifestações em Brasília e pela tragédia do acidente aéreo, o caso Geddel Vieira Lima ainda deve muitas explicações.

Desde o início de 2014, quando o IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional negou a licença para a construção do residencial La Vue, por entender que a obra causava impacto paisagístico no Centro Histórico de Salvador, houve jogos de poder que vão desde a extinção de uma parte do órgão até autorização em forma de carteirada por um novo coordenador técnico da Bahia. Tudo sem estudos ou qualquer outra forma coerente de aprovação, liberando a licença para construção do prédio.

De posse da autorização do IPHAN, a Prefeitura de Salvador emitiu a licença ambiental, como “preza a legislação”. Vereadores, procuradores e Ministério Público de um lado. família Geddel de outro. Na queda de braço, a paralisação da obra ocorreu em novembro desse ano, com embargo do IPHAN e demissão dos dois ministros envolvidos, como é de conhecimento de todos. E nem precisamos discutir aqui a conduta do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero.

Cargos como o da superintendência do IPHAN, de secretários de Meio Ambiente, ou de qualquer outro que libere licenças para construção de empreendimentos, são comissionados e feitos por indicações políticas. Os técnicos ficam no meio disso tudo, se corrompendo como o sistema ou adoecendo por manter lisura diante de tanta pressão.

Com a mesma lenga lenga de geração de empregos, desenvolvimento econômico e valorização imobiliária, construtores, políticos, empresários de diversos ramos e pessoas ditas influentes se vêem no direito de passar por cima da  legislação e bem estar coletivo. Enquanto esses cargos forem distribuídos como moedas de troca, teremos poucos motivos para otimismo.

Como justificar que alguns funcionários da construção civil, com trabalho temporário, sejam mais importantes que todos os que trabalham com turismo e que preservam as características de locais visitados por pessoas do mundo todo? Existe, realmente, alguém que acredite que a família Geddel e similares tenha outros interesses que não pessoais? Será possível a valorização do terceiro setor em detrimento à grandes obras e industrialização?

Patrimônios, recursos naturais, vidas: se encontramos valores nesses itens, temos que nos mobilizar e mantermos  vigília constante. Existem muitos geddéis e comissionados mal intencionados espalhados pelo país. Até mesmo aqui, no nosso quintal.

6 comentários:

  1. “Impacto paisagístico” é algo muito subjetivo, pois o prédio sequer situa-se na zona histórica do município. Se é pelo fato do tamanho atrapalhar a “bela” visão do carcomido centro histórico soteropolitano, penso que não faria muita diferença, acho até melhoraria um pouco o aspecto do lugar. Mas o zoneamento da cidade (que pode ser mudado ao sabor dos ventos) limita a altura dos prédios na zona que o La Vue está sendo construído. De certo que há muitos “justiceiros sociais” no IPHAN, como infelizmente há em todos os órgãos, que não aceitam um empreendimento de alto padrão, muito menos as pessoas que lá viveriam. Quanto ao Geddel, que se F...@!

    Sobre os cargos comissionados se inclinarem a ceder licenças para liberação de empreendimentos supostamente ilegais, os de carreira fazem o mesmo com a certeza de que não serão demitidos pela estabilidade conferida pela lei. A mesma estabilidade faz com que o servidor de carreira prefira esquentar cadeira e se conformar com a limitada formação profissional que o impede de galgar cargos mais elevados.

    Pra quem tem um emprego no funcionalismo público, “lenga lenga” no olho do desempregado é refresco. Sobre o terceiro setor (o turismo você quer dizer), esqueça! Falta lugares interessantes, falta infraestrutura nos parcos lugares com algum interesse, falta educação dos “profissionais” e sobra gente querendo passar a perna nos incautos que desejam fazer turismo no Brasil. O futuro deste país está na indústria e nos grandes empreendimentos.

    (E viva a PEC 55 que ontem foi votada, mesmo com os marginais terroristas contrários ateando fogo em carros e depredando bens públicos)

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    1. Falando assim, só demonstra que os coxinhas,nada mais são que esquerdistas de sinal trocado, são apenas modinha, Demonstrado no fato de defender seu líder golpista, que agora se mostrou um fraco, e no apego a sua ideologia.
      Ideologia sim, pois se o socialismo,e o comunismo é sabidamente uma merda, isso não torna o capitalismo, e todo seu way life sacrosanto.

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    2. Seguinte: usem o argumento que quiserem, mas não usem o “golpista” porque fica muito feio, perdem a credibilidade que resta.

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    3. Republicano é o Calero que lutou contra CPI do ministério que comandava.. aham...

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    4. "Seu líder golpista"?
      Estranho,... não me lembro de ter votado nele!
      Mas eu torço por ele, como torci pela Dilma, apesar de não ter votado neles. "Meu" candidato ou o "Seu" candidato não importa!: o "barco" é o mesmo!

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  2. Misericórdia. Mente e alma pequena, ninguém aguenta.

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